História Me nota crush!!! - Quem nasceu pra ser Sehun, nunca vai ser Kris

Kris:

   Eu sonhava que era o rei do novo mundo, o meu mundo. O incrível mundo Krisanlândia... Okay, o nome é meio genérico porém não tô com muita criatividade no momento, então foda-se. Nesse mundo tudo era muito tecnológico e avançado, comida caía do céu para que ninguém passasse fome e tinha belos dinossauros correndo pela cidade com seus bracinhos cotocos balançando ao ar livre, pois por mais que meu mundo fosse tecnológico, tinha essa junção boa. Tava parecendo um Jurassic Park... Ou como no novo filme O JURASSIC WORLD. Eu voava ao redor do meu mundo perfeito, observando os dinossauros de longe quando um me chama a atenção. Ele tinha uma cara engraçada, parecia... parecia... o tio do Jongin? Quê?! Chen?... Chenossauro? QUEE? Fico assustado com isso e continuo a minha voada para um local bem longe dali. O tio do Kai me assusta um pouco, sério, não tô brincando não, principalmente quando a gente vai comer lá no restaurante dele e do outro tio do Kai, o Minseok, mais conhecido como Xiumin... o Chen fica todo psicopata parecendo que quer matar geral, provavelmente por Xiumin dar comida de graça pra gente... mas nós somos cara de pau mesmo e nem ligamos pra esse detalhe, o que importa é comer e ser feliz, o resto que se exploda.

   Enquanto eu me afastava do Chenossauro, recebo um telegrama legal dos ursinhos carinhosos, que pediram para que eu me unisse à eles contra as galinhas do mal, do terreiro das galáxias, que invadiam seu mundo... Odeio galinhas, deixando claro logo porque sim. Quando finalmente estávamos chegando à uma conclusão sensata eu ia...

   --- AAAAAAAAHHH! --- Acordo assustado e todo encharcado de água extremamente gelada. Escuto apenas  uma risada familiar. --- DROGA! SEHUUUN. --- Grito com uma raiva descomunal dentro do meu pequeno e bondoso coração e vou correndo atrás dele pra poder esfolar o infeliz... Só que eu acabo escorregando em uma pequena poça de água que se formou no chão e caio... morto estou.

   Esse projeto de porta, vulgo Oh Sehun, ainda me paga por me acordar de modo tão terrível. Onde já se viu acordar o rei desse modo? Desnecessário e absurdo.

   Me levanto com um pouco de dor, por causa da queda, e vou até o pirralho de cabelos coloridos, que mais parecia ter uma bandeira da parada gay na cabeça, que no momento estava morrendo de rir em um canto da sala, jogado às traças no chão, quase sem ar. Isso, morre sem oxigênio, vacilão.

   --- Hyung... e-eu só queria... --- Ele tentava falar algo, mas não conseguia pois não parava de rir. Eu tava pra tacar um vaso de flores na cabeça dele quando o vejo se recuperando. Vou dar uma porrada tão grande nessa desgraça, vou mandar ele pro espaço... --- Ajudar... --- Falou, por fim, voltando a ficar com aquela cara sem expressão alguma. Medo desse garoto.

   --- AJUDAR? COMO VOCÊ AJUDA ACORDANDO O REI... digo... AS PESSOAS DESSE JEITO? --- Grito com o ser que antes sem expressão alguma, agora tinha um sorriso tretoso de lado.

   --- Oh, Hyung... só queria te acordar pra hoje você não chegar atrasado na aula, não quero que meu Hyung preferido leve uma advertência desnecessária, ou pior, que seja expulso. --- Ele finge uma carinha triste e fofamente adorável.

   --- Olha aqui sua porta, escuta bem, eu só não te quebro todo pois eu tô tentando me situar aqui, isso não fez sentido e-

   --- Então Hyung, foi tudo uma ajuda... Bom dia. --- Ele dá um sorriso e vai simplesmente para o seu quarto.

   Ele nem deixa eu terminar de falar, moleque mal educado! Olho para o meu estado lamentável... Okay, eu só tô molhado mas né, ser dramático não mata ninguém, aliás, ser dramático é uma arte e diga-se de passagem, eu sou um artista e tanto. O que ser Picasso comparado à mim? Pikrisso lacra.

   Me dirijo para o banheiro e tomo um bom banho, vou para o meu quarto e coloco meu uniforme, me arrumando como merece um rei, só falta minha coroa. Olho para o meu relógio de pulso e talvez aquele ser coloridinho tenha razão, eu estava até que adiantado, só que isso custou meu maravilhoso sonho. Confesso que eu queria saber se eu ia acabar com a raça daquelas galinhas malditas. Quem sabe eu não consiga sonhar com isso de novo?... Acho que não.

   Frustrado, vou para a cozinha e me alimento sozinho, como sempre. Termino de ajeitar tudo e saio da cozinha sendo surpreendido com o pirralho na sala mexendo no celular. Ele me olha com tédio... Se bem que, na verdade, essa é a cara normal dele mesmo.

   --- Vamos?

   Que estranho ele me esperar...

   --- Por que está me esperando? Uh... --- Pergunto desconfiado.

   --- Não tô te esperando, esqueceu que acordou cedo? --- Ele levanta sério. --- E além do mais eu quero uma companhia para ir até o trabalho...

   Você deve se perguntar: "Ué, ele não vai pra escola?" Sim, ele vai, mas estudamos em horários diferentes, aliás agora ele está indo para o emprego dele no karaokê, que fica em cima da cafeteria que Chanyeol, Kai e eu frequentamos. Eu falei que ele não precisava trabalhar, já que eu recebo uma boa grana dos meus pais que moram na China (não, eles não vendem pastel de flango com catupili), então consigo sustentar a gente de boa, mas ele insiste em ajudar em tudo; não posso fazer nada. Pelo menos ele consegue marcar toda sexta o meu horário na cafeteria com os meninos. Amém Oh Sehun, você vai ser abençoado com um homem na sua vida, porque eu sei que você curte pepinos.

   Saio do nosso apartamento com ele me acompanhando e tranco tudo. Olho a hora no meu relógio e vejo que está mais cedo do que o horário habitual que eu saio. Eu saio atrasado, tá legal? Mas eu não saio atrasado porque quero, saio atrasado por um motivo: Xiao Luhan, o meu vizinho... ele tem um carro e eu tenho preguiça de ir andando até o colégio, já sabem o que isso quer dizer, não é? Caroninha maravilha.

   O que ele recebe me levando todos os dias para o colégio? Apenas minha bela companhia já é o suficiente... Sim, ele realmente é um cara legal. Conheci ele aleatoriamente... Um dia ele apareceu aqui em casa, pedindo açúcar, falando na sua língua materna, um chinês também, então deu tudo certo nessa nossa bela amizade de caronas e açúcares, vez ou outra ele vem aqui me pedir açúcar. Provavelmente ele ainda deve estar dormindo agora... mas eu não quero ir andando, então eu vou acordar ele, tô nem aí, ninguém mandou me acostumar mal, agora aguenta essa.

   Ando a passos lentos até a porta de número 707 e toco a campainha freneticamente.

   --- LUHAN! LUHAAAAAN! --- Grito e chuto a porta, assustando Sehun ao meu lado.

   --- KRIS! --- O garoto de cabelos coloridos grita comigo e me puxa, pra eu não chutar a porta de novo. --- Você tem demência, é?! --- Ele me olha com aquela cara de nada. --- Seja civilizado, carai! Quer acordar os vizinhos?!

   Na boa, eu tô cagando e andando pra eles, o botão do foda-se chega tá ligado aqui. 

   Quando ia responder que eu não ligo para os vizinhos, a porta do apartamento se abre e aparece um Luhan de cabelo rosa todo bagunçado segurando uma xícara vazia, com uma cara nada boa de quem foi atropelado por um caminhão. Talvez eu tenha atrapalhado ele a tomar o seu café matinal, só talvez.

   --- Wow, você está um bagaço, amigo. --- Falo e vou entrando pelo apartamento do rosado e chamo Sehun pra entrar, ele fica parado na porta olhando de modo estranho para Luhan. Sério, esse garoto me assusta. Vocês não sabem o que é acordar e às vezes ter uma cara de nada olhando pra tua, like a não sei o quê.

   --- Kris?! O que faz aqui tão cedo? --- Pergunta meio sonolento, acho que ele nem se incomoda mais por eu entrar desse modo em seu lar.

   Ignoro sua pergunta e vou logo para a sala, me sentando no sofá e colocando meus pés sobre a mesa de centro, enquanto Sehun se senta ao meu lado, incrédulo por tamanha audácia da minha parte. Mas é aquele velho ditado né: "Eu não ligo".

   Observação do dia: o apartamento do Luhan é sempre limpo, dá até orgulho... enquanto isso o nosso parece um verdadeiro lixão. Sem brincadeira, só não aparece uns ratos e baratas por lá por algum milagre divino.

   --- Antes que você me chame de mal educado... Bom dia, princesa. Esse aqui é meu amigo, sabe aquele cara que eu chamo de “porta”, de quem eu sempre falo pra você? --- Aponto para Sehun.

    --- Hyung! --- O coloridinho me repreende com o rosto... vermelho? Que tá acontecendo? --- Oi... err... Luhan?

   --- Sim, sou Xiao Luhan, prazer. --- Diz Luhan com um sorriso bonito, mas olha... nada vai mudar o fato que você agora está muito feio e com mau hálito, parceiro. --- Sehun, né? --- Ele se senta em uma poltrona que ficava próxima ao garoto.

   Olho para o menino ao meu lado  e vejo que ele ficou mais vermelho ainda.

   --- Eita, Sehun, acho que você está passando mal... --- Aproximo minhas mãos  de seu rosto mas ele as tira desesperadamente.

   --- E-Eu não tô...

   --- Tá sim, seu rosto tá vermelho e-

   --- HYUNG!! --- Esse garoto só sabe me interromper! E eu só estou tentando cuidar dele, uh. Tomar naquele lugar neguin não quer... Ou quer? Eis a dúvida.

   --- Luhan, ele não parece doente? --- Olho para Luhan e este apenas começa a rir.

   --- Deixa o menino em paz e para de ser idiota, Yifan. --- Ele se aproxima de Sehun (coitado vai morrer com o mau hálito) e senta ao lado dele no sofá de três lugares, o abraçando. --- Que fofo você é.

   Okay, o que está acontecendo? Eu estou boiando aqui, tô mais perdido que autora que deixou fanfic em hiatus, sem brincadeira.

   --- Err, então... --- Falo sem jeito e Luhan solta o garoto e volta ao seu estado normal (Vamos chamar de normal por enquanto). --- O motivo da minha presença tão cedo é porque preciso... na verdade, precisamos de carona. --- Tento dizer isso de uma forma fofa, fazendo coraçãozinho com as mãos e tudo mais... mas... isso não é o meu estilo, então ficou cagado pakas.

   --- O-Olha, eu não preciso! Eu sempre pego o ônibus ali. Já tô até saindo senão vou chegar atrasado. --- Ele se levanta e Luhan também, ficando a sua frente e impedindo o mais alto de andar até a porta.

   --- Que isso? Pode ficar, eu levo vocês. --- Ele empurra Sehun devagarzinho, assim o “forçando” a se sentar no sofá novamente... Imaginei até que ia rolar uns coiso aqui na minha frente, que loucura. O que eu estou fazendo da minha vida? --- Eu só vou tomar banho e já podemos ir, okay? --- Ele sai e vai para o banheiro.

   Fico encarando Sehun o tempo inteiro, tentando desvendar os mistérios que rondam a vida dessa pobre, mas não tão inocente, criatura. E após esperar alguns bons minutos de puro tédio e ver coisas desnecessárias (bota desnecessárias nisso) nas redes sociais, Luhan apareceu radiante, devidamente arrumado para o seu emprego, que se não me engano deve ser em algum escritório, porque, né, parecia que ele ia para algum casamento naquele horário do dia. Isso me faz pensar... Ele é advogado?... Humm... Pausa para a reflexão: não sei. 

   Sehun, que passou todo esse tempo brincando com a barra da sua camisa, levanta o olhar para Luhan, ficando o encarando meio... boquiaberto?! Garoto estranhoooo esse menino Sehun...

   --- Vamos? --- Disse Luhan, todo sorridente, dando uma piscadela para o mais novo entre nós, que  acaba ficando vermelho.

   --- Não vai comer nada? --- Pergunto sem me interessar muito, mas me interessando um pouco... Nossa, isso soou meio lombra mas enfim... Ele nega com a cabeça e eu dou de ombros.

   --- Vou tomar café no emprego. ---Olha em seu relógio e volta para sei lá de onde que ele saiu, com uma maleta nas mãos.

   Emprego bom é emprego onde você pode tomar café da manhã, reflitam (E escolham o emprego certo).

   Descemos de elevador, que por um milagre estava funcionando, até o estacionamento. Bem estranho, normalmente ele para por algumas horas, dá até pra ir em Narnia e voltar... Bem, eu e Sehun seguimos Luhan até o seu carro, carro bem estiloso afinal, todo preto e brilhoso, parecia até a super máquina. Me sento no banco do passageiro na frente com Luhan e o mais novo se sentou atrás. Colocamos os cintos, tudo bonitinho pra não sermos preso, e Luhan seguiu caminho escutando System Of A Down, banda preferida dele que até eu, de tanto escutar, já estava gostando de algumas músicas, okay eu estava gostando pra caramba mas vamos ocultar isso um pouco e fingir que nada aconteceu.

   Quando começou a tocar Cigaro... confesso, não aguentei não e logo eu e Luhan começamos a cantar loucamente e sacudir a cabeça freneticamente, sim, até o Luhan, que estava dirigindo... mas quem se importa em morrer com um carro batendo num muro se você está no modo on da felicidade? Eu não, e nem Luhan... Pobre Sehun, a criança deve estar assustada lá atrás.

   Paro de sacudir a cabeça e cutuco Luhan com o braço.

   --- Luhan...

   --- WE'RE THE CRUEL REGULATORS SMOKING CIGARO CIGAR-

   --- LUHAN! --- Dou um tapa bem forte no mesmo, porque sou desses, e ele me olha feio por atrapalhar seu momento diva dos rock. --- Presta atenção na pista, caramba. --- Aponto disfarçadamente para o garoto sentado atrás de nós, que estava totalmente assustado... Vou mentir não, ver ele desse jeito é engraçado pra caramba! Só com Luhan eu consegui ver muitas faces do Sehun que normalmente eu não vejo, interessante isso... Vou anotar na agendinha.

   O de cabelo rosa entende minha referência bosta e dirige prestando atenção durante o trajeto, mas ainda ouvindo os rock locão porque precisávamos nos distrair. Ele me deixou no colégio primeiro, ele seguiria seu caminho e levaria Sehun até o trabalho dele, então me despedi dos dois, vendo Luhan chamando o garoto para se sentar no meu lugar (Repare nas insinuações...)

   Ignorei isso completamente e fiquei esperando no portão do infer- colégio, porque... na verdade eu não lembro... Ah, sim. Porque eu tenho que esperar dois retardados, digo, meus dois amigos. E falando neles...

   --- KRIS! --- Apenas tenho tempo de ver Kai todo saltitante pulando em cima de mim.

   --- Nossa, que cena gay foi essa... Vocês só me fazem passar vergonha mesmo. --- Chanyeol revira os olhos e balança a cabeça.

   Isso foi ele reclamando? Reclamando?! Quem ele acha que é?

   --- Fica na tua, Chanyeol, que você não pode reclamar de nada. Quem foi que gritou "I HAVE A PEN!" no corredor ontem? Não fui eu nem o Kai.

   Chanyeol apenas abre a boca em um "o" e aponta o dedo pra mim:

   -- É porque foi necessário! Repare... I have a pen! --- E levantou uma mão.

   Na mesma hora Kai sai de cima de mim todo "Vai encarar, mermão?!" e olha bem fundo pra Chanyeol. Aleluia, ele vai acabar com as gracinhas dele. É por isso que eu amo esse cara, meu orgulho.

   --- I have Apple! Uh! Apple pen!

   ... Nossa... Depois dessa acabou até o orgulho, sinceramente.

   --- Eu esperava mais de você, Kim Jongin. --- E como em um filme, eu me viro e vou seguindo meu caminho.

   Eu não vou aturar esses dois, não preciso disso, meu marido tem... Não, pera... Errei. Enfim, Kai vem correndo atrás de mim feito a gazela que ele é, junto do Dumbo Emo.

   --- Chanyeol! Bate no Kris! Ele está me desmerecendo! --- Olho pra trás e me deparo com um Kai de braços cruzados e um bico enorme nos lábios. Me poupe, Kai. Seja menas.

   --- Tá louco, Jongin?! Olha pra cara do Kris! --- E aponta pra mim. Ue, eu não estou entendendo nada. --- Você acha que eu sou besta de querer bater nesse mafioso? Vai que ele tem uma gangue das trevas!

   ................ Procurando a graça...............

   --- Hahaha... Ha... Haha... Que engraçado... Chorei. --- Digo com a minha melhor cara de "você tem retardo mental".

   Pobre Chanyeol... Nunca vai ser eu. Só lamento.

   --- Vão ficar aí?

   Como a boa pessoa que eu sou, não deixo eles me responderem e já vou andando, deixando eles pra trás. Pois é, sou desses.

   Fomos falando coisas bem aleatórias durante o trajeto, até nos despedirmos. Com "muito esforço" Kai conseguiu largar de mim. Às vezes eu penso que esse garoto corta para os dois lados, se é que vocês me entendem. Mas ele parece tão hétero que eu fico na dúvida eterna.

   Fico pensando na sexualidade de Kim Jongin praticamente a aula inteira, por motivos de: eu acho ele muito suspeito. 

   --- VAMOS LOGO, KYUNG!

   O QUE FOI ISSO?!

   Olho para o centro da sala e alivio minha expressão. Era apenas Byun Baekhyun sendo ele mesmo, conversando com o pequeno Kyungsoo, Do Kyungsoo, a única criatura de Satan que pode ser considerada fofa. Se ele não fosse tão demoníaco eu faria amizade com ele de boas, não que eu não fale com ele... Na verdade, na vida, temos que falar com os nerds da sala para podermos ser alguém no mundo, reflexões...

   --- Eu não quero ir naquele lugar, Baekkie!

   --- Aish, Soo, você fala como se a cantina fosse uma igreja!

   --- Igreja?

   Pois é, parceiro, até eu boiei agora. Quero explicações, anda... O quê? Sou muito curioso sim!

   --- Vamos combinar que você não é de Deus, beijos!

   E lá se vai Byun Baekhyun correndo de Satansoo... mais um dia normal nessa minha vida pacata.

   --- Aish! --- Kyungsoo diz mais alguma coisa de modo baixinho... humm, deve estar xingando o Byun até o talo... da laranja.

   Ele pega uns livros da mochila, do tipo capa preta com um pentagrama... mentira, era só um livro comum de física e outro que eu não sabia identificar, provavelmente mais um livro que o garoto pegou na biblioteca para devorar. Haja vontade de ler! (Do Kyungsoo nem sabe ainda... mas ele é meu novo orgulho, foda-se Kai).

   Depois que ele saiu da sala me senti na obrigação de levantar da cadeira... mas só senti mesmo, não quer dizer que eu levantei. Vou me casar com o sedentarismo porque ele e eu estamos em love.

   Minutos depois de eu ter jogado minha cabeça contra a mesa, Chanyeol aparece. O motivo dele vir TODO dia me ver na minha sala ainda é um mistério para mim, sério... Eu não entendo. Há algo por trás disso... Descobrirei, humm...

   O sinal para o fim do intervalo bateu, Chanyeol vazou dali como o Kyungsoo foge da igreja... Não, não... Como o diabo foge da cruz, isso! Nossa. E falando nele... Quem é que aparece todo revoltado da vida? Do Kyungsoo! Baekhyun chega logo depois saltitando... ele também é muito suspeito, só pra constar.

   Não prestei mais atenção neles pelo resto do dia porque eu não tava a fim mesmo, senão eu passaria um bom tempo tentando desvendar os mistérios desses dois. Sou muito detetive mesmo...

   A última aula foi uma maravilha... O professor adora tacar o foda-se em todo mundo, é muito bom isso. Nossa, aprendi várias coisas na aula de matemática, do tipo: "Eu não tô nem aí pra vocês = seus trouxas". Professor Lee, melhor pessoa.

   Enfim. Chanyeol havia dito para eu esperar Kai e ele na sala... mas veja bem, eu seria muito burro se fizesse isso, então eu resolvi arrumar minhas coisas primeiro. Tava arrumando de boa quando eu escuto alguém silenciosamente me chamando:

   --- YIFAN! --- Não acho que seja necessário dizer o tamanho do susto que eu levei quando Baekhyun gritou bem próximo do meu ouvido. --- Amanhã a gente discute o que é pra fazer no trabalho, tá? --- E me ofereceu um de seus sorrisos retangulares.

   Olhando assim nem parece que já tentou matar alguém por causa de um pão de queijo. Pois é, as coisas são assim com Byun Baekhyun, mexe no alimento dele pra ver se não leva porrada.

   --- Tá...

   --- E... PORRA, CADÊ O KYUNGSOO?! Tchau, Yifan!

   Fiquei observando Baekhyun correr que nem um condenado pra fora da sala com alguns livros... Gostaria de dizer que não entendi nada a respeito disso.

   Depois de um longo tempo consegui terminar de arrumar minhas coisas, e então saí da sala. Me deparei com uma cena bem idiota dos meus dois amigos tapados se empurrando, nada fora do normal.

   Fui embora com Kai porque Chanyeol estava bem alone gótico, não que alguém se importe com isso, mas enfim, fui comer de graça no restaurante dos tios do Jongin, o que é uma coisa boa, assim utilizo o dinheiro não gasto para investir no meu Hobbie de pintor. Sou muito magnífico nas pinturas, Mona Lisa não chega nem aos pés do meu quadro chamado "A criatura", sou um gênio renascentista sim, muito obrigado.

   Depois de comer, deixando claro que sou bem grato, abandonei Jongin lá no restaurante e fui embora para fazer algo secreto. Tão secreto que nem meus dois melhores amigos sabiam...

   Andei pelas ruas secretamente por pelo menos uns dez minutos e parei em frente à um colégio... onde eu, Wu Yifan, faço minhas aulas secretas de desenhos e pintura. E por ser secreto, claro, eu tenho que ser discreto também. Tirei minha mochila das costas e olhei para os lados várias vezes. Depois de ver que não tinha nenhuma alma vagando por ali, retirei de dentro da minha mochila meu bigode falso e minha boina preta. Sim, eu guardo uma boina e um bigode falso na mochila, algum problema? Achei que não.

   Coloquei minha boina na cabeça e posicionei o bigode falso na cara, a partir daquele momento eu não era mais Wu Yifan, eu era: Kevin, O Tal. Estava pronto para a minha aula.

   Entrei no estabelecimento de forma grandiosa, chamando a atenção de todo mundo na recepção. Fui até a moça que ficava lá e ela me encarou como se dissesse "Chegou o ridículo..." Mas eu tô aqui pra aprender e não pra me importar com a cara de quem comeu sabão em pó de uma loira aguada feito ela.

   --- Ah, Sr. Kevin... --- Me olhou de cima a baixo. --- A sua aula já começou faz cinco minutos.

   --- Legal, quando eu me importar eu te aviso. Aliás, não gosto de você, tenha uma ótima tarde.

   E me virei, subindo as escadas para o segundo andar daquele colégio. Não gosto dessa mulher, mas acho que todos já perceberam isso, se não percebeu, particular seu, eu não tô nem aí.

   Cheguei na sala todo sorridente porque sou ultra simpático e todos me olharam de volta. É bom chamar atenção.

    --- Sr. Kevin, não acha que está atrasado? --- O professor perguntou de braços cruzados.

   Ah, fodeu. Pense rápido, Yifan...

   --- A culpa é da estrelas.

    E me sentei num banquinho em frente à uma tela de desenhos. Peguei um pincel que tava ali solitário e posicionei perto da cabeça, até cruzei as pernas pra parecer que eu estava pensando no que seria minha próxima obra de arte. Me senti o verdadeiro artista que eu sou. Nem reparei no professor me olhando torto.

    --- Bem... Hoje vamos fazer uma atividade diferente. --- Opa, como assim diferente? Não curto essas coisas diferentes (Meio irônico, né?) ---  Quero que todos vocês façam dupla e-

   --- Pode ser dupla de quatro?! --- Perguntou um garoto logo piscando cúmplice para outros três.

   O professor olhou bem para a cara daquela criança, passou a mão pela cabeça e resolveu sentar. Ele provavelmente deve estar pensando "Que que eu tô fazendo aqui?..." Então, parça, essa pergunta quem deveria fazer era esse garoto, só digo isso.

   --- Se as duplas estiverem separadas uma da outra, pode sim. --- Olha que reviravolta, adotei pro resto da vida. --- Sem mais perguntas idiotas, só façam as duplas!

   É nessas horas que eu me odeio por não ter dado a mínima pro pessoal daqui, mas também, né, o que eu posso fazer? Não sou obrigado a nada. Fiquei lá no meu canto mesmo, meio sei lá da vida, esperando que o professor não olhasse para a minha cara. E pelo o que eu percebi, ele não olhou, vou até dizer Amém... Amé-

   --- Zitao, sente-se perto desse garoto aqui Ó. --- Mas que professor filho de... um pote!

   Ele deve ter algo contra a minha pessoa, todos têm, não é possível. Mas é como diria meu amigo, Kim Jongin, o pensador: "É dureza ser eu!".

   Vejo um garoto alto de cabelos escuros colocar a sua tela de desenhos ao lado da minha junto com o banquinho. Ah, Zitao... Huang Zitao... o mais barraqueiro da sala... Ah. Apesar de seus óculos, percebi olheiras profundas em sua face. Conclusão: ele parece um panda...

   ... Ai que vontade de rir, lembrei de uma gif. AI MANO, ALGUÉM ME AJUDA! SÉRIO!

   --- Do que você tá rindo?

   Nem percebi que aquele garoto estava me olhando. O susto foi tão grande que eu chega me engasguei com o ar. Amaldiçoei a maldita gif de um panda escorregando pelo escorregador. Por que essas coisas só acontecem comigo?

   --- Você... tá bem? --- Me perguntou meio que dizendo "Que cara louco".

   Eu não sou louco. Eu sou especial, um artista, um pensador filósofo... mas ninguém percebe isso, são muito mentes fracas pra perceberem tamanha genialidade de minha pessoa. Só lamento, eles que estão perdendo nessa história, não eu.

   --- Eu tô ótimo.

   --- Ah... --- Olhou bem pra minha cara e ficou ali me analisando... --- Seu nome é mesmo Kevin?

   Eita porra, não posso ser descoberto!

   --- C-Claro que sim. Algum problema com o meu nome?! --- Poxa, escolhi esse nome secreto com tanto carinho... Nossa, seria vacilo.

   --- Não... --- Finalmente virou-se para a frente. Achei que ele ia ficar quietinho no canto dele, mas eu acho que me enganei legal. --- O QUE A GENTE TEM QUE FAZER?!

   --- Zitao pare de gritar! Não tem necessidade disso, eu tô bem aqui!

   Só acho que o professor já deveria ter se acostumado com a falta de classe desse garoto. Só dizendo...

   --- TÁ!

   --- Hoje eu quero que vocês trabalhem em dupla para criarem um quadro com o tema "Cores". Vamos lá.

   Cores... Do nada me lembrei do cabelo do Sehun que me faz lembrar a bandeira da parada gay. Sei não, esse garoto é muitooo estranho. Mas vamos deixar isso na pasta oculta da mente.

   --- Tem ideia do que fazer, Kevin? --- Zitao me olhou segurando uma caneta rosa na mão. Lá ele.

   Também quero saber o que fazer, minha mente já bugou e eu me sinto perdido na vida sem caminho pra voltar pra casa.

   --- Já sei. --- Digo de repente.

   Na verdade não sei nem o que eu vou fazer mas quero mostrar que eu sou um gênio renascentista. Aí eu pergunto, quem nunca?

   Começo a desenhar linhas graciosas na tela, linhas negras muito delicadas. Faço o corpo de uma pessoa e em seguida umas linhas tortas, finalizando com as cores do arco íris.

   --- Pronto. --- Digo satisfeito. Meu mini Sehun de canetinha ficou fabuloso. Eu divo demais mesmo, não é possível isso.

   Fico esperando um elogio do garoto ao meu lado e o vejo fazendo uma cara estranha.

   --- Tá, mas por que você desenhou esses palitos de fósforo ridículos?

   ... Estou espantado com tamanha ousadia da pessoa. Não acredito que ouvi isso...

   --- O que você está chamando de "ridículo"?!

   --- Esse bonequinho de palito infantil!

   --- E por acaso você acha que consegue fazer melhor?!

   --- Por favor, né! Claro! Vou te mostrar!

   Tomou a canetinha da minha mão e empinou o nariz como se dissesse "Presta atenção, insolente". Mas é muito audacioso esse garoto mesmo, viu! Estou me segurando pra não tacar uns potinhos de tinta na cara dele.

   Começou a rabiscar umas coisas estranhas na tela, bem sem sentido... Huh, ele acha que pode mais que eu...

   Fiquei olhando pra cara dele, só querendo manjar qual era a desse garoto, porque, tipo, a pessoa acha que pode com Wu Yifan! Se nem eu posso comigo mesmo imagine alguém que brotou do nada do meu lado. Sai doido, que esse forninho já tem pão.

   --- Pronto! Segura essa!

   Fixei meus olhos pra tela e...

   ...

   --- Uma bolsa? --- Nossa, que bosta, amigo. --- Uma merda de uma bolsa?! É isso sua obra de arte?! Sai dessa vida, seu louco! Você não sabe nem o que é arte!

   --- E pelo visto você também não, Sr. Kevin.

   Meu coração já é bem filho... da fruta, aí vem a pessoa de fininho por trás e me dá esse susto. Ah, mano, vai ver se eu tô na Alagoinha!

   Eu estava prestes a dizer umas verdades na cara do professor, do tipo, "NÃO VEM NÃO, SEU CARECA! POIS É, EU SEI DAS VERDADES, PARÇA!", mas aí eu lembrei que eu já tô com a corda no pescoço de tanto faltar no curso que achei melhor ficar quietinho no meu canto.

   --- Como assim, professor? Olha que obra de artes nós -eu- fizemos! --- O panda do meu lado levantou, pegou o quadro e literalmente passou na cara do professor, que nada fez porque claramente é uma pessoa sem atitude alguma. OLHA ELEE. Gostei. --- Se bem que esse boneco de palitinho tá muito nada a ver mesmo, aish! Tá tão ridículo que tá ofuscando minha arte.

   Ó DESGRAÇA, VIU!

   --- A CULPA NÃO É MINHA SE VOCÊS NÃO SABEM APRECIAR UMA OBRA DIVINA DESSAS! SEUS LEIGOS!

   --- Sr. Kevin! É assim que se fala com o seu professor?! --- Tô achando que começou um barraco.

   --- NÃO ME ARRASA NÃO QUE EU TÔ ESTRESSADO! --- Falo mesmo. --- Aish, quer saber? Eu não preciso disso aqui, não sou obrigado. Tiau!

   Peguei minha mochila jogada em algum canto e passei pelo braço. Saí daquele lugar de cabeça erguida! Com meu bigode e minha boina estilosa. Arrasei.

   Passei pela recepção e nem falei com aquela loira ridícula. Eu estava repensando durante um tempo sobre minha ignorância, iria mudar e ser uma pessoa normal, mas quer saber? Não quero mais.

   Voltei pro meu apartamento todo revoltado mesmo e ainda por cima a pé porque eu devo ser idiota pra esquecer de pegar um ônibus ou qualquer caralha de transporte público. Foda-se meu irmão, tô com raiva.

   Primeira coisa que eu fiz quando cheguei foi jogar minha mochila no sofá e ir na cozinha beber um suquinho de laranja. Voltei pra sala com um toddynho que eu achei perdido na geladeira e me sentei... Agora estou alone até Sehun chegar, que bosta. Vou mexer no celular mesmo.

   Procurei por meu celular dentro da mochila e nada... Procurei de novo mas não encontrei. Ai gzuis... Até que por fim, eu encontrei ele em algum canto, embolado em um monte de papel. Minha mochila é tipo um buraco negro então qualquer coisa que entre nela não sai mais.

   Desbloqueei meu filho e abri o aplicativo do Line e em seguida fui no chat do Kai mesmo, porque eu só acho que o Chanyeol tá emo ainda.

Eu: KAI VOCÊ TÁ AÍ?

   Demorou três fucking minutos pra me responder. Como ele ousa?

Joguin: Desliga esse caps, seu loko!

Joguin: O que tu quer?

Eu: Nosa Jorge... É assim que você fala comigo?

Joguin: Ninguém mandou me desmerecer

Joguin: Também não quero mais sua atenção. Vou assistir pororo que é melhor. Tiau!

   Ficou off do nada. Ele vai mesmo me deixar sozinho? Não acredito.

Eu: VOLTA AQUI CARVALHOS!

Eu: CARALHO*

Eu: JONGIN!

   Não me respondeu mais, viado! Que absurdo...

Eu: Também não quero mais. Tiau!

   Não preciso disso... Vou tirar um cochilo que é o melhor que eu faço, me desligar desse mundo e tentar sonhar com Krisanlândia de novo.

   Galinhas malditas, me aguardem.

   Kris sabe que em um mundo que dinossauros são Chen's, galinhas são inimigas...