História Make A Wish - Chapter Three

Baekhyun não sabia até quando o tal "encanto" — que assim pensava ele — iria terminar. Então, viveria ao lado de um homem cujo passado era viver, literalmente, como um cachorro de rua. Precisava de documentos, precisava comprovar aos outros que Chanyeol era mesmo um ser humano reconhecido por lei, de alguma forma. E o fizera.

Chanyeol se comportou durante todo o trajeto a pedido de seu dono, mas não pôde evitar sorrir empolgado com tudo o que via a sua volta. Era tudo muito colorido; vira coisas aos quais não estava acostumado e numa altura menos reconhecida ainda. No entanto, o mais novo parecia maravilhado diante de tudo aquilo.

Seu sorriso se expandiu e seu braço logo procurou o de Baekhyun, unindo-o ao próprio, mantendo-o junto a si. Baekhyun achava a cena mais linda e tampouco queria desviar a atenção do menor; era tão encantador que preferiu deixá-lo desfrutar mais de tudo a sua volta.

– Por aqui, Channie. – indicou ao maior, quando adentraram os portões do local onde tirariam os documentos essenciais. – Cuidado com a lama. – alertou em seguida.

A fila era comprida e o tempo todo Chanyeol perguntava quanto tempo demoraria. Não demorou muito até adormecer no ombro de seu dono, recebendo um carinho do mesmo e ganhando um ronco em resposta. Fora acordado quando chegou a vez de ambos, e após tudo ser cadastrado com sucesso, Baekhyun até comprou um sorvete de casquinha ao seu mascote que, mesmo se lambuzando todo pelo doce, parecia a pessoa mais feliz do mundo.

Até encontrar Chen.

E Chanyeol rosnou de novo, com o sorvete em uma das mãos.

– Baekhyun-ssi, Chanyeol-ssi! – cumprimentou. – Eu não esperava ver vocês aqui!

– Nem eu! – Baek, empolgado, exclamou.

– Nem eu. – Chanyeol, nada empolgado, arqueou uma das sobrancelhas.

– Você está bem? – o mais baixo prosseguiu, e Jongdae apenas sorria, diferente de Chanyeol. Bem diferente.

– Vim comprar algumas coisas... A propósito, temos o clube do livro também. Está interessado?

– Claro que estou! Podem fazer a reunião lá em casa, se quiserem!

– Ótimo, então ligarei um dia para acertar tudo. – sorriu mais uma vez, aumentando a raiva (e, talvez, o ciúme) de Chanyeol. – E... Baek-ssi!

– Sim?

– Talvez precise comprar uma coleira para ele. – apontou para Chanyeol. Nesse momento, Baekhyun olhou para o mais alto, confuso a respeito do que Jongdae dizia.

E, como resposta, Chanyeol começara a correr atrás de um gato.

• • •

– Estou decepcionado com você! – Baekhyun largou sua bolsa sobre o sofá da sala de estar, acompanhado de um mascote cabisbaixo e quieto demais (para um ser tão hiperativo como Chanyeol). – Como alguém pode correr atrás de um gato no meio da rua?! E cheia!

– Me desculpe, Baekhyunnie... – até seu tom de voz estava baixo. – Eu simplesmente não pude resistir...

– Aish! – o menor bateu o pé no chão, dando as costas em seguida. – Durma no sofá hoje! E nem pense em vir para o meu quarto! – quando exclamou, já havia entrado em seu dormitório, batendo a porta com força.

Chanyeol suspirou. Ser um humano era muito mais difícil do que se pensava, até porque, quando era um cachorro, não possuía tantas responsabilidades como agora. Caninos podiam transitar livremente pelas ruas, exigir atenção sem, muitas das vezes, serem vistos por maus olhos, independente de sua boa aparência. Entretanto, naquele momento, ele só queria ficar perto daquele que o adotara e cuidara de si, a pessoa que Chanyeol considerava seu dono.

E, de fato, era.

No quarto, Baekhyun se jogou sobre a cama, com o rosto coberto pelo travesseiro. Pensando em tudo o que passou antes e depois de Chanyeol entrar em sua vida, até que viver sozinho não era tão ruim...

E Baekhyun estava mentindo para si mesmo.

Viver sozinho era uma droga.

Mesmo com seus defeitos, desde que Chanyeol entrou na vida de Baekhyun, portas abriram ao menor. Não era só o "grandão" que aprendia todo dia; era Baek quem também tomava algo para si, e esse algo era de que o ser humano simplesmente não poderia viver sozinho. Se antes Baek separava seu tempo para estudar até se cansar, agora ele estuda, mas escutando as risadas gostosas de Chanyeol.

Aquelas gargalhadas o cativavam cada vez mais. Até mesmo seus roncos altos!

Pensando naquela semana em que conviveu com Chanyeol, Baekhyun se levantou da cama, praticamente se arrastando pelo chão de madeira tão límpido de sua casa. Os pés quentes contra a superfície gélida nem o deixara arrepiado mais; estava tão acostumado que nem se importava.

E seu adorável "cãozinho" estava lá, deitado no sofá.

– Channie... – coçou os olhos, e o maior se sentou, logo se ajoelhando no estofado para ver seu dono. – Venha para a cama...

E os olhos enormes e as íris tão brilhantes que o mais velho tanto amava estavam lá, de volta e sobre si, assim como seu sorriso.

– Mesmo...?

– Mesmo. – sorriu.

Nesse momento, Chanyeol saltou do sofá, se aproximando de Baekhyun. O abraçou forte demais, mas isso fez o pequeno sorrir largamente, fazendo um cafuné em seu amável mascote. O maior, numa forma de beijar o mais velho, lambeu a lateral de sua face, arrancando risadas do mesmo.

– Chan! – e ria. – O que foi isso?

– Um beijo!

– Não é assim que humanos se beijam!

– Não? E como eles o fazem?

A curiosidade de Chanyeol rendeu o aprendizado ao mesmo, e o hyung não perdeu tempo em segurar calmamente sua face, os dedos tão delicados de Baek acariciando as bochechas do mais alto.

Era perfeito. Como um cachorro que encontrara na rua poderia ter uma aparência humana tão bela? Ao olhá-lo, era como se todos os seus problemas sumissem por um segundo, como se Chanyeol fosse a causa e consequência dos sorrisos mais sinceros de Baekhyun.

Respirou fundo, encarando-o. Ambos estavam sérios, e repentinamente seus corações começaram a acelerar. O pequeno permanecia acariciando a face do maior com a ponta de seus dedos, e seus olhos desceram rapidamente aos lábios tão bem desenhados e carnudos de seu dongsaeng (até porque, ele era seu dongsaeng, de uma forma ou de outra).

– Feche os olhos... – Baekhyun pediu e Chanyeol prontamente o obedeceu. Sem demora, os rostos se aproximavam cada vez mais, até que a distância entre os lábios se tornou mínima.

E se beijaram.

Um beijo calmo, sereno, pacato... Mas deixando bem claro o quanto um precisava do outro.

Então, as mãos de Chanyeol tocavam a cintura fina de seu dono de maneira tímida, mas que algo dentro de si gritava por fazer. Talvez estivesse se tornando humano aos poucos, e o causador disso era o próprio Baekhyun. Quando deram por si, a cintura do menor fora envolvida pelos braços compridos de Yeol, assim como o beijo aprofundado, de modo que as línguas se tocassem.

O mais engraçado (ou não), é que havia sentimento; uma vontade maior, gigantesca pelo outro ali. Um precisava do outro e essa era a maior certeza que tinham naquele momento.

E, naquele momento, Chanyeol percebeu uma coisa...

... O beijo dos humanos era bem mais gostoso que o beijo dos caninos.

• • •

– Kim Jongdae? Que nome engraçado. – o garoto riu, cruzando seus braços e encostando-se à parede. – Chen, por que decidiu fazer esse tipo de coisa? Não sabe que alguém pode descobrir?

– Eu nem ligo. – Chen segurava uma maçã, logo a mordendo, a mastigando e a engolindo, para prosseguir no que dizia. – Um dia, eles me agradecerão.

– Mas ninguém pode saber o que você fez.

– Ah, Xiumin... Tão ingênuo. – então, jogou a maçã na lata do lixo. – Eles me agradecerão de uma forma ou de outra.

– Tudo bem, Shooting Star, não está mais aqui quem falou.

– Preciso ir.

– Mas já? Não quer nem conversar mais um pouco?

– Não posso. – deu as costas. – Tem gente precisando de mim agora.

E Chen, após dar as costas ao moreno, se afastou do mesmo com um sorriso em seus lábios.