História Mariana's Web (EM CORREÇÃO) - Plan

Nem sei dizer por quanto tempo andamos pelos corredores daquela podridão, apenas sei que meu coração quase parou quando eu entrei na sala - fétida e suja, cheia de leitos com corpos em cima - onde, provavelmente, estava Hoseok. 

Não! Ele não pode estar morto! - gritei internamente.

- Faça alguma coisa, Yoongi! Por que a pulsação dele está parando?! - escutei uma voz grossa berrar, fazendo meu corpo inteiro vibrar.

- Vamos matar aquele desgraçado agora mesmo. - Seokjin disse, se pondo afronte de nós. 

Depois de ele ter deixado aqueles brutamontes inconscientes na sala - e ter dado alguns chutes muito bem merecidos na barriga de Jeongguk -, ele adquiriu um espantoso senso de psicopatia. Nem mesmo Taehyung, tão íntimo de si, conseguia reconhecê-lo.

- Seokjin, não! Fique aqui, não faça nenhuma besteira! - eu disse, segurando-o pelo ombro.

- Eu? Fazer besteira? Aquele idiota quem sequestrou seu irmão e torturou ele por dez anos! Te garanto que não fui eu quem fez besteira! - disse Seokjin, num tom óbvio.

- Jin-Hyung, por favor, fique quieto... - pediu Taehyung, num tom de voz baixo.

Seokjin bufou e o que ele disse estava martelando em minha mente. Sim, eu queria muito acabar com Namjoon de uma maneira lenta e dolorosa, ansiava por isso há anos, mas algo dentro de mim dizia que aquilo não era o certo.

Foda-se o que é certo! - gritou meu subconsciente, concordei com ele plenamente.

- Vamos. - disse, tomando a dianteira e seguindo a voz de Namjoon.

- Senhor, por favor, não diga meu nome outra vez... - interrompido. 

- Cala a boca e salva ele agora! - gritou Namjoon com a voz embargada.

Espera... Embargada? Por acaso ele estava chorando por causa de Hoseok?

- Sai de perto dele agora! - gritei, apontando a arma pra ele, assim como os outros do grupo, quando cheguei no leito de Hoseok.

- O quê... O que você tá fazendo aqui?! Era para você e sua turminha insignificante estarem mortos! - Namjoon berrou, irritado.

- Pois é, mas não estamos mortos. E também não estamos desvantajados dessa vez, portanto, sai de perto do meu irmão agora, seu assassino! - disse, num tom de voz firme.

- Senhor! - disse o cara pálido que se encontrava ao lado de Hoseok, ele apoiava meu irmão pelas costas enquanto ele se sentava com muito esforço, olhando fixamente pra mim.

Ele estava ótimo! Era como se quando eu tivesse chegado, algo dentro dele tivesse mudado e pra melhor. Seu rosto estava mais corado, o olhar mais brilhante, mas o físico ainda não era tão farto como eu me lembrava, Hoseok sequer possuía alguma marca de envelhecimento em seu rosto e aquilo me surpreendeu.

- Hoseok... - sussurrei, me aproximando dele a passos lentos.

- Eu sabia que... que você viria. - disse ele, pausadamente e com a voz baixa.

- Eu disse que nunca iria deixá-lo. - disse no mesmo tom, deixando minhas lágrimas escaparem.

- Como você cresceu... Está tão linda... - ele acariciou meu rosto quando eu me aproximei e me deu aquele maravilhoso sorriso brilhante que só ele sabia dar.

Eu senti sua falta, meu irmão... - pensei, sorrindo junto com ele.

- Eu vou te tirar daqui. Nós vamos pra casa! - eu disse, apertando-o pelos ombros.

- Taeyoon... - a voz dele foi cortada por outra mais alta, fazendo-me revirar os olhos.

- Você não irá levá-lo a lugar nenhum! Ele fica! - disse Namjoon, me segurando pelos braços e me empurrando para longe de Hoseok.

- Nam... Você mentiu pra mim... - Hoseok murmurou, abaixando a cabeça.

Espera... Nam? Apelido? Eu ouvi isso mesmo? Ah, meu Deus!

- Hoseok, eu... - Namjoon foi cortado por Hoseok depois que se virou para olhá-lo.

- Não! Eu não quero ouvir mais nenhuma palavra! - Hoseok disse, num tom mais alto e com a voz um pouco falha. - Hoje... É um dos dias mais tristes da minha vida, e olha que já aconteceu muita coisa nela pra eu definir especificamente esse dia.

É, eu não tirava a razão dele. Mas... Por que um dos dias mais tristes? Poxa, Hoseok, você voltará pra casa, meu irmão! Por que estaria triste?  

A resposta era tão óbvia como o motivo de eu ter ido àquela base. Namjoon não fora o único a ter criado sentimentos por Hoseok e aquilo estava me assombrando de uma maneira extrema. 

- Hoseok, me desculpa, por favor... - Namjoon se ajoelhou ao lado de meu irmão na maca, segurando em sua mão e olhando-o com súplica. - Eu não podia deixá-lo ir, eu não podia! Você não vê que eu quero que fique comigo?!

O cara pálido arregalou os olhos e se virou, correndo para fora do leito. Não pude ouvir mais nada senão os ruídos de vômito sendo expelido.

Aquela situação também estava me dando vontade de vomitar, e também estava me deixando impaciente, eu estava farta daquele teatrinho do Namjoon, tudo aquilo fazia meu estômago parecer um temporal de tanto que se revirava.

- Tarde demais, Namjoon. - disse Hoseok, olhando pra mim de uma forma que só eu conhecia.

Chegou a hora! - pensei, num tom célebre. 

- Tirem Namjoon dali. - disse baixo para Taehyung e os outros, guardando minha arma em minha cintura.

Taehyung e Seokjin seguraram Namjoon pelos braços e o tiraram - com muita esforço - de perto de Hoseok, pois além de mais alto, era mais forte, e quando fazia uso de sua força... Não tinha pra ninguém. 

Mas naquele momento, Namjoon tinha um ponto fraco que se chamava Jung Hoseok, e pelo fato de estar esgotado psicologicamente, sua força não fora páreo o suficiente pra impedir meus amigos de afastá-lo de Hoseok.

Me aproximei de meu irmão e lhe dei um abraço apertado enquanto chorava, ele me apertou com força e se pôs a chorar também. Tão debilitado... Queria protegê-lo do mundo! Ele não merecia a ruindade dele! 

- Me leva embora daqui... - pediu, num sussurro.

Assenti e o levantei da maca, deixando seus frágeis pés se chocarem contra o chão e ele grunhir baixinho. Andei com ele até a saída do leito ao mesmo tempo que meus amigos retornavam, um pouco ofegantes pelo trabalho feito.

Olhei para trás e vi Namjoon preso à tiras de plástico numa cadeira, gritando e esperneando desesperado. Sorri fraco com aquilo, mas queria fazer uma festa.

- Fizeram um ótimo trabalho! - pisquei para os meninos e me virei para continuar a andar com meu irmão, mas o cara pálido, surpreendentemente, pairou afronte de nós.

A situação dele era horrível, além de sua palidez natural, sua expressão era de puro horror e os cantos de sua boca estavam sujos de vômitos. Só de vê-lo, eu já sentia vontade de desmaiar.  

- Por favor, me escuta... - ele se virou para meu irmão e puxou o tecido de sua camisa lentamente, o sacudindo de maneira quase imperceptível, mas olhando pra mim. - Ele vai morrer.

- O quê? - Hoseok murmurou, tão atordoado quanto eu.

- Você pode achar que está bem, que está saudável, que poderá voltar pra casa e que será feliz com sua irmã, mas... Não, Hoseok-Ah! Isso tudo é temporário. Você não vai resistir quando sair daqui. Eu vi! - ele disse, se voltando pra mim e apontando pra minha barriga de novo. - Assim como eu vi que tem uma menina aí dentro!

- Não tem nada aqui dentro! Você é louco! Como poderia ver algo se sequer fez algum exame?! - eu já estava indignada com aquilo. Eu não estava grávida! 

Ou apenas não quero acreditar que esteja... - meu subconsciente completou.

- Eu nasci assim. Eu sou assim. Eu consigo ver tudo através do que a realidade mostra... Você tá esperando uma menina, assim como ele vai morrer e... Eu sinto muito! - disse o cara pálido, deixando duas lágrimas caírem de seus olhos.

Eu achava sua estrutura muito firme e inabalável para vê-lo chorar, então foi tão surpreendente quanto ver Namjoon ajoelhado aos pés de meu irmão.

Meu irmão que prometi levar pra casa! - lembrei, determinada.

- Que história é essa de menina? - Hoseok estava incrédulo, assim como eu.

- Chega de besteiras! Vamos embora desse inferno! - disse, andando em passos firmes até a saída.

Caminhávamos pelos corredores sendo guiados por Taehyung, que conhecia aquele lugar graças a um mapa que carregava consigo.

- Taeyoon, eu não conheço seus amigos. - disse Hoseok, dando de ombros. 

- Bem... Esse é Kim Taehyung. - eu disse, apontando pro cara afronte de nós.

- Jung Hoseok! Eu gostaria de te agradecer pessoalmente, eu fiz faculdade por sua causa! - disse Taehyung, parando e dando um abraço em Hoseok que o deixou surpreso.

- Bom... De nada! Me sinto honrado com isso, estudos sempre são o melhor caminho! - disse ele, dando tapinhas nas costas de Taehyung.

- Concordo plenamente. - Taehyung sorriu quadrado para Hoseok e ele se encantou, eu senti.

- Esse é Kim Seokjin. - apontei para ele ao nosso lado.

Seokjin não disse nada, só sorriu fraco e corou, abaixando a cabeça em sinal de respeito por Hoseok ser seu Hyung.

- Que fofura! É muito bom conhecer você! - disse Hoseok, se reverenciando de um jeito desleixado por estar apoiado em mim e ainda continuar andando.

Aquele lugar era tão imenso que fazia nossa caminhada parecer eterna.

- E esse, Hoseok, é Park Jimin. - eu disse, sorrindo para Jimin, que estava muito bonito suado, como sempre. E não sei por que reparei naquilo, mas eu sempre reparava, então pra mim não fazia diferença o por quê.

- Esse aparenta ser o mais importante, não é? - Hoseok olhou pra mim com um olhar que só eu conhecia também, e aquele olhar significava: "namoradinho". 

- Eu a amo. - disse Jimin, num tom baixo.

- Eu também. - disse Hoseok, sorrindo abertamente. - Por acaso foi você quem engravidou minha irmã?

- Hoseok! - gritei, corando violentamente e negando com a cabeça. - Eu não tô grávida! 

- Acredito no Suga, Taeyoon. - ele olhou pra mim de uma forma bem séria. - Se ele disse que você está grávida, é porque você está.

- Por aqui! - disse ele, virando pra direita, e começamos a andar mais rápido. 

- Você vai ter que me explicar direitinho essa história de você ter perdido a virgindade antes do casamento, Taeyoon! - lembrou Hoseok e eu gelei.

De repente, as luzes daquele lugar falharam brevemente, todas ao mesmo tempo, me causando um certo receio em continuar. Como se aquilo não tivesse bastado, ouvimos um barulho estridente de sirene soando.

- O que é isso?! - perguntou Seokjin, tapando os ouvidos assim como Hoseok.

- Coisa boa não é! Precisamos sair daqui agora! - disse Taehyung, e antes mesmo que pudéssemos virar o corredor, vimos muitos caras armados, posicionados perfeitamente afronte de nós. Recuamos imediatamente, nos protegendo com a parede.

Claro que não seria tão fácil assim! - pensei, decepcionada.

- Taeyoon, ele não vai me deixar ir... - Hoseok voltou a chorar, houvera parado antes por conta da adrenalina, mas voltara por ter encarado a realidade.

Realidade essa que eu não aceitaria.

- Hoseok, olha pra mim. - segurei-o pelo rosto. - Eu disse que te tiraria daqui, não disse? Quando foi que eu menti pra você? 

- Tirando a vez de quando escondeu a estrela da árvore de natal dentro da lareira dizendo que a tínhamos perdido e a queimamos por acidente porque você esqueceu? - perguntou, fungando.

- Tirando isso! - eu disse, entre risos.

- Tirando a vez que você jogou uma bola gigante de neve em mim e eu fiquei preso porque ela era muito grande, mas você disse que foi uma árvore? - continuou, sorrindo cada vez mais.

- Tirando todos os nossos natais! - uma lágrima caiu de meu olho, mas eu não parava de sorrir.

- Bom... E a vez que você jogou nosso rádio no mar por acidente e disse que ele tinha sido levado pelas ondas para não levar bronca, sendo que estávamos a mais de cinco metros do mar! Isso também conta? - fez cara de óbvio e eu ri.

- Hoseok... Quando foi que eu quebrei uma promessa que fizemos um para o outro? - cheguei ao ponto que queria e o sorriso de Hoseok se transformou numa expressão de tristeza enquanto seus ombros tremiam por ele chorar compulsivamente. - Ei! Nunca, né? 

- Não... Nunca. - disse, entre soluços.

- Então confia em mim e confia que eu vou te tirar daqui, te proteger com minha vida se for preciso, porque eu te amo mais que tudo nesse mundo. - o abracei apertado e depois o soltei, pegando minha arma e me juntando aos meninos. - Prontos?

- Já nasci pronto. - disse Taehyung, carregando sua arma. 

Jimin me puxou pelos ombros e me deu um selinho demorado enquanto eu o abraçava.

- E você, está pronta? - perguntou e eu assenti, enfeitiçada pelos seus olhos, como sempre ficava.

- Sempre tô pronta quando estou ao seu lado. - escondi minha cabeça em seu peito e ele riu.

- Caso fique muito difícil pra você, permaneça atrás de mim. - ele disse, num tom sério. 

- Você permanecerá atrás de mim! - eu disse, com desdém. - Vamos.

Seokjin e Taehyung correram para o outro lado, sendo protegidos pela outra parede. Estávamos prontos.

- Agora! - gritei e nós saímos detrás das paredes, atirando nos caras que estavam lá.

Permanecemos cerca de oito segundos atirando neles, depois recuamos para trás das paredes, alguns recarregando as armas e todos se protegendo.

- De novo! - gritei e voltamos a atirar nos caras.

As ações se repetiam. Sair. Atirar. Voltar. Recarregar. Outra vez. E em todas as repetições, nosso alvo não diminuía!

- Merda! Tô sem munição! - gritou Taehyung, jogando sua arma pra longe e correndo para perto de mim. Esse louco! Nem se importou de passar pelo fogo cruzado! - Eles são muitos, não vamos conseguir acabar com todos!

- Não mesmo! Parecem pipoca de tanto que se multiplicam! - gritou Jimin, indo atirar outra vez nos caras.

- O que vamos fazer?! - perguntou Taehyung, apreensivo.

- Eu tive uma idéia. - disse Hoseok, se levantando e indo até nós. - Me usem.

- O quê?! - berrei, assustada.

- Eles não vão me matar porque sabem que Namjoon ficaria louco caso isso acontecesse. Podem me usar como refém e assim sairemos daqui. - disse Hoseok, me deixando confusa.

- Mas eles sabem que estamos aqui para salvar você! Desconfiarão que é um truque! - eu disse, bagunçando meus cabelos castanhos em frustração.

- Não sabem, não. Eles têm ordens bem claras, atirar em todos que não sejam eu. - disse ele, sorrindo fraco. - Namjoon não conta nada pra ninguém, mas ele contou pra mim.

Entreabri a boca, surpresa, mas ainda achando aquela idéia uma completa maluquice!

- É muito perigoso, Hoseok! Não posso arriscar te perder de novo! - mordi o lábio, fitando o chão.

- Minha munição acabou! - gritou Jimin, jogando a arma no chão e passando a mão pelos cabelos.

- A minha também! - gritou Seokjin do outro lado.

- Precisamos tentar, Taeyoon. Por acaso tem outro plano genial para sairmos daqui? - Taehyung cruzou os braços.

Aish! Estávamos sem opções! 

- Tudo bem. Fiquem atrás de mim. - eu disse, ficando atrás de Hoseok e posicionando minha arma em sua cabeça. - Desculpe por isso.

- Tudo bem. - ele sorriu fraco e suspirou. - Eu amo você

- No três. - disse Seokjin.

- Um... - disse Jimin.

- Dois... - disse Taehyung.

- Parem de atirar! - gritei quando saímos detrás da parede. - Ou eu mato ele!