História Memórias Póstumas de Kim Taehyung - Quando perdi Park Jimin...

Pouco mais de uma semana se passou, desde então. Meu sofrimento apenas continuou, e passei a chorar todos os dias. Ali, soube que minha depressão não fora momentânea, mas apenas ficou adormecida. Eu queria fazer algo para acabar com aquele sofrimento, mas não sabia o que. Não tinha o que fazer.

Bom, na verdade, eu sabia o que poderia fazer, mas estava evitando a todo o custo.

A única coisa que me recordo dessa semana é da sexta que se seguiu.

Estava em uma reunião com os novatos contratados e alguns veteranos, e, para minha infelicidade naquele momento, Seokjin estava lá. Por isso, durante toda a reunião, evitei manter contato visual com ele, porque não queria, de modo algum, corar e ter alguém me perguntando o motivo. Mas mesmo assim não consegui prestar atenção no que falavam.

A única coisa que consegui discernir do que diziam era que cada um teria sua própria sala, já que eram poucas pessoas, e que precisaríamos organizá-la decentemente se quiséssemos continuar com o cômodo. Era como um teste de responsabilidade e organização, coisa que precisaríamos ter se quiséssemos trabalhar ali.

Rapidamente nos liberaram, mas antes que eu pudesse sair, Seokjin me chamou, mas esperou que os outros saíssem.

— Tae, eu sei como isso deve estar sendo estranho para você, mas, por favor, não me ignore. — pediu com a voz calma e um tanto triste.

— Desculpa, e-eu...

— Está tudo bem. Como falei, sei como deve estar se sentindo. — fez uma pausa — É... Você... Aceitaria ir tomar um café comigo depois do trabalho?

Fique surpreso. Não esperava que ele fosse me falar isso, mas comecei a pensar no que responder.

Era mais que claro que chegaria em casa e ficaria sozinho, visto que Jimin estaria mais uma vez com Hoseok. Eu estava com uma dúvida enorme quanto ao que fazer, mas, no fim, aceitei.

— Tudo bem. — sorriu — Conhece aquele café que tem aqui perto?

Acenei que sim, e então combinamos. Eu provavelmente iria antes, porque ele era meu superior e sairia depois, mas nada muito diferente.

Então, no final do dia, eu estava sentado, sozinho numa das mesas do café. Esperava por ele, mas não sabia se viria. Porém, ele veio, e logo estava sentado na cadeira em minha frente. Começamos a conversar, e, aos poucos, eu ia me soltando. E logo estávamos agindo como o antigo casal que éramos. Mas sem a parte dos beijos, claro.

Porém, parei de falar ao perceber o quanto me olhava.

— Por que me olha tanto, Jin? — perguntei, curioso.

— Você ficou muito bonito, Tae. — respondeu, me fazendo sorrir, e colocou a mão esquerda no rosto, e ali eu pude ver claramente um anel de ouro em seu anelar.

Era uma aliança.

Ele estava casado.

E meu sorriso se desfez na mesma hora em que entendi o que aquilo significava.

Por isso, apenas me levantei da mesa, deixando-o sem entender nada, e saí do estabelecimento. Não sabia o que sentia. Se era tristeza por ele ter me enganado, se era tristeza pela pessoa com quem ele havia casado ou se era raiva por ele ter me chamado para sair mesmo assim.

— Tae, o que aconteceu? — o ouvi perguntar enquanto eu andava.

Não respondi, apenas continuei andando, até que ele segurou meu braço, insistindo na pergunta.

— O que você acha? Você está casado e me convida para sair, e ainda age como se ainda fossemos namorados. Como achou que eu ia me sentir? — perguntei, indignado.

— Não é o que você está pensando. Me deixa explicar.

— Pois então explique. — cruzei os braços e o esperei falar.

— Mas não aqui, alguém pode me ouvir. — olhou para os lados — Vamos para algum lugar e te explico melhor.

Deixei que ele me guiasse até onde queria, na esperança de que suas explicações valessem a pena.

Só não sabia que valeriam.

Quando chegamos a um parque, ele nos indicou um banquinho onde sentamos e ele suspirou pesadamente.

— Bom... Depois que você foi embora, eu fiquei muito triste. Você foi o único que eu amei e que ainda amo, Taehyung.

— Então por que se casou com outro? — perguntei sério.

— Outra. — corrigiu e arregalei meus olhos — Meus pais me fizeram casar uma mulher. O detalhe é que nenhum de nós gosta um do outro, e só nos casamos por puro interesse. Ela, porque eu sou um advogado de “sucesso” e eu para esconder a realidade. Mas eu nunca quis, Tae. E é por isso que te chamei para sair hoje.

— O problema, Jin, é que eu tenho namorado. — confessei.

— Então te desejo boa sorte. — sorriu levemente triste — E espero que se amem, que não seja como eu.

— Esse é o problema entre eu e ele. Eu sinto que nos perdemos. — abaixei a cabeça — Mas espero que dê certo.

— Eu também. — segurou minha mão e a apertou com a sua — Te desejo toda a felicidade que puder.

— O-Obrigado. — agradeci e me levantei para ir embora.

Sem que eu pedisse, ele me acompanhou até a estação de trem mais próxima, como costumávamos fazer, e se despediu de mim.

Sei que cheguei em casa e pus-me a chorar. Chorei porque o homem que amei não mais me ama, e o que ainda amo está comprometido.

Neste dia, além de eu chorar mais que o normal, Jimin chegou mais tarde do que eu esperava. E eu não disse nada. Estava deitado, fingindo dormir para ver o que ele faria. Mas foi o de sempre. Ele tomou banho e se deitou comigo.

E foi uma das últimas vezes em que fizemos isso como casal.

Porque, dois dias depois, eu decidi terminar tudo.

Estávamos em casa, pois era um Domingo, e era um dos poucos em que ele decidiu ficar em casa. Estávamos assistindo algum programa na televisão. Bom... Não assistindo, apenas olhando, porque não prestávamos atenção.

— Jiminnie, acho que temos que conversar. — falei um tanto triste e me sentei no chão, em frente à suas pernas, já que ele estava no sofá.

— Sobre o que, TaeTae? — perguntou me olhando.

— Sobre nós. — abaixei a cabeça — Jimin, nós não damos certo mais.

— Como assim, Tae? Nós quase não brigamos.

— Eu sei, mas não é por isso. — suspirei — É que nós nos distanciamos. É como se... Como se tivéssemos voltado a ser melhores amigos. E não adianta negar, eu sei que você também sente isso.

— Tae...

— Jimin, é sério. E eu sei que você ama o Hobi. — ele arregalou os olhos, negando com a cabeça — Não minta para mim e nem para si mesmo, Minnie. Nós dois sabemos o quanto isso é verdade.

Silêncio.

— Me desculpa, Tae. Eu não deveria ter me apaixonado por ele. Desculpa. Desculpa mesmo. — ele abaixou a cabeça, deixando algumas poucas lágrimas escorrerem por seu rosto — Eu nunca quis te magoar, me perdoa.

— Ei. — segurei seu rosto e lhe beijei, porque mesmo que estivéssemos prestes a terminar, ele ainda era meu namorado — A culpa não é sua, tudo bem? Era inevitável. E é por isso que eu quero terminar.

— Tae, não faça isso.

— Jimin, eu não posso te privar de amar alguém só por meu egoísmo. Quero que saiba que esse tempo todo eu sabia que você começou a amá-lo, mas eu não terminei por puro egoísmo. Porque eu não queria ficar sozinho. Mas isso é tão errado... É tão errado te impedir de amar alguém e te deixar triste por estar comigo sendo que queria estar com outro. Por isso, acabamos aqui.

Ele me abraçou tão forte que perdi o fôlego. E depois me beijou.

E, naquela noite, fizemos amor pela última vez, como forma de lembrança por tudo que passamos.

Juntos.