História Mentions - Cellbit (Rafael Lange) - VII

POV’S LOLA

“Eu não tô acreditando nisso...” – ouvi uma voz feminina um pouco distante falar.

“Pois é...” – ouvi uma masculina agora, seguida de risos – “Vai tirar foto? Cuidado pra não fazer barulho...” – mais risadinhas e palavras inaudíveis.

Abri os olhos. Ok, onde eu estava? E o que eram aqueles braços em volta do meu corpo?

Não tive nem tempo de sair do meu delay, pois logo ouvi um ‘clic’ seguido de risadas. Era Gabs e Luba fotografando. Me fotografando. Abraçada com o Rafael.

Levantei num salto e eles me olharam assustados e risonhos.

“Calminha, miga... Só queremos provas...” – Luba falou e a Gabs só ria. Felps apareceu saindo da cozinha com um copo de refrigerante, entregando para Gabs.

“Olha só, o casalzinho acordou...” – Felps falou, rindo. Me virei pra trás e Rafael estava se espreguiçando, coçando os olhos.

“Não é nada disso, gente, afê!” – falei, meio cambaleando de sono ainda – “O Rafael me acordou de madrugada fazendo uma barulheira, perdi o sono e ficamos conversando aqui, só isso” – falei em minha defesa, calçando minhas pantufas.

“Claro, e o braço dele foi parar ao seu redor magicamente nesse percurso... O rosto dele perto do seu...” – Luba falou, provocando. – “E aí...” – Ele fez movimentos obscenos com a língua. Senti meu rosto esquentar na hora.

“Luba, você falando essas coisas vai fazer com que o Felps acredite e termine comigo” – Rafael falou, tentando levar o assunto pra outro lado. Agradeci mentalmente por isso e saí de fininho da sala, rumo ao banheiro.

Tomei um banho e saí de toalhas rumo ao quarto pra me vestir, coloquei um vestido blusão branco com meu all star vermelho, fiz uma maquiagem suave, estava pronta pra mais um dia de BGS, dessa vez pelo menos eram só fotos, não seria tão cansativo.

Quando estava prestes a sair do quarto, Rafael entrou nele só de toalhas. Quase nos esbarramos, ficamos sem graça instantaneamente.

“Err... Licença” – falei e ele assentiu, porém fomos para o mesmo lado. Rimos, sem graça, e ele estendeu a mão para que eu passasse por ali. Passei, sorrindo envergonhada.

Seu cheiro de sabonete e a pele alva não saía da minha cabeça. Suspirei.

POV’S SAYURI

                Eu estava bem, bem irritada.

Estava procurando Rafael com os olhos pelo evento, e quando o encontrei ele realmente tinha que estar com aquela garota.

De novo.

Estava cansativo fingir que ia com a cara dela pra que ele não percebesse ou me achasse uma pessoa ruim. Mas eu a detestava. Detestava os shippers, detestava as risadinhas, detestava o fato dela estar dando mole pra ele.

Havíamos terminado, mas ele era meu ainda, e eu sentia isso dentro de mim. Havíamos sido feitos um pro outro, ninguém mudaria isso, muito menos uma vadiazinha de quinta.

Ele havia dito que, aconteça o que acontecer, estaria do meu lado.

Uma promessa não seria jogada fora dessa forma.

Me aproximei deles, que estavam no stand dos youtubers junto com alguns outros se preparando pra tirar fotos com o público.

Ela, que conversava animadamente com ele, me avistou antes mesmo do mesmo. Fechou a cara e foi andando em direção ao Luba, fazendo o Rafael procurar a razão da mesma ter se retirado. Seus olhos se encontraram com os meus e senti a mesma sensação que sentia desde que o conheci. O coração palpitando, parecendo que ia me encontrar com meu maior ídolo. E de certa forma era.

“Ei, coração” – falei e ele deu um sorriso que aparentava meio desanimado.

“E aí Sasa, passeando pelo evento?” – perguntou, e eu fui até ele e o abracei. Tentei dar um beijo no mesmo porém ele se desvencilhou. Estava muito esquisito.

“Vim ver você, na verdade” – falei, fazendo uma carinha fofa. Ele sempre apertava minhas bochechas quando eu fazia isso. Porém ele se limitou a dar um sorriso desatento e olhar pros lados, procurando alguém. – “Anh, Rafa?” – falei, e ele me olhou.

“Desculpa Sasa, é que tô um pouco ocupado agora, acho que vão liberar pro pessoal entrar nesse momento e tenho que me preparar” – ele falou, a mão no pescoço, de forma desconcertada.

Não. Não mesmo. Rafael, você só pode estar brincando comigo.

“Tudo bem...” – falei, abaixando a cabeça. Fiz uma expressão de dar dó e me virei pra sair, na esperança dele me impedir.

“Depois a gente se fala...” – ele se limitou a dizer, e saiu em direção ao Felipe.

Suspirei de forma raivosa. Estava acontecendo mesmo, ele não me queria mais por perto.

Fui andando para fora do stand e disquei o número que conhecia há um tempo, esperei a voz empolgada me atender.

“E aíííí Sasa!” – ouvi a voz falar.

“Contagem regressiva pro nosso plano ser posto em prática.” – falei e saí andando para fora do evento.