História Meu querido cupido. - A chegada de um cupido.

    O céu estava nublado, e o tom cinzento cobria toda a cidade. Estava deitada quando o despertador me fez acordar. Me arrumei para trabalhar, em uma cafeteria perto do prédio que eu morava. Cheguei exatamente 8 horas da manhã, quando a cafeteria abria. Empurrei a porta, e cumprimentei todos os funcionários, alguns já tinha feito amizade, e outros só conversava por educação.

-Olá Alice! Como vai a sua manhã? 

-Normal... Como todas as outras manhãs.

-Nossa sem graça. Nenhuma novidade? Sério?

-Pois é, minha vida não está tendo muitos acontecimentos interessantes.

-Você precisa conhecer gente nova Alice... Sair mais vezes. Talvez conhecer seu príncipe.

-Essas coisas não existem Lili. Além disso,coisas como essa dão muito trabalho, você sabe que eu não sou muito sociável.

-Ah, eu acredito... Príncipes, princesas, fadas... Cupido...Verdade! Você tem que pedir para seu cupido te ajudar à conhecer sua metade!

-Sai dessa.

    Depois da conversa, o sino da porta de madeira foi tocado, um cliente. Logo peguei o bloco de papel e uma caneta, me aproximei da mesa e perguntei o que o homem queria. Ele pediu um caffé macchiato médio. Anotei o pedido e segui para a cozinha, entregando o papel para uma das senhoras que faziam o café. Depois de pronto, peguei a xícara e entreguei ao cliente. Achei o homem um pouco... estranho. Não entendi o porque mas senti que ele era meio... diferente. Depois que o cliente acabou, ele levantou e andou até o caixa para pagar. 

-Muito obrigado, o café estava muito bom.- Disse entregando as duas notas de 5 reais. Peguei as notas, mas junto havia um papel, escrito :

{ Necessito falar com você, por favor se encontre comigo no seu horário de almoço, na frente da cafeteria }

    Estranhei, o que ele queria comigo? Não sei do que se tratava, mas senti que ele não iria fazer nada contra mim. Pelo menos era o que eu achava. Passou-se meu horário de trabalho, e agora iria almoçar. Preciso me encontrar com ele. Na frente da cafeteria havia uma pequena praça, na qual eu já almoçava diariamente. Avistei o homem sentado em um banco, ele estava me esperando. Era verdade então. Me aproximei, ele olhou para mim, e deu um largo sorriso. Seu sorriso era muito bonito, os dentes eram alinhados e brancos.

-Olá!

-Oi 

-Alice não é mesmo? Sente-se !- Disse dando leves batidas no banco, indicando que era para me sentar ao seu lado. 

-Como sabe meu nome?- Perguntei com um pouco de receio, me sentando ao lado dele.

-Eu te conheci hoje. Parece que alguém me chamou.

-Como assim, '' te chamou'' ?

-Ah, não contei ainda né! Sou seu cupido! Vou te ajudar á encontrar a metade da sua laranja, seu príncipe encantado, seu par, o queijo da sua goiabada, o Romeu da sua Ju...

-Eu já entendi... Quer dizer, mais ou menos. Cupido é? Isso não é verdade. Você deve ser mais um maluco.

-Sabe, a unica maluca aqui é você. Por que não acredita em cupidos?

-Por que eu acreditaria? Se é mesmo um cupido faça uma mágica e me prove!

- Primeiro- Eu não faço ''mágica'', eu faço pessoas se amarem, segundo- Eu não posso simplesmente fazer qualquer um se amar. Temos missões e pessoas designadas. Depois da missão feita, somos mandados de volta. É assim que funciona.

-Tudo bem, mas eu não pedi que você me ajudasse.

-Sim, não pediu. Mas seu coração pediu, e eu sei que você acredita em mim.

-Tá,suponha que eu acreditasse em você. Eu sou seu alvo não é mesmo? E  quem seria minha metade?

- Espere um pouco, volto já. E não saia desse banco!

-Mas... ESPERA! Aish, ele me deixou sozinha! Falta só 40 minutos de almoço, ele acha que vou me alimentar como? 

-Você está sem almoço senhorita?- Argumentou um homem, muito bonito por sinal.

-Sim, eu estava com um... é... um amigo. Mas ele já foi embora.

-Olha, eu estou com duas marmitas aqui. É que eu ia dar para meu amigo, mas ele avisou que ja tinha almoçado depois da compra. Esse babaca. Então? Vai querer?

-Eu não sei se posso confiar em você. Nem te conheço!

-O que eu faria com você? Te daria marmita envenenada? Não faz sentido.

-Claro que faz, você pode ser um psicopata, um estuprador... É como se eu fosse aqueles cachorros que morrem porque foram envenenados, sabe?

-Tá, e o que eu faço com a comida? Jogo fora? Olha, eu nem abri.

-Por que quer que eu coma? Isso que parece meio estranho.

-Ué, horário de almoço serve para que? E foi você mesma que disse ''Ele acha que vou me alimentar como''? Isso significa que você estava planejando comer, e eu tenho comida então....

-Tá bom. Se eu morrer envenenada eu volto para te assombrar- Disse sorrindo.Peguei a marmita e abri-la. Frango, arroz, creme de milho, feijão e batata frita. Eu amo creme de milho. Okay, pode ter algo nessa comida, mas não tem problema, não vai mudar o gosto não é mesmo? Peguei os talheres que o moreno me emprestou. Realmente estava uma delícia. 

-HUUUM!! QUE DELICIA! Ah, desculpa, é que eu amo creme de milho! É muito bom!-  Exclamou ele.

-Sério? Creme de milho é minha comida favorita! 

-Olha, temos algo em comum!- Olhou para mim e abriu um sorriso de ponta a ponta. E não podia negar, era muito bonito mesmo. Por impulso também sorri. Começamos a falar sobre hobbies e coisas que nós gostávamos. Era impressionante! Gostávamos das mesmas coisas. Desde pequena eu costumava a ler muitos livros, e ele também, gostávamos dos mesmos filmes, mesmas séries e até mesmos jogos. Cada vez ficava mais entretida na conversa, que tinha esquecido do horário, já era 13:15... AI MEU DEUS!

-AI EU NÃO ACREDITO! EU ESTOU 15 MINUTOS ATRASADA! Tenho que ir, tchau!

-Espera, eu quero te ver de novo!

-Me encontre aqui, amanhã no mesmo horário! Vamos almoçar juntos!

    Cheguei na cafeteria correndo. Por muita sorte, meu chefe não estava. Continuei meu trabalho até as 20:00. Fui a última a sair, então peguei as chaves e tranquei a loja. Escutei alguns passos, e estavam muito perto. Estava se aproximando. Tranquei as portas o mais rápido possível, mas não deu tempo, senti meu braço sendo puxado.

-SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA- Gritei, tentando me soltar da figura não identificada.

-Ei, para Alice! Não grita, sou eu!

-Ai seu idiota, você me assustou. O que quer?

-Ué, saber do seu encontro com o senhor encantador.

-Você não viu? Pensei que os cupidos ficavam vigiado cada passo do seu alvo.

-Eu tentei, fiquei atrás de uma árvore, mas não consegui te ouvir.

-Entendo... Ah ele era bem legal, gostamos das mesmas coisas.

-Eu sei, sou um cupido muito profissional. Encontro os pares perfeitos. Já estão namorando?

- Que? Não! Por que estaríamos? Nos conhecemos hoje!

-Como assim? Nem um beijinho? Nada? Normalmente acontece alguma coisa com as pessoas que eu junto. No máximo saíram de mãos dadas. Deve ter algo de errado com você. Deve ser muito fria. Mas até as frias se apaixonaram nos primeiro encontros.

-... Sabe, eu sou um pouco tímida, deve ter sido isso. Ele também é meio tímido.

- Claro deve ser isso - parece que essa missão vai demorar um pouco- Olha, eu não posso ir embora sem que você esteja namorando esse cara. Então tenta ir um pouco mais rápido. Dá uma chance pra ele.

- Tá eu vou tentar. Tchau, vou embora entes que fique mais tarde. -Me virei para ir para casa, mas ele me impediu.

- Eu posso te levar para casa. Não vou te deixar sozinha, já está escuro, pode ocorrer alguma coisa com você, e eu não posso deixar isso acontecer.

- T-ta bom, então vamos logo, estou ficando com frio. - Olhei para ele, e o mesmo deu risada de mim.

-Ta rindo de que? 

-É que eu não percebi, mas você pode ser muito fofa!

-C-cala a boca e vamos logo!

-Grossa. Aff, por isso que ele não te deu uma chance de primeira. Ele teve que pensar duas vezes.

    Cheguei em casa, tomei banho e fui me deitar pois já estava com muito sono. Amanhã ia ser outro dia corrido. Pensei como tive sorte de achar um cupido, conheci um cara muito legal, e minha vida está começando a ficar mais divertida. Aliás, eu não sei o nome do cara que conheci hoje, e nem do cupido, esqueci de perguntar, mas amanhã eu pergunto.