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História Marauders heir - Quatorze - Toda mentira tem um fundo de verdade


Escrita por: BiancaLBlack

Capítulo 14 - Quatorze - Toda mentira tem um fundo de verdade


OS CAMPEÕES DO TRIBRUXO

Vítor, Caleb e Eladora. Este é o trio escolhido pelo Cálice de Fogo para representar Durmstrang, Beauxbatons e Hogwarts, respectivamente. Os rapazes com dezessete anos, e a mocinha na flor de seus doze, nesta sexta-feira enfrentarão a primeira tarefa do torneio fatal. Não sabemos se os três sobreviverão, mas deixamos nossos melhores votos. A equipe do Profeta Diário conseguiu entrevistas exclusivas com os campeões (pág. 8)

-Por Rita Skeeter.

Virei o jornal para a página oito e observei as fotos mágicas se moverem, acenando para mim, Cedric não estava presente. As entrevistas de Krum e Caleb foram genéricas, mas a minha continha um longo comentário.

A srta. Lupin-Black, mais jovem campeã tribruxa da história, é uma garota encantadora. Confiante, ela contou ao Profeta Diário que não precisava de ajuda para lidar com essa primeira prova, pois já sabia o que fazer. Questionamos como ela conseguiu se inscrever no torneio, e com toda a “educação de lady” que recebeu, Eladora respondeu: “Minhas razões devem permanecer minhas”. Não sabemos o mistério por trás dessa máxima, mas em breve descobriremos – espera-se.

-Aquela gárgula! - xinguei, jogando o jornal para o lado. - ARGH! - gritei, sabendo que a raiva se dissiparia com um pouco de berros. - Maldita…

-Que diabos, Ella – ouvi a voz abafada de Harry no salão comunal.

-O que foi? - indaguei,descendo a escada.

-Eu achava que Skeeter não podia falar com você – ele observou a manchete de capa do Profeta Diário que Neville folheava.

-E não pode. Falei com outro correspondente, mas isso não impediu-a de alterar tudo o que eu falei.

-Então você não disse que não precisava de ajuda? - indagou Rony.

-Claro que não disse, porque eu precisei. Da ajuda de vocês, aliás.

Suspirei pesadamente e me joguei no pufe ao lado de Harry, Tenho que esquecer a Skeeter, não quero estragar a tarde com Caleb. Sai, forçando meu nariz a respirar direito. Estava nervosa pelo que Skeeter escreveu, mas amava muito meu namorado para me concentrar em outra coisa. Encontrei Caleb no pátio onde os alunos estavam reunidos. Salut (oi), disse eu, abraçando-o.

-Bonjour amour (Olá amor) – ele beijou meus lábios sutilmente. - Genevieve e Domenic mandaron parrábens.

-Dites-leur que je l'apprécie, oui? (Diz a eles que eu agradeço, sim?)

-Parra alguém tão autossuficiente, você me pede muitos favorres, non?

-Quoi? Ah, dit le journal. Rita Skeeter déforme tout ce que vous entendez. Il a écrit que je suis douze ans, j'ai quatorze ans. (O quê? Ah, o jornal. Rita Skeeter distorce tudo que ouce. Escreveu que eu tenho quatorze anos, sendo que tenho quatorze).

-Oui, il y a beaucoup qui ne correspond pas, mais vous avez pas parlé un mot depuis m'a dit au sujet des dragons. Par ailleurs, comment avez-vous trouvé le dragon? (Sim, tem muita coisa que não se encaixa, mas você não disse uma palavra sequer desde que me contou sobre o dragão. Aliás, como descobriu sobre o dragão).

- N'a pas d'importance (Não vem ao caso).

-Si pas le point, cela signifie que Skeeter est pas aussi mauvais que vous le dites.(Se não vem ao caso, significa que Skeeter não está tão errada quanto diz).

-Donc, vous la croyez? (Então você acredita nela).

-Oui, je crois. (Sim, acredito).

-Pour moi, assez, si vous croyez en Skeeter, vous ne me croyez pas, et je ne veux pas être avec quelqu'un qui ne me croit pas. Oubliez la balle d'hiver, oubliez-moi. pour toujours (Para mim, já chega, se acredita em Skeeter, não acredita em mim, e eu não quero estar com quem não acredita em mim. Esqueça o baile de inverno. Me esqueça. Para sempre).

Sai do restaurante de cabeça baixa. A última coisa que eu queria era ser reconhecida. Parei para almoçar no Cabeça de Javali, onde os alunos de Hogwarts se sentiam pouco à vontade e por isso, o evitavam. Sentei em um banco alto de frente para o barman e pedi o primeiro item do cardápio.

-Não esperava te ver aqui – disse uma voz familiar.

Eu escolhera um lugar contra a porta justamente para que não fosse reconhecida, mas é claro que meu disfarce não enganaria o meu melhor amigo, Nem precisei me virar para saber que Jonay se aproximava com seu típico sorriso gentil. Eu também não esperava que o dia de hoje seria assim.

-E o que você esperava para hoje?

-Nada muito exagerado. Apenas um almoço com meu namorado, depois compras… mas isso não durou nem meia hora.

-O que aconteceu?

-Terminei com Caleb. Ele disse que Skeeter estava certa sobre mim.

-Meu Merlim. Ella, eu sinto muito.

-Não precisa sentir, mas preciso de ajuda.

-Basta falar de que precisa?

-Eu e Caleb íamos juntos ao baile de inverno, mas como eu o chutei há dois minutos, estou sem par, e como campeã do Tribruxo, eu preciso ter um par.

-Sem problemas, senhorita Lupin-Black. Quer ir ao baile comigo?

-É claro – sorri para meu melhor amigo. - Obrigada cara.

-Disponha. Quer comprar um vestido?

Neguei com a cabeça. Meus pais já encomendaram um para mim, só preciso que eles me enviem. Mas podemos dar uma volta pelo vilarejo.

-Eu quero – ele me sorriu. - Você nunca assumiu sua relação com Caleb para ninguém, certo?

-Não há problema se nos virem juntos, garanto – disse eu, à guiza de “não”.

Paguei pela comida e saímos caminhando pelas ruas, conversando sobre o clima e sobre nós dois. Minha madrinha tinha razão, era necessário dar tempo. Isso me mostrou que Caleb era um babaca e Jonay era legal, como eu sempre soube.

Ouvimos um latido vindo de um pequeno beco e reconheci o animal. Padfoot. Joguei um galeão para Jonay e pedi-lhe para comprar cerveja amanteigada e comida. Entrei no beco e sentei contra uma parede com as pernas esticadas, para que Padfoot pudesse apoiar nelas a cabeça. Não é hora para carinhos, pai, afastei-o depois de um tempo. O que está fazendo aqui? Ele se transformou, vestia a calça e terno de cetim habituais e exibia um sorriso caridoso.

-Queria vê-la, saber o que achou do que Skeeter escreveu.

-A praga não para – murmurei, já havia falado daquilo à exaustão, e nem fazia um dia que eu lera o Profeta Diário. - Caleb e eu discutimos por causa disso, ele escolheu acreditar nela e não em mim, e ainda, Harry e Rony quase acreditaram que eu disse aquelas coisas. O correspondente não adiantou em nada, ela alterou as coisas que eu disse a ele.

-Calma, calma – ele me fez parar de falar, erguendo as mãos. - Quando nervosa, você fala rápido, exatamente como Moony – bufei divertida. Até que gostava quando ele me comparava a Moony, ou quando Remus me comparava a ele. Era muito bom ver que eles enxergavam um ao outro em mim. - Quem é Caleb?

-Meu namorado. Bom, ex namorado. Terminamos há dez minutos, no máximo.

-Você teve um namorado? - ele arregalou os olhos e exasperou. - E não me contou? Estou decepcionado, marotinha.

Eu sabia que ele só estava brincando. Perdera as contas de quantas vezes Remus o mandara parar de ser dramático. Era o garoto do Beco. Ele parecia me seguir por todo canto e de repente, eu sei lá, aconteceu. Mas terminou tão rápido quanto começou. Não está bravo comigo de verdade, está?

-É claro, eu nunca me zangaria com você por causa disso. Ainda vai querer as vestes do baile?

-Eu não tenho escolha sobre ir ao baile ou não, pai. Eu sou uma campeã do Tribruxo, então sim, eu vou ficar com o vestido. Mudando de assunto, onde está Remus?

-Plantão, e até eu estou de serviço, mas convenci meu parceiro a me acobertar um pouco – ele baixou os olhos para o bolso onde guardava a carteira, olhando-me com um sorriso muito Marauder.

-Não vamos abusar do poder do dinheiro, está bem? - disse eu, com um sorriso complacente. Às vezes eu era mais mãe do meu pai do que ele era meu pai.

Ele assentiu e eu respondi: Bom menino. Um estampido de explosão me sobressaltou. Gritos começaram, como na Copa Mundial de Quadribol. Meu pai agarrou a minha mão e começou a falar sozinho em baixa voz – acho que a maior parte dos aurores faz isso -, eu não consegui entender o que ele falava, mas logo seus olhos azuis se voltaram para mim e ele disse:

-Eu não sei o que está acontecendo, mas eu preciso intervir. Talvez sejam Comensais. Pegue quantos alunos puder e os leve para a Casa dos Gritos. De lá, poderão seguir para Hogwarts em segurança.

-T-tá – falei, tentando esconder meu nervosismo.

-Minha menina corajosa – ele beijou o alto de minha testa. - Vá. E fique longe das ruas.

Assenti e me levantei. Havia muita gente na rua, procurei entre a multidão alunos da minha escola, ou de Durmstrang e Beauxbatons. Encontrei duas meninas do terceiro ano da Corvinal e as mandei me seguir, dizendo que eu as manteria em segurança. Vamos procurar mais gente e depois voltar a escola. Podem me ajudar com isso? Elas assentiram. Procurem nas lojas e esquinas, juntem todo mundo perto da Casa dos Gritos.

Elas foram para um lado e eu fui para outro, caçando mais gente. Tirei quase metade das pessoas do Três Vassouras aos berros. Recrutei Harry e Rony para me ajudarem, e juntos, salvamos alguns alunos de Durmstrang. Eu estava me certificando que o grupo entendera minhas instruções quando reconheci Caleb no meio do grupo. Baixei o olhar e fui para a rua, quase sendo atingida por um feitiço de um Comensal. Um braço segurou o meu, puxando-me para um tronco musculoso, sob uma camisa longa.

-O que você está fazendo aqui? -girei nos calcanhares. Era meu padrinho. - Não importa. Seu pai te disse o que fazer? - assenti. - Então faça. Fique fora do caminho.

-Não. O que está acontecendo? Não tinham pego todos os Comensais que estavam na Copa?

-Tem muito mais Comensais espalhados pelo mundo Ella, e eu não tenho tempo para explicar. Agora, obedeça o seu pai.

Me virei para partir, vi um Comensal tirar sua máscara rapidamente. Tive um vislumbre de seu rosto antes que ele a recolocasse, mas não quis acreditar em quem ele era. Vai!, meu padrinho mandou de novo, me empurrando. Outra mão segurou a minha; era Harry. Ele assentiu minimamente para o pai e me levou. Chegamos à Casa dos Gritos, onde Rony já mandara todos para Hogwarts através do túnel.

-Você o viu? - sussurrei, tremendo. - O Comensal?

Ele assentiu. Será nosso segredo, está bem? Fiz que sim com a cabeça e me agarrei ao casaco de neve preto e grosso que Harry usava. Estava começando a nevar.

O Natal estava perto.

***

HARRY

Eu, Ella e Rony fomos os últimos a passar pelo túnel. Ella tinha enroscado os dedos nos botões do meu casaco e praticamente se pendurara em mim, obrigando-me a carregá-la pela passagem.

-O que deu nela? - perguntou Rony, quando estávamos às portas do salão principal.

Sabia que ele perguntaria assim que notasse como nossa amiga estava. Agradeci a Merlim por meu cérebro ser muito bom para inventar mentiras e histórias – algo herdado de meu pai e aprimorado na infância com os Dursley. Respondi que ela quase fora morta por um Comensal, se não fosse por meu pai.

-Que bom que ele estava lá, então.

Assenti, sem tirar os olhos de Eladora. Estava encolhida e balbuciando. Encostei-a na parede e disse para Rony seguir e dizer à Minerva que nós três estávamos bem. Ella, temos que guardar o segredo, e não poderemos fazer isso por muito mais tempo se você ficar estranha assim, disse-lhe quando Rony sumiu. Então você vai até o seu quarto, tomar um banho quente e colocar um casaco antes de descer para jantar. Eu posso inventar uma história convincente.

-Obrigada Harry – ela me abraçou.

-De nada parceira.

Ela subiu as escadas para a torre da Grifinória e eu fui para o salão. Tomei um lugar ao lado de Rony, guardando a outra cadeira para Eladora.

-Ela virá jantar? - perguntou Rony, brincando com o garfo no prato vazio.

-Sim, preferiu tomar um banho antes, tinha medo de pegar gripe quando o baile de inverno está tão perto.

-É cara dela querer que tudo saia perfeito… por quê a comida não chegou ainda? Estou faminto.

Encarei meu prato por um segundo. Também estava com fome, mas só poderíamos comer depois que Dumbledore falasse, mas ele não estava presente. Talvez os professores estejam resolvendo a questão do ataque à Hogsmeade, pensei. Eladora chegou, vestindo uma capa sobre o uniforme. Ela se sentou entre mim e Rony, e segurou minha mão por sob a mesa. Ao mesmo tempo que ela entrou, os professores chegaram e ocuparam a mesa larga. Dumbledore ficou de pé, e esperou todos se sentarem para falar.

-Boa noite e desculpem nosso atraso. Todos acima do terceiro ano devem saber que Hogsmeade foi atacada durante a visita, por Comensais da Morte – suspiros assustados encheram o salão. - Porém, nenhum aluno, seja de Hogwarts, Durmstrang ou Beauxbatons, se feriu, graças aos aurores que agiram rapidamente e ao trabalho de evacuação do vilarejo realizado por alguns alunos – o diretor deu um olhar discreto para Eladora, Rony e eu. - Por decisão do Ministro da Magia, as visitas a Hogsmeade serão suspensas até que a situação seja normalizada, e eu gostaria de pedir ao sr. Potter e à srta. Lupin-Black que fossem à minha sala, depois do jantar. Agora… bom apetite.

-Por que só vocês? - indagou Rony, enchendo o garfo de comida com satisfação. - Eu também estava lá.

-Não sabemos, mas contamos quando descobrirmos, ok? - disse Eladora, absorta com a refeição.

ELADORA

Harry e eu seguimos para a sala de Dumbledore. Braços macios me envolveram assim que cruzei a porta. Fechei os olhos e devolvi o abraço de Remus. Estou bem papai, garanti-lhe.

-Seu pai me fez o “grande favor” - fez aspas com as mãos ao explicar – de me pregar uma peça. Disse tê-la visto no vilarejo, mas não sabia se você sobrevivera.

-Sirius! - ralhei, mantendo os braços dados com Remus. - Tem uma pessoa que não vi depois do ataque… Jonay escapou?

James assentiu e cumprimentou o filho. Foi o primeiro que as meninas que você recrutou ajudaram, assegurou. Mas não foi por isso que os chamamos aqui. Acho que já sabem… sobre um segredo que devem guardar.

-Sim – disse Harry. - Nós o faremos.

-Não – protestei. - Temos mais é que contar para todos que pudermos, as pessoas precisam saber que os Comensais estão de volta. Não teríamos que fazer isso se o Ministério tivesse feito seu trabalho em vez de passar o verão tentando me prender – quase berrei.

-James não estava falando do ataque – afirmou Sirius. - Disso todos já sabem. Ele quis dizer o outro detalhe que você presenciaram.

-Ah, isso – estalei a língua. - Não contaremos nada, como Harry já disse. Só… resolvam isso o quanto antes.

-Sim, senhorita – Sirius beijou o alto de minha testa.

Sai do escritório, indo direto para a torre da Grifinória. Harry segurou minha mão durante o trajeto e cantava baixinho para me entreter: Answer the riddle as soon as you can, when you sound of Notre Dame ... who is the monster and the man who is? (Responda ao enigma assim que puder, ao soar de Notre Dame… quem é o monstro e o homem quem é?).

-Nós ficaremos bem – disse-me, colocando minha mão no corrimão da escada para meu quarto. - Nossos pais arrumarão as coisas e fingiremos que nunca aconteceu.

Em meu quarto, tirei a capa pesada, o uniforme e coloquei o pijama, pedindo a Merlim e Morgana para dormir logo.

NARRADORA

-A filha de vocês é louca – disse James, sentando-se na cama que rangeu. - Como isso podia ser velho quando nós éramos novos? - indignou-se. - Como pudemos dormir nisso?

-Tempos desesperados, medidas desesperadas – disse Sirius, encostando-se na cômoda com o esposo. - E sim, ela é louca. Louca por fazer justiça. Não descansará até que isso acabe.

-E a gente achando que o Tribruxo a ocuparia até o fim do ano letivo – Remus fez piada. - Embora eu ache que o pior ainda não veio.

James e Sirius o encararam com espanto. Por favor!, protestou o lobisomem. Tudo mudará, até ficar como treze anos atrás, isso se já não estiver igual. Eles aprenderão que nessas situações não há perdão, e nós só poderemos lutar, e limpar a bagunça depois. Os Comensais já se mostraram, quem sabe quanto tempo temos até matarem alguém? Por que depois disso, não haverá volta, até um lado cair. Black e Potter assentiram. Por mais fortes que fossem as palavras de Remus, eram certas. James se despediu em baixa voz, saindo pelo túnel. Sirius abraçou Remus, beijando-lhe ternamente.

-Eu sei o que está por vir, acredito em você, mas nossa filha é forte e está lidando com isso muito bem. Vamos confiar nela, está bem?

Lupin assentiu e juntos, seguiram pela passagem. Hogsmeade não fora acometido pelos Comensais, o que foi rapidamente notado por Sirius. Talvez eles só quisessem assustar, pensou ao aparatar. Uma vez em Grimmauld Place, o casal se abraçou e beijou com saudades e fervor. Remus puxava Sirius pela mão até um guarda-roupas no corredor. Entraram e encaixaram-se no pouco espaço disponível. Isso me lembra os velhos tempos, disse Sirius, tirando o casaco do parceiro. Nós dois com quatorze anos em armários do Filch.

-Ah sim… - Remus concordou nostálgico – passamos quase todo o quarto ano em armários, mesmo que já tivéssemos nos assumido.

-E no quinto, não saímos do dormitório – concordou Black, beijando-lhe o pescoço.

-Não me julgue – tirou a própria calça. - Meu namorado da época era maravilhoso, e a filha que temos juntos herdou os olhos azuis dele.

-Já vi sua filha, de fato tem belos olhos, mas o que mais se destaca são os cabelos ondulados e castanho-claros, muito bonitos.

-Falar de si mesmo na terceira pessoa é muito estranho…

-Com certeza.

Riram juntos e continuaram a noite de amor aos beijos, amassos e carinhos.

***

ELADORA

Acordei ansiosa, com o coração batendo forte. A próxima tarefa seria em duas semanas e meu ovo dourado continuava na minha mesinha de cabeceira, onde eu o deixara depois da festa que os gêmeos fizeram para mim. Aproveitei o dia livre para pesquisar sobre o segredo que ele escondia, mas Esfera que berra não era uma chave de pesquisa muito comum na biblioteca de Hogwarts.

-Oi Ella – disse Caleb ansiosamente.

-Oi – eu respondi sem levantar os olhos. - O que você quer?

-Retour de la faveur. Vous me disiez au sujet des dragons et pensé que ce serait bon de lui dire que l'œuf fonctionne à l'eau (Retribuir o favor. Você me contou sobre os dragões e achei que faria por bem contar-lhe que o ovo funciona com água).

-Como assim?

-Voyons voir ... la prochaine fois que vous vous baignez, prenez l'œuf avec vous (Vejamos... da próxima vez em que tomar banho, leve o ovo com você).

Assenti e mantive os olhos no livro enquanto ele partia. Caleb ficaria lindo em um terno azul-royal, mas isso não vai rolar. Agora que já sabia por onde começar, devolvi os livros a seus lugares nas estantes e fui para meu quarto.

Hermione e Lavender não estavam, ou seja, estava livre para demorar o quanto quisesse na banheira. Coloquei o ovo dentro e enchi até cobri-lo. Entrei em seguida e ouvi a canção que saia dele.

Por onde ouvir da nossa voz o tom

Na superfície não há som

Durante uma hora deve buscar

E o que quer vai encontrar

A voz era cálida, suave, mas, ao mesmo tempo, arisca, e me lembrava os sereianos que moravam no fundo do Lago Negro. E fazia muito sentido, já que para ouvir a música era preciso colocar o ovo na água, e o único lugar onde se podia ouvir a voz dos sereianos era o Lago Negro – onde não havia outro som se não esse.

A pista estava decifrada, mas agora eu tinha outro problema: como conseguir respirar debaixo d’água por uma hora? Passei os dias seguintes pesquisando feitiços que fossem úteis, mas cada vez mais parecia perda de tempo, então passei para as plantas. Peguei dezenas de livros sobre fungos e ervas mágicas que pudessem ajudar, mas nada que me fizesse respirar debaixo d’água por tanto tempo.

-Guelricho – disse Jonay, na véspera da tarefa. - Use um pouco de guelricho. Para uma hora, dois pedaços devem bastar.

-O quê? - perguntei murmurando. - Como sabe que eu preciso disso?

-Você deixou um livro na sala comunal sobre ervas subaquáticas com algumas anotações à tinta, tipo: Eu preciso de uma hora sob a água. Fiz um pouco de pesquisa, falei com Sprout e cheguei ao guelricho.

-Obrigada, muito obrigada – falei aliviada. - Onde posso conseguir guelricho?

-Bem aqui – ele colocou um pacote na minha mão.

-Quanto custa? Posso te repassar o valor…

-Não posso cobrar da minha melhor amiga – ele sorriu, estalando um beijo no canto dos meus lábios.

-Sanchez! - chamou o prof. Moody. - Lamento interromper o momento, mas o professor Dumbledore mandou chamá-lo.

Boa noite Ella, disse-me sorrindo ao sair. Retribui o “boa noite” de forma educada e guardei o guelricho sob a capa. Bocejei. Ficara muitas noites sem dormir, pesquisando um meio de sobreviver a uma hora sem oxigênio. Merecia um bom descanso. 



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