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História Meia Noite em Madri - Você é o que eu mais queria na vida


Escrita por: befancy

Notas do Autor


Boa noite!
Voltando a postar somente essa semana pq semana passada era inviável 😔 vocês devem imaginar o motivo...
Enfim, tenham uma boa leitura 🌸

Capítulo 17 - Você é o que eu mais queria na vida


Fanfic / Fanfiction Meia Noite em Madri - Você é o que eu mais queria na vida

"Às vezes, desistir de alguém é um sinal de que a gente se ama tanto, mas tanto, que não pode ver nosso coração ser tão machucado e não fazer algo para mudar isso."

 

Ainda de olhos fechados pude sentir pingos de chuva me molhando. Acordei assustada e olhei em volta, Thiago ainda dormia. Peguei meu celular, marcava 8h07 da manhã. Levantei depressa, coloquei meu vestido de volta e em seguida a bota. Eu estava tão apressada que era como se eu fosse uma criminosa abandonando a cena do crime.

- Ai meu Deus, o Thiago. - falei baixinho comigo mesma ao lembrar que o zagueiro estava na chuva branda, provavelmente ele não teria se tocado porque estava com o cobertor o cobrindo  quase todo.  - Ei, ei... - o sacudi devagar.

- Ahm? - ele indagou ainda mole de sono. Logo a chuva apertou e ele despertou de verdade. - Que bela maneira de acordar. - ele levantou, resmungou ao se enrolar no edredom e em seguida se jogou na cama.

Fui ao banheiro e escovei os dentes com uma daquelas escovas de hotel, lavei o rosto para tirar a maquiagem borrada e dei uma penteada no cabelo.
Thiago estava sentado na cama e me olhava intrigado.

- O que foi? - perguntei

- Não vai nem tomar café?

- Piada uma hora dessas? - eu estava pré-nervosa e já estressada por ter que ver Ricky novamente e ter a conversa definitiva. Ainda assim, eu sabia que Thiago tinha uma boa intenção e me senti um pouco culpada pela forma sarcástica que falei com ele. - Desculpa, eu realmente tenho que ir. - depositei um beijo um pouco demorado em sua bochecha e peguei a chave do meu quarto que estava em uma mesinha perto da cama.

- Coragem. - ele disse assim que eu lhe lancei um último olhar ao chegar na porta.

Antes de sair do hotel, passei na recepção e deixei a chave do quarto que eu nem tinha usado. Peguei um táxi e voltei para minha casa, no caminho já fui ensaiando minhas palavras para com o Ricky, eu não queria chorar na frente dele, queria parecer firme e decidida. Mas ainda que eu me fizesse a invencível, o fatal, o imprescindível, era que eu desistisse de tudo só de olhar naqueles olhos azuis.
Eu não tinha certeza do que eu estava prestes a fazer. Me sentia como se estivesse no topo de uma montanha-russa, aterrorizada, olhando para baixo, temendo o que estava por vir.

Assim que coloquei minha mão na maçaneta da porta de casa, senti minhas pernas amolecerem e um frio tomou conta da minha barriga. Fechei os olhos, 1...2..3. Entrei.
A tv da sala estava desligada, nenhum sinal de presença por ali. Larguei minha bolsa carteira no sofá e andei pela casa. Logo pude ouvir um barulho de música vindo da sala de jogos, era rock'n roll, Ricky estava lá mandando ver no saco de pancadas. Ele estava de costas, então não reparou que eu fiquei um tempo o observando. O soldado batia no saco com tanta violência que até fiquei com um pouco de receio de me aproximar, mas o fiz. Eu sabia que ele nunca faria nada comigo.
Dei uma leve tossida e ele se virou. Me olhou por um tempo, desligou a música
e em fração de segundos já me abraçou forte. Senti o desespero tomar minhas veias. Eu não sabia como reagir. Uma parte de mim queria abraçá-lo, a outra parte queria afastá-lo.

- Fiquei preocupado. - ele disse quase me sufocando em seus braços.

- Onde está a minha filha? - perguntei de forma seca, embora eu já imaginasse que a pequena estivesse dormindo em seu quarto.

- Ah... Hayat está dormindo. Pegou no sono agora pouco. - Ricky disse com o olhar triste e um pouco confuso, provavelmente pelo "minha filha", não mais "nossa filha".

Assenti que sim e sai dali. Fui em direção as escadas e logo cheguei no quarto da minha pequena. Me aproximei devagar do berço, ela dormia tranquilamente. Estava cada dia mais linda e gordinha.
Dei um beijo delicado em seu rosto para não acordá-la e sai do quarto. Tomei um banho, vesti uma calça leggin preta da nike e uma regata branca. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e desci.
Dei de cara com uma linda mesa de café da manhã, o que me surpreendeu. Ricky não era de se aventurar na cozinha.
Todo cavalheiro, ele puxou a cadeira para eu sentar. Começamos a comer sem falar nada. Na verdade nada estava me descendo. Eu estava com um terrível nó na garganta.


- Chega! Não dá pra fingir que nada aconteceu. - levantei bruscamente e coloquei uma mão na cintura e a outra na  cabeça.

- Amor, vamos conversar. Eu já pedi desculpas, o que mais você quer que... - o interrompi.

- Desculpas? Desculpas vai mudar tudo o que aconteceu? Desculpas vai apagar tudo o que eu sofri enquanto você estava brincando de "vivo ou morto" ? - nesse momento eu já não tinha medo nenhum de encará-lo firmemente nos olhos.

- Eu fiz isso pra te proteger! - ele gritou.

- Me proteger? - alterei a voz e ri - Ou se proteger? Por que pra mim é o que está parecendo. Você não foi homem o suficiente pra me contar a verdade. Talvez fosse difícil demais pra você, se despedir caso alguma coisa acontecesse por que é duro admitir que você não é invencível, não é? Sua confiança em si mesmo é demais para você ao menos considerar a hipótese de que algo desse errado.

Falei tudo o que eu queria, tudo o que eu achava e joguei em cima dele, que ficou sem reação por um tempo. Ele sabia que eu tinha razão. Sua confiança em si mesmo era tanta que ele não se despediu porque sabia que ia voltar. E se ele não voltasse? Como eu ficava? Ele não pensou em mim, ele não me deu escolha, ele não se pôs no meu lugar.

- Eu não podia. - ele olhava para o chão.

- Por que não me contou? Por que não me deu a chance de te fazer mudar de idéia? - fiz uma pequena pausa - Acha que eu não merecia isso?

- Tem idéia do quanto foi difícil lá? Tudo o que eu queria era voltar para casa e voltar para você, por que você... você é tudo o que eu tenho, você é tudo o que eu sempre tive. - seus olhos já estavam marejados, como os meus.

- Você sempre falou de amor, sempre. Era tudo mentira. - finalmente a ficha estava caindo, tudo fazia sentido. - Pra você eu sou apenas alguém que te dá estabilidade, não é? Eu sou apenas a mulher que você sabe que independente de qualquer coisa, vai estar lá por você. É por isso que você continuou comigo esses anos todos? Pra ter uma segurança?

- Aurora, nã... - o interrompi.

- CALA A BOCA! Por que agora eu vou falar e você vai ouvir! - apontei o dedo na cara dele. - Você nunca mais chega perto de mim ou da minha filha, entendeu? Você tem idéia do que você me fez passar, pensando que você tinha morrido? Tem idéia da culpa que eu senti por ter deixado você ir sem saber o quanto que você significava pra mim? - as lágrimas deslizavam sem parar pelo meu rosto. - Você arrancou um pedaço de mim, um pedaço da minha vida. - coloquei a mão no peito, a respiração estava faltando e tudo em mim doía.

Ricky me olhava perplexo.

- Então é isso? Você vai jogar fora todos esses anos juntos? Vai descartar tudo o que passamos? E magicamente você decidiu o destino de uma vida juntos, durante uma única noite. Sabe-se lá onde, sabe-se lá com quem e sabe-se lá o que estava fazendo.

Minha vontade era de virar a mão na cara dele, senti meu sangue ferver e ali mesmo acabou qualquer pré-arrependimento por estar rompendo com ele.

- Ao contrário de você, eu nunca trairia a sua confiança. - fui recobrando a minha respiração descompensada. - Vai embora da minha casa. - não olhei em seu rosto.

- Aurora, eu imploro... - Ricky se aproximou e segurou em meu rosto, me esquivei dele - Não faz isso com a gente, meu amor. Não faz isso com a nossa filha. - ele ajoelhou-se, seus olhos suplicavam qualquer gesto de afeto meu, e sem sucesso, ele se levantou - O nosso casamento... é em 1 semana. Seguiremos com nossos planos e depois... depois veremos. - mais uma vez seus intensos olhos azuis tentavam me fazer mudar de idéia.

Eu já estava mentalmente, emocionalmente e fisicamente desgastada daquela situação toda. Prolongar o adeus só me machucaria mais. Não me permiti chorar. Me segurei.

- Você é o que eu mais queria na vida. - palavras nunca saíram com tanta dificuldade da minha boca.

Então ele entendeu o recado.
 

Ricky se retirou da sala e só então eu desabei em lágrimas. A dor era mais forte que qualquer coisa que eu já tinha sentido. Eu preferia que ele tivesse morrido de verdade, só pra não ter que passar por tanto sofrimento e decepção.
Deus sabia todo o amor que Ricky e eu um dia juramos, mas já não era a mesma coisa. E só depois dessa mentira que eu juntei as peças e vi que muita coisa estava ficando clara. Ele nunca me amou realmente como dizia. Ele amava a segurança que eu o proporcionava, logo ele, que sempre quis uma família, uma âncora.

Aurora Off


Rick On

Perdi meu chão.  Me senti impotente. Nada que eu fizesse faria Aurora mudar de idéia. Estava tudo muito claro em seu olhar e eu não tirava a sua razão. Tudo o que eu fiz foi para protegê-la e tudo voltou-se contra mim.
Eu jamais contei para Aurora a verdadeira intenção daquela missão, primeiro porque eu não podia, segundo porque eu sabia que ela nunca iria concordar, e se ir para o Iraque com um propósito daqueles já era ruim, ir brigado com ela seria ainda pior. E ela me conhecia bem, talvez minha autoconfiança fosse grande demais para me despedir pra sempre.
E agora eu estava perdendo a minha família, que eu lutei tanto pra ter. Enfrentei coisas inimagináveis apenas para voltar pra casa, voltar para Aurora. Ela era a única pessoa que me dava segurança, estabilidade. Ela era a minha fortaleza. A mãe da minha filha.
Não havia forma lógica de fazer minha vida sem ela.

Ricky Off

 

Aurora On


Ainda na sala, pude ouvir o choro de Hayat pela babá eletrônica. Subi para pegá-la, mas Ricky havia chegado primeiro. Sua mala já estava no pé do berço. Não passei da porta do quarto e o fiquei observando com a bebê.
Ele a abraçava com cuidado e dava alguns beijinhos em sua mãozinha. Hayat era louca pelo pai.

- Nada vai mudar o amor que o papai tem por você, minha menina. Nada! - ele disse baixinho ao nina-lá em seu colo. - Nem essa coisa pesando na sua fralda. - ele riu fraco.

- Deixa que eu vou dar banho nela. - falei ao me aproximar.

- Eu faço isso. - ele disse sem me olhar nos olhos e em seguida colocou Hayat no trocador.

Resolvi não ficar mais ali. Ver aquele momento fofo só me deixaria mais pra baixo. Desci para sala e tentei me distrair com a televisão. Meu celular estava tocando, era a minha irmã. Não atendi, eu não estava com cabeça pra nada.
Eu não queria nem imaginar como a minha família iria reagir ao saber que não teria mais casamento.

Todos gostavam muito de Ricky. Amanda e minha mãe estavam ansiosas para o casamento, elas só não vieram comigo para Madri porque surgiu um imprevisto na inauguração da primeira franquia da loja da minha mãe, elas tiveram que dar prioridade à isso.

- O táxi já está à caminho. - Ricky disse ao descer com Hayat em um braço e puxando a mala com o outro.

Peguei nossa filha de seus braços e um silêncio se instalou entre nós. Pela primeira vez eu fiquei incomodada na presença de Ricky. Eu só queria acabar logo com aquilo.

- Depois conversaremos quando você estiver mais calma, quanto a Hayat... e nossos bens conjuntos. - tentei não esboçar nenhuma reação. - Posso pedir ao menos um... último abraço? - Ricky disse sem jeito, as duas últimas palavras soaram com um pouco de receio até. Apenas assenti que sim com a cabeça e entrelacei um braço em sua cintura, o outro segurava nossa filha que consequentemente ficou no meio do abraço. Senti que Ricky chorava silenciosamente e aí eu não pude me conter. - Eu nunca quis te machucar.

Me desprendi de seus braços assim que ouvimos a buzina do táxi. Levei Ricky até a porta e então ele deu um último beijo em Hayat e um beijo em minha testa. O cheiro do seu perfume penetrou minhas narinas por uma última vez e então ele saiu.
Foi a despedida mais difícil da minha vida, provavelmente da dele também.
Assim que fechei aquela porta, desabei em lágrimas. Solucei e chorei compulsivamente que nem uma criança.
Peguei um porta-retrato nosso que havia em um aparador perto da janela e o joguei longe.

Ricky sempre foi o homem perfeito aos meus olhos e ver isso desmoronar era algo quase que insuportável para mim já que todos os planos que eu tinha, ele era a minha base, a minha fortaleza.
Ao menos eu tinha a certeza de que eu tinha feito tudo o que pude para ficarmos juntos, disso ele não podia duvidar.

Por que Deus estava me permitindo passar por tamanha dor? Por que ele tinha me dado tanta felicidade e a tirou tão de repente, tão bruscamente? Era uma prova? Então que ele me mostrasse algo! Eu queria respostas.

- Agora somos só nós, minha princesinha... - dei um sorriso fraco para Hayat que me olhava atenta.

A abracei forte e fui para cozinha esquentar a papinha dela. Voltamos para sala, liguei a tv em um canal de desenho e Hayat logo se distraiu enquanto eu dava a papinha em sua boca. Ela era a única coisa boa que Ricky me proporcionou.
Depois do lanchinho, a coloquei deitada sobre a minha barriga e ali ficamos. Meu pensamento estava longe.
Aos poucos eu fui recobrando a razão e me senti uma inútil por questionar Deus. Se ele estava me fazendo passar por tal experiência, era por que ela era necessária para mim.
 

...

 


Naquela tarde senti um misto de todos os sentimentos ruins possíveis. Chorei o extremo do que era possível.
Eu estava com raiva, dor, precisava expressar aquilo de alguma forma.
Peguei o vestido de noiva que ainda estava na caixa e o vesti. Era lindo. Uma pena que eu não iria usá-lo. Me olhei no espelho e voltei a chorar, eu gritei e me descabelei que nem uma menina mimada, rasguei o vestido apenas com as minhas mãos. Eu estava desesperada.
Não podia continuar daquele jeito. Peguei meu celular e fiz uma ligação.
Depois voltei para a sala com uma garrafa de vinho e comecei a cantar Whitney Houston, volta e meia eu parava para chorar. Voltei a estaca zero novamente.
Hayat estava de pé no cercadinho, com um sorrisão olhando pra mim. Provavelmente me achando uma louca.

- Não seja que nem a sua mãe! - falei e continuei a cantar.

Já sem fôlego e cansada fisicamente e psicologicamente, me restava ainda fazer uma coisa.
Eu ainda guardava as cartas de Ricky e nossas fotos, peguei tudo e fui para o quintal com uma garrafa de querosene e fósforo. Queimei sem arrependimento nenhum e até com um sorriso maquiavélico no rosto. Eu estava tão distraída que quase não ouvi o barulho de um carro se aproximando. 

 

 

Enquanto isso...


Aeroporto Internacional de Madri


- Barnes, estou indo pra NY. Preciso dos seus serviços. Pra ontem! - Ricky diz ao telefone e em seguida o desliga, seu vôo o esperava.

 

 

 

 

Continua...


Notas Finais


O que vocês fariam no lugar da nossa mocinha? O que Ricky está aprontando? Quero comentários hein?! 🌸 Ah, a fanfic acaba esse mês e só p adiantar: vem alguns personagens novos (e outros não tão novos) por aí!
Fuuui 🚀


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