História Memórias Póstumas de Kim Taehyung - A esposa dele

Dormi com Seokjin naquela noite. Lembro-me que ele me abraçava e mexia em meu cabelo calmamente, cantarolando uma música calma, que por acaso eu não conhecia, mas que me deixou relaxado por um instante. Dormi com a mente tomada de leveza, sem me preocupar com quase nada. E, ao acordar, sorri ao ver que ele estava ao meu lado, respirando suavemente, como um anjo.

O meu anjo.

Passei meus dedos por sua face, sem querer acordá-lo, mas o fiz sem perceber. E quando tomei consciência, ele estava sobre mim na cama, me beijando intensamente

— Jin hyung, não faça isso. — murmurei rindo ao perceber o rumo que aquilo tomaria.

— Por que não? — riu e passou a me olhar.

— Ainda estou tentando me acostumar com isso. — o selei rapidamente.

— Tudo bem. — voltou a me beijar, mas sem segundas intenções dessa vez.

E assim ficamos por minutos até que ele me arrastou para a cozinha, me sentando numa cadeira e fazendo o café da manhã.

Nunca havia me sentido tão bem na vida. Sentia como se nós dois fossemos os cônjuges ali, mas logo a realidade me bateu à porta.

— Jin, e se sua esposa chegar? — penso que minha voz saíra um tanto preocupada.

— Está tudo bem, Tae. — levantou meu queixo e me beijou — É provável que ela não volte a essa hora, só mais tarde. Fique tranquilo.

Mordi meus lábios, nervoso. E Jimin? Como ele estaria? Será que estava em casa? Ou com Hoseok? Assim, as preocupações me voltaram a mente.

Seokjin pareceu perceber isso, e me perguntou se eu acharia melhor voltar para casa depois de comer. Respondi que sim, e ele me levou logo após. Quando ele chegou em frente ao prédio, segurou meu rosto e beijou-me antes de me deixar ir. Se despediu de mim com vários beijinhos e acenos de mão, e eu sorria como um idiota.

Subi para o apartamento apenas para verificar que Jimin não estava em casa. Deveria esperar isso, já que ele quase não ficava mais em nossa casa. Apenas suspirei alto, me jogando no sofá e tendo a realidade e a depressão daquele lugar me tomando conta. Como eu disse, tudo naquele lugar me lembrava o que eu e ele passamos, e lembrar que não nos amávamos mais me deprimia.

Apenas tomei um banho, pensando no que Jin me falara no dia anterior. Ele realmente se divorciaria de sua esposa por mim? Seria mesmo verdade? Bom, até hoje não deixou de ser uma promessa vazia, mas essa foi a única coisa que me decepcionou nele. Bom... Aliada ao fato de ele não ter ido ao meu velório. Mas o que posso fazer, não é? Mortos não possuem poder algum neste mundo. Por isso, agora, minha alma apenas sofre.

Eu deveria parar de me dispersar assim e focar no que resta da história.

Enfim...

Permaneci em casa, me remoendo em pensamentos destrutivos, e acabei por cortar novamente um de meus pulsos, em meio à lágrimas. Chorava por minha mãe, chorava por Jimin, chorava pelo amor de Seokjin e chorava até mesmo por Jihyun. Eu estava destruído. Por isso, apenas sofri sozinho, como me acostumei a fazer.

Jimin voltou à noite, mas quase não conversamos. Ele não sabia sobre Seokjin, então nem mesmo comentei consigo onde passei a noite anterior. Era algo que ele não precisava saber, principalmente por Seokjin ser meu chefe. Ele entenderia errado. Não falaria nada, mas sei exatamente o que ele pensaria sobre isso. Portanto, optei por ficar quieto.

Na segunda, a rotina foi quase completamente igual a dos outros dias. O que mudou? Jihyun aparecera no escritório. Não tinha expressão muito boa, e me olhava como se eu fosse uma ameaça. Provavelmente meu hyung já havia falado com ela, porque ela não teria motivo algum para me olhar daquele jeito se não fosse por isso.

Ao fim do dia, fiz meu caminho até a sala de Jin depois de trancar a minha, e ele me surpreendeu com a notícia de que tinha falado com sua esposa. Me contou que ela não reagira bem, passando a falar que ele não podia fazer aquilo, porque acabaria com a vida dela e com a própria. E ela disse que não poderia simplesmente acabar com aquele casamento sem nenhum motivo “público”, já que, para todos, eles eram o casal perfeito. Sem contar que ele disse que ela não gostara nem um pouco de saber que eu era o motivo.

— Mas não ligue para ela, Taehyung. Vai dar tudo certo. — falou enquanto eu andava para perto de si, me encostando na mesa.

— Mesmo assim, hyung. E se ela não quiser assinar os papéis? — perguntei, um pouco preocupado.

— Calma, Tae. Ela vai assinar, não pensa nisso. — se aproximou.

Sorriu para mim, me sentando na mesa, segurando minha cintura, e me beijou. Eu passei os braços por seu pescoço, colando nossos corpos, e logo ele estava a ponto de desabotoar minha camisa.

— Hyung... — chamei entre seus lábios — Vamos fazer isso aqui?

— Qual o problema? — não respondi, pois não havia.

 Por isso, o beijei com intensidade, o puxando pela gravata, o que tenho certeza que o surpreendeu. Tirei as peças de roupa de seu tronco, espalmando minhas mãos por seu peito, mas logo puxei seu rosto para o meu, mordendo sua boca levemente.

Foram poucos minutos necessários para que eu estivesse em cima de sua mesa, com as pernas em volta de sua cintura, com ele se movendo contra mim e com a luz baixa do fim da tarde iluminando nossos corpos. Ele me beijava, segurando meu quadril enquanto me adentrava, e eu gemia entre seus lábios, extasiado pela sensação.

— Você é perfeito, Taehyung... — gemeu contra minha boca, me acertando aquele ponto.

Gemi um tanto alto quando ele o fez, e passei a morder o lábio inferior para que não mais o fizesse. Alternava entre segurar seu pescoço e a mesa, mas preferia sua pele. Entretanto, como não queria machucá-lo com a força com que o apertava, decidi parar.

Meus dedos apertavam com força o material da mesa, e meus lábios passaram a ficar vermelhos conforme eu os mordia, e Jin fazia o mesmo. Eu tombava a cabeça para trás, gemendo, e ele colava os lábios ao meu pescoço. Aos poucos, o som de nossos corpos em atrito tomou o ambiente, e, para que eu não gemesse alto demais, Jin me beijava.

Quando senti que estava próximo de meu orgasmo, me agarrei a suas costas, chamando seu nome enquanto ele continuava a se mexer. Assim que o êxtase me atingiu, o beijei, e logo fora a sua vez de ter o ápice.

Porém, ele não parou, apenas diminuiu a velocidade até que estivesse quase parando, e me beijava a todo instante.

— Eu amo você, Jin hyung. — falei entre ofegos e beijos.

— Eu também te amo, Tae. — começou a pensar enquanto descansava a cabeça em meu ombro, beijando de leve — Algum dia ainda vou mandar rosas vermelhas para sua sala.

— Não, hyung. Vermelhas não. — rebati, com um biquinho.

— Por que não? — perguntou curioso.

— Vermelhas são óbvias demais, sem contar que são muito... Não sei a palavra... São muito carnais, entende? Eu prefiro brancas, porque são mais suaves, e mais carinhosas. — sorri e vi que ele fez o mesmo, ficando quieto por um tempo.

Eu realmente não era muito íntimo de rosas vermelhas. As achava tão clichês, óbvias e não gostava da ideia sexual que passavam. Como disse, preferia as brancas pela delicadeza e pureza que tinham, e a cor sempre me conquistou, ainda mais quando em conjunto ao simbolismo que emanava.

— Concordo com você agora que disse. — ele sorriu — Então vão ser brancas.

— Obrigado, hyung. — o abracei.

— E prometo que eu vou passar o resto de minha vida com você depois que te der. Você aceitaria? — perguntou sorrindo, encostando nossos narizes.

— Claro, hyung. Eu quero estar sempre com você ao meu lado. — o beijei.

Lamento que tenha te decepcionado, Kim Seokjin. Mas as circunstâncias me impediram de cumprir nossa promessa.