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História Memento Mori - Matem a Besta.


Escrita por: ForsakenBoy

Notas do Autor


Juro que estou me esforçando ao máximo pra poder escrever essa fantasia. É que isso nunca foi o meu forte e.e
Boa leitura!

Capítulo 2 - Matem a Besta.


- Muito bem então, Noite. – Diz Lili. – No seu primeiro dia de pagamento do débito eu quero que você volte até aquela casa abandonada.

- Com a menina fantasma? – Pergunta Noite.

- Exato.

- E o que eu faço quando estiver lá?

- Descubra.

Lili então some novamente.

“Eu nem sei onde fica! Ela poderia ao menos me dar a direção.” – Pensa Noite.

Sua garganta começa a queimar, no local exato onde estava a marca.

Noite olha-se mais uma vez no pequeno espelho que Lili lhe dera.

A marca brilhava num tom roxo escuro. A queimação aumentava. A dor não era insuportável, mas sim incômoda.

Noite inspeciona o espelho. Era oval e sua base era dourada e ornamentada com lindas flores. Na parte de trás havia alguma coisa escrita numa língua que ela não compreendia e, sobrepondo-a, havia uma rosa dos ventos.

Ela olha ao redor. Um vasto campo, com o capim tão alto que parecia chegar até os joelhos. Uma brisa gelada sopra para o sul, as nuvens se rastejam pelo finito céu azul.

A garota suspira. Pega um pequeno dente de leão do chão e o coloca no cabelo. Olha para a floresta à sua esquerda.

“Lembro de ter caído no meio da floresta. Deve ser esta aqui.” Pensa Noite.

Ela caminha em direção à floresta e, pouco a pouco, vai adentrando aquela mata.

Árvores tão grandes, de uma espécie acinzentada, da qual Noite nunca vira antes em seus livros de escola.
A luz do dia escuro não varava as folhas das árvores, que eram grandes e marrons.
 “Estas folhas parecem rostos.” Pensava Noite.

Noite ouvia alguns sons de animais.

Enquanto caminhava no escuro da floresta, a garota percebe que já estava perdida. Não sabia se tentava voltar ou se continuava à procura da pequena e acabada cabana na qual estivera acampando na última vez.

Sua marca arde novamente. O pentagrama agora tinha uma ardência maior do que antes. A sensação era a de que haviam encostado a ponta de um ferro quente em sua garganta.
Noite se curva para frente e fica parada, sentindo a dor.

- Bom dia senhorita. – A garota ouve uma voz.

A ardência some. Ela olha ao seu redor, mas não vê nada por conta da escuridão.

- Quem é? – Ela pergunta.

- Sou Tyler, é um prazer. – A voz diz.

Noite olha ao redor novamente e não consegue ver nada. O espelho que Lili lhe dera brilha numa fraca luz dourada. A garota então o usa para procurar a origem da voz.

- Sou Noite. – Ela diz. – Onde você está Tyler?

- Embaixo, senhorita. – A voz repete.

Noite aponta a fraca luz dourada para o chão e então vê: Um pequeno ouriço.

- Oh, olá. – Noite diz ao ver o animal.

- Prazer, senhorita. – O ouriço responde. – Se não for muito incômodo, a senhorita poderia fazer o favor de me ajudar? Céus, eu não sei como fui cair numa situação destas.

Noite sorri.

 “Ele fala. E fala muito bem.” Pensa a garota.

Noite tira a pequena pedra que prendia uma das patas do animal.

- Oh, finalmente. A senhorita não faz ideia do que passei aqui. Senti medo de ser pego por uma dessas rudes corujas.  – Diz o ouriço.

- Tyler, não é? – Noite pergunta.

- Oh sim, claro. Pode me chamar de Tyler. Você disse que seu nome é Noite, estou certo? – Pergunta.

- É sim. – A garota responde.

- Ora, mas que nome mais exótico. – Tyler diz.

O pequeno ouriço tenta caminhar, mas sem sucesso.

- Céus, eu acho que estou debilitado. – Diz o pequeno ouriço.

 - Como assim? – Pergunta Noite.

- Não consigo caminhar direito. – Tyler responde.

Noite aproxima a mão do pequeno animal que a repreende.

- Ora, não seja boba senhorita. Eu tenho espinhos! – Ele diz.

- Mas como vou lhe ajudar se não posso te tocar? – Pergunta a menina.

- Deixe-me aqui, senhorita. Com certeza darei um jeito. E se eu não conseguir, pois bem, é o meu fim. Animais morrem todos os dias. – Responde Tyler.

A garota então começa a procurar algo para tentar ajudar o pequeno animal e encontra uma das folhas parecidas com rostos. Eram espessas e grandes, como se fossem tábuas ou algo assim.

- Aqui, suba. – Noite diz colocando a folha no chão, ao lado de Tyler.

- Oh, grato. – Diz o ouriço.

Noite então leva consigo o pequeno ouriço em cima de uma tábua.

- Você sabe onde tem uma velha cabana abandona por aqui, Tyler? – Noite pergunta.

- Presumo que a senhorita esteja falando da cabana dos velhos Wood. – Diz o ouriço. – Ela está abandonada há quase 100 anos, senhorita.

- Ah, você por acaso saberia o caminho até lá? – A garota pergunta.

- Felizmente sim. Porém, senhorita, dizem que aquele lugar é amaldiçoado e assombrado, por isso ninguém nunca vai lá.

Noite suspira.

- Eu realmente não queria ter de ir lá, mas é o meu trabalho. – Diz a garota.

- E, perdão a intromissão, qual é o seu trabalho? – Tyler pergunta sentando-se sobre duas patas em cima da folha-rosto.

- Ah. Na verdade eu também não sei direito. Quer dizer, comecei com ele hoje. – Noite responde.

- Entendo. – Tyler diz. – Bem, siga reto por aqui.

- Você consegue ver neste escuro? – Pergunta Noite.

- Não, não, a minha visão é péssima, senhorita. Sinto os cheiros. – Tyler responde.

Depois de algum tempo caminhando no escuro, Noite avista o barranco no qual caíra quando escapara da casa.

- Temos mesmo de entrar aí, senhorita? – Tyler pergunta.

- Se quiser eu te escondo aqui fora e entro sozinha. – Diz Noite.

- Ah não. Entre pegar uma maldição e ser pego por uma rude coruja, eu prefiro a maldição. – Diz Tyler.

A garota sorri.

- Como vamos subir? – Ela pergunta. – O barranco é muito íngreme.

- Perdão senhorita, escaladas não são o meu forte. – Diz o ouriço.

Noite suspira. Estava escuro demais ali, dentro da floresta. Apenas a fraca luz do espelho não era capaz de iluminar muita coisa.

- Ah, acho que consigo subir por aqui. – Diz noite. – Só que não sei como te levar, Tyler.

A garota caminha até a folha-rosto e encara Tyler.

- Vou te levar na cabeça. – Ela diz.

- Ah, minha senhora, acho que isso não é uma boa ideia. – Diz Tyler.

- Mas é a única maneira d’eu conseguir te levar comigo.

Noite levanta a folha-rosto até a cabeça. Tyler, com muita dificuldade, sobe nos longos cabelos morenos de Noite.

- Segure-se. – Diz a garota.

Ela segura o espelho da rosa dos ventos entre os dentes e começa a subir o barranco. Seus dedos fincavam na terra úmida dali. A dificuldade não era grande, mas se ela caísse Tyler se machucaria.

- Você não escala tão mal, senhorita. – Diz o ouriço.

- Eu já fui escoteira. – Noite diz.

- Perdoe a minha maneira leiga de ser, mas o que é “escoteira”? – Tyler pergunta.

- Ah... – Noite diz, agarrando-se a uma raiz. – Outra hora eu te digo.

Depois de pouco tempo, Noite e Tyler já estão em frente ao velho barraco.

- Bem, é aqui. – Diz a garota. – Me lembro dessa parte, quando entrei aqui.

- Oh, a senhorita já esteve aqui? – Tyler pergunta.

- Já sim, quando teve aquela tempestade de ontem. – Ela diz.

- Perdoe-me, mas ontem não houve nenhuma tempestade. – Diz o ouriço.

- Não? – A garota pergunta. – Então quando foi?

- Há quatro dias. – Tyler responde.

Noite engole seco.

“Dormi por quatro dias?” Ela pensa.

- Bem, vamos entrando. – Noite diz.

O barraco era velho. O telhado, que em algum momento existira, agora era consumido por vinhas e pedaços de madeira. Havia poucos lugares cobertos.

Um vento gelado sopra, parecendo vir de dentro do próprio barraco.

- Por que hesita em entrar, senhorita? – O ouriço pergunta.

- Tive maus momentos ai. – Responde a menina.

A porta range ao abrir. Noite esperava ver a figura da menina fantasma, mas tudo o que vê é o interior úmido e sujo do barraco.

- Não há nada aqui. – Diz Tyler. – Por que viera até aqui?

- Também não sei.  – Diz Noite.

A garota entra na cabana e caminha por lá.

Nada.

- Senhorita, não entendo o que se passa. – Pergunta Tyler.

- Nem eu. – Diz Noite.

A garota observa os tocos, que ela usara pra acender a lareira da última vez que estivera ali, espalhados pelo lugar.

- Acho melhor irmos. – Diz Tyler.

- Certo. – Noite responde.

Noite passa em frente à lareira e se lembra de quando vira algo escrito nela.

- Tyler, você sabe ler? – Noite pergunta.

- Note, senhorita, que antes eu lhe disse que minha visão é muito ruim. – Diz o ouriço.

- Ah sim...

- Mas isso não me impediu de ter bons estudos sobre várias línguas, algumas delas até não mais faladas; Idiomas mortos. – Diz Tyler.

Noite sorri.

- Onde estudou tudo isso? – A garota pergunta.

- O meu antigo criador, ou deveria chama-lo de pai? – Tyler entra numa reflexão. – Enfim, o meu pai...

- Outra vez menina? – Uma voz vinda de algum lugar interrompe Tyler.

- Oh céus, estavam certos! É assombrado. – Diz o ouriço.

Noite olha ao redor.

- Desculpe, tive que voltar. – Ela diz.

O lugar parece ficar mais frio.

- Por que não me deixam em paz? – A voz da garota fantasma pergunta.

- Eu juro que não era a minha intenção te perturbar, mas fui enviada pra cá. – Noite responde.

- Para quê? – A voz pergunta.

- Eu também não sei. – Noite responde.

E, mais uma vez, um balé fantasmagórico ocorre e a figura da pequena garota fantasma aparece a alguns metros na frente de Noite.

- Deixe-me a sós. – Diz a fantasma.

- Eu... – Noite não sabia o que fazer. – Como se chama?

Silêncio.

- Nomes tem poder, menina. – Diz a criança.

“Segunda... ‘Pessoa’ que me diz isso por aqui.” Pensa Noite.

- Eu me chamo Noite. – Diz a garota. – Como se chama?

- Talita. – Diz a criança. O velho barraco treme.

- Oh céus, vamos morrer. Eu preferiria morrer para as deselangantes corujas. – Diz Tyler agarrado aos cabelos de Noite.

A marca que Noite tinha em seu pescoço começa a arder.

- Você tem uma marca. – Diz Talita.

- Você sabe o que é isso? – Pergunta Noite.

- O débito. – Diz a criança. – Está em débito com quem?

Noite tenta pronunciar o nome de Lili, mas não consegue.

- Entendo, é alguém desse tipo. – Diz a criança. – Vá embora, menina.

- Por que é que você ainda está aqui? – Pergunta Noite.

A figura some e logo reaparece à frente de Noite. Os buracos onde os olhos deviam estar estavam encarando a garota.

- Não sei. – Diz a fantasma. – Vá embora!

A casa treme.

- Talita... – Noite diz. – Eu não faço ideia de como vim parar aqui em... Aqui, em Lugar Algum. Não sei onde está a minha irmã e muito menos não sei o que tenho que fazer aqui.

Talita permanecia parada.

- Eu só... Só preciso saber de algo! Algo significante. – Noite diz, como um pedido de ajuda.  – Eu não entendo o que está acontecendo.

- Caminhe até a lareira. – Diz Talita.

Noite faz o que fora pedido.

- Toque na frase. – A garota fantasma diz mais uma vez.

- Senhorita, não acho que seja uma boa ideia seguir ordens de um ser não vivo... – Diz Tyler.

Noite toca as estranhas letras cravadas nos tijolos da lareira intacta do barraco. Seu corpo esquenta, a marca que havia em seu pescoço doía como se estivessem a perfurando com ferro quente.

“Bem-vinda ao meu inferno.” – Diz a voz de Talita.

- Oh céus! Senhorita! – Tyler diz cutucando a cabeça de Noite.

Escuro.

O velho barraco agora era uma casa aconchegante. A lareira estava acesa, a luz amarelada do Sol de fim de tarde entrava pela janela.
Havia uma criança deitada à cama. Seus cabelos eram longos e loiros. Em sua testa havia uma toalha encharcada em água. Cobertores de pele estavam sobre seu corpo.
 

Uma jovem moça estava sentada à mesa, tricotando algo.
Noite podia sentir o intenso calor que a criança emanava. Noite conseguia sentir a febre exorbitante que a menina tinha.

“Sou uma espectadora.” Pensa Noite.

A jovem mulher, também loira, cantarolava uma canção enquanto terminava seu tricô. Ela se levanta da cadeira de madeira, caminha até a criança, torce o pano úmido num balde e o encharca com água fresca. Assim que a mulher o coloca na testa da garota Noite consegue sentir um pouco do calor se dissipando.

- Mãe... – A garota diz.

- Sim querida? – Pergunta a mulher.

- Eu vou morrer? – Pergunta a garota.

A mãe fica em silêncio por um curto segundo.

- Não seja boba, Talita. – Diz a mulher. – Claro que não. Sua febre logo passa. Agora fique quietinha.

Ouve-se batidas à porta. A mulher caminha até lá e a abre. Ela sai da casa.

Agora, dentro da cabana, Talita tentava dormir.

Do lado de fora se via a mulher e, à sua frente, algumas dezenas de homens.

- O que querem? – Pergunta a mulher.

- Você sabe o que queremos Bárbara. – Diz um velho de barba esbranquiçada.

Silêncio.

A floresta que Noite vira indo para o barraco não existia. Uma pequena vila consistia o local.
Todos os homens carregavam consigo espadas, arco-e-flecha e facões.

- Já disse que a menina não tem culpa. - Diz Bárbara.

- Mate a mãe da Besta também! – Um dos homens grita.

Todos se agitam, mas recuam ao ver o sinal do velho homem de barba branca.

O Sol se punha. A maior parte das casas do vilarejo estava trancada. Ouviam-se o piar de alguns pássaros.

- Minha filha está doente. – Diz a mãe. – E não merece ser chamada de Besta por homens como vocês.

Os homens se agitam novamente.

- Por favor, Claus, ela é só uma criança! – Diz a mãe.

- Desculpe Bárbara. Você ouviu o que disse a vidente. – Diz o velho. – Saia da frente.

Bárbara, a mãe, fecha os punhos e encara todos os homens.

- O que será de uma mãe que não dá a vida por sua cria? – Diz Bárbara.

Os homens riem.

Bárbara, num ato desesperado, se joga em cima de Claus, o arranhando no rosto e o segurando.

Os homens riem novamente e a tiram de cima do velho. Bárbara é jogada no chão de terra. Claus abre a porta da casa.

- Mãe? – Talita pergunta com uma voz fraca.

Os homens esperam na parte de fora, observando Claus entrar na casa com um facão.

- Que Deus tenha piedade da sua alma, criança. – Diz o velho.

- Tio Claus? Onde está mamãe? – Pergunta Talita.

O velho hesita.

Bárbara corre pra dentro de sua casa.

Noite sentia um medo exorbitante, vindo de Talita.

- Corra filha! – Diz Bárbara.

A criança não se move, por fraqueza e por medo.

O velho vira-se para Bárbara e a chuta. A mulher cai ao chão.

- Não faça isso ser pior Bárbara! – Diz Claus.

Um dos homens entra na casa e levanta a mulher pelos cabelos.

- Mãe! – Talita grita.

Bárbara agarrava-se ao braço do homem que a levantava. Ela podia ver, de relance, o facão que ele carregava.
Numa final tentativa, Bárbara pega o facão e o atravessa no abdômen do homem que a segurava pelos cabelos. Sangue escorria pelo corpo inanimado que caía no chão da casa, perto à porta.

- Bárbara! – Grita Claus.

- Vadia! – Um dos homens de Claus entra na casa.

Bárbara tenta golpeá-lo com o facão, mas a falta de habilidade da mulher a impossibilitava de qualquer tentativa. Foram necessários 3 homens para contê-la.

- Claus, é a sua sobrinha! Sangue do seu sangue! – Grita a mulher.

- Mãe! Soltem a minha mãe! – Gritava Talita, em prantos.

O medo que Noite sentia apenas aumentava. “Mas o que está acontecendo? Por que estão fazendo isso?” Ela pensa.

- O mal não está no nosso sangue Bárbara! – Grita Claus. – Cortem a garganta dela, assim não terá mais a chance de gerar outra Besta.

Um dos homens passa uma faca na garganta de Bárbara. O sangue carmesim jorrava no chão da casa.

- Que desperdício. – Diz o homem que cortara o pescoço de Bárbara.

O fogo da lareira queimava, crepitava.

“Por quê?!” Noite pensava. A sensação de medo que a garota sentia tornou-se, em segundos, em ódio.

Talita já não estava mais na cama.

Claus gritava. A criança cravara os dentes em sua jugular.

O velho caía ao chão. Talita tinha sangue em sua boca, seus olhos, de um cinza impressionante, encaravam com ódio todos os homens ali.

- Matem a Besta! – Grita um dos homens.

Um por um, os homens tentavam entrar na casa.

Talita tinha em suas mãos a agulha de tricô de sua mãe.

- Vadiazinha! – Diz um dos homens tentando acertar a criança com um grande garfo de campo.

Talita crava a agulha no olho esquerdo do bastardo, que cai inerte ao chão.

Um por um os homens iam caindo, todos sendo atacados pela pequena criança.

Eles recuam, dentro da casa não conseguiriam nada.

O ódio que noite sentia estava sendo consumido por algo maior. Carnificina.

A criança corre atrás dos homens feito um animal, em quatro patas.

“Matem a Besta!” Gritavam os homens.

O Sol já havia se posto.

Uma flecha atravessa o ombro de Talita. Noite sente a dor como se houvesse perfurado seu próprio ombro.

Talita rola ao chão. O homem que matara sua mãe tenta a acertar com a faca, em vão. A garota desencrava a flecha de seu próprio ombro e a fincara nas partes baixas do homem, que cai ao chão gritando de dor.

Após um tempo, quatro homens conseguiram conter a menina.

- Corta logo o pescoço dessa putinha! – Um dos homens que tivera a orelha mastigada pela criança diz.

- O que veio do fogo, para o fogo há de ir. – Diz uma voz velha e carregada de sabedoria.

Todos encaram a figura: Uma velha vestida de branco dos pés à cabeça. Seu olhar parecia penetrar a alma de cada um ali presente.

“Quem é essa?” Pensa Noite.

Tochas acesas. Palha e madeira colocadas no lugar. Uma corda amarrando Talita á uma estaca presa ao chão.
Os corpos de 12 homens foram colocados junto à palha, assim como o corpo de Bárbara e Claus.

- Matem a Besta! – Gritavam as pessoas.

Todo o pequeno vilarejo estava presente para ver aquela criança queimar.

- Vocês mataram a minha mãe! – Gritou Talita.

Ninguém a ouvia.

O sentimento de ódio agora se transformara em angústia e imensa tristeza, na qual Noite conseguia sentir perfeitamente.

“É o mesmo que senti pouco tempo depois de chegar aqui e relembrar da morte da minha mãe.” Pensa Noite.

Um aldeão joga uma tocha na palha, que incendeia em segundos.

Todo e qualquer sentimento ruim começa a sumir.

- Te vejo logo, mamãe. – Talita sussurra pra si mesma, olhando para o céu estrelado daquela noite maldita.

- Não. – Diz a velha voz.

A criança encara a velha de branco.

- O que veio do fogo, para o fogo há de ir. Nem céu nem inferno, pra nenhum desses lugares poderá partir. Nesta terra teu pó ficará e neste mundo você residirá, a fim de nunca reencarnar. Tua alma irá vagar. Deste momento até o infinito. – Diz a velha.

O fogo atinge Talita.

A dor era exorbitante. A criança gritava. Sua pele queimava aos poucos. Os cabelos foram os primeiros, logo em seguida os olhos, que derreteram em questão de pouco tempo.
 

Noite sente tudo aquilo como se fosse em si mesma.

- Senhorita! – Grita Tyler. – O que há?!

Noite estava gritando dentro da cabana vazia. Tyler ainda estava em seus cabelos. Lágrimas escorriam dos olhos da garota.

- Senhorita Noite? – Tyler volta a dizer.

- Eu... – Noite não consegue falar nada.

Silêncio.

- Todo o pó que restou fora jogado nessa lareira, logo depois escreveram isto no tijolo. Algum encanto. – Diz Talita.

Noite vê a figura fantasmagórica e chora.

- Por quê? – A garota pergunta à Talita.

- Me pergunto isso há milênios. – A menina diz. – E infelizmente, até hoje não achei a resposta.


Notas Finais


Espero mesmo que tenham gostado. Logo vem mais! See ya!


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