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História Memento Mori - Carpe Noctem


Escrita por: ForsakenBoy

Notas do Autor


Oe oe! Tudo bem galera? Essa será a minha primeira tentativa de escrever uma Fantasia. Estou programando algo grande, então espero a paciência de vocês. Então é isso, espero que gostem. Boa leitura!

Capítulo 1 - Carpe Noctem


O fogo queimava à sua frente. Estalos e mais estalos conforme o tempo. Elizabeth escrevia em algumas folhas em cima de uma mesa de madeira. O chão estava úmido. Ela achava interessante o fato de conseguir acender a lareira.

A pequena casa caía aos pedaços.

“Largada, suja e deixada à própria sorte.” Escreveu Elizabeth em seu pequeno diário. Abriu um sorriso e continuou. “Assim como eu.”

O fogo continuava a crepitar a sua frente. Os poucos troncos secos que ela achara no caminho agora eram algo meio cinza-esbranquiçado ao fogo.

- Queime, queime madeirinha... – Algo sussurrou dentro da casa.

Elizabeth se levanta rapidamente. Não havia ninguém além dela ali dentro. Observou todos os cantos da casa mais uma vez.

Musgo, sujeira, água e plantas invadindo a casa. Lá fora somente o barulho da chuva caindo.

Silêncio. A pequena cabana largada no meio da selva estava vazia. Ninguém além de Elizabeth e seu diário. “Algo da minha imaginação.” – Pensou ela.

Sentou-se no tronco perto da mesa onde estava escrevendo. Guardou todas as folhas, nas quais escrevera, dentro de uma abatida bolsa de couro.

- Queime, queime sem parar... – A voz sussurrou novamente.

Agora Elizabeth tinha certeza que não era sua imaginação. Algo havia falado – sussurrado – dentro daquela casa.

- Olá? – Falou a garota, apertando firme a pequena bolsa de couro.

Silêncio.                                                                     

Andou pela casa. Longe da lareira onde estava o fogo tudo era frio.

Sem sinais de vida. Ainda sim, a voz voltava a sussurrar:

- Queime, queime sem parar...

Elizabeth correu. Estava um pouco assustada. Sentou-se em frente ao fogo.

O calor das chamas aquecia sua pele gelada. Suas roupas agora não passavam de trapos velhos, sujos e rasgados.

As botas que ela tinha nos pés estavam encharcadas. Os longos cabelos morenos caiam pela cintura, estavam molhados também.

- Queime, queime madeirinha... – A voz havia ficado mais alta.

Elizabeth já estava assustada, porém pra onde ela iria ao meio de uma tempestade dessas?

A chuva caia forte lá fora. Cada pingo tinha o tamanho de uma bala de goma, ou algo assim.

Doces. Elizabeth se distraiu em seus pensamentos. Lembrara-se de doces. O medo sumira logo na hora em que sua mente se recordara das guloseimas açucaradas que comia antigamente.

- Queime, queime sem parar... – A voz já sussurrava num volume alto.

Elizabeth se levanta novamente.

O fogo começara a dançar dentro da lareira velha.  As chamas dançavam graciosamente em cima dos pedaços de tronco.

- Cuidado menina. – Disse a voz. – Cuidado para o fogo não te queimar. – Era uma voz meiga, uma voz de criança.

- Queimar? Mas o fogo está longe demais para me queimar. – Respondeu Elizabeth.

- O fogo é imprevisível menina! Traiçoeiro feito um lobo. – A voz disse.

Elizabeth então observa tudo ao seu redor. A luz alaranjada do fogo se estendia pela cabana. De repente um súbito frio atravessa todo o seu corpo.

Uma figura esbranquiçada dançava no ar feita bailarina. Dava giros e rodopios dentro da pequena cabana.

Então, logo após o pequeno show, a figura para enfrente à Elizabeth.

Uma garotinha. Não aparentava ter mais que dez anos. As roupas eram trapos assim como as de Elizabeth. O rosto era triste, magoado. Nas mãos um pequeno laço, também branco. Os cabelos, que um dia já foram da cor do ouro, agora eram brancos como a neve.

Os olhos eram o que mais davam medo em Elizabeth. Dava medo porque onde eram para estarem olhos azulados, castanhos ou até mesmo verdes, estavam dois buracos fundos, de um preto surreal.

Elizabeth se distancia um pouco da figura e vai mais para perto da lareira.

- O fogo queima. Queima muito. E machuca. Machuca muito. – Disse a menina.

- Quem... quem é você? – Perguntou Elizabeth.

A figura voltou a bailar no ar, feito um borrão branco. Logo toma a forma de garota novamente.

- Quem sou eu? Não me lembro... Faz anos, milênios talvez, que ninguém vem brincar comigo. Você me acordou, sabia? – Disse a menina.

- Acordei? Você estava dormindo? – Perguntou Elizabeth, se aproximando um pouco da garotinha.

- É. Eu dormi há muito tempo atrás. Mas eu gostei de acordar. Só não gosto disso...

A garotinha olha para o chão. Fica parada e em silêncio por certo tempo.

- Não gosta do que? – Pergunta Elizabeth chegando mais perto do fantasma.

- Dessa dor, menina. Dessa dor que nunca cessa. Quando eu estava dormindo não sentia essa dor. – Disse a garotinha.

- Desculpe. Não era minha intenção... – Respondeu Elizabeth.

A garotinha levanta o rosto e sorri.

“É um sorriso bonito, mesmo sem os olhos ali.” – Pensou Elizabeth. Ela então chega mais perto e tenta, em vão, tocar o ombro da criança. Sua mão passa por dentro da imagem branca e fantasmagórica que era a menina.

O fantasma some e o fogo apaga.

- Quero dormir mais uma vez! Dói muito! – A voz da menina ecoa pela cabana. Nenhum show de balé fantasmagórico estava acontecendo.

As cinzas e os tocos de madeira que estavam dentro da lareira voam pela cabana em direções diferentes. As cinzas se espalham pelo chão.

Elizabeth agarra sua bolsa e corre em direção à saída.

Em vão. A velha porta da cabana se fecha. A garota força a porta, porém ela não abre.

- Eu sinto muito! Não queria acordar você! – Elizabeth grita para dentro da cabana.

- VOCÊ É MÁ! – A voz da menina ecoa mais uma vez. A cabana parece tremer.

Um dos tocos voa em direção à Elizabeth que se abaixa para desviar.

Elizabeth então corre em direção à lareira. Algo parecia chamar a atenção do fantasma para aquele lugar. 

Outro toco de madeira voa e acerta Elizabeth, porém sem machucar tanto.

Já na lareira ela observa tudo a sua volta. Os tocos que estavam dentro da lareira agora estavam sendo arrastados em direções aleatórias dentro da cabana. Alguns voavam, outros se arrastavam e alguns tentavam atingir Elizabeth.

Olhando dentro da lareira Elizabeth vê uma marca nos tijolos. Parecia ter algo escrito, porém a sujeira tampava parte, tornando assim ilegível. Tentou limpar, porém eram anos de musgo e sujeira. Além de tudo os tijolos continuavam quentes, então era impossível fazer algo sem se queimar.

- ME DEIXA DORMIR! – A voz gritou e a cabana tremeu.

Elizabeth corre de volta à porta da cabana. Sem sucesso. A porta ainda estava selada.

Gritos e mais gritos. A cabana tremia mais e mais. Elizabeth tenta se aproximar de uma das janelas da cabana. Tocos voavam em direção a ela. Protegendo o rosto com a bolsa e as mãos, Elizabeth corre em direção a uma janela e joga-se.

Ao sair, ela começou a rolar num barranco, batendo em troncos e se ralando. A chuva ainda caía, forte como nunca. O céu estava branco. Branco como os cabelos da garotinha fantasma.

Elizabeth começa a andar no meio daquela chuva toda. As botas já estavam completamente sujas de barro. O resto dos trapos estava molhado, rasgado e sujo, ou seja, não servia mais como roupa. Alguns arranhões e cortes doíam. A garota mancava. Sua bolsa de couro começara a ficar úmida.

Elizabeth caminhava sem rumo dentro da mata, já não sabia mais para onde ir, estava mais perdida do que antes. Suas pernas tremiam por causa do frio e por falta de força, já não podiam aguentar o peso da menina. A garota tropeça numa raiz e cai.

“Tão dolorido, mas tão confortável...” – Ela pensa.

Escuro.

Algumas imagens onduladas aparecem. Tudo estava em preto e branco. Não se podia ouvir nada a não serem algumas palavras aleatórias.

“Um quarto... Meu quarto.” – Ela pensa.

“- Eli! Desça aqui!” – Uma voz grita.

O som parece ser abafado e baixo.

“Eu conheço esse lugar! Minha casa. Como eu vim parar aqui?” – Pensa a garota.

A visão trêmula já se fora. Agora as coisas eram um pouco mais nítidas.

“Estou andando. Ok, eu não me controlo.” – Elizabeth pensa enquanto andava para fora do quarto.

“Eu me lembro desse dia... isso é péssimo.”

“- Eli, ajuda sua irmã com a louça, por favor. E depois tome um banho e ponha seu melhor vestido, temos um lugar muito importante pra ir essa noite.” – Diz uma moça com longos cabelos negros e cacheados que por pouco não batiam no chão.

“Mãe! Tenta me ouvir! FALA, ELIZABETH! Droga, eu não consigo me controlar.” – Pensa a garota.

“- Tudo bem mamãe.” – Elizabeth responde.

Ao ouvir sua própria voz as cores aparecem de repente. O mundo todo agora tem cores.

“- Obrigada filha.” – Diz a mulher.

O som, que antes era abafado, agora é normal. Agora aparentava que Elizabeth realmente estava naquele lugar.

“Elizabeth sua inútil! DIGA ALGUMA COISA! Se mexe!” – A garota reclama consigo mesmo.

Elizabeth se dirige à cozinha. O lugar todo parecia ser feito em madeira. Tudo envernizado e com um toque do período vitoriano.

“Antiquado, mas eu gostava...” – A garota relembra.

“- Oi Eli, já tava na hora. Você seca.” – Diz uma voz que Elizabeth sentia uma saudade tremenda.

Ela virou-se e então a viu: Uma garota quase idêntica a si mesma, exceto pelos longos cabelos cacheados e a cor extravagante deles.

“- Oi mana, desculpa, eu tava imersa na minha leitura.” Elizabeth disse.

“Merda, eu realmente sou inútil aqui. Já sei tudo o que vai acontecer, mas não posso fazer nada. Essa talvez seja a minha punição.” – Pensa Elizabeth. As duas garotas começam a conversar.

“Agora que tudo acontece.” – Elizabeth pensa, enquanto seu corpo secava os pratos automaticamente.

A campainha toca.

“- Já vou!” – Grita Elizabeth.

A garota vai em direção à porta.

“- Pode deixar filha, deve ser o motorista.” – Diz a mãe, agora vestida num lindo vestido azul todo florido.

A mãe abre a porta.

“- Olá, em que poss...” – A frase é interrompida. A mãe é jogada bruscamente para trás.

O corpo cai ao chão, pintando o marrom do carpete de vermelho. O vestido azul agora estava manchado com o carmesim do sangue que jorrava da garganta da moça. Um corte fundo podia ser claramente visto.

Os olhos quase vazios encaram Elizabeth. O olhar não pedia socorro, mas sim ordenava um “corra”.

Elizabeth corre para a cozinha.

“- MANA! VEM AGORA!” – Elizabeth diz enquanto puxa sua irmã pela mão. As duas correm juntas para dentro da casa.

Uma figura representada somente por uma sombra as persegue.

“Chega, eu não quero mais ver isso! Não quero viver isso outra vez!” Elizabeth pensava, porém era inútil. Ela TINHA que reviver aquilo.

“- O que aconteceu Eli? Onde tá a mamãe?!” – A garota ruiva gritava enquanto corria.

“- Só corre!” – Elizabeth gritava.

As duas saíram pra fora da casa. A noite estava escura e as lamparinas dos postes ainda estavam para serem acesas.

“- Mana... sua mão tá esquentando muito...” – A garota ruiva falava ofegante.

Continuavam a correr. Viravam em ruas aleatórias enquanto gritavam por ajuda. Ninguém as ouvia. Parecia que não havia pessoas em nenhuma casa.

A sombra já sumira de vista. As duas se escondem em um beco.

“- Eli, onde tá a mamãe?” – A garota ruiva diz enquanto recupera o ar.

“Não tive coragem de responder... Não tive coragem nem tempo.” – Pensou Elizabeth.

A sombra aparece no beco, bem a frente das duas garotas. Algo que ela segurava reluzia o carmesim do sangue que pingava. Esse algo parecia ser bem afiado.

A garota ruiva se levanta e corre, Elizabeth faz o mesmo.

A sombra agarra a garota ruiva.

“Agora aquilo acontece.” – Elizabeth pensa.

“- Não! Mana!” – Elizabeth grita.

Suas pernas correm em direção à sua irmã.

“Me recordo bem. Tudo parecia ser mais quente do que o normal. Tudo. O ar ao meu redor, o chão...”

Elizabeth toca a mão de sua irmã e então...

Silêncio. Escuro.

Um estrondo.

Elizabeth acorda. Uma cama quente. Uma lareira acesa. Um cheiro de sopa invadiu o nariz da garota.

Uma cabana bem confortável. Elizabeth olha para fora por uma pequena janela. Era dia, mas a tempestade fazia parecer fim de tarde.

- Então a garotinha acordou? – Uma voz disse.

Era uma voz meiga e rouca.

Elizabeth olha por toda a cabana, porém ninguém estava lá.

“Será outro sonho?” – Pensa a garota.

Uma lenta risada é escutada.

- Acalme-se, doce criança. Não farei mal a você.

De repente uma velha senhora aparece ao lado de Elizabeth, também olhando pela pequena janela.

- Que triste lembrança você teve agora. Eu vi tudo. Minhas humildes desculpas. Olhei sem sua permissão. – Disse a velha senhora.

Era consideravelmente alta. O corpo era magro e enrugado. Os olhos eram grandes e cor de mel. Os cabelos eram grisalhos e usava roupas aparentemente confortáveis.

- Olhou... Olhou o que? – Perguntou Elizabeth.

- Olhei sua lembrança, bobinha. – Diz a velha. – Você vem de um lugar bem distante, criança.

A velha anda em direção à lareira e retira a panela do fogo. O cheiro de sopa fica ainda mais notável.

Uma pequena tigela de madeira aparece na mão da velha.

- Desculpe a bagunça, eu não costumo receber visitantes. Desculpe-me também se a sopa estiver ruim. Não uso o meu caldeirão para fazer comida já há alguns anos. – A velha diz, despejando a sopa dentro da tigela.

A mão ossuda com longos dedos entrega a tigela para Elizabeth.

A garota aceita. Ao pegar na madeira sente um calor confortante.

- Não é uma simples sopa, sinta-se à vontade para comer mais se quiser. – Diz a velha, sentando-se à mesa de centro.

- Obrigada. – Diz Elizabeth. – A senhora me...

- Sim, eu te trouxe até aqui. – A velha interrompe Elizabeth. – Uma garota como você conseguiu se virar bem, sozinha por todo esse tempo. Aliás, foi uma queda feia. Para sua infelicidade eu não tenho roupas que te caibam, mas vou providenciar algo logo, logo.

Elizabeth toma a sopa em silêncio.

“É um pouco amarga, mas é melhor do que nada.” – Pensa Elizabeth.

- Sabia que não devia ter usado nabos na sopa. Ficaria muito amarga! Desculpe criança, não sou boa com essas coisas. – Diz a velha.

-Como você... ?

- Ah, eu escutei você pensando. Rude da minha parte, mas é algo que não consigo evitar. – Diz a velha. – Como se chama criança?

- Elizabeth. – A garota responde.

- Elizabeth. Um nome interessante. – A velha vira-se de costas na cadeira. De repente, com uma pequena espiral incolor, a velha some.

Elizabeth fica impressionada, não sabe o que houve. Mais um gole na sopa amarga.

A velha reaparece, com a mesma espiral, na cadeira com um grande livro.

- Preciso continuar a minha leitura, se você não se importar. – Diz a velha.

- Tudo bem... eu acho. – Elizabeth responde.

Era um grande livro de capa dura. Elizabeth observara algumas partes em amarelo. A capa aparentava ser de couro. As escrituras eram ilegíveis, Elizabeth não sabia se era a distância que a impossibilitava de ler ou se era uma língua que ela não conhecia.

- Como a senhora se chama? – A garota pergunta e dá mais um gole na sopa.

- Nomes são coisas importantes, criança. Nomes tem poder. – Diz a velha. – Mas você pode me chamar de Lili.

- Lili... Você é a primeira pessoa que eu encontro desde que cheguei aqui. Aliás, onde é aqui? – Pergunta Elizabeth. A tigela já não tem mais sopa

- Ah... Aqui é lugar algum. Estamos no nada, num lugar sem nome e esquecido pelo tempo.

- Esquecido? Há mais gente por aqui?

- Havia, mas todos se foram. – Diz a velha, com os olhos grudados no livro.

- Se foram? Saíram daqui? – Pergunta Elizabeth.

- Não, não. Eles continuam aqui, só não estão mais vivos. – Diz a velha.

Elizabeth sente um frio na espinha.

- Pode parecer estranho pra você, garota, mas as coisas são assim. Não atraia energias negativas para cá, por favor. – Lili diz.

- Desculpa...

A chuva volta a cair. Elizabeth enche a tigela com mais sopa.

Lili some repentinamente outra vez, porém logo volta com mais um livro.

- O que está lendo? – Pergunta Elizabeth, agora sentada na cama.

- Algumas coisas. – Responde Lili.

- Que coisas? – Elizabeth torna a perguntar.

- Encantamentos. – Responde à velha.

Um pequeno tempo de silêncio.

- Magia não existe. – Diz Elizabeth convicta.

Lili desgruda os olhos do livro que estava lendo e encara Elizabeth.

- Não? – Pergunta Lili,

- Não. – Responde Elizabeth.

- E como você está aqui? – Questiona Lili.

- É tudo um grande pesadelo. Um pesadelo real e demorado, mas logo sei que vou acordar. Tenho que ajudar minha mãe a fazer os arranjos pra essa noite. – Diz Elizabeth.

- Sua mãe está morta. Cortaram a garganta dela e a deixaram no assoalho da porta de entrada de sua casa. – Lili diz, encarando Elizabeth com um rosto neutro.

Lágrimas começam a cair do rosto da garota.

- É só mais um sonho terrível. Logo estarei acordada. – Teima Elizabeth.

- Mentir pra si mesma não vai trazer sua mãe ou sua irmã de volta, garota. Ficar sentada nessa cama também não.

- Não posso fazer nada. Eu nem sei onde estou! – Diz a garota.

- Está em lugar algum, já te falei. – Diz Lili.

- Eu não sei onde isso fica.

- Fica em algum lugar. – Diz a velha voltando a sua leitura.

Elizabeth continua chorando. Suas roupas – trapos – a deixavam desconfortável.

Lili some mais uma vez e retorna trazendo algumas roupas.

- Tome, vista isso. – Lili entrega as roupas para Elizabeth. – Agora você está em débito comigo. Em débito por ter te trazido aqui, te alimentado e te dado roupas novas. – Diz a velha ainda lendo os livros.

- Eu não tenho como pagar. Não tenho dinheiro. – Responde a garota.

- Não quero dinheiro, quero uma ajudante. Trabalhe para mim por um tempo e então pagará o que está devendo. – Diz Lili.

- Por quanto tempo? – Pergunta Elizabeth.

- Você saberá quando estiver pago. – Lili levanta-se e vai até a garota. – Pobre criança, ainda tem muito que aprender neste mundo.

A velha começa a recitar alguma coisa. As palavras soam como uma antiga canção para Elizabeth. A voz vai ficando cada vez mais baixa, como se a garota estivesse perdendo a audição.

Os olhos da menina começam a fechar aos poucos e logo ela está adormecida na cama.

Escuro.

“Qual o seu nome?” – Pergunta uma voz no meio do vazio.

- Elizabeth. – A garota responde.

“Você está em débito.”

- Acho que estou...

“Não é mais merecedora deste nome. Agora você se chama Noite.” – Diz a voz.

- Eu gosto do meu nome, não quero trocá-lo. – Elizabeth teima.

“Você não tem escolha, entrou em débito.”

- Meu nome é Elizabeth e vai ser sempre o mesmo. – A garota grita.

“Não se nega o débito. Pague e tenha seu nome de volta.”

Luz.

A garota acorda. A cabana está vazia. A luz do sol entra pela pequena janela. A lareira está apagada e Lili não está no local.
Ela veste-se e então sai de dentro da cabana.

A grama era acinzentada. O céu não era todo azul, as nuvens tapavam algumas partes. Em alguns momentos o sol aparecia por de trás das nuvens lançando alguns raios amarelos, mas por poucos segundos.

- Então já acordou. – Disse uma voz velha.

- Lili? – Pergunta a garota.

- Olá, criança. – Diz a velha, aparecendo magicamente à frente da menina.

- Eu tive um sonho estranho. – Diz a garota.

- Eu vi. Não era um sonho, sua bobinha. – Disse a velha. – Veja.

Lili tira um pequeno espelho de dentro de uma pequena bolsa improvisada e entrega para a garota.

A menina então se olha no espelho. Olhou-se por um bom tempo, já que pareciam eras que ela não se via. Observou cada detalhe, e então algo chamou sua atenção.

Em seu pescoço havia uma marca, um pentagrama.

- O que é isso? – Pergunta a menina.

- O símbolo do débito. Sinto muito. – Diz Lili. – Garota, me responda: Qual o seu nome? – A velha pergunta.

A menina pensa, e tudo o que vem em sua mente é escuridão.

- Eu... erm... – Apenas um grande vazio vinha em sua mente, nem um sinal de luz.

A garota fica em silêncio por um tempo considerável e então encara a velha.

- Noite. Meu nome é Noite. – Finalmente responde. 


Notas Finais


Então é isso gente! Espero que tenham gostado do primeiro capítulo. Juro que vou tentar postar com certa frequência. See ya!


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