1. Spirit Fanfics >
  2. Maybe Not >
  3. Capítulo 4

História Maybe Not - Capítulo 4


Escrita por: myavengedromanc

Notas do Autor


O capítulo passado foi minúsculo e não acontece muita coisa, então decidi atualizar logo. E eu adoro esse capítulo, agora sim as coisas vão começar a acontecer entre o otp
E só pra avisar, o sobrenome do Mikey aqui não é Way, só o Gerard é Way.

Boa leitura <3

Capítulo 4 - Capítulo 4


Mikey estava certo. Eu sou nojento. Eu nunca me senti mais decepcionado comigo mesmo do que nessas duas últimas semanas. Desde o momento em que eu descobri que ele pode ser irmão de Mikey e primo de Ray, eu não consigo parar de olhar para ele. Eu continuo tentando identificar trejeitos que eles têm em comum, ou características físicas, mas a única coisa que eu notei é o quão gostoso que ele fica com a roupa do Hooters. 

O que, por sua vez, me deixa enojado comigo mesmo, porque os pensamentos dele com uniforme levam para alguns sonhos realmente estranhos. Ontem à noite eu sonhei que entrei no apartamento e ele estava de pé na cozinha naquelas calças justas demais alaranjadas, com uma blusa curta e o umbigo aparecendo. Mas quando meus olhos chegaram ao seu rosto, não era o rosto dele que eu estava olhando. Era o de Mikey. Ele estava sorrindo para mim com um sorriso de comedor de merda, e bem na hora que eu comecei a engasgar, Ray saiu do seu quarto usando a mesma roupa do Hooters. 

Acordei depois disso e tive que ir imediatamente para banheiro e escovar os dentes. Eu não sei por que eu pensei que escovar os dentes fosse me ajudar. Essa coisa de irmãos está fodendo com a minha cabeça em mais maneiras do que deveria. Por um lado, eu acho que seria legal se Ray e Mikey tivessem um irmão. Por outro lado, eu não quero que o irmão seja Gerard. Principalmente porque eu sou cético das razões dele aparecer do nada, bem na hora que Mikey começa a fazer um nome para si mesmo. Será que ele tem segundas intenções? Ele acha que Mikey é cheio de dinheiro? 

Porque, como o empresário da banda, eu posso assegurá-lo, ele não é. O dinheiro que a banda ganha, vai direto para as despesas com promoção e viagens. E está no ponto que eles estão colocando tanto tempo e esforço, que se não começar a se pagar durante esta próxima turnê programada, pode ser a última que eles vão. E é por isso que eu sou um pouco amargo quando se trata de Gerard, porque eu preciso do foco de Mikey para estar na Sounds of Cedar e do foco de Ray para escrever as músicas. Eu não quero que eles sejam absorvidos por um drama familiar. 

Mas caramba. Aquelas calças. 

Eu estou em pé na porta do meu quarto, olhando para ele. Ele está na cozinha, falando ao telefone enquanto faz algo para comer. O telefone está em cima do balcão e ele está no viva voz com quem está na outra linha. 

Gerard não percebeu que eu estou aqui de pé, por isso até que ele perceba, eu vou ficar bem aqui. Porque vê-lo ter uma conversa humana, normal, é algo que eu nunca tinha visto antes, e eu não consigo parar de assistir. O que é estranho, porque quantas vezes por dia eu vejo as pessoas terem interações típicas com outros seres humanos? Isso diz muito sobre a personalidade de Gerard, o fato de vê-lo fazer uma coisa como essa, parece realmente fascinante. Ele daria um estudo antropológico interessante, considerando que ele não parece estar de acordo com a maneira que a sociedade espera que um jovem se comporte. 

— Eu não aguento viver neste dormitório. — diz a voz no alto-falante. — Meu companheiro de quarto é um nerd estúpido. 

Gerard inclina a cabeça na direção do telefone, mas ainda não se vira para me ver.

— Você tem que aguentar até você se formar. 

— E então nós podemos arranjar o nosso próprio lugar? 

Meus ouvidos animam, ao ouvi-lo mencionar a possibilidade de sair.

— Nós não podemos pagar o nosso próprio lugar. — diz Gerard. 

— Nós poderíamos, se você voltasse a fazer filmes pornôs. 

— Foi um pornô. — Gerard diz defensivamente. — Nós precisávamos de dinheiro. Além disso, eu atuei por três minutos, então faça o favor, pare de trazer isso à tona. 

Puta merda. Por favor, diga o nome, por favor, diga o nome. Eu tenho que saber o nome deste pornô. 

— Tudo bem, tudo bem. — a garota diz, rindo. — Vou parar de mencionar se você puder prometer que vou sair do dormitório em três meses. 

Gerard balança a cabeça.

— Você sabe que eu não faço promessas. E você está esquecendo o tempo que tentamos morar juntos por três meses? Porque eu ainda estou chocado por qualquer um de nós sair vivo. Nós nos damos melhor à distância, e você é mais feliz nos dormitórios, acredite em mim. 

— Ugh. Eu sei que você está certo. — diz a garota. — Eu só preciso sair do meu mau humor e conseguir um emprego. Como está funcionando para você esse Hooters Show? 

Gerard zomba.

— É o pior emprego que eu já tive. — ele se vira para pegar o telefone e seus olhos encontram os meus. Eu nem sequer tento esconder o fato de que eu estava ouvindo a conversa. Ele me olha quando pega o telefone e segura perto da boca. — Eu te ligo mais tarde, Brandi. — ele termina a chamada e bate o seu telefone contra o balcão. — Qual é o seu problema? 

Eu dou de ombros.

— Nada. — eu digo, endireitando e caminhando em direção à cozinha. 

Não olhe para seus shorts, não olhe para seus shorts. 

— Eu só não sabia que você era capaz de interação humana normal. 

Gerard revira os olhos e pega o prato de comida que ele acabou de preparar. Ele começa a caminhar em direção ao seu quarto.

— Eu posso ser agradável com as pessoas que merecem. 

Quando ele chega à sua porta, ele se vira e me enfrenta.

— Eu preciso que você me leve ao trabalho em uma hora. Meu carro está na oficina. — ele desaparece em seu quarto. 

Eu faço careta, porque por alguma razão, o pensamento de levá-lo para o trabalho me excita, e minha emoção me desilude. Sinto-me como se eu fosse duas pessoas diferentes agora. Eu sou um cara que acha seu novo companheiro de quarto insanamente atraente, mas eu também sou um cara que não consegue ficar perto de seu novo colega quarto perverso. 

Eu também sou um cara que está prestes a fazer alguma pesquisa pesada na indústria pornô, porque eu tenho que encontrar esse filme. Já. É tudo que eu vou conseguir pensar até que eu veja com os meus próprios olhos. 

*** 

— Qual é o sobrenome de Gerard? — pergunto ao Mikey. Eu mandei uma mensagem para ele cinco vezes na última meia hora, tentando descobrir isso, mas ele não me mandou uma mensagem de volta, então agora eu estou no telefone com ele. Tenho certeza de que um pouco de pesquisa no Google com o nome dele poderia me ajudar a encontrar o título. 

— Way. Por quê? 

Eu rio.

— Gerard Way? Sério? 

Há uma pausa na outra extremidade da linha.

— O que é tão engraçado? E por que você precisa do sobrenome dele? 

— Não há razão. — eu digo. — Obrigado. 

Eu desligo o telefone sem dar uma explicação. A última coisa que Mikey precisa saber é que o seu possível irmão fez um filme pornô. 

Mas Way? Isso é muito fácil. 

Eu passo os próximos 15 minutos pesquisando o nome dele, procurando qualquer coisa relacionada com pornografia. Eu fico de mãos vazias. Ele deve ter usado um nome falso. 

Eu fecho meu notebook quando a minha porta abre.

— Vamos. — diz ele. 

Eu me levanto e deslizo sobre meus sapatos.

— Nunca ouviu falar de bater? — eu pergunto enquanto o sigo pela sala de estar. 

— Realmente, Frank? Vindo do cara que entrou no banheiro, quando eu estava lá, não menos do que três vezes nas últimas duas semanas? 

— Nunca ouviu falar de trancar portas? — eu digo em resposta. 

Ele não responde enquanto sai. Eu pego as minhas chaves do balcão e o sigo. Estou curioso para saber por que ele nunca fecha as portas quando está no chuveiro. Meu primeiro pensamento me leva a crer que talvez ele goste quando eu o surpreendo. Por que outro motivo ele deixaria destrancada? 

Pensando nisso, ele também usa demais esse uniforme maldito, mais tempo do que precisa. Ele o coloca umas boas duas horas antes de ir para o trabalho e fica vestido pelo mesmo tempo quando chega em casa. A maioria das pessoas passam o mínimo de tempo possível em suas roupas de trabalho, mas Gerard parece gostar de exibir sua bunda na minha cara. 

Faço uma pausa na parte inferior da escada e vejo como a bunda dele faz o seu caminho em direção ao meu carro. 

Puta merda. Eu acho que Gerard está afim de mim. 

Ele se vira depois que tenta abrir a porta trancada. Ele olha para mim com expectativa e eu ainda estou congelado na parte inferior da escada, olhando para ele, minha boca aberta. 

Gerard gosta de mim. 

— Destranque o carro, Iero. Jesus. 

Eu levanto o controle da chave e aponto para o carro para destravar as portas. Gerard desliza em seu assento e vira o visor para baixo, tocando em seu cabelo. Um sorriso se espalha lentamente pelo meu rosto enquanto eu vou para o lado do motorista. 

Gerard me quer. 

Isso vai ser divertido. 

Depois de tirar o carro, eu mantenho a metade do meu foco na estrada e metade nas suas pernas. Ele tem uma apoiada no painel e continua correndo a mão para cima e para baixo na sua coxa. Eu não posso dizer se ele está fazendo isso de uma forma sedutora ou porque ele gosta do som das suas unhas arranhando a calça. 

Eu tenho que me ajustar no meu lugar e engolir o caroço na minha garganta, porque nós nunca realmente estivemos tão perto antes por todo esse tempo. A tensão é grande, e eu não posso dizer se é toda minha, ou se é uma tensão compartilhada. Eu limpo minha garganta e faço o que posso para não tornar esses dezesseis quilômetros os mais difíceis que eu já tive que dirigir. 

— Então. — eu digo, tentando pensar em algo para quebrar o gelo. — Você gosta do seu trabalho? 

Gerard ri baixinho.

— Sim, Iero. Eu amo. Eu adoro quando os homens repugnantes velhos agarram a minha bunda, noite após noite, e eu particularmente adoro quando o cara bêbado acha que meu pênis é um acessório e não uma extensão do meu corpo. Ah e claro, definitivamente amo quando nos obrigam a dançar depois de passar mais de seis horas em pé.

Eu balanço minha cabeça. Eu não sei por que eu pensei que seria uma boa ideia falar com ele. Eu expiro e não me incomodo em fazer mais perguntas. É impossível conversar com ele.

Mas no fundo começo a me sentir muito mal por ter pensado que o Hooters é divertido, nunca parei pra imaginar o que as pessoas que trabalham lá precisam passar.

Silêncio engole o carro por mais três quilômetros. Ouço-o suspirar pesadamente e me viro e olho para ele, mas ele está olhando para fora da janela.

— As gorjetas são boas. — ele diz em voz baixa. 

Sorrio e olho de volta para a estrada. Eu sorrio, porque eu sei que isso é o mais perto de um pedido de desculpas que Gerard é capaz de chegar.

— Isso é bom. — eu digo, minha forma de dizer a ele que eu aceito seu pedido de desculpas. 

Ficamos quietos até chegar ao seu trabalho. Eu paro na frente e ele sai do carro e, em seguida, se inclina e me olha.

— Eu preciso que você me pegue às onze hoje à noite. 

Ele bate à porta, sem dizer, por favor, ou obrigado ou adeus. E mesmo que ele seja a pessoa mais arrogante que eu já conheci na minha vida, eu não consigo parar de sorrir. 

Eu acho que nós podemos ter acabado de nos conectar. 

 

***

 

Depois que eu chego em casa, a primeira coisa que faço é ajustar os alarmes de cada pornô no pay-per-view. Passei as próximas horas avançando rápido durante a maior parte deles, fazendo uma pausa a qualquer momento que aparecia um cara que se assemelhasse a ele, mesmo que remotamente. Eu levo em conta que ele pode ter tingido o cabelo de vermelho depois de ter feito o filme, então eu não posso dispensar homens apenas com base na cor do cabelo. 

Ray senta ao meu lado no sofá e eu considero colocar a TV na legenda para ele, mas não coloco. Vamos ser honestos, pornôs não são conhecidos por suas linhas de história fascinantes. 

Ray me cutuca para chamar minha atenção.

“O que há com esta nova fascinação?” ele pergunta, referindo-se ao fato de que eu não fiz nada hoje que não fosse assistir filme pornô após pornô. 

Eu não quero ser honesto, então eu simplesmente dou de ombros.

“Eu gosto de pornografia.” 

Ele acena com a cabeça lentamente e, em seguida, levanta-se.

“Eu não vou mentir.” ele sinaliza. “É realmente estranho. Vou estar fora, na minha varanda, se você precisar de mim.”

Faço uma pausa na TV.

“Você já trabalhou em alguma música nova?” 

Ray parece frustrado quando pergunto isso. Ele balança a cabeça.

“Ainda não.” ele vai embora e eu me sinto mal por perguntar. Eu não sei o que mudou ao longo dos últimos meses, mas ele não é o mesmo. Ele parece mais estressado do que o normal, e isso me faz pensar se ele e Maggie têm brigado. Ele diz que estão bem, mas ele nunca teve problema para escrever música para a banda antes, e todo mundo sabe que a primeira fonte de inspiração musical vem de relacionamentos. 

Ray e Mikey são ambos musicalmente inclinados e eu sempre tive um pouco de inveja disso. Admito, eu tenho inveja de Ray, em muitas maneiras. Ele apenas parece ter nascido com certo nível de maturidade, e eu sempre invejei isso sobre ele. Ele não é impulsivo como eu, e ele também parece que considera mais os sentimentos das pessoas do que eu. Eu sei que Mikey sempre cuidou dele e eu definitivamente também, assim vê-lo lutar com o que está acontecendo na cabeça dele é difícil. Ele sabia no que estava se metendo quando começou a namorar Maggie, então eu não tenho certeza se ele está ficando infeliz com a sua relação ou se talvez ele esteja preocupado que ela está infeliz com ele. Seja o que for, eu não sei o que posso fazer para ajudá-lo. 

Eu não acho que eu possa ajudá-lo. 

Eu volto o meu foco para a TV e avanço rapidamente por pelo menos mais três filmes antes de eu perceber que já são onze e eu estou atrasado para buscar Gerard. 

Merda. O tempo voa quando você está assistindo pornô. 

Eu passo os próximos vários minutos rápidos, fazendo os dezesseis quilômetros para Hooters em tempo recorde. Quando eu estaciono, ele está do lado de fora com os braços cruzados sobre o peito, atirando punhais no meu carro. Ele abre a porta e entra.

— Você está atrasado. 

Eu esperei até que ele batesse a porta antes de pisar no acelerador.

— De nada pela carona, Gerard. 

Eu posso sentir a raiva irradiando dele. Eu não sei se é simplesmente porque estou atrasado para pegá-lo ou porque ele teve uma noite de merda no trabalho, mas não estou prestes a perguntar. Quando chegamos no prédio, ele salta para fora do meu carro antes mesmo de eu estacionar. Ele sobe as escadas e bate à porta da frente. 

Quando eu chego ao apartamento, ele já está em seu quarto. Eu tento ser compreensivo, mas isso é apenas... fodidamente rude. Eu dou uma carona para o trabalho e tudo o que ele faz é ser idiota para cima de mim? Você não tem que saber boas maneiras para saber o quão é inadequado esse tipo de comportamento. Inferno, eu sou uma das pessoas mais irreverentes que eu conheço, e eu nunca trataria alguém como ele está me tratando. 

Eu ando para o meu quarto e vou direto para o banheiro. Ele já está lá, em pé na pia, lavando o rosto.

— Mais uma vez sem bater? — ele diz revirando os olhos dramaticamente. 

Eu o ignoro e vou para o vaso. Eu levanto a tampa e abro as minhas calças. Eu tento manter o meu sorriso em cheque quando eu o ouço zombando do fato de que eu acabei de mijar com ele no banheiro. 

— Você está falando sério? Nunca usou o mictório por acaso? 

Eu continuo o ignorar os comentários dele e dou descarga quando termino. Deixo a tampa levantada de propósito e passo para a pia, bem ao lado dele. Dois podem jogar este jogo idiota, Gerard. 

Eu pego minha escova de dente e passo creme dental sobre ela e, em seguida, começo a escovar os dentes. Ele me dá uma cotovelada quando eu fico no caminho da pia, tentando me afastar. Dou uma cotovelada de volta e continuo a escovação. Eu olho para o nosso reflexo no espelho. Sou vários centímetros mais baixo do que ele, o que é uma merda. Meu cabelo é castanho escuro, enquanto o dele irradiava naquele vermelho fogo e meus olhos são castanhos em comparação com seus verdes. Nós completamos um ao outro, no entanto. De pé, um ao lado do outro, desse jeito, eu posso ver como formaríamos um casal de boa aparência. 

Merda. 

Por que eu estou permitindo que pensamentos como estes apodreçam no meu cérebro? 

Ele termina de limpar a maquiagem do rosto antes de pegar sua própria escova de dente. Agora nós dois estamos lutando por espaço na pia, escovando com mais força do que os nossos dentes, provavelmente, uma vez foram escovados. Nós nos revezamos com raiva cuspindo na pia, jogando os cotovelos para o outro a cada vez. 

Quando eu termino, eu enxáguo a escova de dente e coloco de volta no suporte. Ele faz o mesmo. Eu coloco as minhas mãos sob o fluxo da água e inclino para frente para tomar um gole quando ele me empurra para o lado, me fazendo respingar água em todo o balcão. Eu espero até que ele tenha água em suas próprias mãos, então eu enfio os braços, observando os respingos de água em todos os lugares. 

Ele agarra o balcão e toma uma respiração profunda, calmante. Isso não ajuda, porém, porque ele espirra sua mão através do fluxo da torneira, o joga um monte de água direto no meu rosto. 

Eu fecho meus olhos e tento me colocar no lugar dele. Talvez ele teve um dia difícil. Talvez ele deteste seu trabalho. Talvez ele odeie a sua vida. 

Qualquer que seja sua razão para agir dessa maneira não é desculpa para o fato de ainda não ter agradecido pela carona. Ele está me tratando como se eu arruinasse a sua vida, e tudo que eu tenho feito é tentar acomodá-lo. 

Abro os olhos e nem sequer olho para ele. Eu estendo a mão, fecho a torneira da pia, e em seguida, pego a toalha de mão e começo a secar meu rosto. Ele está me observando de perto, me esperando revidar. Dou um passo lento em direção a ele, elevando-me sobre ele. Ele pressiona as costas contra a pia e mantém os olhos fixos nos meus enquanto eu me inclino para frente, levantando-me em meus pés. 

Nossos peitos estão quase tocando agora. Eu posso sentir o calor que irradia dele quando seus lábios lentamente se separam. Ele não está me afastando desta vez. Na verdade, parece que ele está me desafiando a continuar. Para aproximar. 

Eu coloco minhas mãos em cada lado dele, trancando-o entre eles. Ele ainda não resiste e eu sei que se eu tentasse beijá-lo agora, ele não resistiria a isso, também. Sob qualquer outra circunstância, eu o beijaria agora. Minha língua iria tão longe na sua boca quanto pudesse, porque porra, é uma bela boca. Eu não sei como tanto veneno pode vomitar de lábios tão suaves como os dele. 

— Gerard. — eu digo, com muita calma. 

Eu posso ver o movimento de sua garganta quando ele engole, ainda olhando para mim.

— Iero. — ele diz, com a voz um mix entre decidido e desesperado. 

Eu sorrio para ele, a poucos centímetros do seu rosto. O fato de que ele está me permitindo chegar perto só prova que a minha teoria do início desta tarde está correta. Ele me quer. Ele quer que eu o toque, beije, leve para a minha cama. Gostaria de saber se ele é tão malvado no quarto quanto fora. 

Eu me inclino mais um centímetro e ele ofega em silêncio, alternando olhares entre os meus olhos e lábios. Eu mordo meu lábio inferior, deslizando lentamente meus dentes sobre ele. Ele observa a minha boca com fascinação. Meu coração está em minha garganta e minhas mãos estão suando, porque eu não tenho certeza se posso fazer isso. Eu não tenho tanta certeza de que posso resistir a ele. 

Eu me inclino ainda mais perto, alcançando ao seu redor com a minha mão direita até que eu encontro o enxaguante bucal no balcão. Apenas quando os nossos lábios se encontrariam se eu fosse beijá-lo, eu puxo para trás e me afasto, removendo a tampa do enxaguante bucal. Eu mantenho meus olhos focados nos dele e tomo um gole antes de colocar a tampa de volta sobre ele e deixá-lo no balcão. 

Eu posso ver o desejo em seus olhos ser engolido pela fúria. Ele está chateado comigo, chateado com ele mesmo. Possivelmente até envergonhado. Quando ele vê que eu estava brincando com ele, os cantos dos olhos dobram com seu intenso brilho. Eu passo até a pia e cuspo o enxaguante bucal, limpando minha boca com a toalha de mão novamente. Eu me viro para o meu quarto.

— Boa noite, Gerard. 

Eu fecho a porta, encosto contra ele e fecho os olhos com força. A porta do seu quarto bate e eu solto uma respiração regular. Eu nunca estive mais excitado do que estou agora. Eu também nunca estive mais orgulhoso de mim mesmo do que agora. Fugir daquela boca e daqueles olhos famintos foi a coisa mais difícil que eu tive que fazer, mas também a mais importante. Eu tenho que manter a vantagem, porque aquele garoto tem muito poder sobre mim, e ele nem ao menos sabe. 

Eu apago a luz do meu quarto e caminho até minha cama, tentando fazer com que a imagem do que apenas quase aconteceu saia da minha cabeça. Depois de alguns minutos, eu desisto de tentar lutar contra isso. Eu decido usar os pensamentos dele a meu favor quando deslizo a minha mão em minhas boxers, pensando naquelas calças laranja. Aquela boca. O pequeno suspiro de ar que ele soltou quando me inclinei na direção dele. 

Eu fecho meus olhos e penso sobre o que poderia ter acontecido se eu não fosse tão teimoso. Se eu teria apenas o beijado. Eu também penso sobre o fato de que ele está a poucos metros de distância, espero, que tão sexualmente frustrado como eu estou agora. 

Por que ele tem que ser assim tão malvado? Garotos malvados são a minha fraqueza, e eu acho que só agora percebi isso.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...