História Me faltaram palavras - Perdido nas lembranças

O sábado chegou e fui buscar Karina e Bruno de carro, eles já me esperavam na porta. Chegando lá o tempo fechou e ficamos num quiosque. Bruno não parava de me olhar com aquela cara "você precisa chegar nela" . Eu negava com a cabeça e tentava disfarçar ao mesmo tempo. Foi aí que Bruno inventou de ir nadar, do nada com aquele tempo feio só pra me deixar sozinho e sem jeito.

E eu me vi forçado a dizer algo.

-Tá gostando da Bahia? Ela respondeu rapidamente - Sim, adoro esse clima. Vocês são muito alegres por natureza.

Naquele momento eu só conseguia pensar " eu não acredito que eu perguntei se ela está gostando da Bahia, que merda". 

Acho que ela percebeu minha cara de desapontado mesmo com uma resposta positiva sobre o que eu havia perguntado e ficou confusa, quando eu notei o que estava fazendo era meio tarde então sem pensar muito soltei logo um - Acho que vai chover.

- Sim , alguém tem que tirar o Bruno da água, não sei o que deu nele de entrar no mar se nem sabe nadar. Eu só confirmei com a cabeça e segui em direção a ele.

Novamente eu queria me estapear por perguntar sobre o clima, acho que não levo jeito para essas coisas porque não tive que chegar em ninguém na vida, tava tudo uma merda e meu humor mudou. Só queria matar o Bruno por me deixar sozinho ali. 

Quando ele veio em minha direção eu já fui explicando - Cara, deu ruim. Não sei chegar em ninguém, até sobre o clima falei. Ela deve tá me achando um idiota.

Então ele olha pra mim e começa a rir desenfreadamente. Eu já tava era apelando.

- Não tá ajudando, Bruno. Eu sei que parece engraçado mas não quero parecer um babaca. Para de rir e disfarça porque ela tá no quiosque esperando a gente e eu quero ir embora, cansei!

Foi então que percebi que o Bruno não estava rindo do que eu disse, tive impressão de que alguém estava atrás de mim. Foi aí que ouvi a voz da Karina - Bah, mas já quer ir embora?

Pronto, já tinha motivos para sumir o suficiente. Dei uma risada sem graça e disse - É que tá chovendo sabe? Vamos marcar outro dia. Ela insiste- Por favor, vai que o tempo melhora e eu quero ver o pôr do sol daqui.

Eu não tive eu não tive escolha, fomos ao quiosque e esperamos a chuva passar. Gostei de ouvir ela dizendo sobre o céu, era amante das estrelas como eu. Enfim, tínhamos encontrado algo em comum para conversar. A conversa foi fluindo até nos espantarmos com o horário, Bruno já estava dormindo no colo da Karina e aí só nos restou acordá-lo pra ir embora. Ele foi babando meio tonto para o carro e no fim ela me deu um beijo no rosto de boa noite. Assim que cheguei em casa geral perguntou porque eu estava com cara de bobo, aí eu pensei "Cara de bobo? Fodeu, será que tô apaixonado?". Fui deitar e como de costume, repensei todos os diálogos que tive durante o dia, esse deve ser meu vício.

 Mas principalmente lembrar dela falando sobre o céu com todo aquele ânimo. Eu invejava aquilo nas pessoas, e ela tinha de sobra, ela estava tão animada falando sobre o que gosta que transbordava. Eu nunca fui muito animado pra nada e me senti sugando aquilo pois eu acabava me interessando, interessando até demais... 

Antes de dormir, para não dizer que meu dia tinha sido perfeito escutei uma música de quadrilha vindo da rua . Fui até a janela ver os casais dançando, em seguida vieram as crianças e aí as lembranças vieram com elas... Eu e a Júlia, naquele mesmo lugar segurando aquelas fitas, dando aquelas mesmas risadas gostosas que eu ouvia. Fui salvo pelo Ted que pulou a janela e me deu um susto, fechei a janela e fiquei ali tentando me fazer de forte. Meu gato não costuma dormir no meu quarto porque faz bagunça mas hoje ele merece. Então - Boa noite, Ted! Valeu, amigão.