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História Marauders heir - Dezesseis -Aquele sobre vômito e o baile de inverno


Escrita por: BiancaLBlack

Capítulo 16 - Dezesseis -Aquele sobre vômito e o baile de inverno


Meu coração acelerou quando meus olhos se abriram de repente, meu estômago estava embrulhado, e corri para o banheiro. Levantei o assento do vaso e abri a boca. Um jorro de vômito escapou. Tossi algumas vezes e desci a tampa, esticando debilmente a mão para a descarga. Deixei-me cair no chão, encolhida. A dor de cabeça voltara com força total, acompanhada de náuseas.

Se algum dia eu já desejei morrer, esse dia é hoje. Chorava e me lamentava baixinho. Por quê bebera tanto? Por quê? Fiquei lá pelo que pareceram horas, logo ouvi as vozes de meus pais através da porta.

-Ela não está no quarto.

-Ligou para James? Talvez esteja lá.

-Ou talvez esteja bem aqui, no banheiro, chorando a ressaca.

Eles entraram e se ajoelharam a meu lado. Usavam os pijamas, não devia passar das cinco da manhã – o relógio da parede marcava três em ponto. Sirius passou a mão pela minha testa, sorrindo vitorioso para Remus, como se dissesse: Viu? Eu tinha razão. E tinha mesmo, eu estava de ressaca.

-Então o artigo de Skeeter não era 100% mentiroso… - disse Remus, me analisando - você encheu a cara no sábado à noite.

-Não posso – tossi. - O Voto.

-Entendi – disse Sirius depressa -, não precisa dizer nada sobre a festa. Venha – ele me estendeu a mão -, vamos cuidar da sua ressaca.

Deixei que me carregasse até a cozinha, e me colocasse sentada no balcão. Dobby surgiu, perguntando o que precisava fazer, Remus pediu-lhe para ferver água. Funciona melhor que a maioria dos remédios, meus pais disseram. Principalmente quando é só isso que você tem.

-Vocês bebiam em Hogwarts? - perguntei, enquanto Remus dissolvia uma erva na água fervente.

-Não muito. Só no Natal e nas festas após vitórias de quadribol – disse ele -, ou seja, o ano todo.

Dei uma risadinha ao bebericar o chá. Remus colocou o resto que havia na chaleira na minha garrafa térmica, recomendando: Beba sempre que a náusea e a dor voltarem. Assenti e fui para o meu quarto, sentindo-me melhor do que antes, mas sabia que era questão de tempo até meu corpo me trair. Enrodilhei-me na cama, pedindo e implorando para dormir, tal qual fizera na última semana diversas vezes.

***

Como era esperado para qualquer adolescente que bebe e é pego pelos pais, eu fiquei de castigo assim que as dores passaram. Dobby ganhou o dia de folga, tendo apenas de me vigiar enquanto fazia tarefas domésticas, como varrer os quatro andares da casa, espanar quadros e móveis, cozinhar, lavar o meu banheiro e a louça. Eu já fazia isso quando morava com os Mirony, então a pior parte era que não podia usar magia. Após o jantar, eu ainda recebera um malote de Harry, com todas as lições que perdera. Gemi, queria voltar para Hogwarts o quanto antes. Fui para a cama, mas não cheguei a dormir. Remus adentrou o quarto e disse:

-Aprendeu a lição, você volta hoje.

Adormeci no caminho de volta. Ao despertar na hora do café da manhã, graças a Merlim, estava em meu dormitório. Peguei minha mochila, suspirando ao ver a grande e intocada pilha de dever atrasado. Dou um jeito em você depois, pensei, descendo para a sala comunal. Agradeci a Harry e ele me retribuiu um sorriso. Ainda não recuperara a confiança absoluta em meu estômago, então me limitei a beber um cálice de suco de abóbora no café.

O quarto ano grifinório caminhou para a sala de McGonagall. Senti olhares pousarem em mim. Claro, pensei resignada. Eles me viram beber até cair e depois sumir por dois dias. Apanhei pena e pergaminho e me concentrei em um “detalhe muito importante”. Jonay entrou na sala e sentou do meu lado, sorrindo.

-Oi, a dor passou?

-Sim, mas ah, eu paguei por aquela noite, e como paguei.

-Se arrepende? - ele soou chateado.

-Do que fiz, não. De ter bebido, com certeza. Meus pais me buscaram no domingo para uma reunião com Marina Finnigan, a dona do Profeta Diário e…

-Como foi?

-Produtiva, mas horas depois… BANG! Eles descobriram a minha ressaca.

Jonay esfregou a nuca. McGonagall entrou na sala, pousando seus olhos em mim um segundo, mas logo os desviou. Não quero dar muitos detalhes sobre essa aula, só que uma coruja que atravessou a sala em um voo de rapina e jogou uma carta na minha carteira. Era dos meus pais.

Tenha um bom baile, querida. Lembre-se de não se exceder na bebida. Não quer passar o Natal de ressaca, não é?

Mandamos entregar o vestido no seu quarto. Esperamos que goste.

Sirius O. Black III e Remus J. Lupin.

Sorri ao subir as escadas de volta à torre da Grifinória – quem se importava com a aula de Adivinhação? - e encontrar meu vestido em uma caixa sobre a cama. Era azul, com saias de tule esvoaçante e decote V. Com certeza madame Malkin tinha ajudado muito naquela maravilhosa criação. Sim, eu ia ter um baile maravilhoso.

Caminhei pelo castelo, talvez ainda conseguisse entrar na aula de Trelawney, mas interrompi o trajeto, pois uma voz rouca me chamou. Girei-me nos calcanhares e encontrei o prof. Moody, olhando-me inquisidor como sempre. Andei para sua sala, a passos cadenciados.

O escritório estava o mesmo desde a última vez. Ele puxou a cadeira para mim e sentou-se em sua mesa.

-Vamos falar sobre a segunda tarefa. Você usou Diffindo e Ascendio, estou certo?

-Sim senhor – assenti, pensando onde ele queria chegar (isso já se tornara um hábito, infelizmente).

-Feitiços muito simples, até para alguém que só está no quarto ano. Quantos anos tinha quando aprendeu esses, senhorita?

-Doze, se me lembro bem.

Moody assumiu um ar reflexivo. Ele me assustava muito mais quando parava de falar do nada e começava a pensar.

-Doze… você mal passava de uma garotinha. Feitiços básicos podem ter-lhe servido bem na primeira e segunda tarefas, mas devo prevenir-lhe: para lidar com a terceira tarefa, vai precisar de coisas mais complexas e poderosas.

Ele chamou um Feitiço do Patrono de básico? Suspirei com pesar, mas me mantive calada. Minha moral com meus pais não estava alta o bastante para brigar com um professor e eles me defenderem.

-Como o quê, professor?

-Algo que não está habituada a usar, creio eu, como azarações – fiz uma ligeira careta, e para meu azar, ele percebeu -, ou talvez eu esteja errado. Vá em frente, me mostre que realmente é a herdeira d’Os Marotos e me azare.

Hesitei, não sabia uma azaração sequer. Apertei minha varinha no colo e ele abriu um sorriso maldoso. Tirando um volume grosso de uma gaveta.

-Veja se tira algo bom daqui – ele me empurrou o livro. Azarações para iniciantes. - Não deixe madame Pince saber que está com você.

-Obrigada professor.

-Disponha.

Sai, carregando o livro sob o braço. Deixá-lo-ia na minha cômoda até depois da terceira tarefa, intacto, e então o devolveria. Draco Malfoy passou por mim, e torceu o nariz, com nojo, causando-me a já conhecida vontade de socar-lhe o rosto de doninha.

Talvez eu aprendesse um ou dois feitiços do livro antes de entregar.

Praticamente virei a noite aprendendo as mais diversas azarações – e me assustando com as vítimas ilustradas de forma muito real -, mas não me sentia pronta para a tarefa. Achei que isso se devia a eu não saber qual era a tarefa, porém não era isso. O real motivo de meu nervosismo era que essa tarefa era a última. Eu queria muito me livrar do Tribruxo.

***

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS…

Meus cabelos ondulados caiam pela minha cabeça, formando uma cascata em torno do rosto. Modéstia à parte, eu estava maravilhosa. Hermione e Lavender estavam se arrumando com Parvati Patil, do quinto ano. Convidei Ginny para juntar-se a mim, o que foi muito útil, pois ela penteou meus cabelos e emprestou um par de sapatos. Estava radiante por ir ao baile com Harry, e ainda mais porque foi ele que convidou e não o contrário. A senhora Weasley nos mandara todos os cosméticos favoritos de Ginny para nosso “dia de beleza” e também capas e máscaras combinavam com nossos vestidos.

-Eu ainda não entendi porque você pediu essa máscara – comentou Ginny enquanto eu ajustava a peça azul com cristaizinhos sobre meu rosto.

-Ora, Ginny – falei, contemplando meu rosto coberto –, disseram que haveria um baile de inverno. Pensei que seria mais legal termos um baile de máscaras, algo só nosso, que tal?

-É uma ótima ideia – ela pegou a máscara amarela que lhe pertencia com um sorriso.

Teatralmente, Ginny colocou a máscara no rosto. O conjunto a deixou parecendo o Sol, mas um pouco menos intensa. Ainda parecia consigo mesma, já eu estava irreconhecível. Podia apostar que se meus pais me vissem agora, não diriam que aquela menina azul e fria era Eladora Katherina Lupin-Black, mesmo que eles tivessem comprado o vestido. E era isso que eu pretendia com aquela brincadeira.

Com um sorriso de canto, abotoei minha capa sob o queixo e descemos. A sala comunal estava vazia, por sorte. De mãos dadas, cruzamos o castelo até o salão principal. As Esquisitonas tocavam no último volume possível e a pista de dança estava lotada. A apresentação dos campeões seria em meia hora, ainda tinha um tempinho para me divertir.

Circulei um pouco e dancei duas músicas antes de notar uma pessoa mascarada – que não era Ginny. Olhou-me diretamente e caminhou na minha direção. Fiz o mesmo, mantendo a mão direita no cinto do vestido, onde minha varinha estava embainhada.

Era um rapaz em roupas brancas de príncipe com detalhes dourados. A máscara deixava apenas os olhos à mostra. Sorri, mas a máscara cobria meus lábios, então ele não viu.

-Alteza – dissemos juntos, nossas vozes sendo levemente distorcidas pelas máscaras. - O que o traz aqui?

O príncipe sorriu. Sua máscara era feita de plástico mole ou silicone, porque eu tive certeza que seus lábios se moveram. Ele pegou minha mão e a beijou, e eu sorri de novo – quem se importa se ele vê ou não?

As Esquisitonas começaram outra música, a minha favorita. Puxei meu príncipe para a pista. Eu tinha que dançar.

Os minutos pareceram segundos, de tão rápidos. Logo McGonagall mandou a banda parar e chamou os campeões e seus pares para o centro do salão. Peguei a mão de meu príncipe e o levei para lá. Vi Ginny e Harry na multidão organizada em círculo para nos dar espaço. Sorri para minha amiga, que estava com seu “fantasma da ópera” mascarado. Harry fora muito espirituoso ao escolher sua fantasia. Colocara uma roupa do século XV, saída dos livros de romance de tia Lily e uma meia máscara branca, que cobria todo o lado esquerdo de sua testa e sua cicatriz. Meu amigo estava maravilhoso, mas não tanto quanto meu acompanhante, é claro.

-Dança comigo, Ella? - pediu Harry, estendendo as mãos para mim.

Peguei as mãos do meu amigo. Jonay deu as mãos para Ginny, que sorriu-lhe. Harry segurou minha cintura e valsou comigo pelo salão. Repousei a cabeça no ombro dele, e ele apertou o abraço.

-Você encolheu ou sempre foi minúscula assim? - comentou ele.

Dei um tapinha no ombro dele, rindo. Harry sempre fora mais alto que eu, o que era motivo de piadinhas internas, morreu quando eu fiz catorze e me tornei um tantinho mais rica que ele – é brincadeira, eu juro -, porém ele ainda era meu irmãozão, que me levava no colo quando eu fazia a menina turrona, andava de salto e tropeçava, torcendo o pé. Rony não ficava atrás, ajudando Harry a aguentar meu peso.

-Reparou que seu namorado está andando sem a cadeira esta noite? - disse Harry com casualidade, embora isso não fosse nada casual.

-Reparei, vou apurar esse fato mais tarde, mas se me permite, sr. Potter, vou voltar para o meu acompanhante.

Harry e eu voltamos para nossos respectivos pares, e ao me abraçar de novo, Jonay beijou minha bochecha enquanto me girava, colocando meus pés sobre os dele. A música era uma valsa lenta, ele resmungou algo sobre não saber dançar. Respondi que também não sabia e e continuamos girando, seguindo o exemplo dos outros casais.

-Você está linda – disse-me meu príncipe.

-Obrigada. Você está maravilhoso – confidenciei ao pé de seu ouvido. - Acha que eles sabem quem somos?

-Bom, você é a única campeã, então acho que sim… mas a ideia de sermos uma pequena corte – ele desviou o olhar para Ginny e Harry, que agora dançavam juntos – foi muito fofa, princesa Lupin-Black.

-Obrigada príncipe Sanchez.

-Eu estou mais para duque, ou conde.

-Por quê? Qual é a diferença?

Ele hesitou por um segundo. Disse não saber, que talvez príncipes fossem mais ricos que duques, por isso ele se encaixaria na segunda categoria, e eu, na primeira. Falei que não importava-me com isso. Ele sorriu e beijou meus lábios. Olhei para as pontas dos meus dedos do pé, à mostra na sandália de salto alto transparente, erguidas cinco centímetros acima do chão, por eu ainda estar sobre os pés dele.

Um defeito meu: não sei controlar a porcaria da minha mente. Se eu não me concentro em alguma coisa, começo a divagar sobre coisas realmente impróprias, considerando a situação. Estava imaginando como seria se eu e Jonay fossemos príncipe e princesa de verdade, dançando apaixonados em um baile, depois de fazer uma “social”, procuraríamos um lugar privado e passaríamos o resto da noite juntos.

-Acho que já deu de baile por hoje – disse Jonay, como se lesse meus pensamentos -, acha que vão notar a nossa ausência?

-Quem liga? Essa noite é para nos divertirmos – falei, saindo de seu colo. - Vamos, eu conheço um lugar onde podemos ir.

Puxei Jonay pela mão até o corredor do segundo andar. Fechei meus olhos por um momento, pensando: Eu quero um lugar confortável onde não possam me encontrar. Uma porta discreta surgiu, e eu a abri. Era um salão grande, com sofás e camas espalhados. A palavra confortável fora levada ao pé da letra, pelo que eu via.

-Que lugar é esse, Ella? - disse ele, colocando as pernas em uma cama com dossel.

-A sala precisa. Meus pais me disseram onde fica e como usar, para quando eu… bem, precisasse – ri fracamente da minha “piadinha”.

-Bem útil e preciso – ele riu em seguida. - Certo, chega de piadas com “precisa”.

Ele acariciou meus cabelos e beijou meu pescoço.

Jonay e eu passamos a noite toda nos agarrando na sala precisa. Quando amanheceu, ele estava ao meu lado na cama, de mãos dadas. Acordei com seus beijos em meu rosto. Sorri-lhe ao me sentar na cama e ajeitar meu vestido, já que adormecera com o traje do baile.

-Bom dia princesa – disse ele, sonolento.

-Bom dia – beijei seus lábios. - Que horas são?

-Nove e quinze, por quê?

Saltei da cama, colocando os pés nos sapatos e arrumando meus cabelos com pressa. O café seria servido em quarenta e cinco minutos, tempo o bastante para me arrumar. Conjurei meu uniforme e fui para o banheiro – que surgiu magicamente, graças a Merlim – me vestir. Jonay me questionou a razão de eu correr tanto, respondi-lhe sem rodeios:

-Eu aprendi que dá pra viver de um jeito leve – amarrei minhas botas – seguindo apenas uma regra: faça o que quiser, mas não seja pego. Se não formos pegos nessa sala, vai ficar tudo bem. E eu também não quero me atrasar para o trem hoje.

-Seu primeiro Natal com seus pais. Ou o primeiro do qual se lembrará.

-Exato. E eu fui muito boazinha comigo mesma ontem à noite. Não fiquei bêbada de novo, o que quer dizer que não vou passar o feriado com dor de cabeça.

Depois de alguns minutos, estávamos prontos para comer. O feitiço, poção, ou o que quer que tivesse usado na noite anterior perdera o efeito, e ele voltara para a cadeira de rodas. Enquanto descíamos para o salão principal, Jonay me contou como fizera para andar. Servira como cobaia em um feitiço que o professor Flitwick estava desenvolvendo – era bem rudimentar, por isso só durara uma noite – e assim, dançou comigo.



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