História Meu príncipe encantado - Mon prince charmant

Já era um pouco tarde quando sai da faculdade. Era meio perigoso, mas decidi dar uma volta na orla da praia. Escutei alguns gemidos de dor e gritos abafados. Olhei em volta ajeitando a alça da mochila no ombro e caminhei apressadamente em direção a origem do som. Pude ver atrás de uma pedra, um rapaz tentando de todas as formas beijar e despir a garota que estava encostada na pedra. A garota me encarou e eu pude ver em seus olhos o tamanho de sua dor. Já havia a visto em algum lugar... Deixei a mochila no chão e comecei a me aproximar vagarosamente dos dois. Meu coração batia lentamente e minhas mãos suavam frios... eu mal sabia o que deveria fazer. E se o homem estivesse armado? Vamos lá Joyciaine... não seja medrosa.

- Se afaste dela, agora. – Falei com o máximo de segurança que consegui.

  O rapaz se virou com um sorriso debochado nos lábios e gargalhou, logo vindo para cima de mim. Desviei dele e usei o pouco que aprendi uma vez com meu tio que era professor de artes marciais. Fiquei atrás do mesmo e envolvi seu pescoço com meu braço aplicando um Mata-Leão no mesmo. Ele se debateu um pouco, mas minutos depois por conta da falta de circulação de sangue nas artérias o mesmo desmaiou. O larguei no chão e encarei a garota ao meu lado que olhava o corpo do rapaz caído no chão.

- Eu não o matei se é isso que está pensando. – Falei baixo e me afastei indo até o local onde deixei minha mochila.

- Obrigada por me salvar. – A garota disse se aproximando e tocou meu braço com sua mão fria. – Muito obrigada mesmo.

- Disponha, mas tome cuidado, este lugar fica muito perigoso a essas horas. – Falei e ela assentiu.

- Desculpe me pela minha falta de educação.... me chamo Karine. – Estendeu a mão em minha direção.

- Satisfação, Joyciaine. – Levei sua mão até meus lábios beijando o dorso da mesma e Karine sorriu envergonhada. – Bom... você mora muito longe daqui?

- Um pouco...– Suspirou.

- Vem, vou chamar um táxi para nós então. – Fiz sinal para que ela me seguisse e sai andando.

- Não precisa se preocupar, eu dou meu jeito. – Disse ela.

- Não, não, vou deixa-la em casa. A madrugada é muito perigosa para donzelas como você. – A olhei dando um sorriso brincalhão e ela riu.

- Okay meu príncipe. – Sussurrou e logo corou. – Acho que falei demais.

- Não, eu gostei. – Sorri e chamei um táxi que estava passando e logo o mesmo parou.

  Abri a porta e a Karine entrou agradecendo. Entrei logo depois e fechei a porta. A loira ao meu lado passou seu endereço ao motorista e eu descobri que a mesma morava no mesmo prédio que eu e havia se mudado a pouco tempo. Bem que eu percebi que a conhecia de algum lugar....

***

- Pronto, a donzela está entregue. – Falei assim que paramos em frente a porta do apartamento dela que por coincidência ficava em frente ao meu.

- Pare de me chamar de donzela se não vou achar mesmo que você é mesmo meu príncipe encantado, no caso, princesa. – Disse ela rindo.

- Okay, okay, eu vou parar. – Falei rindo com ela.

- Bom... você quer entrar?. – Me encarou com aqueles lindos olhos castanhos e eu suspirei a encarando.

- Não quero incomoda-la...

- Não vai...

- Que tal outro dia? Tenho um trabalho pra terminar.

- Tudo bem, adieu mon prince charmant. – Sussurrou em meu ouvido e se afastou logo entrando em seu ap.

- Não vai rolar beijinho ? Palhaçada... – Resmunguei e ela gargalhou.

- Calma... – Se aproximou de mim e depositou um beijo em minha bochecha. – Satisfeita?

- Foi melhor do que nada.

***

  Eu havia acabado de deitar. Era quatro horas da manhã. Ouvi a campainha tocar e resmunguei baixo. Quem toca a campainha do outro em plenas quatro da manhã? Só pode ser louco. Caminhei lentamente até a porta pouco me importando com as roupas que eu trajava. Eu só iria xingar a pessoa e voltar a dormir mesmo... Mas quando abri a porta, simplesmente desisti. Karine estava parada ali me encarando com os olhos um pouco inchados e marejados. Não sei porque, mas aquilo me apertou o coração. Ela pulou em meu colo e se aninhou em meu peito como uma criança que procura por abrigo. A segurei com firmeza, tranquei a porta e fui para meu quarto. Me sentei com ela e acariciei seus cabelos. Ela soluçava baixinho.

- O que houve pequena?. – Sussurrei a encarando.

- Tive um sonho ruim. – Respondeu ela. A mesma não parecia aquela mulher que eu havia deixado em frente ao seu apartamento, parecia mais uma criança precisando de ajuda, digo “criança” no bom sentido é claro.

- Ah... certo, quer falar sobre isso?

- Não...

  Apenas assenti e me deitei com cuidado. Ela se aninhou em meu peito e me encarou com aqueles olhinhos...oh God...

- Canta pra mim Joy?. – Pediu em um tom baixo.

- Claro pequena... – Pensei um pouco.

 Ela é uma mulher menina que precisa

Urgentemente ser mais forte
Ela quer alguém que leia seu sorriso
Antes de olhar o seu decote
Ela vê suas amigas se entregando
Ao primeiro que aparecer
Numa tentativa boba de se preencher

Garotas querem mais amor de verdade
Mais sinceridade, garotos são
Todos iguais, tem necessidade
Não passam vontade

Mas tô aqui pra provar
Eu não te deixaria por uma aventura à toa
E nem te trocaria por qualquer outra pessoa
Só pra matar a vontade, o crime não compensa

Garotas inocentes não merecem chorar
Por garotos que não tem a verdade no olhar
Escolhi ser diferente, amor, só pra te amar...

  Cantarolei baixo e seus olhos marejaram um pouco mais. Ela sorriu largo e se ajeitou um pouco em cima de mim.

- Obrigada por tudo.... de verdade. – Depositou um breve selinho em meus lábios. – Boa noite Joy.

***

Pov Karine

 Acordei sentindo uma claridade bater em meus olhos. Resmunguei baixo e abri os olhos, logo me deparando com a Joyciaine na mesma posição em que dormimos com suas mãos sobre minha cintura. Sorri largo a observando e me levantei com cuidado para não acorda-la. Ela era incrivelmente linda... seus cabelos eram curtos, raspados dos lados e platinados, o que combinava bem com sua pele clara. Seu corpo.... mal tenho palavras para descrever tamanha maravilha. Parece ter sido esculpido. Em seus braços eram notáveis seus bíceps, haviam algumas tatuagens cobrindo os mesmos e descendo um pouco mais.... aquele abdômen definido... senhor... é muita tentação. Suas pernas eram perfeitamente torneadas...ai Zeus. Entrei no banheiro e fiz minhas higienes, vesti uma blusa da Joy que ficava como um vestido para mim por conta da diferença de tamanho e sai do quarto indo até a cozinha. Preparei um café da manhã com as coisas que achei, coloquei tudo em uma bandeja e segui para o quarto. Coloquei a bandeja sobre o criado-mudo e me deitei ao lado dela. Passei a mão em seu cabelo o acariciando e desci deslizando o polegar em seus lábios avermelhados naturalmente. Ela resmungou um pouco e abriu os olhos.

- Bom dia meu príncipe encantado.

***