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História Memento Mori - Eu tenho um nome. (A outra irmã).


Escrita por: ForsakenBoy

Notas do Autor


Oe Oe, como vão? Esse cap. é menor do que os costumeiros porque decidi contar, meio que em partes, a história da outra irmã também. Enfim, logo sai o cap. da saga principal.
Boa leitura!

Capítulo 4 - Eu tenho um nome. (A outra irmã).


Eu já não sabia mais o que fazer e já havia desistido de perguntar às pessoas onde eu estava. Nenhuma delas falava a mesma língua que eu, e isso começava a me desesperar.

Caminhava por uma pequena vila, onde as pessoas me olhavam torto, como se eu fosse uma aberração. Todos se vestiam de maneira engraçada, como se estivessem voltado no tempo.
As casas eram pequenas, feitas de uma pedra branca assemelhando-se ao mármore. Depois de muito caminhar decidi parar à beira de um rio que ficava perto da vila.
 

Tirei minhas sapatilhas e coloquei os pés na água gelada. Uma mulher de cabelos dourados lavava roupas à margem do rio. Ela não me olhava de maneira estranha, como todos os outros faziam.
Essa mulher tentara falar comigo, mas eu ainda não conseguia entender aquela estanha língua.

“Bárbara” – Diz a mulher apontando para si mesma.

- Marcela. – Digo.

A mulher sorri e continua lavando as roupas. Ela diz mais algumas coisas, pega o balde com as roupas molhadas e saí andando em direção à vila.

Olho para o céu azul, que estava banhado em nuvens esbranquiçadas.

- Vai chover. – Resmungo para mim mesmo.

E eu, de certa forma, sabia que realmente iria chover.

Começo a me recordar do momento em que cheguei a este estranho lugar; Logo após Elizabeth tocar minhas mãos tudo escureceu. Não sei se aquilo foi um sonho e isto é somente a continuação dele, mas tenho a sensação de que é a realidade, mesmo que seja dolorida.

Lembro-me da cor vermelho-escuro que a faca daquela sombra tinha.

Suspiro.

Adentro o rio, com as minhas sujas roupas. Mergulho.

Dentro d’água eu podia pensar melhor.

Quando cheguei aqui, minhas roupas cheiravam à brasa.

Subo de volta à superfície do rio. Tiro um pouco d’água de meus cabelos.

- No segundo dia, da segunda era, a “electi” chegaria apareceria. – Disse uma voz aconchegante.

Olho para trás e vejo um homem vestido de terno e com uma linda gravata vermelha.  Seus cabelos bagunçados eram charmosos, e seu olhar – penetrante.

- Quem é você? – Pergunto.

- Alguém no mundo. – Diz o homem.

- Como se chama?- Volto a perguntar.

- Nomes tem poder, “electi”. – Ele responde.

- Você sabe falar a minha língua. – Digo.

- Sei falar muitas línguas. – Ele responde.

- Sou Marcela. – Digo. – Como se chama?

O homem sorri.

- Creio que você pode me chamar de Sam, criança. – Diz ele.

- Certo, Sam... Onde estou? – Pergunto.

- Em Lugar Nenhum. – Diz ele.

- Isso é balela. – Digo. – Onde estamos?

- Já disse: Lugar Nenhum.

Silêncio. Suspiro.

- Não é um sonho não é? – Pergunto.

- Não, criança.

- Onde fica esse “Lugar Nenhum”?

- Em Algum Lugar. – Ele responde.

Solto uma curta risada.

- Onde está minha irmã? – Pergunto.

Silêncio.

- Você tem uma irmã, senhorita? – Pergunta Sam.

- Tenho. Ela é idêntica a mim. – Digo. – Quer dizer, somos gêmeas. Ela... Ela só não é ruiva.

Sam ajeita sua gravata.

- Peço para que me acompanhe senhorita. – Ele diz.

- Para onde? – Pergunto.

- Vamos até meus aposentos. – Ele diz.

Recuo.

- Posso lhe assegurar que não irei fazer-te mal. – Sam diz.

Ouço o som de passos. Era Bárbara, ela trazia consigo uma cesta.

Olho para onde Sam estava, porém nada havia ali além de vegetação.

Bárbara senta-se ao meu lado e me entrega um pão.

- Obrigada. – Digo, fazendo uma pequena reverência.

Bárbara sorri.

Depois de pouco tempo ela diz algo e me entrega a cesta. Agradeço novamente com uma reverência.

Bárbara caminha de volta à pequena vila.

O céu vai escurecendo. Havia alguns pães e também frutas dentro da cesta.

Finalmente chega a chuva.  Procuro abrigo em alguma casa da vila, mas ninguém estava disposto a fazer isso.

Depois de um tempo correndo da chuva, evitando estragar meus pães, encontro uma pequena gruta perto do rio que estive. Encaro meus pés molhados. Havia esquecido minhas sapatilhas também perto das margens do rio.

Suspiro. Pego uma maçã e mordisco. Ouço um barulho mais ao fundo da gruta.

- Têm alguém aí? – Pergunto.

Minha voz ecoa. Nenhuma resposta.

Volto a comer minha maçã.

Observo os pingos de chuva tocando as folhas de cada uma das estranhas árvores.

Ouço o mesmo barulho mais uma vez.

- Quem está aí?! – Grito novamente.

Eu sabia que ninguém daquele lugar compreendia minha língua. Mas se Sam conseguia me entender, alguém mais também havia de fazê-lo.

Ouço o som de algo se arrastando.  Me distancio juntamente com a cesta.

Logo a coisa atinge a luz:

Um ser acinzentado, com curtas pernas e patas ao lugar de pés. Seus braços eram longos e os dedos de suas mãos eram finos com unhas afiadas. Ele se arrastava em minha direção. Seu crânio era pequeno e deformado.

Ele emitia um som estranho. Eu o encarava. Seus olhos me olhavam com certa súplica.

- O que é você? – Pergunto à coisa.

A coisa emite um som que penso ser uma risada. Logo uma densa fumaça negra emerge dela e então vejo Sam.

- Mas...

- Criança. – Diz Sam, arrumando sua gravata. Ele me encara nos olhos, e a sensação de que eu tenho é a que tenho apenas que ouvi-lo.

- Sim?

- Diga-me, sabe o porquê está aqui? – Ele pergunta.

- Não sei. – Respondo.

- Porque sua irmã a abandonou.

Isso não fazia sentido para mim. Não fazia sentido nenhum, pois Elizabeth sempre me ajudara.

- Pense criança: Ela tinha inveja de você. Sempre teve. Armou tudo e te enviou para cá. – Diz Sam.

Algumas lembranças passam-se em minha cabeça; Todas relacionadas à brigas que tive com Elizabeth.

- Agora vê, criança? – Pergunta Sam. – Ela a queria fora do seu caminho. E o que fazemos com esse tipo de pessoa?

Minha cabeça não raciocinava direito, apenas se passava a tristeza e o ódio dentro de meu coração.

- Nos...

- Vingamos. – Diz Sam, me interrompendo. – Exatamente.

- Mas Elizabeth é minha irmã...

- Ela a deixou à mercê num mundo estranho. Ela a trouxe pra cá. Acha mesmo que ela se importou com o fato de ser sua irmã? – Diz Sam. – Ela apenas queria que você desaparecesse. Mas você irá retornar e vinga-se.

Aceno positivamente com a cabeça.

- Agora venha criança, dê-me a mão. Levar-te-ei aos meus aposentos. – Diz Sam me estendendo sua mão.

 Toco na mão dele e o cenário ao meu redor parece derreter-se. Tudo o que era pedra, mata, chuva ou árvore se transforma em madeira de mogno, lareira, mesas, paredes; Tudo se transforma numa aconchegante casa.

- Onde estamos? – Pergunto.

- Em meus aposentos. – Ele diz.

Em cima de uma poltrona vermelha, perto à lareira, havia uma roupa. Na mesa ao lado havia algumas comidas nas quais pareciam apetitosas. Solto minha cesta de pães ao chão.

- Troque-se. Quando precisar de mim, chame-me. – Diz Sam desaparecendo na mesma densa fumaça negra.

Tiro minhas roupas em frente à lareira. Eu estava encharcada. Seco-me com uma toalha que havia junto das roupas e depois as visto.

Como algumas coisas do pequeno banquete e olho ao redor. O quarto era grande com uma pequena estante de livros e uma cama enorme.

Passo minha mão por cada um dos livros. Sento-me à cama.

Alguém bate à porta.

- Entre. – Digo.

Era Sam, trazendo consigo um grande livro.

- Você está em débito. – Ele diz, sentando-se ao meu lado.

- E o que seria isso? – Pergunto.

- Nada muito gritante. Apenas algo usual; A regra é essa. Faça algumas coisas por mim e logo estará livre do débito.

- O que farei? – Pergunto.

- Logo irá saber, electi. – Diz Sam.

- Para que o livro?

- Quero que veja isto. – Ele diz abrindo o grande livro.

Eram muitas gravuras.

- O apocalipse. – Diz Sam.

Anjos e demônios lutavam entre sim. Humanos reverenciando, gritando, lutando, morrendo, amando, chorando, sofrendo, sentindo...

- É isso que nos espera, electi. – Diz Sam.

- Irei morrer como eles? – Pergunto apontando para a figura de uma mulher caída ao chão.

Sam sorri.

- Não. – Diz ele. – Você irá governar igual a ela;

Sam aponta para um ser angelical, de longas asas negras. Ela estava acima de tudo e de todos.

- Ouvi dizer que não existiam anjos mulheres. – Digo.

- Não existem. – Sam diz. – Ainda.

Ele fecha o livro e o coloca em cima de um criado-mudo ao lado da grande cama.

- Agora durma criança. Durma para que amanhã possa começar teus afazeres. – Sam diz e começa a cantarolar uma canção que soa como uma canção de ninar para mim.

Meus olhos pesam. Logo não estou mais acordada.

Escuro.

“Como se chama?” - Uma voz me pergunta.

- Marcela. – Respondo.

“Você está em débito.” – A voz diz.

- Estou. – Digo.

“Não é mais merecedora deste nome. Agora você se chama Eclipse.” – A voz volta a dizer.

- Aceito de bom grado. – Digo.

“Pague o débito e tenha seu nome de volta.”

Escuro. Silêncio.

Acordo num rompante. Olho ao redor; Eu ainda estava no quarto. A lareira estava apagada. O grande livro ainda estava ao meu lado.

- Sam? – Digo.

A porta do quarto se abre.

- Olá criança. – Ele diz. – Venha para o desjejum.

O acompanho pela casa. Sento-me à mesa.

Comíamos em silêncio, até que Sam me pergunta.

- Criança, diga-me: Qual o seu nome?

Tomo um gole do suco de amora que coloquei em meu copo e o encaro.

Eu sabia da resposta. Mas hesitava em lhe dizer.

- Eclipse. – Respondo.

Sam sorri e me leva até um espelho.

Consigo ver minha figura magricela, alta e de longos cabelos ruivos. Meus olhos estavam mais vivos do que de costume; O castanho claro, quase que mel, estava vivo.  Em minha testa havia um pentagrama, bem no centro. Ele doía, ardia. Mas não era algo com o que se preocupar.

- Preciso te ensinar algumas coisas, criança. – Diz Sam.

- Eu tenho um nome, não me chama de criança. – Digo. – Me chame de Eclipse. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, nessa madrugada ainda sai outro da história principal.
See ya!


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