P.O.V. Shella
Shella e Gendry estavam escondidos, por trás das caixas do porto de Lothaven Port. A armada de Hatley Castle havia se instalado por lá.
-Sua alteza, temos que sair daqui. - disse Gendry, assustado. Ele era apenas um rapaz com 17 anos, filho de um carniceiro em Hatley Castle.
-Tenhai calma. Vamos, por aqui. - disse Shella, avançando na direção das ruas da cidade. Colocou o seu capuz e andou a passo acelerado. Não poderiam ser vistos ou iriam ter problemas.
Andaram pelas ruas mais escondidas da cidade, tentando passar despercebidos.
De repente, uma mão agarrou o braço de Shella. Não!, pensou ela. Quando se virou, viu um homem jovem. Tinha cabelos e olhos castanhos. Usava roupas simples de marinheiro.
-Siga-me! - disse ele.
-Quem sois?! - perguntou Shella, assustada.
-Confiai em mim, sua alteza! - disse ele, puxando-a delicadamente.
Shella seguiu-o, tal como Gendry. Não tinha grandes opcões. Ou seguia-o, ou continuava a esconder-se dos guardas de Hatley Castle.
Foram pelas ruas paralelas ao cais, até que ele os levou a um barco. O homem ordenou aos marinheiros que estavam no barco que colocassem a ponte de madeira e eles obedeceram.
O homem puxou Shella de novo, na direção do barco.
-Para onde me levas?! - perguntou ela.
-Venhai, sua alteza. Não lhe farei mal! - prometeu ele.
Shella continuou, até entrar no navio. Estavam cerca de dez marinheiros a andar de um lado para o outro, muito aterefados.
De repente, um homem saiu do convés. Era velho e tinha uma grande barba branca. Não tinha cabelos no topo da cabeça e era cego de um dos olhos, sendo o outro verde.
-Lorde James Beckendorf! - exclamou Shella. Ele era um lorde de um pequeno castelo, vassalo de Lordsport. Shella e ele foram grandes amigos de infância. Ele foi enviado para o seu castelo, cujos lordes eram vassalos de Lordsport. Nas alturas em que moraram juntos, constituíram uma grande amizade.
-Sua alteza. Espero que estejais em segurança. - disse ele - Venhai. Vamos para os meus aposentos.
O Lorde James levou-os até ao seu quarto. Tinha um tamanho apreciável. O Lorde James sentou-se na sua cadeira, de frente para a sua secretária. Shella e Gendry sentaram-se à sua frente. O outro homem ficou de pé.
-Sua alteza, desculpai-me pela surpresa, mas recebemos ordens imediatas. Já agora, este é o meu filho, William. - disse ele.
-Prazer. - disse Shella - Mas, quem vos deu essa ordem?
-Genna Lancaster. Ela ordenou que a levássemos até Thephra, onde ela está com todo o exército que possui. - disse William.
-E como pretendéis ir? A cidade está repleta de guardas de Hatley Castle! - disse Shella.
-Vamos a navegar. Talvez demoremos um pouco, cerca de três ou quatro dias. - disse o Lorde James.
-Então o melhor é partirmos o mais depressa possível. - disse Shella, pensando que talvez aquela guerra não estivesse totalmente perdida.
P.O.V. Theon
Theon e Maggie estavam nas minas de Vesthora, ainda à procura de uma saída.
-Theon, o que... o que achas que foi aquele monstro?! - perguntou ela.
-Não sei... Talvez uma espécie de guardião... - disse ele.
-E achas que os Egen sabem disso? - perguntou Maggie.
-Talvez... Ou então, são os monstros... - respondeu ele.
-Monstros?! - perguntou ela.
-Sim... Não sabes?!
-Não sei, o quê?!
-Os monstros... A Estrela de Shalakam... Enfim,talvez tenhas reparado na estrela que paira no céu, dia e noite. Essa estrela anuncia que os monstros e demónios das Wild Islands vêm aí e vão destruir tudo e todos. Já atacaram Thephra. - explicou Theon.
-Não fazia ideia... - disse ela.
Caminharam durante mais algum tempo, em silêncio.
-Maggie, de onde vens? - perguntou Theon.
-De uma pequena vila, a cerca de dez quilómetros de Thorodin. - respondeu ela.
-E quem... - disse ele, antes de Maggie lhe tapar a boca.
Theon empurrou a mão de Maggie da sua boca.
-O que se passa?! - perguntou ele.
-Está ali alguém... - disse ela.
Das sombras, apareceram duas pessoas, um rapaz e uma rapariga.
-Ora, ora... Se não é o principezinho de St. Victorian... - disse o rapaz. Tinha cabelos loiros e olhos castanhos. Tinha um machado na sua mão.
-Saiam daqui! Antes de vos matemos! - disse a rapariga do lado. Tinha cabelos negros e olhos castanhos. Fazia-lhe lembrar a sua irmã, Clarisse. A rapariga tinha uma espada na sua mão.
Olharam uns para os outros, até que Maggie correu contra a rapariga. Theon imitou-a e avançou sobre o outro. Ele levantou a espada, mas o rapaz bateu com o machado na sua espada, atirando-a para longe. Theon correu na direção da espada, mas o rapaz agarrou-lhe no pé, fazendo-o cair.
Theon abanou o pé, doltando-se e começou a rastejar, na direção da espada. Quando a ia agarrar, o outro empurrou-a para longe, com o pé. Ele levantou o machado e, antes de ele o lançasse contra Theon, um punhal raspou-lhe na garganta.
Ele deixou cair o machado e sangue começou a jorrar da sua garganta, matando-o. Quando ele caiu, Theon viu Maggie atrás dele.
-Obrigado. - disse Theon, agarrando na sua espada.
Quando se levantou, viu a rapariga caída no chão com um corte profundo na barriga.
-Vamos. Temos que continuar. - disse Maggie, avançando pelas grutas, com Theon ao seu lado.
P.O.V. Genna
Genna já via Thephra ao longe. Ela quis atirar-se para o chão e começar a chorar. A cidade estava toda destruída. Haviam rochas espalhadas por todo o lado, casas em ruínas. Apenas Rivecurrent, a fortaleza de Thephra, estava menos destruída. Apenas tinha algumas torres caídas.
Genna e toda a sua armada estavam a ir em direção ao castelo. Ela ia acompanhada por Sor Mathis, Sor Thomas, Alexandra e a Lady Merianne. Já tinham uma armada de quase dez mil guerreiros. Marendell havia sido destruída, o que complicara as coisas.
Quando chegaram aos portões do castelo, um guarda apareceu à sua frente.
-Quem sois? - perguntou ele.
-Sou Genna Lancaster, filha do Lorde Hosten. - respondeu ela, tirando o seu capuz.
-Sua alteza! Abram os portões! - gritou ele.
Os restantes guardas obedeceram e eles entraram em Rivecurrent. Haviam bastantes pessoas a andar de um lado para o outro, bastante aterefadas. Os guardas do castelo foram alojar os guerreiros e Genna e os outros foram para a sala do trono de Rivecurrent.
Era enorme. Tinha grandes colunas a sustentar o teto, que estava todo ornamentado. Apesar de estar em parte destruído, ainda era lindo.
No fundo da sala, sentado no trono, estava um homem. Tal como ela, tinha cabelos castanhos e olhos azuis. Ao lado dele, estava uma mulher, mais velha. Tinha cabelos cinzentos, por causa da idade, mas tinha olhos azuis como o mar. Do outro lado, estava outra mulher, mas agora da idade do seu irmão. Tinha cabelos loiros e olhos castanhos.
-Mãe! Irmão! - gritou Genna, abraçando-os.
Ela sentia a falta deles. Já à um bom tempo que não via ninguém da sua família. Sentiu calor, um calor que se havia desvanecido no seu coração.
-Onde está o pai?! - perguntou Genna.
-Genna... O teu pai está muito doente... - disse a sua mãe, Maege.
-O quê?! Como?! - perguntou ela, preocupada.
-Não sabemos. Foi durante o nosso jantar. Ele caiu ao chão, muito repentinamente. - disse a mulher.
-Genna, esta é Belle Medley. O senhor seu pai, vassalo de Thephra, aceitou o casamento entre ela e eu. - explicou o seu irmão, Trystane.
-Prazer. - disse Genna - Posso ver o pai?!
-Claro. Está nos seus aposentos, sabes onde é. - disse a sua mãe.
Genna agarrou nas suas saias e andou na direção dos aposentos do seu pai. Ela lembrou-se dos momentos que passara em Rivecurrent. Dla e o seu irmão, que era seis anos mais velho que ela, andavam sempre a fazer traquinices. Corriam pelod corredores, mesmo quando lhes ralhavam e diziam que não podiam. Roubavam comida da cozinha do castelo e ofereciam aos pobres das ruas de Thephra. Bons tempos, pensou Genna.
Os aposentos do pai estavam como sempre foram. Era capaz de ter sido o único sítio que não fora destruído. O seu pai, o Lorde Hosten, estava deitado na sua cama.
-Oh, pai... - disse Genna, aproximando-se da sua cama.
-Gen... Genna... É... É bom... Ver-te... - disse ele, sempre a tossir.
-Tenhai calma, pai... - disse ela, começando a chorar.
-Genna... Eu... Eu fui enven... Envenenad... - disse ele.
-Como assim, envenenado?!
-Darlessa... Ordens... - disse ele, tossindo ainda mais.
-Calma! Ordens de Darlessa?! - perguntou ela.
-Sim... Os... Os Medley... - disse ele.
-Como sabes?!
-Veneno de... De Rã... - disse ele, ainda a tossir.
-Veneno de rã... Apenas os Medley os sabem fazer... - disse ela.
Quando o Lorde Hosten ia falar, teve um ataque de tosse.
-Pai? Pai?! Guardas! Alguém! Socorro! - gritou ela.
Rapidamente, dois mestres apareceram e socorreram o Lorde Hosten. De repente, ele parou de tossir.
-Não... Não... Não! - gritou ela, atirando-se para o chão, a chorar. Estava a perder todos aqueles que amava.
Genna levantou-se e saiu dos aposentos do pai, limpando as suas lágrimas. Eu prometo, pai, pensou ela, prometo vingar-te.
P.O.V. Andrew
Andrew ia em direção do seu quarto. Tinha saído da aula de Astronomia, a última aula do dia, pelo que se sentia bastante cansado. Ultimamente, andara a chegar cedo, o que satisfazeu o Mestre Aaron. Pelo contrário, o Mestre Thorn não parecia muito satisfeito. Andava sempre a atirar-lhe grandes olhares.
Quando ia entrar para os Dormitórios, viu um corvo a voar em direção à Torre dos Eruditos. Uma carta, pensou Andrew. De repente, caiu algo do corvo. Era a carta.
Andrew correu na direção da carta, apanhando-a. Tinha o selo de Hatley Castle. Ele achou estranho. Old Town já havia declarado netralidade perante a guerra.
Andrew encolheu os ombros e foi em direção à Torre dos Eruditos, mas a sua curiosidade foi mais forte do que ele. Acabou por voltar para o seu quarto, com a carta.
Sentou-se na sua cama e abriu a carta, ao lado do Kamin.
Mestres de Old Town,
O plano está a resultar. Todos os mestres das cidades e castelos nos arredores se Hatley Castle estão a virar para o nosso lado. Os mestres de Thephra aproveitaram a doença do Lorde PAI para o assassinar, descretamente. Esta guerra terminará. Mas os vencedores não serão os lordes.
Mestre Maegon, Hatley Castle
Plano?!, pensou Andrew, Que plano?!. Os mestres andavam a conspirar contra os lordes. Eles querem matá-los a todos para acabar com esta guerra. Andrew compreendia-os. Aquela guerra apenas estava a causar mortes. Mas matar todos os lordes não ia ajudar. Apenas ia deixar o reino todo sem governo. Iam passar a ser como animais. Ele tinha que aconselhar os mestres. Mas, assim, eles saberiam que ele viu a carta. Tinha que se conter e saber mais sobre esse tal plano dos Mestres.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.