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História Mercenary Crushes Spider - O Homem na Roupa de Couro


Escrita por: IronFist

Notas do Autor


Olá a todos e todas!
MCS voltou, agora como uma fanfic longa, yey!

Avisos importantes:
Essa fanfic é Spideypool (mas isso não impede uns outros otps de aparecerem por aqui!).

Não sei com que frequência postarei os capítulos, mas saibam que já fiz o roteiro do próximo e que escrevo bastante nas férias!

A capa desse capítulo é o Harry como James Franco porque eu o imagino assim, mas vocês podem usar quem quiserem <3

É ISSO AÍ, CURTAM BASTANTE, AMO VOCÊS!

Capítulo 1 - O Homem na Roupa de Couro


Fanfic / Fanfiction Mercenary Crushes Spider - O Homem na Roupa de Couro

- Eu vou te esmagar como um inseto!!!

Aquela era uma frase atípica para um domingo de manhã, mas eu provavelmente estou colocando a carroça na frente dos bois. Vamos começar a história pelo começo:

 

Acordei no sábado com o sol já alto no céu e os olhos ardendo devido à luminosidade que entrava pela janela. A noite anterior havia sido exaustiva – às vezes eu só queria dormir em vez de lutar contra o Trapster até às quatro da madrugada para que no final das contas ele se auto sabotasse, colando-se a uma parede qualquer de New York.

Um barulho irritante martelava meu cérebro e eu precisava achar a fonte daquilo.

- Vamos lá... Despertador... Cadê você...? – Meu quarto estava uma bagunça. Roupas e objetos por todos os lados. Geralmente eu era uma pessoa organizada, mas o costume de entrar pela janela no meio da noite, esbarrando em tudo o que era possível, tinha suas consequências. – Porra! – Exclamei quando finalmente encontrei o aparelho. Entretanto, a alegria foi passageira. O relógio digital sequer estava plugado na tomada.

Fiquei imediatamente alerta, pulando da cama diretamente ao teto e me prendendo como um inseto, pronto para me defender de qualquer ataque. Aquilo não era nenhum despertador, era o meu sentindo aranha zunindo de novo! De início não pude reconhecê-lo, pelo fato de estar muito mais fraco e constante que o normal, mas com certeza era um aviso.

“O que será que isso quer dizer?” Pensei depois de nada me atacar.

Antes de descobrir a resposta, eu tinha que me certificar da segurança de Tia May. Silenciosamente, me arrastei pelo teto até o alto da escada, encarando a sala de estar lá embaixo.

- Tia May? – Chamei-a.

- Oh! Peter! O almoço está quase pronto... – Falou em sua calmaria usual.

“Ufa.”

Pousei no chão tentando fazer o mínimo de barulho possível e desci as escadas, caminhando até a cozinha. Encontrei minha tia colocando um de seus famosos bolos de carne no forno.

- O que teremos para o almoço hoje? – Perguntei acariciando seu ombro e tentando parecer perfeitamente normal.

- Peter não me diga que você chegou depois das quatro da manhã em casa ontem de novo.

Ri pelo nariz antes de responder:

- Então não direi.

May revirou os olhos – coisa que era de família.

- Eu já te disse como as ruas dessa cidade são perigosas a noite, não se lembra o que aconteceu... – Ela parou para limpar a garganta. Não era fácil para nenhum de nós dois falar do tio Ben.

- Não se preocupe, Tia. Está tudo bem, não vai se repetir! – Cruzei os dedos nas costas.

Às vezes eu só queria dizer a ela que eu era o espetacular homem aranha, que ela não precisava se preocupar com assaltantes apontando uma arma para o meu peito, que eu chegaria em casa sã e salvo, que eu não a abandonaria. Mas era tudo demais para ela.

- Ervilhas, purê e bolo de carne! – Disse enquanto lambia a ponta do polegar e usava-o para limpar alguma coisa na minha testa.

- Hum? – Perguntei aéreo.

- É o que temos para o almoço, Pete.

Tia May voltou à sua leveza costumeira, rindo, pois era o que ela podia fazer. Eu sabia que devia ser muito cansativo ter um sobrinho tão distraído, que nunca contava onde passara a noite e que sempre voltava para casa com machucados misteriosos, mas esse era o único jeito.

 

- O que você vai fazer hoje a tarde? – Questionou enquanto se servia de uma garfada de purê. – Pensei que poderíamos ir até o Central Park...

- Caramba!

- O que foi, Peter?! – Ela já tinha os olhos arregalados, pesando de preocupação.

- Acabei de lembrar que marquei de ir ao cinema com o Harry! Fica pra próxima, Tia May! – Esclareci, beijando sua testa e escalando as escadas com pressa.

Corri para dentro do banheiro e me despi o mais rápido que pude. “Harry vai me matar se eu me atrasar de novo”.

Dentes escovados. Cabelo penteado. Roupas colocadas. Olhei no relógio e pude confirmar: mesmo correndo, eu não chegaria na hora marcada.

- Merda! – Exclamei. – Isso parece um trabalho para o Espetacular Homem Aranha!

 

Decidi sair pela porta vestido como Peter, para que minha tia não ficasse se perguntando como diabos eu simplesmente desaparecera de dentro do meu quarto. Quando pisei no batente da porta, ela chamou minha atenção:

- Pete, não se esqueça que amanhã vamos a missa...

- Missa?

- Sim, Pete. Eu prometi ao padre que ele te veria dessa vez! – Gritou da cozinha.

Revirei os olhos, agradecendo por ela não poder ver, e saí. Com as vestes do aranha na mochila, caminhei até um beco deserto e fiz a troca.

Assim que desci a máscara, meu sentido aranha ficou maluco. Meu cérebro ficou tão dormente que foi difícil lançar a primeira teia e me impulsionar no ar.

“Acho que estou quebrado.”

Lancei uma teia no próximo prédio e fiz a curva para uma grande avenida, pairando sobre a multidão de carros e gente.

- Toma essa, inseto!!! – Foi o que ouvi antes de ter algo metálico atirado contra mim.

Mantendo o equilíbrio, me virei para observar o autor do lançamento. Mil e um vilões passaram pela minha cabeça antes que eu ficasse boquiaberto ao encontrar os olhos furiosos de um New Yorker genérico. Eu nem pude ter certeza se aquele tinha realmente sido o homem que jogara uma lata cheia de Dr. Pepper contra minha nuca, já que logo ele se perdeu dentro de uma massa de outros cidadãos revoltados.

- Entregue-se, vigilante!

- Eu vou arrancar a sua cabeça!

- Me dê a máscara!!!

Os gritos se misturavam e era difícil entendê-los, ainda mais quando eu era alvejado por tomates, pedras e qualquer coisa que se possa encontrar nas ruas de uma cidade grande.

“Que porra está acontecendo?”

Subi para o auto de um prédio, despistando meu seguidores raivosos. Não havia nenhum motivo que eu conseguisse imaginar para explicar o que estava se passando.

“Será que o Venom voltou a se passar por mim?”

“Não, não faria sentido...”

Minha busca por respostas foi interrompida por uma mensagem que se repetia incessantemente, aparentemente por todos os telões da Big Apple: Aquele era J. Jonah Jameson? Será que ele finalmente provara seu potencial de super vilão e estava tentando dominar o mundo?

- ... Um milhão de dólares!

Tentei focar melhor no que ele dizia e a mensagem voltou para o início:

- Atenção. Estamos oferecendo um milhão de dólares para a primeira pessoa que conseguir tirar a máscara do homem aranha! Vamos descobrir de uma vez por todas quem é o criminoso! Repito: Um milhão de dólares!

- Claro! Só esse cara pra foder minha vida assim!

Xingando Jameson mentalmente, desci para um beco escuro e tirei o uniforme de aranha, voltando a ser apenas o Peter. Eu poderia lidar com aquele assunto depois que eu não me atrasasse para ver Harry.

Conseguir a atenção de qualquer pessoa voltando à pele de nerd era uma tarefa árdua, ainda mais quando se tratavam de taxistas. Depois de quinze minutos tentando, finalmente me dei por vencido e decidi prosseguir a pé.

 

- Peter.

- Har-ry... – Falei pausadamente, tentando recuperar o fôlego que perdera correndo cinco quadras até ali.

- Será que algum dia você vai conseguir chegar no horário em algum lugar?

- Ei! – Chequei as horas no meu celular: Vinte minutos de atraso. – Dessa vez eu nem demorei tanto assim.

Osborn rolou seus olhos azuis e passou o braço em volta dos meus ombros.

- Se não fosse assim, não seria você. Vamos, que filme quer assistir? Eu pago!

É claro que ele pagava. Sendo filho de um multimilionário, Harry estava acostumado a muitas mordomias e mimos, mas mesmo assim ele sabia ser um ótimo amigo, então eu aceitava que ele pagasse algumas coisas aqui e ali de vez em quando.

- De preferência algo que não tenha legendas. – Eu não precisava de nada cult e que me fizesse pensar demais naquele momento.

- Está me confundindo com a MJ?

A escolha foi um filme de terror genérico com muito sangue, gritos e alguns sustos esporádicos, exatamente o tipo de filme que Mary Jane Watson odiaria. Recentemente, Harry e eu havíamos feito um pacto: nenhum de nós voltaria a bajular da ruiva. Ambos já tínhamos sofrido demais por alguém que preferia namorar um idiota feito o Flash Thompson.

Lá pela metade do filme, quando ao menos uns dez litros de sangue já haviam se espalhado pelo telão e meu estômago estava cheio de pipoca com manteiga e Pepsi Cola, o assunto entre Harry e eu finalmente acabou, para a alegria dos demais expectadores.

Para a minha surpresa, o moreno então estendeu seu braço direito, colocando-o à minha volta, num abraço um tanto quanto desajeitado. Não era raro que Osborn demonstrasse sua afeição por mim, já que éramos melhores amigos há séculos, mas preciso admitir que havia certa estranheza em suas ações nos últimos meses, como se ele quisesse me dizer algo o tempo todo. Seu toque era, de fato, constrangedor, mas ele era a única pessoa que gostava de mim – além de Tia May, é claro – sem que eu precisasse estar vestindo uma fantasia, então eu nunca o recusei.

- Acho que depois daqui poderíamos comer alguma coisa... – Ele sussurrou no meu ouvido, com o intuito não levar uma nova bronca dos casais que tentavam assistir ao filme.

Assenti, mesmo sabendo o quanto eu já estava completamente satisfeito. Eu devia esse tempo a ele, por todas as vezes em que não estive lá. Harry não precisava de mais uma figura ausente em sua vida, já tinha o próprio pai para nutrir este papel.

 

Depois de mais de uma hora de lâminas e sangue falso jorrando, saímos do cinema para encontrar uma limusine preta que já esperava por nós. Dessa vez fiz um grande  esforço para evitar minhas reclamações frequentes sobre os exageros dos Osborn.

Harry fez um sinal com a cabeça para o motorista – que eu imaginava ser quase um membro da família, tantas foram as vezes que eu já o vira – e abriu a porta para que eu entrasse no carro.

 - Chinesa ou Tailandesa? – Perguntou enquanto afivelava o próprio cinto.

- Oi?! – Por que ele parecia falar de prostitutas?

- Comida chinesa ou tailandesa, Petey? Nossa, às vezes parece que você vive em outro mundo...

Eu realmente vivia em dois mundos: O mundo de Peter Parker, onde eu era amado por poucos, e o mundo do Homem Aranha, onde atualmente eu não era amado por ninguém. Mas isso era outro assunto.

- Como andam as coisas com a Tia May? – O moreno interrompeu meus pensamentos um tanto quanto melancólicos.

- Por que a pergunta?

- Eu e ela ainda conversamos de vez em quando. Nós dois concordamos que você aparenta estar bem cansado e temos curiosidade sobre o que você faz durante a noite para chegar sempre tão tarde...

- Harry!

- O quê?

- Desde de quando você conversa com a minha tia? E... Como? – Aquilo parecia uma invasão de privacidade.

- Já ouviu falar em redes sociais e internet, Peter? Você devia tentar usar mais vezes, sabe, responder as mensagens que te mando – o moreno fez uma careta emburrada, me dando vontade de rir.

Revirei os olhos, mas sempre me sentia culpado por não lhe dar atenção suficiente.

- O que você faz durante a noite? – Perguntou com um tom mais sério dessa vez, tocando meu joelho com a mão esquerda.

- Nada demais, Harry.

Não era a primeira vez que aquela pergunta aparecia – e se repetia – numa conversa. Eu já estava cansado de usar meu arsenal de desculpas e ele cansado de ouvi-las.

- Sou seu melhor amigo, um dia eu vou descobrir – afirmou por fim, piscando para mim.

“Espero que não.” Harry descobrir que eu era o homem aranha seria a pior coisa que poderia me acontecer, arruinaria tudo. Morrer, ir para o inferno e combater Dr. Octopus todos os dias pelo resto da eternidade seria melhor do que enfrentar a fúria de um Osborn.

É óbvio que mais de uma vez eu tive a oportunidade de revelar minha identidade secreta e é verdade que quase o fiz quando Harry esteve internado depois de sua experiência como Venom. Eu o salvei, eu o vi destroçado por algo que fora sintetizado a partir do meu sangue, meu DNA e, portanto, minha culpa, e não tive coragem de contar a ele mesmo assim.

Forcei o diálogo mais leve e ordinário que pude imaginar até que chegássemos ao loft que Norman comprara para Harry quando este entrou em Columbia. O senhor Osborn achava a realização do filho completamente extraordinária, mas nem por um segundo deixara de creditá-la a mim, o que era extremamente irritante, tanto para mim quanto para o moreno.

Depois de alguns minutos sem conseguir descobrir qual das chaves no bolso do maior era a correta, finalmente entramos. Sentamos no sofá, como bons New Yorkers, e decidimos jogar vídeo game enquanto não escurecia.

Derrotado por Harry inúmeras vezes, pedi uma trégua e ele telefonou para o restaurante tailandês preferido.

- Você vai adorar isso, Petey! – Dizia empolgado enquanto pronunciava várias palavras que eu nunca ouvira para o atendente do outro lado da linha.

Muito papo furado e comida apimentada rolaram até que percebêssemos que já passavam das onze da noite.

- Hum, Har, acho que eu preciso ir...

- Eu arrumo um colchão para você, Petey... – Ele sorriu à menção de seu apelido.

- Hein?

- Você realmente acha que eu vou deixar um garoto como você – disse olhando-me de cima abaixo, como se quisesse ressaltar a falta de altura ou massa muscular – andar sozinho por New York durante a noite? Nem fodendo.

- Tudo bem, mas eu realmente tenho que acordar cedo amanhã. Tia May me chamou para ir a igreja, ou algo assim, não quero desapontá-la.

- Sabe que isso não depende de mim, Parker.

Eu ri e me afastei enquanto discava o número de May no telefone. Depois de três toques, ela respondeu com um “alô” muito apreensivo.

- Oi, Tia!

- Oi, Peter, tem algo errado?!

- Não... – Tive que conter o riso com aquela preocupação exacerbada – Só estou ligando para avisar que vou dormir na casa do Harry hoje. Tudo bem para a senhora?

- Ah – ele suspirou aliviada – Tudo bem, Pete. Eu te vejo amanhã então.

Depois que desliguei o telefone, Osborn se aproximou, tocando meu ombro.

- Más notícias... Não tenho nenhum colchão sobrando.

- Não tem problema, eu durmo no sofá.

- Imagina, Peter, minha cama é king size, tem espaço suficiente para nós dois. A não ser que você tenha medo que eu te morda. – O moreno deu uma mordida no ar, fazendo um barulho alto com os dentes.

- Muito engraçadinho!

Não era problema dormir na mesma cama que Harry. Qual é? As garotas fazem isso o tempo todo, por que nós não poderíamos?

 

Ainda fui derrotado no jogo do Capitão América incontáveis vezes antes que fossemos nos deitar, lá pela uma da manhã. Osborn ligou a televisão de 58 polegadas que ficava na parede de frente para a cama, abaixando o volume até que as vozes do noticiário fossem apenas um zumbido.

- Pete?

- Que foi, Har? – Perguntei por reflexo. Meu olhos estavam vidrados na imagem de Jameson, mais uma vez anunciando sua caçada pela identidade do aranha.

- Você ainda pensa na MJ?

Aquilo me pegou de surpresa, então fiquei muito grato por conseguir responder sem gaguejar:

- Às vezes. Mas não como antes. Eu era muito estúpido por gostar dela.

- Nós éramos – completou.

- Mas por que essa pergunta agora, Harry?

- Por nada. Você gosta de alguém, Petey?

- O quê? E-eu não... Não... Eu não tenho tempo para isso – O.K., dessa vez eu gaguejei.

- Ah! – Sorriu amarelo.

- Por quê? Não me diga que Harry Osborn está apaixonado por alguém!

- Não! – O moreno retrucou, talvez depressa demais.

- Sei... – não pude deixar de rir da expressão de desespero dele.

- Vamos dormir?! Acho que já está na hora!

O mais alto se levantou apressado para apagar a luz e a tevê. Já no escuro, vi que ele tirava a calça jeans enquanto olhava para mim. Sua mão direita foi até a nunca, coçando-a, como se estivesse pensando muito sobre algo. Balançando a cabeça em negação, – agora tive quase certeza de que Harry estava tendo um diálogo mental consigo mesmo – ele caminhou até a cômoda e tirou de lá algo que parecia uma bermuda, vestindo-a por cima da cueca. Foi a primeira vez em que eu realmente reparei no quanto ele era bonito. Tudo bem, eu sabia que ele era bonito, afinal, todas as garotas no antigo colégio morreriam por um encontro com ele, mas foi a primeira vez em que eu pude reconhecer isso.

- Você quer tirar a roupa?

-  Oi?!

- Pra dormir. Você quer uma roupa minha emprestada? – Repetiu o questionamento enquanto ainda estava próximo à cômoda.

- Não, estou bem... – Eu, com toda certeza, estava corado.

Harry se deitou, cobrindo-se com o lençol logo em seguida, como se estivesse com vergonha de que eu o visse. Não pude evitar de sorrir para ele.

- O que foi?

- Nada, Har.

Sua mão então se estendeu e os dedos enlaçaram meus cabelos, bagunçando-os.

- Vai dormir, Petey.

- Certo – eu acariciei seu ombro e fechei os olhos, mas não pude evitar de abri-los novamente depois de perceber que ele havia se virado para o outro lado. Suas costas pareciam ainda mais brancas por causa da luz fraca que entrava pela janela.

Aquela imagem foi a última coisa de que me lembro antes de cair no sono.

Um barulho muito irritante me despertou num pulo, mas demorou muito até que eu percebesse que era o despertador do meu celular.

- Caramba! – Já era a terceira vez que o alarme soara. É, eu estava atrasado! – Ei, Har, eu tenho que ir... Compromisso... Tia May... – Joguei as palavras apressado, enquanto calçava meu tênis.

- Hum... – o moreno nem sequer acordou para se despedir.

- Típico, Osborn – sussurrei mais para mim mesmo enquanto deixava seu loft.

 

Novamente recorrendo a um beco – dessa vez bem mais difícil de achar, devido ao alto status da vizinhança – vesti a roupa de homem aranha, tentando evitar o atraso.

Foi só depois de virar na terceira esquina e da primeira fruta podre arremessada que me lembrei do circo que Jameson armara a minha volta. Considerando que o tempo era escasso e que as ruas não estavam assim tão cheias num domingo de manhã, optei por não voltar a ser o Peter, apenas tomando o cuidado de andar por cima dos telhados e não balançando entre eles.

Mesmo com toda a precaução que tomei, não demorou para que me sentido aranha formigasse, me alertando do perigo iminente – eu era completamente grato por essa habilidade, pois sem ela já deveria estar morto há muito tempo. Com movimentos rápidos, consegui desviar a tempo de uma bala que passou zunindo perto do meu ouvido direito, mas ainda assim caí desajeitado sobre um terraço.

- Que porra... – Não tive tempo para completar a pergunta. Do segundo tiro eu escapei por muito pouco, me jogando no ar na última hora. Um segundo a mais e eu teria um furo no ombro – Sabe, eu sempre achei as armas de fogo objetos muito covardes! – Gritei para o ar, provocando quem quer que estivesse escondido.

- O que você acha mais eficaz para matar uma aranha? Um sapato?

Um homem coberto dos pés a cabeça por couro vermelho pulou do prédio ao lado até onde eu estava com enorme facilidade, me deixando um pouco espantado. Um ser humano normal não conseguiria saltar aquela distância.

- A que devo a honra....? – Esperei que ele dissesse seu nome, já que vilões e bandidos adoram falar de si mesmos.

 - Jameson! – Respondeu espirituoso.

J. Jonah Jameson?! Com aquela roupa? E eu é quem tinha mau gosto? Não era possível que ele tivesse ficado tão impaciente a ponto de vir tirar minha máscara com as próprias mãos.

Parecendo entender minha confusão, o outro continuou:

- Jameson ofereceu um milhão pelo seu rostinho, Spidey, então eu estou aqui para matá-lo.

- Oh, Oh! Me matar?! O cara só quer a minha máscara, e não jantar os meus órgãos! – Eu espero! – E... Spidey? Qual é?

- Acontece que eu faço o serviço completo! – Retrucou enquanto se aproximava a passos lentos.

- Então você é algum tipo de prostituta? – Sorri ironicamente. Estava tentando distraí-lo para poder traçar uma estratégia de combate.

Antes de responder, o mais alto me olhou de cima a baixo, analisando-me:

- Para você, quem sabe?

- Então a roupa de couro é algum fetiche? – Indaguei enquanto também o estudava.

A fantasia colada deixava a mostra muitos músculos, então ele era forte. Também era ágil, possuía armas e talvez algum poder sobre-humano. Mas o que era aquilo em suas costas? Duas pontas cruzadas se erguiam acima de seus ombros, parecendo punhos de espadas... Não! Quem andaria com espadas em New York em plena luz do dia?

- Só se você quiser me acompanhar. – O homem sorriu de volta e, mesmo com seu rosto coberto, eu soube que era um sorriso malicioso.

Bom, essa era nova! Vamos recapitular um pouco: ontem eu fui ao cinema, jantei e dormi com Harry Osborn e hoje eu era cortejado por um cara em um traje de couro. Será que eu saí de uma história de amor gay diretamente para um pornô gay e eu nem mesmo sabia se eu gostava de homens? Bizarro.

- Não se preocupe, Spidey, vai doer só um pouquinho. – Seu sorriso cresceu mais ainda enquanto ele revelava as lâminas que carregava nas costas. Não eram simplesmente espadas, mas sim katanas. Não entendo muito a diferença entre as duas coisas, mas sei que katanas pareciam muito mais assustadoras do que a ideia das simples espadas.

Sem pensar duas vezes, comecei a andar na direção oposta, ainda mantendo meus olhos nele.

- Vem cá, Spidey, Spidey... – Chamava-me como se eu fosse um cachorrinho, enquanto avançava em minha direção.

Respirei fundo e segurei o ar dentro de meus pulmões, me preparando psicologicamente para tudo que estava por vir. Repassei um plano mental e então tratei de pô-lo em prática.

- Ei, onde você vai?! – Gritou quando me viu começar a correr para os limites do terraço.

Ele provavelmente sabia que se eu conseguisse ativar meu lança-teias e me prender ao prédio vizinho eu seria capaz de fugir com facilidade, então logo tratou de correr atrás de mim.

O problema é que eu não costumo fugir.

Senti que ele estava próximo o suficiente assim que meu pé tocou o parapeito e me orgulhei por ter calculado tudo tão bem. Tomando impulso, girei o corpo para trás, dando um salto completo de costas e chocando meus pés contra o seu peito, derrubando-o.

Ouvi-o gemer no chão e não pude deixar de rir pelo nariz. O Homem também riu, debochado, como se apenas agora tivesse reconhecido minha potencialidade como adversário.

- Eu vou te esmagar como um inseto!!!

Aquela era uma frase atípica para um domingo de manhã.

Agarrando minhas pernas com apenas um braço, ele me derrubou e partiu para cima de mim. Sentou-se no meu baixo ventre e preparou um soco que acertaria em cheio meu rosto. O sentido aranha tilintou e eu segurei seu punho fechado no meio do caminho.

Juntando minhas forças, girei meu corpo para cima do dele, ficando entre suas pernas. Levantei-me rapidamente, dando alguns passos para traz e me preparando para o combate. Já ele se ergueu num só pulo, vindo em minha direção como um leão andando até a presa.

- Achou que seria fácil assim? – Provoquei-o.

- Cale essa boca.

O homem na roupa de couro avançou em minha direção, parecendo muito mais irritado agora. Uma investida. Um soco de esquerda. Outro de direita. Mais um soco. Uma mão que em um movimento rápido demais sacou uma lâmina pequena do cinto e conseguiu fazer um pequeno corte no meu abdomêm.

- Ei, isso dói! – Resmunguei encarando o fio de sangue que manchava minhas vestes.

Seu sorriso era assustadoramente malicioso.

Mais golpes vieram e demonstrei minhas habilidades desviando de quase todos. Entretanto, aquilo estava cansando e eu tinha um compromisso. Assim, lancei minha teia em sua direção. Mirei na katana, acertando em cheio e puxando-a para mim.

- Diga tchau para o brinquedinho! – Falei enquanto jogava a grande lâmina do alto do prédio.

Talvez tenha sido uma decisão um pouco burra, já que aumentou ainda mais a fúria do homem de vestes vermelhas, que veio ao meu encontro e me acertou um chute forte no estômago.

- Ouch!

O mascarado riu insanamente, enquanto me levava ao chão com uma rasteira e montava em meu ventre com os punhos cerrados, a fim de desferir diversos socos em meu rosto. Não consegui evitar os primeiros, mas escapei de ficar com o olho roxo quando joguei o maior para trás, por cima de mim, e me ergui com um pulo, aproveitando para atirar minhas teias eu seus pés e prendê-lo ao terraço.

O sorriso malicioso ressurgiu enquanto o homem escapava com facilidade da minha prisão improvisada, avançando novamente sobre mim. Naquele momento, percebi que a briga não seria tão sútil quanto era com Trapster e outros vilões meia boca, então juntei todas as minhas forças para realizar o próximo movimento: esperei que ele chegasse perto o bastante e usei seu peito para impulsionar meu corpo em um mortal para trás. A força desse golpe o derrubou, dando-me tempo para me aproximar e dar um chute em sua barriga e outro em sua mandíbula. Ouvi então um barulho estalado que fez meu estômago se revirar.

“Espero que não tenha sido um osso”, pensei enquanto me afastava, dando-o espaço e aguardando sua reação.

O homem, após um longo minuto, se sentou, encarando-me, e sorriu sob a máscara. Dessa vez era um sorriso de satisfação.

- Eu me rendo! – Afirmou enquanto erguia as duas mãos acima da cabeça. – Você é um lutador melhor do que eu esperava – ouvi outro crack enquanto ele baixava a mão direita e usava-a para por os ossos do rosto no lugar.

- Sempre o tom de surpresa.

Suas sobrancelhas se ergueram por um segundo, quase me fazendo acreditar que ele entenderia aquela referência a Harry Potter, mas eu tinha outros assuntos para resolver.

- Hum, se você já terminou de não me matar, eu já vou indo... – Disse enquanto caminhava para a beira do terraço, tentando pensar em qual seria o melhor caminho para chegar em casa a tempo e sem ser seguido por aquele mercenário.

- Deadpool! – Gritou o maior quando eu já estava a uma certa distância.

- O quê?!

- Eu me chamo Deadpool! – Reafirmou, ainda sentado.

Estranhei aquela necessidade repentina do mascarado de se apresentar, mas dei de ombros e o deixei para trás, pensando apenas em minha tia. “Ela sim vai me matar!”

 

Meu sentido aranha não voltou a me incomodar no caminho de volta, evidenciando que eu não estava sendo perseguido. Quando cheguei na porta de casa, já completamente caracterizado de Peter Parker, percebi que não havia nenhuma movimentação lá dentro.

Fiz o máximo de silêncio possível, tentando evitar os gemidos dos degraus – uma tarefa quase impossível para uma casa velha como aquela. Então, escutei um barulho abafado vindo de dentro do quarto de Tia May, e girei a maçaneta devagar, já imaginando o que encontraria ali dentro: uma tia completamente desacordada e roncando.

Segurei a risada e corri para o meu quarto, trancando a porta atrás de mim.

Me deixei cair na cama, exausto, e ainda nem chegara na metade do dia! Ainda assim, eu quis acreditar que, por um momento, a sorte começara a sorrir para mim, já que May sequer levantara para ir a missa, mas minha esperança morreu ao mesmo tempo em que meu celular começou a tocar dentro da mochila.

Observando o nome que apareceu no visor, soltei um suspiro nervoso: Tony Stark.


Notas Finais


Gente, eu sei que eu foquei mais no relacionamento do Peter e do Harry, mas achei que eles mereciam esse tempinho né <3

Se houverem erros, me desculpem, eu tava super empolgada pra soltar logo o capitulo então só revisei rapidinho :(

Beijinhos, me falem se gostaram e até o próximo capitulo! (Será que vai ter Stony?????????????)


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