Acordei de madrugada. Olhei o relógio, deveriam ter se passado 2h no máximo desde que resolvi dormir.
Levantei da cama de solteiro e percebi que Felps não estava lá e Alan dormia profundamente, assim como Lola. Me aproximei dela na cama e a observei dormir por um momento, a boca semi aberta, o cabelo grudado no rosto, uma perna fora do cobertor e a outra embaixo do mesmo. Ela se mexeu levemente e eu me assustei, saindo do quarto rapidamente antes que ela pensasse que sou um louco ou algo do tipo.
Fui até a cozinha e resolvi preparar um café, assim que liguei a cafeteira na tomada a mesma fez um barulho sutil e apagou suas luzes, não funcionava de jeito nenhum. Suspirei, xinguei, revirei os olhos e resolvi fazer o café da boa e velha maneira, e pra isso precisaria de uma panela. Abri o armário da cozinha e assim que puxei uma leiteira todas – dando ênfase no TODAS – as panelas resolveram cair de uma vez só.
Xinguei internamente e um pouco externamente, colocando elas de volta no armário e fazendo barulho novamente, pois é impossível não fazer barulho mexendo com mais de uma panela.
“O que houve?” – Lola apareceu na porta da cozinha, coçando o olho esquerdo, expressão meio assustada – “Porra, Rafa!” – ela falou bocejando.
“Desculpa, é que alguém deixou as panelas empilhadas e elas caíram” – falei, colocando a água da pia na panela e em seguida pondo-a pra ferver – “Quer um cafezinho?” – perguntei e ela assentiu com a cabeça, puxando um banco da cozinha e sentando nele, olhando pro nada. Estava bem sonolenta ainda.
Entrou uma brisa gostosa na cozinha causando arrepios, com aquele cheiro de noite maravilhoso.
“Eu amo esse cheiro” – confessei, colocando o pó de café na água.
“Ei! Eu também! AMO o cheiro da noite!” – ela falou, suspirando e colocando um braço em cima da mesa.
“Pensei que ia falar que ama cheiro de café” – ri sozinho – “Que bom que entendeu” – falei, admirando-a enquanto o vento levava seus cabelos pra longe.
“É engraçado como a gente tem coisa em comum, né?” – ela falou, me analisando. Assenti com a cabeça, sem entender o porquê daquele devaneio essa hora da noite – “Vou esperar meu café na varanda” – ela falou e foi andando até ali, percebi que havia uma pantufa de patinho amarelo nos seus pés, ri sozinho daquilo.
O café ficou pronto e após colocar duas xícaras cheias na mão, fui rumo à varanda. Vi Lola de perfil olhando o céu sentada na rede, com as duas pernas pra dentro. Entreguei uma xícara pra ela, que desviou o olhar do céu pra mim e sorriu agradecida, sentei ao seu lado com minha xícara na rede, fazendo a mesma mexer bastante e causar preocupação em ambos. Lola ficou tentando equilibrar o café com a expressão preocupada, fiquei rindo.
“Caramba Rafa, não sabia que tava tão gordo” – ela riu – “Da próxima vez eu sento depois, ok?” – me deu um soquinho no ombro e eu ri dela, ameaçando pegar seu café de volta.
Ficamos sentados na rede um tempo, analisando a madrugada e suas estrelas. A vista da janela do sexto andar ela fantástica, preciso dizer. A menina ao meu lado também.
Terminamos de beber nosso café e ficamos conversando sobre a BGS em si, era tão agradável conversar sozinho com ela que poderia ficar ali até de manhã.
“Eu adorei conhecer você, Rafa. É uma pena realmente que assim que a BGS acabar você vai embora” –falou, parecia triste. Me lembrei disso e me desanimei também.
“Prometo que vou te encher o saco via Skype todo dia. Não vai ter como me dar vácuo por ali.” – falei e ela deu uma gargalhada gostosa, e sem pensar muito me inclinei para abraça-la, deixando-a surpresa.
Era um abraço tão gostoso que continuei ali, abraçado à ela. Corpo dela no meu, quente, e a noite batendo na gente, fria. O silêncio permaneceu até adormecermos assim, abraçados, olhando o céu.
Foi algo além do limite pra mim.
Acho que estou apaixonado por Lola Warpatti.
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