- Céus, você está um trapo que só! – Diz o garoto.
Noite olha para baixo e vê os joelhos ralados, os cabelos desarrumados por conta da corrida e percebe-se ofegante.
- Diz ai, Noite. – Dia fala. – Quem é seu mentor?
A garota encara confusa o Dia.
- Quando você chegou aqui? – Pergunta ele.
- Não sei ao certo. Um pouco mais de uma semana. – Responde Noite.
O garoto ri novamente.
- Chega mais, vamos descansar. Você tá realmente precisando. – Dia Diz.
Ele começa a caminhar, Noite o segue em silêncio.
Os dois logo estão sentados numa mesa, dentro do bar sem paredes da cidade fantasma.
- Então, você não me respondeu. – Diz Dia.
- O quê? – Pergunta Noite.
- Quem é o seu mentor. – O garoto diz.
Dia fica em silêncio.
- Você é uma devedora não é? – Pergunta Dia. – Quer dizer, você tem uma marca de débito.
- Ah. Lili me ajudou quando cheguei aqui. – Diz Noite.
O garoto sussurra algumas palavras e em cima da mesa aparece uma mochila.
- Toma, come algo. – Dia diz entregando uma barra de cereal para Noite.
A menina mordisca a barra. Era mesmo uma daquelas da Terra, uma barra normal.
- Como você chegou aqui? – Pergunta Dia.
- Eu não sei. – Responde Noite.
- Caramba guria, você está com problemas. – Diz o garoto, sorrindo. – A minha mentora se chama Levi. É uma velha feia e rabugenta.
Noite sorri. Dia curva-se pra frente dizendo “ai... ai!”
- O que foi? – Pergunta Noite.
- Nada, é que a Levi não gosta quando eu chamo ela de velha rabugenta. – Dia responde. – Sua marca é interessante. Por que entrou em débito?
- Fui salva por Lili. – Diz Noite. – Achei que Lili era uma velhinha simpática, mas há pouco ela apareceu como uma linda moça.
- Eu queria que a Levi fosse uma linda moça. – Diz Dia.
Ele se curva para frente e começa a reclamar outra vez.
- Tá bem! Tá bem! Parei de sacanear com você, Levi! – Ele diz.
Noite o encara.
- Você realmente não entende nada do que está acontecendo aqui não é? – Pergunta Dia.
Noite confirma acenando positivamente a cabeça.
- Bem, meio que a Levi sabe o que eu digo por causa da minha marca de débito. – Diz Dia. – Assim como a Lili está te ouvindo agora.
Noite coloca a mão em cima da marca, involuntariamente.
- Está aqui há quanto tempo? – Pergunta Noite.
- Hum... Acho que há uns meses. – Dia responde.
- E entrou em débito por quê? – Noite volta a perguntar, mordiscando a barra de cereal.
- Bem, eu estava na pior quando cheguei aqui. Não tinha o que comer, nem o que vestir e não falava a língua das pessoas daqui. Daí conheci a Levi e ela me ajudou a entender melhor as coisas. E então acabei ficando em débito. – Dia diz.
“Ele está bem relaxado pra alguém que está em Lugar Nenhum.” Pensa Noite.
Dia ri.
- É que eu já me acostumei com esse lugar estranho. – Dia responde. – Aliás, é muito fácil ouvir seus pensamentos.
Noite faz uma careta.
- Olha, eu não gostava quando Lili ouvia meus pensamentos. Assim como não gosto que você o faça. – Diz Noite.
Dia sorri.
- Juro que vou tentar não ouvir. – Diz o garoto. – Afinal, por que é que você está aqui?
- Preciso seguir a direção da estrela d’alva. – Noite responde. – E você?
- Preciso te seguir. – Diz Dia.
Silêncio.
- Como é? – Pergunta Noite.
- É. Fui designado pra seguinte tarefa: “Quando chegar à cidade, você irá salvar uma garota. A partir daí sua missão é acompanha-la.”
- Sua mentora te disse isso? – Noite pergunta novamente.
- Uhum. – Diz Dia, tirando uma barra de cereal pra ele. – Assim, o que é que você não sabe desse mundo?
Noite suspira.
- Tudo. – A garota diz. – Não sei tudo.
Dia ri.
- Calma! – Ele diz. – Vamos pelo essencial: Você é uma devedora. Devedores entram em débito por alguma razão, isso é óbvio. Quando o débito é pago o devedor fica livre pra sair. Enquanto o débito existir, o devedor tem que fazer o que seu mentor ou mentora designa como missão.
Dia morde a barra de cereal.
- Entendeu essa parte? – Ele pergunta.
- Mais ou menos... Você disse que ficamos livres pra sair. Mas sair da onde? – Pergunta Noite.
- Daqui, de Lugar Nenhum. Quer dizer, isso ainda é meio vago pra todos os devedores. – Dia responde.
- Há outros? – Pergunta Noite.
- E como! – Dia diz sorrindo. – Por isso não é muito legal ficar andando só por aí. Você poderia encontrar com um devedor que tem a tarefa de te matar, por exemplo.
- E essas tarefas existem? A de... A de matar outros devedores? – Pergunta Noite.
- Nunca soube de uma dessas, mas pode ser que exista. – Dia diz. – Mas sei que há devedores que matam pra poder pegar a sua mana espiritual.
Noite encara o rapaz.
- Você não sabe o que é mana espiritual não é? – Dia pergunta. – Céus, que mentora de bosta!
A marca de Noite arde.
- Ela não gostou disso. – Diz Noite.
- Foi mal erm... Lili. É o impulso. – Diz o garoto. – Enfim. Mana espiritual é o que você usa pra poder executar os teus feitiços. Você saber usar feitiços não é?
- Sei! – Diz Noite, braba. – Quer dizer. Mais ou menos.
Dia sorri.
- Fica tranquila. Sua mana espiritual é muito fraca, não valeria a pena consumi-la.
Noite abaixa a cabeça.
- Então. Logo logo aquele demônio vai voltar aqui e a gente tem que dar um jeito nele e de vez. – Diz Dia. – A gente não consegue sair da cidade porque esse vadio amaldiçoou esse lado todo de Lugar Nenhum.
Noite suspira.
- Você por acaso não viu uma menina fantasma por aí? – Ela pergunta.
- Vi. Tem várias na cidade. – Diz Dia.
- Não... Quer dizer... Uma menina fantasma que não tem olhos. – Noite diz.
- Credo! Que tosco. Eu hein, não quero ver isso não. – Diz Dia.
Noite sorri.
“Se Talita estivesse aqui provavelmente ficaria braba com ele.” Pensa a menina.
Dia sorri com o canto da boca, mas não diz nada.
- Bem, acabou o descanso. – Diz o garoto. – Bora foder esse filho da puta.
A chão treme. O urro que antes fora ouvido por Noite mais uma vez ecoa pela cidade. Os fantasmas começam a agir estranhamente.
- Filho da puta! – Diz Dia, fazendo sua mochila desaparecer.
- Você... Você sabe como matar essa coisa? – Pergunta Noite.
- Nem fodendo! – Diz Dia sorrindo. – Eu nunca matei um demônio.
Noite suspira e ajeita sua bolsa de couro.
- Senhorita, prefiro que corramos ao invés de lutar. Creio que uma boa noite de descanso faria com que a batalha fosse melhor para vocês. – Diz Tyler, colocando a cabeça para fora da bolsa.
- Caralho! – Dia diz. – Você tem a porra de um ouriço que fala. Isso é muito maneiro.
- Senhor, tenha modos! – Diz Tyler à Dia.
- E ele ainda é todo pomposo. – o garoto diz.
Do centro da larga rua em frente ao bar sem paredes um enorme buraco se abre no chão. O cheiro de putrefação era insuportável, uma espeça nuvem de fumaça saía de dentro do buraco juntamente com o demônio.
- Olha esse cuzão aí, mais uma vez. – Diz Dia.
- Não adianta matá-lo. Ele sempre volta. – Diz Noite.
- Você já matou ele uma vez? – Pergunta Dia.
- Sim. Quer dizer, não. Ah, é complicado. – Diz Noite.
O demônio urra mais uma vez e novamente a terra treme. Os fantasmas começam a desaparecer, um por um.
“Talita, onde você está?” Pensa Noite.
O demônio começa a correr em direção à Noite e Dia, que estavam parados dentro do bar sem paredes.
- Regra número um: Não morra. – Dia diz. – E regra número dois: Se morrer, não me assombre.
O garoto corre em direção ao demônio, que tenta jogá-lo para longe com seu braço maior.
Dia rola no chão e fica atrás do monstro, que se vira lentamente.
- Tenta flanquear ele! – Grita Dia.
- Eu não sei o que é flanquear! – Noite responde correndo até a rua.
- Porra! Cê é muito burra! – Dia diz.
O monstro pega uma grande pedra e joga em Dia, que consegue desviar com sucesso.
Noite lembra-se do que Talita havia dito sobre o demônio.
- Lucífago Rofocale! – Noite grita.
O demônio vira-se para a garota e a encara.
- Cê sabe o nome dessa coisa?! – Dia pergunta se levantando.
A coisa ainda encarava Noite, imóvel.
- Distraí ele pra mim! – Diz Dia.
- O que? Eu não sei o que fazer! – Noite diz.
Lucífago investe em direção à garota.
- Se vira! – Diz Dia, desaparecendo.
- Ele me deixou sozinha aqui Tyler! – Diz Noite.
- Senhorita, apenas corra! – Diz o ouriço.
Noite corre pela cidade, enquanto é perseguida pelo demônio. Os fantasmas começavam a segui-lo, um por um.
A garota pega seu grimório.
- Por favor, Lili, diz pra mim que tem algo aqui! – Noite diz.
Sua marca brilha num tom roxo-claro.
- Espero que isso tenha sido um sim. – Diz Noite entrando uma casa em ruínas.
A garota se esconde. O monstro urra. A terra treme.
Noite pega seu espelho para iluminar as páginas do grimório enquanto o demônio destrói o resto da casa parte por parte.
“Exorcismo de almas ou demônios.” Noite consegue ler.
- Isso! – Ela sussurra.
“Primeiro passo: Saiba o nome da alma ou do demônio.
Segunda passo: Evoque-o em sua verdadeira forma.
Terceiro passo: Mate o bastardo e o mande direto para o inferno.”
Noite suspira.
“Lili... Isso não ajuda em muita coisa.” Pensa ela.
A garota vira mais algumas páginas, mas não consegue encontrar nada. Ela lembra-se do que Talita recitara enquanto possuía seu corpo.
- Tyler, se isso não der certo a gente vai morrer. - Noite cochicha ao ouriço.
- Oh céus... – Diz Tyler.
Noite corre para fora da casa e vai até o meio da rua.
- Lucífago Rofocale! – Ela grita.
Mais um brado que ecoa pela cidade inteira, agora acompanhado de sussurros das almas que o seguia.
O monstro está frente a frente com Noite, apenas à alguns metros de distância.
- Lucífago Rofocale, aquele que foge da luz. Venha-me a esta terra inteiramente, sacie o meu desejo ardente de poder, finalmente, dar-te um fim obsolente! – Grita Noite.
E então o céu brilha numa intensa cor roxa, jorrando uma torrente de energia em cima do demônio, que grita.
A terra treme muito mais do que o normal, e novamente o buraco putrefato abre-se no chão.
As almas que seguiam o demônio são sugadas para dentro do buraco. A torrente de energia na ainda caía sobre a coisa que gritava.
Noite se desequilibra e cai ao chão, mas sempre observando tudo o que acontece.
- Oh céus... – Tyler diz.
O demônio é sugado pelo buraco. Silêncio.
- O que... O que foi isso? – Pergunta Noite.
- Eu não sei, senhorita. Mas estamos bem. – Diz Tyler.
Um grande vórtice azul aparece atrás de Noite e de dentro dele Dia sai.
- Eu já sei! A gente precisa evocar o demônio e depois... – Dia silencia. – Cadê o filho da puta?
Noite sorri.
- O que cê fez? – Pergunta Dia.
- Evoquei ele. Mas ele não apareceu depois que... Ah, aconteceu umas coisas ai. – Noite responde.
- Porra! Eu voltei pra casa da Levi só pra caçar nos livros. – Dia Diz.
- Bem. Eu tenho um grimório. – Noite diz.
- Por que é que você não falou antes?
- Você não me perguntou. – Noite diz sorrindo.
Dia faz uma careta.
- Burra. – Diz o garoto.
- Grosso. – Noite responde.
O céu que era roxo agora era cinzento. Um relâmpago brilha. Logo após uma chuva de relâmpagos inicia.
- Que. Merda. É. Essa? – Pergunta Dia.
O buraco putrefato aparece novamente, e de dentro dele sai um homem de terno, bengala, monóculo e cartola. Ele caminhava lentamente em direção à dupla que o encarava imóvel.
- Então quer dizer que, depois de milênios, alguém quer atravessar a cidade novamente, não? – O homem com cavanhaque e monóculo diz, olhando para Noite.
- Quem é você? – Pergunta Dia.
- Não é óbvio? Sou Lucífago Rofocale, um conde primeiro-ministro do inferno e detentor de legiões infernais. – Diz o homem se curvando.
Dia encara Noite.
- Olha só. Viu o que cê fez? Cê evocou a porra de um marquês do inferno. E pra piorar tudo: ele é brega pra caralho.
Lucífago encara Noite.
- Electi, você não sabe o que te aguarda. Permita-me lhe dizer que seria mais simples morrer agora e evitar todo um grande problema.
Dia ri.
- Por que é que você não enfia essa bengala no cu? – Pergunta o garoto.
Lucífago silencia.
Num piscar de olhos o demônio estava cara a cara com Dia.
- Filho da... – Dia não consegue terminar a frase, pois o demônio o jogar violentamente para trás com sua bengala.
Dia rola no chão, levantando poeira.
Noite se distância.
- Talita! – A menina grita.
- A fantasma não vai aparecer. – Diz Lucífago.
Noite encara o demônio. Seus olhos eram verde-musgo. Seu sorriso era amarelado e sua estatura era alta e magricela. Havia encardidas luvas brancas em suas mãos e uma bengala preta com um cabo que parecia ser a cabeça de um bobo da corte, moldada em ouro negro.
- Saiba que um toque em minha pele significa sua morte. – Diz Lucífago.
Noite engole em seco.
- Ainda não entendi o porque você não enfiou a bengala na bunda! – Grita Dia, segurando um grande cajado que emanava uma cor azul.
O demônio corre na direção de Dia, que recitava algumas palavras num tom baixo.
- Senhorita, precisamos fazer algo! – Diz Tyler.
A luz azulada brilhou num tom escuro. Dia estava recitando um encantamento.
Noite pega seu grimório e o abre numa das mãos.
- Vamos... Algo de útil! – Ela diz.
O demônio já se aproximava de Dia, então Noite resolve fazer como sempre fez: Resolver as coisas no improviso.
A menina fixa o olhar nos pés de Lucífago que corria em direção à Dia, uma luz roxa emanava de sua mão. A garota então puxa sua mão para trás como se puxasse os próprios pés do demônio, que caí ao chão.
A luz azul que emanava do cajado de Dia fica ainda mais intensa. Uma rajada de algo que se pareciam com grandes flechas azuis voam em direção à Lucífago, que é atingido por cinco delas, deixando em seu tórax marcas pretas de sangue e buracos abertos.
Um grito. O demônio cai de joelhos.
Noite corre até Dia.
- A gente... – Dia diz.
Lucífago começa a rir.
- Nunca fui derrotado, desde a minha queda, e não será hoje que perderei para duas crianças brincando de serem bruxos! – Diz o demônio, se levantando e arrumando o terno.
- Fodeu, Noite! – Dia diz.
O garoto abre um vórtice azul.
- Vem! – Ele diz.
Noite encara Lucífago, que preparava-se para correr em direção à eles.
- Eu preciso conseguir, Dia! – Diz Noite. – Vai você!
Noite vira-se para o demônio. Pequenas esferas roxas começam a aparecer ao redor da garota. Esferas do tamanho de bolinhas de gude. Pouco a pouco já haviam mais de 20 delas flutuando.
Lucífago desaparece. Noite olha ao redor.
- Porra! – Diz Dia, fechando o vórtice.
O demônio reaparece atrás de Noite, que se joga para frente evitando ser atingida pela bengala.
Noite encara Lucifago e todas as esferas roxas voam em direção à ele numa velocidade impressionante. Enquanto isso Dia recitava mais um encantamento, fazendo com que seu cajado brilhasse no tom azul novamente.
- Crianças! Porque não desistem e morrem? Seria mais simples assim! – Diz o demônio sorrindo com seus dentes amarelos.
As pequenas esferas roxas perseguiam Lucígafo, e só paravam quando atingiam o alvo. Noite acompanhava demônio com seus olhos.
- No dia eu ascendo. Na noite, eu aprendo. Do Sol peço forças, da Lua peço paciência. Da natureza peço proteção... – Dia recitava.
Lucífago aparece de repente na frente do garoto, que encarava o demônio sem parar de recitar seu feitiço.
Um brilho roxo aparece ao redor do demônio que é jogado para longe antes de conseguir atingir Dia.
- Acorrente-se! – Grita o garoto.
Grandes correntes reluzentes aparecem novamente prendendo os pés de Lúcifago, que gritava com o brilho da luz.
A terra volta a tremer.
- Viu, seu filho da puta! Agora cê vai morrer! – Diz Dia, sorrindo.
Dia se aproxima de Lucífago e começa a recitar outro feitiço. Noite vê, de relance, um sorriso no rosto do demônio.
- DIA! SAI! – A menina grita.
Um raio atinge as correntes, libertando Lucífago que ergue o garoto pelo pescoço, o estrangulando.
Noite começa a sentir seu coração bater mais forte. Suas mãos tremiam, um calor começa a consumir seu corpo. A marca do débito brilha num tom roxo-escuro.
- Moleque insolente. – Diz o demônio segurando Dia pelo pescoço. – No inferno eu terei o prazer de te torturar todos os dias da eternidade.
Uma grande onda de energia, na cor roxa, atravessa o braço de Lucífago que segurava Dia. O garoto cai no chão, puxando o ar para seus pulmões. O demônio gritava. Um sangue na cor preta, na cor do chorume, saía de seu braço que agora estava no chão.
- VADIA! – Lucífago grita, olhando para seu braço no chão.
Ele corre em direção à Noite. Os olhos da menina mais uma vez brilhavam na cor roxa e seus cabelos flutuavam ao seu redor.
Noite estende sua mão e Lucífago congela no chão. Logo ele começa a flutuar, sendo conduzido por Noite.
O demônio ri.
- Quer dinheiro? – Ele pergunta. – Eu poderia te dar dinheiro! FAMA! Poderia te levar de volta para seu mundo. Eu poderia...
Noite começa a fechar sua mão aos poucos, fazendo com que o pescoço do demônio fosse sendo apertado mais e mais.
- A... sua... mãe... – Diz Lucífago.
Noite para.
O demônio sorri.
- Sim. Sua mãe. – Diz ele. – Eu posso trazê-la de volta.
Noite continua segurando-o em pleno ar.
- Eu posso fazer tudo voltar a ser como sempre foi e isso não passará de um pesadelo. – Diz o demônio.
Sangue negro e fétido jorra no ar. A cabeça de Lucífago jazia no chão. Seu corpo tremia no ar. Suas mãos, que estavam dentro de encardidas luvas brancas, se mexiam algumas vezes. Alguns nervos e músculos se contraíam.
Dia estava parado, encarando Noite.
- Demônio ou não... – Ele diz. – Eu consigo arrancar a cabeça dele com um feitiço.
Noite volta a si, e senta-se exausta no chão.
- Bom trabalho. – Diz Dia. – Se não fosse você eu estaria morto.
Noite sorri.
- Se não fosse você eu estaria morta, então estamos quites. – Diz a menina.
Uma sombra aparece atrás de Dia. Um corpo sem cabeça, agora sem as luvas nas mãos, iria tocá-lo.
Noite sente algo consumir seu corpo. Ela estava possessa por Talita. A fantasma se levanta num impulso rápido e joga o garoto para longe do corpo sem cabeça.
- Mas que merda mais bizarra. – Diz Dia, levantando-se e encarando o corpo de Lucífago se movendo sem a cabeça.
Noite pega a bengala do demônio que estava no chão e a finca no coração do corpo de Lucífago, que em segundos se desfaz em pó.
- Mas que porra mais sinistra. – Diz Dia. – Eu não sabia que você era, sei lá, uma assassina.
Noite sorri, limpando um pingo de sangue negro que caíra em seu rosto.
- A menina não é. – Diz Talita, ainda possuindo o corpo de Noite. – Eu sou.
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