História Mariana's Web (EM CORREÇÃO) - Carelessness

- Pessoal... Acho que já está na hora de voltarmos. Vai dar dez horas! - disse Taehyung, recolhendo sua mochila. - Não confio em Seokjin sozinho. 

- Acho que ele pode se cuidar sozinho, ficou tempos sem nos ver e durante esse período esteve ótimo. - disse Jimin, sua voz estava rouca. 

Eu estava deitada em seu colo, apenas observando a sua desejada e perfeita fisionomia. Me levantei para olhá-lo melhor e suspirei. De fato, precisávamos voltar.

- Jimin, é melhor mesmo que voltemos. Já ficamos bastante tempo aqui. - eu disse, me espreguiçando e também recolhendo minha mochila. - Outro dia voltamos e trazemos Seokjin conosco. 

Estendi minha mão para ele, que bufou e a apertou logo em seguida, pegando sua mochila do chão ao mesmo tempo.

- Sem moleza, Park Jimin! Uma hora ou outra teríamos que voltar para terminarmos nosso trabalho. - disse Taehyung, tomando a dianteira e nos deixando para trás. 

Eu estava pronta para seguir o caminho até a casa de Seokjin novamente, porém, as mãos de Jimin seguraram meus braços por trás de surpresa e me puxaram para ele, que envolveu-me num abraço e me beijou por cima do ombro. Um beijo lento, calmo e, infelizmente, rápido. Em poucos segundos, ele separou nossos lábios e sorriu, estendendo a mão para mim.

- Vamos, namorada? - perguntou, num tom provocante. 

Eu acho que nunca fiquei tão vermelha em toda a minha vida! Cobri o rosto com as mãos e praguejei baixinho. Jimin ria um pouco de mim e eu só buscava um buraco para me enterrar. Qual é?!

Ah! Jimin!

- Aish! - grunhi e Jimin realmente gargalhou naquele momento. 

Taehyung, que já estava muito afronte de nós, fez um gesto para que o acompanhássemos e berrou:

- Vocês não vêm?! Está quase na hora do almoço, gente! Vamos! 

Após isso, sem esperar e sem aviso, Jimin agarrou meu braço e correu junto comigo, fazendo-me tropeçar.

- Ai! Jimin! Devagar! - reclamei e ele riu.

- Então você prefere devagar? - perguntou, num tom malicioso, e gargalhou outra vez. 

- Seu pervertido! Eu vou te bater! - gritei e saí correndo atrás dele. 

- Taehyung! Corra agora! - Jimin berrou para Taehyung, que entendeu o recado e tomou a dianteira para correr. 

Eu iria matar Jimin! Por me deixar envergonhada, por ser pervertido e por correr de mim! (E também Taehyung, por dar ouvidos àquele sem vergonha!).

Eu corria à toda velocidade atrás de ambos. O vento soprava violentamente contra meu rosto, a sensação de congelamento em meus pulmões sumia aos poucos e o desconforto em meu interior por aquele ato brusco repentino dissipava-se lentamente.

Eu me sentia viva ao correr, sentia uma ansiedade gigante ao atingir aquela velocidade. Eu nunca mais brinquei, não depois do desaparecimento de Hoseok. Eu nunca mais vivi, na verdade. Sobrevivi apenas para achá-lo, e nem tinha me dado conta de ter perdido parte da minha vida com aquilo. 

Não era bem uma reclamação, mas uma percepção. Eu estava vivendo momentaneamente. 

Nem percebi quando o cenário campista mudou para outro completamente industrializado e movimentado, fazendo um baque se chocar contra meus pulmões e modificar minha respiração de repente.

Estávamos correndo pelas calçadas do centro de Seul! 

- Park Jimin! Volte... já aqui! Eu vou te quebrar! - gritei pausadamente pelo incômodo que se alastrou em meus pulmões.

- Agora que ele não volta mesmo, inteligência rara! - gritou Taehyung, gargalhando descontroladamente logo depois.

Por que ele parecia não nem um pouco cansado?!

- Voltem... aqui! Parem de correr... de mim! - gritei novamente e não aguentei mais.

As pessoas olhavam para nós três como se fôssemos malucos. Pessoas maiores de idade brincando como crianças pequeníssimas num parque. Onde estávamos com a cabeça?!

Eu parei bruscamente, quase caindo no chão, e segurei firmemente numa estrutura de metal, olhei para cima, um andaime. Havia um homem trabalhando lá em cima, nem percebi que tinha feito o andaime balançar e isso assustou o homem.

- Foi mal aí, Ahjusshi! - eu disse, ofegante, e soltei o andaime.

- Na boa, Dongsaeng. - ele disse e voltou a trabalhar. 

Ele estava reconstruindo a parede de uma loja de roupas. Provavelmente, as chuvas constantes de pré inverno houveram feito aquela parede ceder. 

Eu me apoiei em meus próprios joelhos e notei os meninos voltando para perto de mim. Joguei a cabeça para trás e respirei fundo. O ar, finalmente, tinha sido depositado por completo em meus pulmões.

- Taeyoon! Você tá legal? - perguntou Taehyung, pairando ao meu lado.

Eu olhei para Jimin com um olhar que, se pudesse matar, faria Jimin estar a mais de sete palmos do chão. 

Comecei a estapeá-lo e chutá-lo, isso o fazia rir, eu não era tão forte, então suas mãos seguraram meus braços em pouco tempo. Eu tentei me soltar dele, mas era impossível para alguém que era um anão perto de Park Jimin. No caso, eu.

Taehyung apenas ria de nós dois, o homem em cima do andaime ficava cada vez mais assustado, com medo de fazermos com que ele caísse. 

- Yah! Vocês poderiam, por favor, brincar em outro lugar?! - o homem pediu, apertando mais o cinto que lhe protegia de possíveis quedas.

- Foi mal aí! - disse Taehyung, parando de rir aos poucos.

- Você é um imbecil, Park Jimin! - grunhi e me soltei dele bruscamente. - Eu te quebro depois! 

- Eu sei que você me ama o bastante para não fazer isso! - Jimin disse, sorrindo convencido, lançando-me uma piscadela. 

Eu iria para cima dele novamente, mas Taehyung me segurou, rindo de uma maneira mais contida.

- Parem com isso! Se matem em outro lugar! 

- Vamos apostar corrida para ver quem chega em casa primeiro?! - sugeriu Jimin e meu organismo se retorceu por inteiro. 

Correr novamente? Não! 

- Pessoal... Não acho que seja uma boa idéia! - eu disse, fazendo biquinho para que tivessem piedade de mim.

- Um... - começou Jimin.

- Dois... - Taehyung sorriu divertidamente e eu esbugalhei os olhos exageradamente quando eles gritaram em uníssono:

- Três! - e saíram correndo. 

- Não! Voltem aqui! Eu não posso correr! Vocês por acaso são incansáveis?! - berrei, mas eles já estavam longe o bastante para não me ouvirem. - Droga!

- Aí, Dongsaeng! Acho melhor você ir logo. - disse o homem em cima do andaime, com um sorriso fraco no rosto. - Boa sorte.

Praguejei baixinho novamente e suspirei. Infelizmente, eu não tinha escolha.

- Valeu. - sorri minimamente para o homem e comecei a correr.

Vamos correr, mais uma vez! 

[...]

Estávamos a apenas uma quadra da casa de Seokjin, paramos apenas porque eu implorei aos meninos que parassem de correr. Eu estava praticamente morta! 

- Foi muito engraçado quando a Taeyoon ficou emburrada! Irritada ela é tão fofa! - disse Jimin, fazendo aegyo. 

- Seu idiota! Para com isso! - mandei e cruzei os braços, nem tinha percebido que fizera biquinho novamente. 

- Own! Você é muito linda! - Jimin disse, num resmungo fofo, e apertou minha bochecha.

- Aish, Jimin! Chega disso! - resmunguei, com raiva. 

- Chegamos! Parem com essa coisa colorida e entrem logo! - disse Taehyung, atrás de nós. - Mas foi mais engraçado quando a Taeyoon começou a bater em você, Jim...

Ao abrir a porta, nos deparamos com a imagem mais apavorante no momento. A casa de Seokjin estava completamente bagunçada e alguns objetos estavam até mesmo quebrados. 

- Ai, não! O detetive virtual descobriu a gente! - sussurrei, sentindo um medo intenso. 

Taehyung fez um sinal para que ficássemos em silêncio e entramos lentamente na casa, apreensivos.

- Okay. Jimin, vai procurar alguma coisa suspeita na sala e você, Taeyoon, lá em cima. Eu vou até a cozinha. - murmurou Taehyung e Jimin franziu o cenho, me deixando confusa. 

- Ei! Não! E se tiver alguém lá?! - sussurrou, me fazendo revirar os olhos.

- Deve ser por isso que vamos procurar pela casa toda, né, estúpido! - Taehyung disse, já se adiantando.

- Não! Acho que para não haver perigo de acontecer algo a apenas um de nós, é bom irmos todos juntos. - sugeriu Jimin, engolindo em seco.

- Vamos perder tempo! Ande logo! - murmurei mais alto, já indo procurar com Taehyung nos locais indicados, enquanto Jimin resmungava consigo mesmo.

Ao pular o último degrau com pressa para chegar no quarto, ouvi o berro de Taehyung e meu coração disparou, dei meia volta e desci as escadas, esquecendo completamente do que deveria procurar no quarto. 

Meu Deus! O que fizeram com eles?! - pensei, me amaldiçoando por ser tão descuidada.

No caminho para a cozinha, Jimin e eu nos esbarramos, quase caímos, mas Jimin puxou meu braço e me guiou, apressadamente, até a cozinha. Chegando lá, do lado de dentro do balcão, estava Seokjin, encolhido em posição fetal no chão.

Taehyung tocava nele com um cuidado extremo, como se ele fosse um cristal prestes a quebrar a qualquer momento. Seokjin estava com seus olhos semicerrados e balbuciava coisas quase inaudíveis. Levei a mão aos lábios violentamente ao ver aquela imagem, sentindo uma ânsia inexplicável. 

- O quê... O que ele está dizendo? - sussurrei, esperando uma resposta.

Taehyung aproximou o ouvido da boca de Seokjin e apertou os olhos com força ao ouvir o que o rapaz frágil balbuciava. Eu não aguentei de curiosidade e me aproximei também, tendo meu coração dilacerado ao ouvir as palavras de Seokjin.

- Omma... Ap-Appa... O-Omma?

Taehyung olhou com ódio para Jimin e, num tom irônico, disse:

- Pode se cuidar sozinho, né?! - os olhos de Taehyung estavam marejados, ele estava demasiado preocupado.

Jimin apertou a borda da bancada com força e bufou, eu me levantei e suspirei. Taehyung, com delicadeza, pegou Seokjin no colo e o tirou da cozinha, levando-o para o quarto no andar de cima. 

- E-Eu... - Jimin ia dizer, mas eu coloquei meu dedo em seus lábios, calando-o. 

- A culpa não é sua. Venha, vamos arrumar essa bagunça. - indiquei meu lado oposto com a cabeça e me dirigi à sala.

Não demorou muito tempo para arrumarmos as coisas bagunçadas, até porque, estávamos os dois ajeitando tudo sem parar. Taehyung cuidava do estado de Seokjin no andar de cima e eu fazia um almoço simples para todos enquanto Jimin varria os fragmentos de vidro de alguns artesanatos que Seokjin possuía.

Ele tinha tido um ataque de fúria novamente, e aquilo preocupava a todos. Quando Seokjin atacava, não havia ninguém que pudesse parar sua ira, ele simplesmente saía de si e ficava descontrolado, descontando o que havia de ruim em seu pensamento em tudo o que estivesse pelo caminho. Os remédios que ele tomava eram de tarja preta, não receitados por médicos, apenas conseguidos por ele mesmo, e não faziam diferença alguma em seu estado, que era, realmente, crítico.

Eu secava minhas mãos molhadas num pano de prato após terminar o almoço quando Taehyung desceu as escadas lentamente, cabisbaixo e com os olhos brilhosos. Ele houvera chorado. 

- Como ele está? - perguntei num sussurro audível por Taehyung. 

- Dormindo. Acho melhor deixá-lo descansar. - disse no mesmo tom e seguiu para a cozinha. 

Todos comemos em silêncio, não havia nada para ser dito, todos pensávamos a mesma coisa. Seokjin, àquela altura, era incapaz de ficar sozinho. 

Eu não podia pensar apenas em mim mesma, Seokjin e eu tínhamos uma ligação forte por termos compartilhado dores, eu prometi que ficaria ao seu lado sempre e vice-versa.

Minha busca por Hoseok exigia tempo, assim como o tratamento para a melhora de Seokjin. Se ele não resistisse tanto a médicos, talvez tudo fosse mais fácil, porém, tinha também aquele problema. 

Ou seja, era muito complicado. 

Jimin lavou a louça após terminarmos de comer e Taehyung foi cochilar no sofá por um tempo - por ordem minha, porque se não, ele ficaria com Seokjin a tarde inteira. 

Aproveitei esse momento de distração de ambos para ficar com Seokjin, eu queria cuidar dele por enquanto, conversar com ele, entender seus pensamentos. Era isso que fazíamos, antes de nos separarmos por um longo tempo. 

Por minha culpa e também da minha obsessão irresponsável. 

Abri a porta do quarto de Seokjin lentamente e entrei, seus olhos estavam fechados e ele estava deitado de lado sobre sua cama, respirando devagar, a expressão era serena e tranquila, não havia nenhum vestígio do descontrole de anteriormente.

Aproximei-me sorrateiramente dele e me sentei na beira da cama, levei minha mão aos seus cabelos sedosos e os acariciei delicadamente. Não demorou muito e seus grandes olhos enigmáticos se abriram aos poucos, revelando aquela aura pura que Seokjin possuía. 

- T-Taeyoon? - chamou e tentou se levantar, mas eu o empurrei levemente pelos ombros para a cama novamente. 

- Permaneça deitado, precisa descansar. - eu disse, ríspida, e ele virou a cabeça para o lado, como se não quisesse me olhar. - O que houve, Seokjin?

- Discuti com meus pais. - ele disse e eu apertei os olhos com força. 

Ah, Seokjin...

- Por quê? - perguntei após clarear a garganta.

- Porque eles disseram que eu preciso me tornar independente, sendo que, na verdade, querem apenas se livrar de mim! Eu sei disso, mas eles tentam despistar! - Seokjin bufou, como se estivesse com razão e noção da situação.

- Você não acha que, talvez, eles possam estar certos? - peguei sua mão e entrelacei nossos dedos. - Quer dizer, você vai fazer vinte e quatro anos, devia ter um trabalho ou, ao menos, uma carteira de motorista.

- Eu sei dirigir. - disse Seokjin, fazendo aegyo e apertando mais a minha mão. 

- Perante a lei, não, Seokjin! - eu disse e ri, me aproximando mais dele na cama. - Olha... Isso é difícil, eu sei, mas você precisa entender que seus pais não são eternos. Algum dia eles morrerão e você terá que ter uma estrutura para não ficar desamparado. 

- Eu não consigo aceitar isso. - Seokjin murmurou, deixando uma lágrima escapar de seu olho direito. - Quero tê-los para sempre.

- Eu sei que quer. Mas, às vezes, nem tudo o que queremos é o que podemos ter. Infelizmente, essa é apenas uma das milhares de leis que a vida possui, e a única coisa que podemos fazer é aceitar. - eu disse, acariciando sua bochecha delicadamente.

Como a pele dele era macia...

- Você me ajudaria, Taeyoon? - perguntou, repentinamente, e eu dei um impulso de surpresa. - É que... Acho que não conseguiria arranjar uma estrutura para mim sozinho. 

- Sabe que estarei ao seu lado para o que der e vier. Taehyung também, e Jimin também! - eu disse e sorri. - Sempre estaremos com você, não importa a situação. 

Seokjin sorriu, dócil, e beijou o dorso de minha mão, balançando as pernas constantemente, muito animado. Aquilo era fofo.

Ficamos conversando sobre muitas coisas. Sobre nós, sobre nossas vidas, sobre nossos objetivos, até que o sol - que nasceu gloriosamente naquele dia - se pôs, dando lugar à majestosa e insubstituível lua. Até me impressionei pelo Taehyung não ter ido vê-lo durante todo aquele tempo.

- Uau! Ela está tão bonita hoje! - disse Seokjin, inclinando mais o pescoço para fora da janela para admirar a lua. 

- Realmente. - murmurei e sorri fraco. - Quer comer alguma coisa?

- Não, obrigado. Não tenho fome. - disse ele e sorriu amigavelmente. - Pode deixar que amanhã eu faço o almoço! 

- Tenho certeza de que será melhor que o meu! - eu disse e ri baixo. - Acho melhor ir dormir agora, Seokjin.

- Também acho... - ele bocejou e se espreguiçou um pouco. - ...Estou com um pouco de sono.

- Então venha, me deixe cobri-lo. - levei-o para a cama pelos ombros e o fiz se deitar, cobri seu corpo com o cobertor macio, acariciando seus ombros, e sorri ao olhá-lo novamente. - Bons sonhos, Seokjin.

- Pra você também. - sorriu docemente e se virou para o lado.

Apaguei a luz de seu quarto e fechei a porta do mesmo ao sair. 

Descendo as escadas, não havia ninguém, então apenas fui até a cozinha e bebi um copo d'água, pois tinha falado demais e minha garganta estava seca. Fui para o segundo andar novamente e entrei no quarto aonde eu estava dormindo com Jimin.

Na cama, seu sono era bom e profundo - e sua expressão dizia-me que seria assim pelo resto da noite. Deitei-me ao lado dele e me cobri com a mesma coberta que Jimin usara, e incrivelmente, eu não estava com sono. 

De olhos fechados, tentando desesperadamente dormir, eu tentava pensar em coisas boas e também tentava não ficar ansiosa para um possível sinal de sono não desaparecer repentinamente. 

Então, quando o sono resolveu dar as caras, uma fração de pensamento passou como um raio pela minha cabeça, me assustando de imediato. 

Era uma visão estranha, de Namjoon beijando meu pescoço e em seguida o mordendo, e, inesperadamente, na mesma visão, eu correspondia à sensação que ele estava me proporcionando e ansiava por mais.

Cobri minha cabeça com o travesseiro e resmunguei, frustrada. A vida ia terminar de me deixar louca quando?!