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História Memórias de Tinta - Capítulo Único


Escrita por: vernope

Notas do Autor


OLÁÁÁ GENTE BONITA

Pois é, eu tenho duas fics pra atualizar mas o que eu fiz? Isso mesmo, li um angst au na internet e chorei/escrevi ele a madrugada inteira passada, essa é a minha vida, esse é meu clube.

Primeira fic jihan que eu escrevo e foi logo angst, me perdoa, um dia quem sabe eu mudo. Mandar um agradecimento especial as anjinhas do meu coração, que sempre me ajudam e me incentivam a escrever: Fifs, Eirin e Lele eu <3 vcs, lindas!!!

Bom, eu não revisei o suficiente essa fic, confesso, então por favor me digam qualquer erro? Sem mais, boa leitura~

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fogo. Não importava para onde Jeonghan olhava, tudo que seus olhos eram capazes de captar resumia-se as labaredas brilhantes que rodeavam o andar do prédio que estava. Cinco minutos atrás, o garoto ria descendo as escadas que o levaria até a portaria, agora, tudo que desejava fazer era correr até o andar que morava e gritar por aquele com quem dividia um apartamento, uma vida.

Pensar em Joshua fazia seu coração doer, ele precisava subir, precisava tirar o outro dali o mais rápido possível. As chamas espalhavam-se com pressa, mas se Jeonghan fosse perspicaz o suficiente, conseguiria chegar nos últimos andares e trazer Joshua consigo.

"Tem uma pessoa aqui!" Jeonghan pode ouvir uma voz distante "Ei, você está bem?"

O garoto não respondeu, a fumaça fazia sua respiração falhar e seu peito ardia, causando-lhe uma sucessão de tosses. Quando o bombeiro se aproximou pegando-o no colo, Jeonghan murmurou o nome de Joshua e tentou falar que alguém mais precisava de ajuda, alguém mais importante do que ele.

No entanto, quando o homem se virou carregando Jeonghan no colo, tudo que ele teve tempo de registrar foi a estrutura de madeira do teto caindo como papel atrás de si.

~*~

Jeonghan acordou com um susto. Seu corpo inteiro suava e colava nos lençóis que o cobria, as mãos trêmulas mal seguraram o celular quando tentou ver a hora no objeto. Não era a primeira vez que tinha pesadelos daquele dia e, muito provavelmente, não seria a última.

Levantando-se sentindo como se seu corpo fosse feito de geleia, Jeonghan deixou o conforto da cama e com passos tortos dirigiu-se ao banheiro. Sabia que o sono não iria voltar, depois de quatro anos experienciando a mesma coisa, estava habituado a rotina cansativa e emocionalmente desgastante que lhe dominava. 

Suspirando, ligou o chuveiro e tirou a roupa, entrando logo em seguida de olhos fechados embaixo da água gelada. Anos haviam se passado, mesmo assim, Jeonghan não conseguia mais chegar perto de coisas quentes. De acordo com seu psicólogo, um trauma. De acordo com a parte mais sombria do seu cérebro, medo.

Medo de se deixar queimar para enfim ir encontrar quem um dia o fogo lhe tirou.

Deixou com quem a água levasse embora seus pensamentos, não gostava de pensar ㅡ não podia pensar ㅡ naquele que já não estava mais em sua vida. No entanto, sua mente gostava de lhe pregar peças e tudo que seus olhos viam agora era o rosto de Joshua.

Não demorou muito para que Jeonghan sentisse as lágrimas escorrerem, aos poucos deixou que o peso de seu coração saísse de dentro de si, encostando a testa na parede fria, pensou no sorriso de Joshua e em tudo que nunca mais viveriam juntos.

"Ei, Jeonghan, o que você acha da gente adotar um gatinho?"
 

Enrolado na coberta com Joshua, Jeonghan observou o rosto do garoto nos seus braços se iluminar a dizer aquelas palavras. Rindo, começou a arrumar a franja do mesmo antes de responder.

"Um gato? Joshua, nós mal sabemos cuidar um do outro"

"Eu cuido muito bem de você e de mim, cuidaria ainda melhor de um gato" Joshua respondeu lhe mostrando a língua como quem faz birra "E outra, gatos são animais independentes, eles sabem se virar"

"Disso eu sei, pra falar a verdade, eu não posso adotar outro gato... Já tenho um pra me preocupar"

"Que? Jeongha-"

 

Antes que Joshua pudesse terminar de falar, Jeonghan iniciou uma série de cócegas no garoto deitado em seus braços, deixando seus dedos caminharem pela barriga do outro ㅡ que agora ria descontrolado de um lado para o outro da cama.

"Se eu fosse um gato de verdade você sabe que estaria morto, né" Joshua conseguiu dizer entre risadas.

"Acho que tem alguém falando mas não consigo ouvir, gatos miam" 

"M-Meow?" 

 

Sorrindo ao ouvir Joshua miando, Jeonghan olhou para o garoto, agora de bochechas vermelhas, antes de começar a rir e sentir os tapas do namorado em seu peito.
 

No dia seguinte, quando Joshua acordou, do lado da cama havia um panfleto de adoção de animais.
 

Jeonghan não gostava de pensar em Joshua ou seu tempo com ele. Desde que acordara no hospital, quatro anos antes, e fora recebido com a notícia que seu namorado estava desaparecido e dado como morto (junto com diversos corpos carbonizados demais para serem identificados), ele havia decidido que não iria mais lembrar. Relembrar doía demais, dificultava sua vida a seguir em frente.

Ele dividia a sua vida em duas partes: a que tivera antes do incêndio ㅡ os anos mais felizes de sua vida ㅡ e a que restava agora até o dia que morresse. Seu psicólogo dizia que ele devia seguir em frente e ele acreditava que havia, porém, em todos os cantos fantasmas do seu passado apareciam para lhe perturbar.

Mesmo tendo sido salvo por bombeiros naquele incêndio, parte de Jeonghan estava em cinzas com Joshua.

Ainda se lembrava do gosto amargo da fumaça em sua boca assim que acordou cercado por paredes brancas, o hospital foi sua casa provisória durante trinta longos dias. Quando descobriu sobre Joshua, sentiu seu emocional e psicológico entrarem em colapso diante de seus olhos, ao ponto de que não sabia mais dizer porque era mantido no hospital. Era por toda a fumaça que havia inalado e destruía seu sistema? Ou pela dor da perda que o fazia menos vivo dia após dia?

Havia algumas queimaduras na pele de Jeonghan, leves cicatrizes que ele olhava todos os dias durante seu banho. Todo dia se perguntava porque elas não haviam o queimado por inteiro.

~*~

Uma leve chuva caía sob a cidade cinza quando Jeonghan decidiu deixar sua casa, o clima era frio e isso lhe trazia conforto. Vestindo apenas um casaco leve e uma calça já surrada, andou pelas ruas molhadas brincando entre poças, tentando distrair sua mente dos pensamentos indesejados.
Não sabia ao certo para onde ia e tampouco se importava, seus pés moviam-se leves em contraste com o peso de sua mente. Quando percebeu, estava frente a frente com uma placa decorada indicando uma nova exposição de arte.

Entre Chamas

Jeonghan leu baixinho e tentou segurar uma risada amarga em sua garganta, o quão irônico era o mundo? Sem ao menos ler um dos panfletos ao lado da placa, o garoto entrou na galeria de arte indicada.

O lugar era muito bem iluminado, um contraste de branco com o cinza que a cidade experienciava naquele dia. Na entrada, alguns grupos de pessoas muito bem vestidas ㅡ Jeonghan tentou ignorar a vergonha de suas roupas velhas ㅡ discutiam animadamente sobre o artista da exposição em questão. Pelo que Jeonghan havia compreendido, ele era novo no ramo da pintura, mas estava conquistando cada vez mais espaço pelo impacto de suas obras originais.

Sem planos para o que fazer, Jeonghan viu-se comprando um dos ingressos para a exposição e, momentos depois, estava adentrando em uma das alas da galeria de arte. 

Dizer que o ambiente estava com muita gente soava como um eufemismo, havia pessoas em todos os cantos do salão observando as mais diferentes obras. Quadros de todos os tamanhos enfeitavam as paredes brancas do lugar e, pouco a pouco, Jeonghan deixou que seus pés guiassem o caminho que percorreria.

No entanto, quando seus olhos encontraram a primeira obra, seu coração bateu tão forte que seria capaz de sair pela boca. 

Na tela a sua frente, um garoto sorria segurando um buquê de flores colhidas possivelmente minutos antes. Havia serenidade nos traços da pintura, mas não era isso que chamava a atenção de Jeonghan e sim a semelhança entre si mesmo e aquele no quadro. O mesmo cabelo loiro, os mesmos olhos e ㅡ por mais estranho que fosse ㅡ a mesma roupa que Jeonghan um dia teve.

Encarou a pintura em choque antes de balançar a cabeça e seguir para a próxima, uma sensação estranha dominando seu corpo aos poucos em puro desespero.

Se ele esperava que o próximo quadro o traria calma, enganou-se completamente. Na pintura seguinte, novamente um garoto loiro estava em destaque no quadro, dessa vez, dormia um sono profundo. O garoto pintado parecia estar em um apartamento e, por mais estranho que isso soasse, Jeonghan reconheceu na pintura seu velho lar. O sofá de couro preto em que o "seu eu" do quadro estava deitado, o cabelo loiro esparramado como fios de ouro e até mesmo a mesa de centro simples que tinha. Os detalhes da pintura lhe assombravam pela semelhança da vida que havia queimado anos antes.

A ansiedade que dominava seu peito pouco a pouco era devastadora, seu corpo inteiro tremia e ele sentia-se a ponto de desmaiar. No entanto, quando Jeonghan deixou seus olhos vagarem pelas telas ao redor, sentiu seus joelhos vacilarem e foi de encontro ao chão, seu olhar fixado na obra em destaque do ambiente. 
Ali, no enorme quadro no centro do salão, ele viu a si mesmo. Seu corpo pareceu congelar momentaneamente e sua cabeça rodava em círculos, uma sensação estranha tomava conta do seu ser por completo. Era impossível negar que a pintura lhe representava.

Na tela, uma versão mais jovem de Jeonghan estava em pé com o cabelo loiro esvoaçando atrás de si, o rosto expressava um semblante triste marcado por uma lágrima sutil escorrendo por sua bochecha. Seu peito nu e calça branca faziam um contraste de luz com o vermelho fulminante que o cercava, labaredas em tons laranjas e rubi lambiam a estrutura de madeira em decadência. Olhando com mais atenção, Jeonghan podia jurar que os contornos de luz entre as chamas da pintura formavam asas em suas costas, como um anjo.

O garoto loiro, a versão pintada do que Jeonghan acreditava ser ele mesmo, estava por todos os lugares. Em diferentes situações e ambientes que, estranhamente, eram familiares para si.

"Moço, você está bem?" 

Jeonghan levantou os olhos e viu uma senhora lhe oferecendo um sorriso preocupado, sem sair da sua posição no chão, perguntou com a voz fraca "O nome do artista... Qual o nome do artista?"

"Oh, você não sabe? Bem, não posso lhe julgar, eu mesma não conheço muito de arte" A senhora deu uma risadinha antes de continuar "O nome do pintor é Hong Joshua, ele é um iniciante ainda, mas seus quadros são tão bons que possivelmente ele deve pintar há muito tempo"

Por um minuto, Jeonghan achou que seria capaz de gritar, no outro viu-se completamente mudo e perdido. Quais as chances daquele Joshua ser o seu Joshua? Quais as chances?

"Olha ele ali, consegue ver? Aquele moço de cabelo castanho e terno branco na frente da pintura no centro do salão?"

A mulher apontava para o quadro que Jeonghan viu momentos antes e, quando seus olhos encontraram o pintor, seu coração deu um salto. Levantando-se com esforço, dirigiu-se com passos trêmulos até o outro, com medo de que seus pés falhassem novamente, foi o mais rápido que podia.

O pintor, no entanto não o olhava, mantinha seus olhos fixos na pintura que Jeonghan agora podia ler o nome: Angelus in Ignis.

"É uma linda pintura" A voz de Jeonghan deixou sua boca de forma com que as palavras lhe arranhavam a garganta "Eu adoraria que meu namorado fosse capaz de vê-la"

"E por que ele não seria?" 

Ao ouvir a voz tão familiar e nostálgica, Jeonghan podia jurar que se desmancharia em mil pedaços a qualquer instante, mas não possuía coragem para encarar o outro. Não ainda. 

"O fogo levou ele embora"

"O fogo levou muita coisa embora de mim também, mas eu aprendi a domá-lo" Pode sentir o homem ao seu lado lhe encarando "Você... Você parece com o meu anjo"

A respiração de Jeonghan ficou presa em seus pulmões e o ar parecia desaparecer, sentia-se novamente no prédio em chamas com a fumaça a tomar seu corpo.

"Faz anos desde que nasci de novo e eu nunca tive nada em minha mente, nem mesmo meu nome até que me dissessem, mas ele sempre esteve em mim de uma forma ou de outra... Meu anjo, eu sempre soube que ele era real, mesmo que repetissem que você era uma ilusão de um trauma"

Finalmente tomando coragem, virou-se para encarar aquele com quem falava.

O coração de Jeonghan parecia prestes a pular pra fora do peito, seus olhos ardiam com as lágrimas que jurava ter secado anos atrás. Ele reconheceria o homem a sua frente em qualquer situação, independente de qualquer mudança física, sua alma ainda era a mesma e ela sempre chamaria por Jeonghan. Eles eram ligados como duas estrelas de uma mesma constelação, pertenciam a mesma órbita.

O alívio que sentia em saber que ele estava vivo era muito mais do que conseguia aguentar, seu corpo inteiro mergulhava em um mar de sentimentos e sensações que não conseguiria pronunciar. Olhando nos olhos gentis do homem que amava, Jeonghan se viu chorando e diluindo-se em pedaços como anos atrás.

"Por que você está chorando, anjo? Eu te encontrei assim como você pediu nos meus sonhos"

A voz de Joshua era como um fio de realidade prendendo Jeonghan nesse mundo, quando a mão do garoto tocou gentilmente seu rosto, ele inclinou-se ao toque.

"Você me encontrou, Joshua, você sempre me encontrou"

Enquanto as lágrimas corriam pelo rosto de Jeonghan, Joshua secava cada uma com toques tão leves que mais pareciam com carinhos tímidos. Naquele momento, o mundo inteiro deixou de existir e não havia mais ninguém na galeria além dos dois. Com a voz fraca e trêmula, Jeonghan arriscou dizer o que se passava pela sua mente.

"Me diz que você é real, me diz que eu não tô sonhando e vou acordar sozinho no meu apartamento" Erguendo sua mão e tocou no rosto de Joshua com delicadeza digna de quem segura uma flor "Me diz que eu não vou te perder de novo assim que eu virar as costas"

"Eu não entendo... Você é quem devia me dizer essas coisas, anjo" Joshua respondeu, mas sorrindo segurou as mãos de Jeonghan nas suas "Mas eu sou real e, eu ainda não consigo acreditar que você também"

As mãos de Joshua nas suas, fazia com que Jeonghan tremesse em euforia. O toque era quente, firme, real. De uma forma ou de outra, após anos de solidão e se sentir miserável, ele havia ganhado o único presente que valia a pena em sua vida de novo.

E, dessa vez, não deixaria que as chamas o consumissem.
 


Notas Finais


Literalmente essa fic foi a coisa mais rápida que escrevi, apenas um desejo de suprimir meus desejos angst....... Mas bom, espero que vocês tenham gostado <3

Ps: O nome da pintura é literalmente anjo em chamas em latim, eu sou ridícula, eu sei.

Pra quem não conhece e gosta do gênero angst eu tô com uma fic de capítulos verkwan, meu novo bebê:
https://spiritfanfics.com/historia/entre-lencois-e-mentiras-6605557

E queria recomendar também as fics maravilhosas de uma pessoa que amo muito e ESCREVE MUITO BEM!!

Pra quem curte jicheol, aqui uma fic AU com Seungcheol como ladrão de jóias:
https://spiritfanfics.com/historia/relicario-6735275

E pra quem, assim como eu, ama ggroup mas vive na falta de fic, aqui uma adorável e linda de WJSN:
https://spiritfanfics.com/historia/o-universo-entre-mim-e-voce-6679004

Bom, é isso, espero mesmo que tenham gostado e comentários são sempre bem vindos, obrigada!!!


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