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História Meu Melhor Amigo - Tudo vai se resolver


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 6 - Tudo vai se resolver


               Assim que acordei no dia seguinte, ajeitei todas as coisas em minha mala e saí do quarto já com ela em mãos. Eu não ficaria mais um minuto naquela angústia, e quanto mais tempo eu me esforçasse para fingir que estava tudo bem, mais as coisas poderiam piorar. Assim que cheguei à sala, Marianne estava terminando de colocar a mesa do café. Assim que me viu, e assim que viu minha mala ao meu lado, ela me olhou confusa.

- Bom dia! – Falei.

- Bom dia... – Ela respondeu ainda olhando para a mala.

               Antes que eu pudesse me explicar, Fernando apareceu ao meu lado tendo a mesma reação de Marianne quando viu minha mala.

- Aonde você vai? – Ele perguntou sem rodeios.

- Olha, eu agradeço muito a boa vontade de vocês dois de me deixarem ficar aqui, mas eu realmente acho que é melhor eu ir para um hotel.

- Mas por quê? – Marianne perguntou se aproximando. – Você não gostou de algo? Nós... Falamos algo? – Ela olhou para Fernando.

- Não, de maneira alguma. Pelo contrário. - Expliquei. – Fui muito bem recebida e agradeço por isso, mas eu realmente prefiro ficar em um hotel. Eu não quero incomodar.

- Você não está incomodando. – Marianne insistiu.

               Fernando permanecia em silencio, apenas me olhando.

- Muito obrigada, mas eu já fiz minha reserva. – Sorri. – Mas não se preocupem. Se precisarem de ajuda com alguma coisa do casamento eu irei ajudar.

               Não parecia algo que eu deveria dizer, já que nem mesmo sabia se aquele casamento era uma boa.

- Bom... Se você já tomou sua decisão... Então tudo bem. – Marianne suspirou.

- Então... Mais uma vez obrigada. Eu já vou indo.

- Não quer tomar café antes? – Ela perguntou.

- Obrigada, mas eu não estou com fome. – Tentei não parecer indelicada.

- Eu te levo. – Fernando disse, depois de tanto tempo em silencio.

- Não precisa. – Falei rapidamente. – Eu posso pegar um táxi.

- Não seja boba. Fernando não se importa em levá-la. – Marianne disse.

               Olhei para Fernando e ele imediatamente pegou minha mala, sem me dar tempo de negar mais uma vez.

 

 

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               Durante o caminho para o hotel, o clima ficou pesado entre Fernando e eu. Ficamos em silencio e eu percebi que por algum motivo ele parecia chateado ou bravo, e com certeza isso estava relacionado à minha decisão daquela manhã. Mas ele precisava entender o meu lado, e saber que não seria fácil para mim ficar naquela casa com os dois.

- Você fez isso por causa da Marianne? – Ele perguntou quebrando o silencio.

- Não. É claro que não. É que eu realmente não quero incomodá-los.

               Fernando suspirou, sem tirar a atenção do transito.

- Eu realmente queria que vocês se dessem bem.

- Não vamos ter problema com isso, Fernando. Ela parece ser uma pessoa legal, apesar de ser muito perfeccionista...

               Ele me olhou assim que o sinal fechou.

- Eu já me acostumei com isso.

               Eu não entendi porque ele estava falando aquilo, como se fosse uma provocação. Juntei toda a paciência que ainda me restava e preferi não responder.

- Você precisa conhecê-la melhor. – Ele disse com frieza, voltando a acelerar quando o sinal abriu.

               A raiva tomou conta de mim, e minha vontade era de descer daquele carro no mesmo instante. Além de ter que me esforçar para que as coisas continuassem bem entre Fernando e eu, eu tinha que suportar ele falando de sua noiva como se ela fosse um premio para ele. Não me interessava saber o que ele mais gostava nela. Na verdade, não me interessava saber nada do que ele pensava sobre ela. Naquele momento comecei a pensar se teria sido realmente uma boa idéia ter aceitado aquele convite. De certa maneira eu estava mentindo para Fernando, para Marianne e principalmente para mim mesma. Fingir que estava tudo bem quando na verdade estava tudo de ponta cabeça era errado.

               Assim que Fernando estacionou o carro de frente para o hotel, abri a porta quase sem esperar que o carro parasse. Bati a porta com raiva e Fernando desceu logo depois, pegando minha mala de dentro do carro.

- Obrigada. – Falei com frieza, lhe dando as costas.

- Lety!

               Me virei para ele, cruzando os braços.

- Amanhã os pais da Marianne darão um almoço de casamento na casa deles. Eu gostaria que você fosse...

               Não acredito! Não acredito que Fernando consegue fingir que tudo está bem!

- Eu estarei lá. – Falei simplesmente, me virando e seguindo em direção ao hotel.

               Raiva. Era a única coisa que eu sentia. Raiva por Fernando achar que as coisas estavam bem quando estava mais do que claro que não estavam. Eu sabia que ele queria fingir que nada aconteceu entre nós dois, mas aquilo já era demais. As conversas sobre Marianne, sobre o casamento, e sobre o quanto era importante que eu estivesse presente. De certa maneira Fernando estava sendo egoísta e insensível.

               Assim que entrei no hotel, segui para a recepção para pegar a chave do meu quarto. Tudo o que eu mais queria era descansar a cabeça pelo menos por algumas horas. Não consegui pregar os olhos a noite pensando em Fernando e Marianne no quarto ao lado, e o sono estava piorando o meu humor. Assim que entrei no quarto, me joguei na cama e peguei o celular, enviando uma mensagem para Márcia e Carolina. Por algum motivo elas pediram para que eu falasse em qual hotel eu estaria, e foi o que eu fiz. Depois de enviar a mensagem, coloquei o celular ao lado e fechei os olhos. Não era surpresa que Fernando foi a primeira pessoa que veio em minha cabeça, e assim adormeci.

 

 

 

                                                           --------------------------

 

 

 

               Despertei com o meu celular vibrando ao meu lado. Abri os olhos sonolenta e olhei as horas no relógio que havia sobre a cômoda, me assustando quando vi que dormi por três horas seguidas. Eu estava tão cansada nos últimos dias que a única coisa que eu fazia de melhor era deitar a cabeça no travesseiro e dormir. Ainda sonolenta, peguei o celular ao meu lado e o atendi, sem ao menos olhar o nome na tela.

- Pronto. – Resmunguei.

- Lety? É a Marianne.

               Imediatamente me sentei à cama, despertando.

- Ah... Oi Marianne.

- Espero que não se importe, mas Fernando me passou o numero do seu celular.

- Não, está tudo bem.

- Eu estou ligando para te fazer um convite. Isso é... Se você quiser, é claro. Eu sei o quanto você é importante para o Fernando, e eu acho que nós poderíamos... Nos conhecer melhor, não acha?

               Respirei fundo colocando a mão à testa. Se eu negasse, ela obviamente desconfiaria de algo.

- Tudo bem. Seria legal.

- Que ótimo! – Ela comemorou. – Então... Eu posso buscá-la no hotel daqui a uma hora?

- É claro.

- Ótimo! Então... Até logo, Lety.

- Até.

               Ela realmente ficou animada quando aceitei o convite, e eu me senti ainda mais culpada. A única coisa que me restou fazer foi me arrumar, e esperar que ela chegasse ao hotel. Não me atrasei dessa vez, e uma hora depois eu estava na frente do hotel esperando por ela. Não demorou muito para que ela parasse o seu carro em minha frente, acenando para mim totalmente animada. Forcei um sorriso e retribuí o aceno, abrindo a porta do carro logo depois.

- Oi Lety! – Ela exclamou sorrindo.

- Oi. – Tentei não parecer tão desanimada com aquele encontro.

- Eu estou tão feliz que você aceitou o meu convite.

               Fechei a porta e coloquei o cinto, sem saber o que responder.

- Então... Para onde vamos? – Perguntei.

- Eu pensei que você poderia me ajudar com algumas coisas do casamento. Eu preciso escolher o meu buquê e estou desesperada porque ainda não faço idéia de qual escolher.

               O meu animo para ajudar nas coisas do casamento estava menos dez, mas como eu havia aceitado passar a tarde com ela, não tive outra escolha além de concordar. Mais uma vez ela ficou animada e deu partida, falando à todo o tempo o quanto era importante que nos déssemos bem. Chegamos à primeira loja, mas mal olhamos o primeiro buquê e Marianne quis sair à procura de outra loja, alegando que aquela não teria nada do seu agrado. Percebi que a tarde seria mais longa do que eu imaginava, e para a minha infelicidade, eu estava certa.

               Entramos em mais ou menos cinco lojas e em nenhuma delas Marianne gostou de alguma coisa. Eu não precisei dar a minha opinião nenhuma vez, já que ela mesma dizia não gostar das sugestões. Mas, ao entrarmos na sexta loja, eu já não estava com um pingo de paciência, e resolvi dar a minha opinião. Mas eu estava movida pela impaciência, e talvez tenha exagerado nas minhas sugestões. Peguei alguns dos buquês mais esquisitos que tinham na loja, e insisti à Marianne que eu havia gostado e que combinaria com o casamento. Talvez por ter medo de discordar da minha opinião, ela apenas forçou um sorriso perguntando se eu tinha certeza da escolha. Eu estava torcendo para ela rejeitar e eu teria uma ótima desculpa para não ajudá-la o restante da tarde. Mas, para o meu espanto, ela aceitou a sugestão, e realmente pensou que era uma boa escolha. O buquê era a coisa mais horrível que eu já tinha visto na vida, e com certeza todos comentariam sobre isso, principalmente Fernando.

- Quer saber? Acho que inclusive vai combinar com o meu vestido. – Ela disse segurando o buquê de frente para o espelho.

- Você fala sério? – Perguntei abismada, incrédula que ela realmente estava aprovando aquela coisa horrível.

- Sim! E olha que você não viu o vestido ainda, e acabou fazendo uma escolha perfeita. – Ela sorriu. – Ainda bem que trouxe você comigo.

               Não tive coragem de respondê-la, o sentimento de culpa me impediu de fazê-lo.

- E então, escolheu o seu preferido, Senhorita? – A funcionária que estava nos atendendo se aproximou.

- Sim! – Ela respondeu animada. – Vai ser esse!

               A funcionária me olhou e depois olhou para Marianne, forçando um sorriso. Ela com certeza estava pensando que era uma péssima escolha.

- Como quiser. – Ela pegou o buque. – Vou pedir para embrulhá-lo.

               Marianne me olhou animada e eu forcei um sorriso.

- Posso confessar uma coisa para você? – Ela perguntou.

- Claro.

- Eu... Estava tensa para te conhecer por que... Não sabia se teríamos a sua aprovação.

- Minha aprovação? – Perguntei confusa.

- Sim! Para dizer a verdade, sua aprovação é mais importante para mim do que a dos pais do Fernando. Quero dizer... Eles são importantes também, mas é que você... Você é a pessoa mais importante para Fernando. Ele sempre fala muito de você e sempre deixa claro isso.

               Senti minha garganta se queimar.

- Eu fico feliz por você ter aceitado me ajudar com as coisas do casamento, porque agora sei que você realmente aprova isso, e Fernando vai ficar muito feliz. – Ela suspirou e sorriu logo depois. – Ele estava um pouco tenso com o casamento e estava meio distante, mas depois que você chegou ele se tornou uma pessoa totalmente diferente. Está mais feliz, e isso me deixa feliz. Então... Obrigada por me ajudar.

               A maldita culpa aumentou ainda mais, dessa vez, me causando uma sensação de desconforto. Eu estava sendo egoísta por ser tão impaciente com aquele casamento, mas a verdade é que pelo visto todas as pessoas estavam colocando a confiança em mim. Eu havia me comprometido a ser a madrinha de Fernando, e por mais que as coisas estivessem confusas, eu teria que cumprir com o meu dever.

- Aqui está, Senhorita. – A funcionária voltou com o embrulho.

- Obrigada! – Marianne sorriu.

- Quer saber? – Peguei o buque de sua mão. – Acho que esse não vai ficar legal.

- Como? – Ela me olhou confusa.

- Será que você poderia nos mostrar aquele dali? – Apontei para um buque realmente bonito, e que obviamente combinaria com qualquer que fosse o vestido que ela usasse.

- Com muito prazer. – A funcionária sorriu, parecendo aliviada pela troca.

- Aquele ficará muito melhor. – Sorri e Marianne retribuiu o sorriso.

Por incrível que pareça, o restante da tarde foi agradável. Ajudei Marianne com outras escolhas relacionadas ao casamento, e dessa vez, dei minha verdadeira opinião. Ela aceitou todas as sugestões e críticas, e por fim estava agradecida pela minha ajuda. Ao me deixar no hotel, Marianne me surpreendeu com um abraço seguido de um agradecimento sincero pela tarde e pela ajuda. Embora soubesse que eu havia feito a coisa certa, eu não conseguia me sentir inteiramente orgulhosa disso. Depois de nos despedirmos, segui para o hotel e fui direto para o meu quarto, afim de tomar um banho e tentar relaxar. Era difícil conseguir relaxar com tantas coisas na cabeça, mas ao menos o banho ajudou um pouco. Depois disso, caí na cama e liguei a televisão, tentando me distrair com alguma coisa. Por um acaso estava passando um filme do meu interesse, e eu consegui me concentrar nele e me esquecer de todos os problemas.

Quase no fim do filme ouvi meu celular tocar ao meu lado. Ao olhar o nome na tela, meu coração disparou e minhas mãos começaram a suar. Era Fernando. Hesitei por um tempo em atendê-lo, mas por fim a curiosidade foi maior, e eu o atendi.

- Alo?

- Oi, Lety.

               Senti meu corpo inteiro se arrepiar ao ouvir sua voz.

 - Oi. – Me ajeitei à cama. – Como você está?

- Bem. E você?

- Também.

- Eu... Estou ligando para te agradecer.

- Me agradecer? Pelo que?

- Marianne me contou que vocês passaram a tarde juntas e que você a ajudou com algumas coisas. Ela está muito animada e contente que vocês se deram bem.

- Ah... Tudo bem. Foi um passeio agradável. Você tinha razão, ela é uma pessoa legal.

- É, ela é.

               Fez-se um silencio constrangedor, e por pouco eu não desabafei tudo o que eu queria dizer à Fernando. Não apenas sobre o casamento, mas também sobre como eu estava me sentindo em relação à tudo isso. Mas por fim, mais uma vez não tive a chance de dizer tudo isso, e Fernando quebrou o silencio.

- Então... Vou desligar agora. Eu te espero amanhã, ok? Vou enviar o endereço para você por mensagem.

- Tudo bem.

               Eu quase me esqueci do almoço na casa dos pais de Marianne.

- Então até amanhã. Boa noite, Lety.

- Boa noite, até amanhã.

               Desliguei o telefone com uma sensação estranha. Uma sensação de tempo perdido, e que a cada minuto que se passava sem que eu dissesse toda a verdade para Fernando, a distancia entre nós dois aumentava ainda mais.

 

 

 

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               Por algum motivo desconhecido, acordei de bom humor no dia seguinte. Me preparei para o almoço e peguei um dos melhores vestidos que eu havia levado na viagem. Estava disposta a me dar bem com todas as pessoas, e principalmente com Fernando. Eu precisava reatar nossa amizade e me livrar de todo aquele clima pesado que tinha entre nós dois. Assim seria muito mais fácil conversarmos e eu poderia dizer à ele tudo o que eu realmente queria. Quando estava terminando de me arrumar, recebi uma ligação de Márcia e a atendi empolgada.

- Oi sumida! – Falei ao atender o telefone.

- Sumida é você. Se esqueceu das amigas? E as novidades? Precisamos saber de tudo! Carol está aqui e o telefone está no viva voz.

- Oi Carol!

- Oi Lety!

- E então... Nos conte tudo!

- Não tenho nada de mais para contar. Depois que vim para o hotel Fernando e eu não nos vimos mais. Ontem eu saí com a Marianne e...

- Você saiu com ela? – Carolina perguntou. – E como ela é?

- Para dizer a verdade, é uma pessoa legal. Ela só é um pouco perfeccionista demais e certinha demais. Não parece o tipo de que combina com Fernando, mas...

- O tipo que combina com Fernando é o seu, não é? – Márcia disse.

- Não... Eu não quis dizer isso.

- Sei. – Elas riram. – Enfim... Então você está se dando bem com ela?

- Acho que sim.

- E ainda não conversou com Fernando sobre isso?

- Não. Não tivemos tempo.

- Lety... O tempo está passando. Logo chega o dia do casamento e você não pode deixar para contar tudo para ele em cima da hora.

- Sinceramente, eu não sei o que eu vou dizer à ele, Márcia. Mesmo que não demonstre, ele parece empolgado para o casamento, assim como todo mundo. O que eu vou dizer sobre isso?

- A verdade, oras! Que você não se esqueceu do que aconteceu entre vocês dois, e que você sofreu com a ausência dele.

- Já imaginou como será se ele se casar? – Carolina perguntou. – Com o tempo ele vai perder o contato com você, porque o clima entre vocês dois vai ficar estranho demais. E aí por fim não vão mais se falar. E dessa vez pode não ter volta.

               Aquilo acabou totalmente com o meu bom humor. Pensar que Fernando e eu poderíamos nunca mais voltar a ser os mesmos de antes me incomodava profundamente.

- De qualquer maneira... Tente arrumar uma oportunidade para conversarem. O que vai fazer hoje?

- Estou indo para um almoço na casa dos pais da Marianne.

- Por quê?

- Porque Fernando me convidou, oras.

- Fernando está te convidando para tudo relacionado ao casamento, mas ainda não teve coragem de conversar com você sobre o que aconteceu?

               Não respondi.

- Olha, Lety... Eu entendo que você está tentando fazer as coisas com calma para não estragar tudo, mas Fernando está sendo um babaca de certa forma. Ele quer fingir que nada aconteceu, e ainda está pedindo para que você o ajude com o casamento. Isso é de certa forma um egoísmo da parte dele. Você não pode deixar isso pra lá.

               Elas tinham razão, mas não era tão simples quanto parecia.

- Mas não se preocupe. Nós já pensamos em tudo! – Márcia disse e aquilo realmente me deixou com medo. – Temos uma surpresa esperando por você no saguão, e isso vai mudar o rumo das coisas.

- Surpresa? Que surpresa?

- Você vai ver. – Carolina riu. – Agora precisamos desligar. Alguém precisa cobrir o seu turno.

- Mas eu quero saber da surpresa!

- Tchau, Lety! Boa sorte!

               Elas não me esperaram perguntar mais uma vez. Assim que desligaram, suspirei impaciente e quis logo terminar de me arrumar para descobrir o que era a tal surpresa. Quando enfim terminei, saí do quarto às pressas e peguei o elevador, saindo direto no saguão. Me preparei para ir até a recepção perguntar se tinha algum pacote em meu nome, mas antes que pudesse chegar ao balcão, senti alguém segurando meu braço. Quando me virei, dei de cara com Antonio, e mal pude acreditar que ele estava ali.

- Oi, bonita! – Ele sorriu.

- Antonio! – Não pude disfarçar a animação por vê-lo ali. Pulei em seu pescoço e o abracei animada. – O que está fazendo aqui? – Perguntei olhando-o.

- Oras... Vim te ajudar, é claro!

- Me ajudar?

- Márcia e Carolina me disseram que você está com problemas para conversar com Fernando. Achei que precisaria de uma ajuda.

- Você veio aqui por isso? – Perguntei perplexa.

- É claro que sim! Eu vou ser o seu namorado por uma semana!

- Como é que é? – Perguntei abismada.

- É isso mesmo! Nós conversamos e decidimos que você precisa de um namorado para não se sentir sozinha e deslocada. Assim Fernando vai saber que você não está por conta dele. E quem sabe isso o ajuda a ter um pouquinho de ciúmes?

- Não, definitivamente não, Antonio. Não posso usá-lo dessa maneira.

- Deixa de ser boba, Lety. Eu me ofereci para fazer isso. Nada melhor do que um amigo gay para fingir que é o seu namorado, não é? Além do mais eu vou me divertir vendo a cara do Fernando quando você disser que tem um namorado.

- Mas ele não vai ter ciúmes. Ele está prestes a se casar, seria ridículo.

- É o que vamos ver. – Ele sorriu. – Então, o que me diz?

               Eu não poderia negar que estava animada por Antonio estar ali. Eu realmente estava me sentindo sozinha e deslocada, e tê-lo ao meu lado deixaria as coisas um pouco mais fáceis. Eu só não sabia se a idéia dele fingir que era meu namorado era uma boa idéia, mas nós não saberíamos se não tentássemos.

- Bom... Já que está aqui... Por que não?

- Assim que se fala! – Ele comemorou. – Então, para onde estamos indo?

- Tem um almoço na casa dos pais da Marianne.

- A noiva dele?

- Sim.

- Então não tem um local melhor para você apresentar seu novo namorado. – Ele sorriu entrelaçando sua mão à minha. – Vamos, coração?

- Só me promete que não vai me chamar de coração. – Ela riu. – Eu não namoraria um cara que me chamasse assim.

- Como quiser. – Ele riu.

 

 

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               Não dava para disfarçar, Antonio era realmente uma ótima opção para um falso namorado. Ele é um homem bastante atraente, charmoso e vaidoso, e por mais que gostasse de homens, ele sabia disfarçar muito bem. Fizemos uma encenação para o motorista do táxi, e por fim ele estava acreditando que éramos um casal feliz, graças à maravilhosa atuação de Antonio como o “namorado apaixonado”. Se continuássemos daquela maneira, todos acreditariam que éramos realmente um casal. Ao descermos do taxi no endereço indicado, ficamos boquiabertos com o tamanho da mansão em nossa frente.

- É mesmo aqui? – Antonio perguntou ao meu lado.

- Pelo endereço que Fernando me enviou, sim. É aqui.

- Então... Vamos lá. – Ele segurou minha mão e sorriu.

               Senti os nervos tomarem conta de mim, e a medida que nos aproximamos da entrada da casa, imaginei o que me aguardava ali dentro. Obviamente Fernando estaria muito feliz ao lado de Marianne, e eles estariam esbanjando carinhos para todos os convidados. Afinal, era um almoço relacionado ao casamento dos dois.

- Nomes, por favor? – O segurança perguntou.

- Ahm... Letícia Padilha e acompanhante. – Falei.

               O segurança olhou em sua prancheta e logo depois nos olhou.

- Podem entrar.

               Estranhei por ele ter permitido a entrada de Antonio, já que Fernando não fazia idéia de que eu teria um acompanhante. Mas, assim que fomos liberados adentramos o jardim da mansão, e tudo estava preparado formalmente. As mesas com forros beges e rosa salmão deixavam a decoração ainda mais chique, e todos os convidados pareciam cuidadosamente escolhidos. Pessoas elegantes, e provavelmente tão ricas quanto os pais de Marianne.

- Estou ficando envergonhada perto dessas pessoas. – Comentei com Antonio enquanto caminhávamos.

- Não fique. Aposto que seremos a atração dessa festa chata e sem graça. E que tipo de musica é essa?

               A musica parecia um repertório de elevador, e ninguém parecia se importar com isso.

- Já freqüentei muitos lugares chiques, mas sinceramente, esse almoço de casamento parece mais um enterro. – Antonio comentou e eu prendi o riso.

- Bom dia! – Um casal de meia idade bem aparentados parou em nossa frente. – Nós nos conhecemos?

               Imaginei que seriam os pais de Marianne, e torci para que eles me conhecessem, antes que eu fosse acusada de ser uma penetra na festa.

- Bom dia! Eu sou a Letícia Padilha, amiga do Fernando.

- Ah! Letícia! – O homem, provavelmente Vicente Gonzáles esticou sua mão para mim. – É um prazer enfim conhecê-la. Fernando fala muito de você.

               Apenas sorri.

- Essa é minha esposa, Jaqueline.

- Muito prazer. – A olhei.

- O prazer é meu, Letícia.

- Podem me chamar de Lety.

- Lety. – Ele sorriu. – Fernando me disse que você também é advogada, e das boas. Seria uma honra se pudéssemos conversar um pouco sobre isso depois.

- Nada de conversas de negócios hoje, querido. – Sua esposa segurou em seu braço carinhosamente.

- É claro. – Ele riu. – Hoje é um dia para festejar.

               Festejar? Com essa musica?

- E esse cavalheiro é o seu acompanhante?

- Ah, sim! – Entrelacei meu braço no de Antonio. – Esse é Antonio, o meu...

               Não consegui terminar a frase. Fernando se aproximou no mesmo momento e parecia feliz ao me ver, até olhar para Antonio e o seu sorriso diminuir.

- Ah, Fernando! – González bateu em seu ombro. – Achei que não viria receber sua amiga. Você falou tanto dela. Precisava conhecê-la.

               Um clima tenso pairou sobre nós, e Fernando continuou a encarar Antonio.

- Acho que não nos conhecemos. – Ele disse.

- Você chegou bem na hora das apresentações. – Disse Gonzáles.

- Esse é o Antonio. – Tornei a falar. – Nós... Somos... Ele é...

               Droga! Eu me enrolei totalmente na hora de apresentá-lo, e temi que tivesse estragado tudo. Mas Antonio foi mais rápido, e sorriu educadamente esticando sua mão para Fernando.

- Sou Antonio Almeida. Sou o namorado da Lety.

               Por pouco eu não entreguei tudo. Não estava preparada para as apresentações daquela maneira, e olhando para Fernando pude perceber que ele também não estava. Ele apertou a mão de Antonio sem muito entusiasmo e logo depois me olhou, parecendo bravo.

- É um prazer conhecê-lo, rapaz. – Disse Vicente apertando sua mão. – Espero que fiquem a vontade.

- Obrigado, Senhor. – Antonio sorriu.

               Ficamos todos em silencio e a situação ficou ainda mais tensa. Achei melhor quebrar o silencio e sair dali o mais rápido possível, para enfim conseguir respirar aliviada.

- Onde está a Marianne? – Perguntei à Fernando.

- Está lá dentro. – Ele respondeu com certa frieza.

- Pode ir até lá. – Gonzáles disse. – Acho mesmo que você vai ficar mais à vontade entre as mulheres.

               Além de rico é machista! Apenas forcei um sorriso e olhei para Antonio, esperando o seu sinal de que eu poderia deixá-lo a sós. Ele sorriu e piscou para mim, e eu entendi que poderia deixá-lo ali sem nenhum problema.

- Com licença. – Falei ao me afastar.

               Enquanto caminhava à procura de Marianne, não pude deixar de notar como aquela casa era grande. Temi que a qualquer momento ficasse perdida ali dentro e alguém teria que chamar o resgate para me encontrar, mas ao ouvir gargalhadas vindas de um dos cômodos, resolvi segui-las até encontrar Marianne, sentada à uma mesa rodeada de várias outras mulheres.

- Lety! – Ela exclamou levantando-se, vindo em minha direção.

               Não pude deixar de me assustar quando ela me puxou para um abraço, parecendo realmente animada ao me ver.

- Que bom que você chegou! – Ela disse sorrindo. – Vem, vou te apresentar para as meninas.

               Todas elas trajavam um vestido delicado praticamente da mesma cor, e por um segundo pensei que fosse algo combinado. Pela maneira que elas me olharam quando me aproximei, notei que eu estava mais diferente do que pensava, principalmente por estar usando um vestido vermelho em que mostrava a minha tatuagem do ombro.

- Meninas, essa é a Lety que eu falei para vocês.

               Sorri tentando parecer educada, mas pela maneira que elas me olhavam, isso não bastava.

- Sente-se aqui, Lety. – Marianne me puxou pelo braço, indicando uma cadeira ao lado dela.

               Assim que me sentei, todas elas olharam para mim como se eu fosse de outra espécie, mas então uma delas quebrou o silencio.

- Adorei a sua tatuagem.

               Todas a olharam como se ela tivesse dito uma blasfêmia.

- Obrigada. – Sorri.

- Eu sempre quis fazer uma, mas... Mesmo com vinte e um anos meus pais não permitem. Eles me deserdariam.

               Pelo visto todas elas pensavam o mesmo.

- Tem que ter muita coragem para fazer algo permanente no próprio corpo. – Uma delas comentou com certa frieza.

- Realmente, precisa ter muita coragem. – Falei tentando não parecer tão grosseira.

- Então... Você e Fernando são mesmo amigos há tanto tempo?

- Sim. – Respondi apenas.

- Interessante. É estranho um homem e uma mulher manterem uma amizade por tanto tempo sem nunca terem se relacionado.

               O clima pesou ainda mais e todas ficaram constrangidas com aquele comentário, menos a mulher que o fez. Ela parecia querer me provocar de alguma maneira, e se eu não estivesse entre pessoas desconhecidas, eu teria respondido à altura. Mas, não precisei pensar em uma resposta. Marianne já fez isso por mim.

- Que indelicado da sua parte dizer isso, Marina. – Respondeu ela.

- Eu só estou comentando que é um pouco estranho.

               Marianne bufou ao meu lado e se levantou.

- Lety, vamos lá pra fora.

               Não questionei. Apenas me levantei e a segui, aliviada por me afastar de toda aquela nuvem de tensão que estava naquele cômodo.

- Me desculpe pela minha irmã. – Marianne comentou enquanto andávamos pela casa. – Ela é um pouco amargurada.

- Não se preocupe. – Sorri. – Estou acostumada com esse tipo de comentário.

- Elas só estão assim porque nenhuma delas tem liberdade o suficiente para fazer o que quer. Metade porque os pais ameaçam deserdá-las, e outra metade porque os maridos são sérios demais para isso.

- Entendo.

               Era estranho aquele tipo de comentário vindo de Marianne, já que todas elas se pareciam muito com ela. Assim que saímos de casa, vimos Fernando e Antonio caminharem em nossa direção. Fernando parecia impaciente e logo notei que ele não estava nada contente. Já Antonio estava sorrindo, e quando se aproximou, me puxou pela cintura me surpreendendo com um selinho. Fernando colocou as mãos no bolso incomodado e eu tentei apenas não parecer tão surpresa com aquilo.

- Acho que não nos conhecemos. – Marianne comentou nos olhando curiosa.

- Ah... Esse é... O Antonio. Meu namorado.

               Fernando limpou a garganta, mostrando-se inquieto mais uma vez.

- Seu namorado? – Marianne perguntou abismada. – Eu não sabia que você tinha um.

- Ninguém sabia. – Fernando respondeu frio.

- Isso é... Fantástico! – Marianne comemorou, puxando Antonio para um abraço. – Meu Deus! Que notícia maravilhosa! Muito prazer, meu nome é Marianne! – Ela falava enquanto o abraçava.

               Antonio me olhou confuso, mas retribuiu o abraço de Marianne.

- O prazer é meu. – Ele riu.

- Me desculpe por isso. – Ela se afastou enquanto ria. – É que Fernando não me disse que você tinha um namorado, e isso é... Fantástico.

- Eu não disse por que também não sabia. – Comentou mal humorado.

               Fernando não estava nem mesmo se esforçando para disfarçar que estava irritado com aquela situação, eu só não entendia o por que.

- Nós podemos conversar? – Ele perguntou me olhando.

- Sim. – Respondi virando-me para Antonio. – Pode esperar um pouco?

- Claro!

- Eu volto logo.

               Fernando nem ao menos me esperou para se afastar. Me apressei para acompanhá-lo e deixei Antonio conversando com Marianne, que parecia realmente animada em conhecê-lo. Fernando caminhou pela casa entrando em um cômodo vazio que parecia ser um escritório. Ao entrar, ele me olhou e cruzou os braços, prestes a cuspir fogo pela boca.

- Por que não me contou que você tinha um namorado?

- Eu não pensei que seria importante. – Dei de ombros.

- Não pensou? Então você faz toda aquela cena porque não contei sobre a Marianne, e agora faz o mesmo?

- Aquilo foi totalmente diferente! – Respondi irritada. – E você sabe muito bem por que.

- Tudo bem, talvez tenha sido em situações diferentes, mas você não acha que eu merecia saber que você namorava? Quando pretendia me contar?

- Eu não sei! Não achei que fosse importante com o seu casamento chegando! Eu vim aqui por isso, não foi?

- Isso não tem nada a ver. Quando foi que ele chegou?

- Hoje de manhã. Ele resolveu me fazer uma surpresa.

               De certa forma eu não estava mentindo totalmente.

- Você gosta dele?

- Como é que é? – perguntei perplexa. – Está me perguntando se eu gosto do meu namorado?

- Sim!

- É claro que gosto! Eu não estaria namorando com ele se não gostasse.

- E você o ama?

- Francamente, Fernando... Por que está me perguntando essas coisas?

- Eu só quero saber.

- Não vou te responder isso.

- Você não combina com ele.

               Inacreditável! Fernando estava parecendo um adolescente teimoso!

- Não precisamos dizer sobre casais que combinam quando você e Marianne são totalmente diferentes, não é? – Não pude evitar em soltar aquela verdade. – E se quer saber, as pessoas dizem que nós dois combinamos sim! Mais do que você imagina.

- É mesmo? – Ele se aproximou.

- Sim! – Respondi firme.

               Ele me olhou por alguns segundos, e por pouco pensei que ele fosse gritar ou fazer algo para desabafar toda aquela raiva que eu sabia que ele estava sentindo.

- Ótimo! – Ele exclamou, passando por mim como um furacão.

               Olhei para a direção que ele seguiu e não consegui entender o que tinha acontecido ali. Fernando estava mesmo com ciúmes de Antonio? Mesmo depois de tudo? E principalmente, apesar de tudo? Pensei que fosse algo de momento, e que toda a sua raiva era pelo fato de eu ter “escondido” o meu falso namoro com Antonio. Mas Fernando passou grande parte do dia emburrado e desconfortável.

Antonio estava fazendo um ótimo papel de namorado, e acabou conquistando todas as pessoas que conversávamos. Ele era engraçado, e se mostrava um homem romântico, sendo carinhoso comigo à todo o momento. As pessoas elogiavam nossa “relação”, mas Fernando bufava todas as vezes que ele fazia algo parecido. Estávamos reunidos com vários amigos e parentes de Marianne, e todos eles estavam entretidos na conversa de Antonio, menos Fernando, que continuava emburrado ao lado de Marianne.

- E então, Lety... – Uma das primas de Marianne me olhou. – Para quando é o casamento?

               Engasguei com o champanhe que acabava de tomar, e Antonio me deu leves tapinhas nas costas para me ajudar.

- Casamento? – Perguntei recuperando o fôlego.

- É claro! Vocês formam um belo casal.

- Acho que ainda é cedo para isso. – Falei desconfortável. – Não temos nem um ano de namoro ainda.

- Ela está me enrolando há um tempo. – Antonio sorriu abraçando-me pela cintura.

               O rosto de Fernando se avermelhou e eu pude ver as veias pulsando em seu pescoço.

- Por mim já teríamos marcado a data desde quando nos conhecemos.

- Não acha que casamento é um passo muito sério para você decidir isso logo quando a conheceu? – Fernando falou pela primeira vez em muito tempo. Todos olharam para ele, mas ele não parecia nem um pouco desconfortável com o seu comentário.

- Desde que eu conheci a Letícia eu me apaixonei por ela. – Antonio respondeu com firmeza. – Acho que como melhor amigo você sabe que ela tem muitas qualidades que agradariam qualquer homem. Por sorte eu fui o felizardo, e por isso digo com toda a certeza que eu não teria problemas em me casar com ela em pouco tempo de namoro. Na verdade, por mim, já estaríamos casados e com três filhos.

               Todos riram, menos Fernando.

- Lety não quer ter três filhos. – Ele respondeu espantando à todos, principalmente à mim. – Ela quer ter apenas um.

               De fato, sempre disse à Fernando que ser mãe não era um sonho meu como o de várias mulheres, e que se um dia eu me tornasse mãe, teria apenas um filho. Mas, eu não sabia que ele diria aquilo para todo mundo, principalmente com toda aquela raiva.

- Mas ela mudou de idéia quando me conheceu. – Antonio o alfinetou, e estava vendo a hora que Fernando voaria em seu pescoço. Não era algo que ele faria, mas com toda aquela raiva e com a maneira que ele olhava para Antônio, isso não me espantaria nem um pouco.

- Vocês fazem um lindo casal! – Marianne comentou e todos concordaram.

- Obrigado. – Antonio me puxou para mais perto.

               Fernando imediatamente bateu o pé e se afastou, soltando fumaça pelo nariz. Ninguém entendeu sua reação, mas preferimos ficar em silencio.

- Com licença. – Marianne pediu e seguiu na direção de Fernando.

               Me mexi desconfortável, mas novamente começaram um novo assunto e eu tentei ao máximo me entreter, mesmo que estivesse preocupada com a reação de Fernando.

 

 

 

                                                           ---------------------------------

 

 

 

               O almoço durou mais tempo do que eu esperava, e por mim tínhamos ido embora logo depois da cena de Fernando em que ele se afastou e passou quase uma hora desaparecido. Mas, graças à Antonio e ao seu bom humor foi que foi a maior atração daquela festa desanimada, ficamos mais tempo do que eu pretendia, e quando voltamos para o hotel já havia anoitecido. Não me despedi de Fernando, já que ele parecia se negar a ficar perto de Antonio e eu, e mesmo que eu tentasse disfarçar, aquilo estava me incomodando.

- Até que foi legal, não é? – Antonio perguntou quando entramos no saguão do hotel.

- Foi sim. – Sorri.

- Temos algum compromisso amanhã?

- Eu não sei. Provavelmente tem outra coisa relacionada ao casamento. – Respondi desanimada.

               Depois do que aconteceu no almoço, a ultima coisa que eu queria era ter que participar de alguma coisa relacionada àquele casamento. Fernando provavelmente ficaria mal humorado e emburrado, e aquilo obviamente me deixaria irritada.

- Eu estou me divertindo com isso. – Antonio disse animado. – Fazemos um belo casal.

- Fazemos sim. – Sorri.

               Pegamos o elevador e seguimos para nossos quartos. Por coincidência, Antonio estava no quarto em frente ao meu, e quando saímos do elevador, cada um parou de frente a sua porta.

- Obrigada pela ajuda. – Falei. – Eu não sei como eu ficaria naquele lugar sem você.

- Sem problemas. – Ele sorriu. – Eu estou me divertindo com isso.

               Sorri triste.

- Quer saber, Lety? Eu te admiro. Você está passando por tudo isso apenas para não decepcionar Fernando, e posso imaginar que na verdade tudo o que você queria fazer era jogar tudo para o alto e dizer que esse casamento é um erro. Outra pessoa no seu lugar faria isso.

- Não é por falta de vontade. – Brinquei e ele riu.

               Antonio se aproximou e me puxou para um abraço reconfortante do qual eu retribuí com gosto.

- Estou orgulhoso de você.

- Obrigada.

- Tenha uma boa noite. – Carinhosamente ele beijou o topo da minha cabeça.

- Você também. – Sorri e ele afastou-se, seguindo para o seu quarto.

               Fiz o mesmo, e quando estava entrando em meu quarto ouvi o celular tocar dentro da minha bolsa. Pensei que pudesse ser Fernando, explicando seu comportamento durante o almoço, mas quando tirei o celular da bolsa, vi que era uma ligação de Carolina.

- Alo?

- Nos conte tudo! – Carolina disse.

- Como foi o almoço? E como foi com Antonio? – Márcia também estava na ligação.

- Foi bem. As pessoas acreditaram que éramos realmente um casal.

- Eu disse que Antonio é um profissional.

- E o que mais, Lety?

- Bom... Estava tudo indo bem até Fernando dar um ataque e ficar emburrado o restante do almoço.

- Por quê?

- Eu não sei. Antonio estava conversando com alguns convidados e ele se zangou por algo que ele disse, e se afastou o resto da festa.

- Ele está com ciúmes! – Márcia exclamou animada.

- Não seja boba, Márcia. Por que ele teria ciúmes se está noivo?

- Por qual outro motivo ele se zangaria com Antonio?

- De qualquer maneira não adianta ele ter ciúmes de mim mas continuar noivo de outra.

- Não se preocupe. Em algum momento ele vai perceber que isso tudo é um erro.

- Eu não tenho tanta certeza disso. – Suspirei desanimada.

- Só agüente firme mais uns dias. Tudo vai se resolver.

               Tudo vai se resolver... Eu começava a duvidar disso.


Notas Finais


E aí? O que vocês acham que está acontecendo? Alguma hipótese pra tudo isso? Quero que me digam o que pensam! haha


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