História Meia Noite em Madri - Meu coração partido bate mais rápido em seus braços

Continuação do capítulo anterior...

Era o Thiago.

- Você veio! - gritei ao correr para abraçá-lo.

- Uau. - ele disse surpreso ao me olhar.
Não me importei, apenas o puxei pela mão e entramos em casa. Hayat estava chorosa no cercadinho e Thiago se antecipou para pegá-la. - Essa doida tá te assustando, né, princesinha? - ele deu um beijinho em sua bochecha. - Parece que um furacão passou por aqui. - ele disse ao olhar em volta os porta-retratos quebrados pelo chão, os móveis desalinhados e uma garrafa de vinho em cima da mesinha de centro.

- Furacão Aurorita! Olha, fica a vontade aí. Eu preciso tirar esse vestido.

Subi até o segundo andar da casa e tomei uma ducha rápida. Coloquei um shorts e uma blusa fina de manga cumprida. Voltei para sala de estar e encontrei Thiago arrumando as coisas que estava fora do lugar, fiquei um pouco sem jeito.

- Já voltou? - ele sorriu.

- Não precisava ter se incomodado... - falei ao ajudá-lo.

E logo tudo ficou um brinco.

- Perdi mais um vôo por sua causa. - ele disse ao pegar Hayat no colo e sentar no sofá.

- Ninguém te obrigou a vir. - falei com um sorrisinho no canto dos lábios.

- Doce como sempre. - rimos. - Pelo visto a conversa com Ricky não foi muito boa..

- Não tinha como ser... - fiquei pensativa - Foi mais difícil do que eu pensei, mas... eu sei que foi melhor assim. - tentei me conformar.
 
Até que tanto choro, quebra-quebra, vestido destruído e recordações queimadas me fez bem. Eu me senti mais leve.

- E como ele reagiu?

- Tentou me fazer desistir, colocou a Hayat no meio. Ensinuou que eu estava tirando a chance dela de ter uma família. - minha cabeça doía só de lembrar.

- Já era de se esperar... e como você se sente depois de tudo isso?

- Não vou dizer que estou 100% feliz, mas... estou de alma lavada. - rimos - Falei tudo que estava engasgado.

- Todo mundo se machuca às vezes... Eu sei que você vai ficar bem, você é uma mulher forte. - Thiago disse ao apertar minha mão.

- Vem cá! Me dá um abraço. - o puxei e nos abraçamos.

Foi um abraço longo. O que fez meu coração bater mais rápido. O conforto que eu sentia no abraço de Thiago era indescritível, era como se ali nada fosse capaz de me machucar.

Hayat começou a chorar e então nos desvencilhamos.

- Acho que alguém está com ciúmes da mamãe... - Thiago riu.

- Mas não precisa disso, meu amor da minha vidaaa. - fiz uma voz fofa e a enchi de beijinhos enquanto a apertava em meus braços.

- "Meu amor da minha vida"... - o zagueiro riu e dei um puxão em seu cabelo assim que levantei do sofá.

- Acho que ela está com fome. Vou fazer algo pra gente comer também, o que acha? - falei enquanto ia até a cozinha.

- Que sorte da Hayat que só toma leitinho ou come papinha. - ele ironizou com um sorrisinho malandro no canto da boca.

Thiago era insuportável. 

Aurora Off

Thiago On

Passamos o resto do dia juntos. Vimos filme, série, brincamos com a Hayat, fofocamos, falamos da nossa vida e num piscar de olhos a noite caiu.
Pedimos comida mexicana para o jantar e logo após Hayat começou a dar indícios de sono, me ofereci para lavar a louça enquanto Aurora colocava a pequena para dormir.
Assim que acabei meu pequeno trabalho na cozinha, resolvi que minha hora já tinha dado. Eu precisava ir. Subi as escadas devagarinho e fui com um pouco de cautela até o corredor dos quartos. A casa de Aurora era linda. Cada mínimo detalhe tinha a sua essência e delicadeza.

Assim que me aproximei da segunda porta a direita, que estava entre-aberta, me deparei com a cena mais linda e confortante que eu já vi. A jornalista estava ninando a sua pequena enquanto cantava uma canção, bem baixinho e suave. Meu coração se encheu de vida, senti saudade de quando meus meninos eram pequeninhos também.

- Sometimes these walls seem to cave in on... - Aurora cantava baixinho, olhando Hayat nos olhos, e aparentemente um pouco emocionada. - But when I look in your eyes, I feel alive. - ela sorriu e beijou a testa da pequenina.

"Às vezes é como se o céu caísse sobre mim, mas quando eu olho em seus olhos, eu me sinto viva."

Continuei a observar furtivamente, ainda deu tempo de ver Aurora tirando uma foto da filha antes de bota-la no berço e eu anunciar a minha presença.

- Você é uma mãe e tanto. - falei baixinho ao entrar. Aurora sorriu e colocou a cabeça em meu ombro.

- Ela é linda, não é?

- É sim.

- Vamos deixá-la dormir. - ela disse ao me puxar pela mão para sairmos do quarto.

- Bom, eu acho que já vou indo. - falei enquanto decíamos as escadas.

- Fica mais um pouco, vou fazer brigadeiro pra gente. - eu não tive como resistir aquela carinha linda. E brigadeiro é irrecusável também.

Quando o doce ficou pronto, a jornalista e eu fomos para sala com a panela de brigadeiro e continuamos a falar das nossas vidas.

- Amanhã eu volto para o Rio. Os meninos estão ansiosos pelas férias com o papai. - falei.

- Eles souberam lidar bem com a sua separação com a Belle, né? - Aurora indagou enquanto pegava a sua colher cheia de brigadeiro.

- No começo foi um pouco complicado, mas eles se animaram com a idéia de ter duas casas, ganhar dois presentes... - rimos. - E quanto o Ricky e a Hayat?

- Tenho que pensar no futuro... minhas decisões refletirão na vida dela.

- Mas não precisa ser agora! Você já teve dor de cabeça demais para um único dia.

Aurora sorriu e ficamos em silêncio por um breve momento.

- Tem uma coisa aqui na sua camisa... - ela disse olhando concentrada e com o dedo apontado para o centro da gola da minha camisa.

- Ahm?

- Opa! - ela subiu o dedo sujinho de brigadeiro até o meu nariz e caiu numa gargalhada.

- Não acredito que cai nessa.

- Deixa eu limpar. - ainda sorrindo ela pegou um guardanapo e passou com delicadeza na pontinha do meu nariz.
Aurora ficou um tempo me olhando, não dava para decifrar o que ela estava pensando, mais seus atos foram ficando mais lentos. - Você é lindo. - ela acarinhou devagar o meu rosto como se fosse a primeira vez que ele me tocava.

Eu já imaginava no que aquilo ia dar e tive a certeza quando ela foi se aproximando devagar até nossas bocas ficarem poucos centímetros de distância.

- Não faça isso. - abaixei a cabeça. - Não quero que fique comigo só porque está vulnerável, machucada...

Em outro tempo eu jamais negaria um beijo de Aurora, logo eu, que estava com tanta, mas tanta saudade daqueles lábios rosados, doces como morango e tão - se não mais - viciantes como uma droga dessas que vemos por aí.

- Todo mundo vem com cicatrizes, mas você pode amar até que elas desapareçam... - ela disse olhando bem no fundo dos meus olhos, ainda com as mãos em meu rosto.

Não tive chances de falar, logo ela me surpreendeu com um beijo. Um beijo calmo, lento. Como um reconhecimento de campo, como se fosse a primeira vez. Era surreal o que estava acontecendo. Eu já não tive vontade de parar quando a língua quente de Aurora pediu espaço.

Me entreguei à aquele momento. Aos poucos o beijo foi ficando mais intenso e então eu coloquei minha mão em sua nuca, aproximando seu rosto do meu.
Não paramos o beijo por nada. Senti as mãos de Aurora entrando por baixo da minha camisa e subindo para as minhas costas. Seu toque era curioso, como se a cada momento, inconscientemente eu estivesse despertando a saudade que ela tinha de mim, de nós, que estava adormecida em seu corpo. Nosso beijo se encaixava como numa dança perfeita.
Coloquei minhas mãos em seu quadril e em um só movimento a fiz ficar em meu colo. Abracei seu corpo e beijei seu pescoço, como eu senti falta daquele cheiro dela...
Aurora sorriu e afundou suas mãos em meu cabelo, brincou com eles. A abracei novamente, meu coração batia mais rápido em seus braços.
Voltamos a nos beijar, com mais vontade e sem pudor nenhum. Abri devagar o zíper de sua blusa, deixando seu sutiã preto de renda um pouco à mostra. Seus seios saltavam um pouco da peça, nada demais. Ela era completamente linda e excitante. Fiz uma trilha de beijos de seu pescoço até seus seios e apertei forte seu bumbum que já estava em minhas mãos.
Levantei com Aurora em meu colo e subimos até seu quarto. Aquela noite não podia terminar em outra coisa. Pela primeira vez eu senti que nos amamos com carinho, sentimento, não só desejo carnal e atração física. Era algo muito além disso.

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"E então você me tocou, era como se você tivesse sido feito para mim. Como se tudo estivesse destinado a ser. E eu tive certeza de que você me amaria e que sempre teríamos um ao outro."