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História Me faltaram palavras - Anestesia


Escrita por: romantizadadno

Capítulo 2 - Anestesia


Semanas se passaram e era cada vez mais aceitável a ideia do fim, confesso que tive minhas recaídas depois de uns drinks mas fui ignorado e resolvi apagar o número dela. Consegui mudar o horário das minhas aulas pra não topar sempre com a Júlia nos corredores da faculdade, só que eu sabia que não haveria escapatória, uma hora iria acontecer e mais uma vez apostava nas táticas de imaginar conversas que poderíamos ter se eu a encontrasse, não queria parecer um coitado e ficar sem reação. Ela não tinha me bloqueado das redes sociais então todos os dias checava para ver se tinha alterado o status de relacionamento, ou alguma foto suspeita de um outro "alguém". Depois de um tempo triste eu acho que me conformei com tudo, só que ver aquelas fotos da Júlia sorrindo com os amigos me deixava com raiva, não dá para explicar. Nem sei o porque mas também queria parecer feliz, eu me sentia  quase que em uma competição para ver quem superava primeiro.

Todos da faculdade já nos viram juntos antes e também não era novidade para ninguém que nosso namoro havia terminado. Quis parecer feliz, quando encontrava conhecidos na rua sempre distribuía sorrisos, mantendo falsas aparências.

Foi aí que aconteceu. Eu no corredor, com pressa  para chegar a tempo na aula, vi Júlia e seus amigos passando por mim. Acho que ela nem notou que eu estava ali, eles falavam alto, alguns estavam chapados e iam faltar a última aula. " Mas como pode a Júlia se envolver com esse tipo de pessoa? O que deu nela? "Pensei na hora.

Segui em direção a minha sala até que sinto alguém atrás de mim. Me viro e lá estava ela, parada, me observando. Depois de muito esforço para lembrar algumas  palavras que havia ensaiado eu tentei dizer algo. Tarde demais, uns dos amigos a puxou e ela foi embora sem dizer nada. Mas como eu tenho uma mania terrível de querer ler mentes fiquei pensando "o que aquele olhar perdido queria me dizer? Será que ela estava confusa? Será que ela ficou mexida ao me ver?"

Até que o Bruno chegou e me empurrando para sala, acabei me atrasando mais ainda.

Fiz uns trabalhos e voltei para casa pensando em como a Júlia parecia diferente, nunca tinha passado pela minha cabeça tais mudanças radicais das pessoas.

Pra mim que não funcionava assim! As influências não deveriam ser tão fortes a ponto de transformar alguém completamente, ou seriam? Se não forem, como ela conseguiu esconder esse "lado" por tanto tempo?

Passaram-se três meses depois daquele terrível dia de término. Às vezes esbarrava com ela na faculdade, sempre com aquela galera, dei um tempo nas redes sociais para não ver aquelas fotos, os poemas em que eu a marcava pra todos verem o quanto estava apaixonado pela menina mais incrível do mundo. Me permiti sofrer mas sem torturas... Sem música que lembrava a gente, sem fotos e sem passar nos lugares em que costumávamos frequentar.

Até que um dia Bruno ligou me chamando pra sair, eu prontamente aceitei o convite.

Finalmente estava saindo de casa tranquilo. Só que tinha um porém, todo civic vermelho da cidade fazia meu coração disparar porque sempre poderia ser ela por perto. Aquele fantasma insistia em me assombrar! Depois de um tempo na mesa conversando, entre uma cerveja e outra Bruno me fala de uma prima dele que tinha chegado recentemente do sul e que iria me apresentar. Eu fiquei apenas confirmando com a cabeça meio que sem dar muita atenção para o que ele dizia, observando a rua, ainda naquela de conferir cor dos carros que passavam. Quando deu 23h eu disse que precisava ir para casa, ele me chamou para balada, inventei qualquer coisa sobre os meus tios e fui embora. Não queria ficar ali sendo assombrado, vi que ainda não era forte o bastante...

Dias depois reativei as minhas redes sociais, conversei com os poucos amigos em comum com a ex. Foi tranquilo dessa vez, acho que o tempo fez o favor de levar embora aquela dor que eu sentia toda vez que escutava o nome dela. Voltei a frequentar aqueles lugares que deixei de ir por um tempo, porque eu sei que se eu fosse estaria me sabotando mas agora me sentia anestesiado, forte.

Me vi pela primeira vez curtindo estar sozinho, aquela semana foi um quase como tomar um remédio, começou amarga e eu estava mal mas aos poucos fui me sentindo aliviado. Curado por completo? Talvez seja cedo demais para dizer isso com apenas uma dose.

No dia seguinte Bruno chega perto de mim com uma mulher ao lado.

Ainda meio distante, vindo em minha direção ele solta um berro -Olha Karina, esse é o Gui. Meu amigo que te falei, ele é ótimo em formatar computadores e então já sabe quem procurar pra resolver seu problema!

Silêncio total depois daquilo. Às vezes eu acho que o dom do Bruno é causar desconforto nas pessoas. Depois disso ele arregala os olhos puxando a Karina para mais perto, tento amenizar o alto som de grilos que essa cena teria se fosse um filme.

- Oi, tudo bem? Me chamo Guilherme, prazer.

- Oi, prazer. Meu primo é meio doidinho mas deve te amar muito porque só fala de você.

A essa altura não ouvir o Bruno dizer algo bobo já era um milagre.

Até que ele me cutuca com o cotovelo e sussurra - Disse que ela é gata!

- Quer fazer o favor de ser normal por uns instantes?

Eu tento falar isso sem mexer muito a boca e bem baixo mas com certeza a Karina ouviu porque começou a rir.

Tava eu ali, parecendo que tinha 15 anos com o amigo mais retardado do mundo. Karina era muito linda e me encantei por ela assim que a vi sorrindo. Reparei nas covinhas do seu rosto, tudo nela parecia muito diferente. E não era o fato dela ter cabelo azul ou uma tatuagem grande que envolvia seus ombros, mas tem coisas que não conseguimos explicar com palavras e eu só senti.

Foi muito rápido o encontro, Bruno teve que levar a prima para conhecer a nova casa que ela estava para alugar e nos despedimos marcando de sair os 3 no final de semana para o parque da cidade perto da praia, já que ela parecia tão empolgada em conhecer esse lugar. Naquele momento a única coisa que sabia de verdade sobre Karina é que ela tinha o sotaque mais gostoso do mundo que combinava com sua voz doce. Pela primeira vez eu me sentia atraído por alguém que não era a Júlia. Fiquei confuso, poderia me sentir feliz por estar finalmente me interessando em alguém mas preferia ter medo de dar um passo adiante e anular minhas chances (essas que só existiam no universo paralelo que eu inventava) com a Juh.


Notas Finais


Até domingo que vem 😘


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