Os dois passaram mais algum tempo abraçados. De alguma forma a música agitada, havia sido trocada pra uma lenta, então HoSeok pegou na cintura o Min, com suas mãos cálidas. O pequeno ainda mantinha a bochecha e a parte lateral do rosto encostado em seu peitoral.
— E-eu sinto seu coração batendo... – comentou YoonGi, de modo acanhado, sentindo o cheirinho de girassóis que exalava de HoSeok, um cheiro bem agradável -diga-se de passagem-
— Isso é porque esse corpo é um disfarce humano, YoonGi, não pode haver falhas nele, como o coração dos mortais bate, tive que adicionar essa função. — explicou HoSeok. — O seu está batendo bem ligeiro baixinho, eu sinto. — terminou de falar, sorrindo doce.
— Isso é p-porque, por causa desse ambiente cheio de pessoas, me deixa desconfortável... – desconversou, em uma mentira quase inteira.
Era mais do que claro que o Min não estava sendo sincero em suas palavras. Tudo bem dizer que ele não se sentia bem perto de muitas pessoas, mas usar isso como desulpa para justificar seus batimentos acelerados era exagero. A causa de sua palpitação no peito estava bem ali, lhe abraçando enquanto dançavam e o Min pisava incontáveis vezes em seus pés.
— YoonGi eu sei quando você está mentindo... – respondeu HoSeok com naturalidade, causando um acumulo de sangue nas bochechas gorduchas do Min.
— E-eu não estou mentindo! — exclamou na defensiva, totalmente atrapalhado. Aproveitou para pisar nos pés do maior desta vez com demasiada força e propositalmente, o que só fez o ruivo rir de sua irritação.
— Eu também não sinto dor, Yoon, a não ser que eu queira sentir.. – HoSeok comentou, entre pequenos risos incontidos, o que fez o pequeno se irritar ainda mais e se separar do corpo quente que antes o embalava em um suingue lento.
— Então trate de querer sentir, pois eu quero te bater! – implantou um bico enorme nos lábios pintados com um leve gloss cereja. Encarando o maior e colocando as mãos na cintura, como se estivesse se sentindo ultrajado.
— Então YoonGi, naquela vez que disse pro Jimin que o casaco de crochê que ele havia ganhado da avó, era bonito, você não estava mentindo? – perguntou HoSeok, desafiando o Min a justificar aquele fato.
— Uh, mas aquela vez foi diferente.... – ficou ainda mais desconcertado, olhando para o lado e desviando seu olhar das íris bonitas de HoSeok. — O Jimin é sensível, eu n-não poderia só dizer que era feio...
Tentou se justificar, mas então se pegou pensando novamente em como HoSeok conhecia fatos específicos seus, que quase ele próprio não se lembrava. Isso era estranho - pra não dizer bizarro e assustador. -
— Eu nem quero perguntar como você sabe esse acontecimento específico meu, pra ser sincero.. – continuou o Min, ainda sem encarar o deus do sol.
— Como eu já disse, eu realmente cuido a sua vida faz algum bom tempo, Yoonie.. – falou de maneira franca.
— Mas isso não 'tá direito de ser um perseguidor stalker imortal de sorriso ofuscante! — o Min praticamente berrou para o maior, sendo abafado com o som alto da música lenta que ainda tocava.
YoonGi estava farto de tentar entender como HoSeok "funcionava". Como todo o seu ser imortal deveria ser, como tudo aquilo deveria ser. Era tão mais fácil continuar no seu mundinho infeliz, reclamando e gastando horas suas para se distrair em composições que mesmo ele colocando todo o seu sangue, suor e lágrimas, não eram valorizadas. Na sua vida de cético incorrigível, o seu ditado era de só "crer no que vê". No entanto, este mesmo ditado funcionava para HoSeok, já que via ele muito bem - por sinal- e também o sentia impecavelmente.
— Não sou um perseguidor, YoonGi. — HoSeok pegou na mão de mesmo tamanho do baixinho, tentando acalmar seus ânimos. — Eu só esperava um momento onde eu poderia me mostrar pra você. — entrelaçou ambos os dedos, levando o fato de que YoonGi não os havia separado como uma boa notícia. — Quando soube que você estaria em uma viagem para cá, eu vi uma oportunidade, uma oportunidade pra deixar as suas férias mais divertidas.
O coração do Min deu um pequeno salto ao ouvir todas aquelas palavras sinceras. HoSeok era extremamente compreensível e carinhoso consigo, e ele não sabia agir mediante a isso. Estava fora de sua realidade, alguém se importar tanto consigo e conhecer tanto de si mesmo sem o seu conhecimento sobre o outro.
— E-eu não sei até que ponto eu devo confiar em você HoSeok. — separou suas mãos da quentura convidativa do ruivo. — Você é um deus imortal que já passou por incontáveis coisas, que já vivenciou e conheceu muitas pessoas. – engoliu em seco, antes de continuar. — Você deve ter tantos filhos perdidos por ai, tantos corações quebrados que já te amaram... – continuou o Min, se dando conta da dimensão de milênios de passado que HoSeok carregava consigo.
— Eu posso ser um deus, mas eu não sou perfeito, YoonGi. — seu semblante era sério, mas a sua voz era amena, doce. — Eu nem sempre fiz apenas decisões e escolhas certas durante os anos... — se um deus pudesse enrubescer, HoSeok estaria com vergonha agora. — Mas você não deve levar em conta o meu passado. Durante todos esses anos, minha essência e meu ser foram se moldando e modificando, e como eu agia no passado, não vai ser como eu vou agir agora. — explicou, sendo sincero. Não influenciaria o Min em seus pensamentos e decisões, mesmo tempo poder para faze-lo. Queria que azulado lhe desse a "carta de confiança" por ele próprio, que ele por si só pudesse confiar em HoSeok.
— Eu ainda não consigo confiar em você... – YoonGi murmurou baixinho. Enquanto um nó se formatava em sua garganta.
Não que ele não acreditasse em HoSeok, mas era justamente por acreditar que ele temia. Era difícil apagar tudo o que o deus do sol já fora. Encarar Apolo como uma simples "pessoa" estava fora de cogitação. 4 milênios de historia nas costas era tempo demais, tempo demais para um simples mortal como si que provavelmente não viveria nem até os 70 anos. Tinha certeza que não causaria qualquer impacto em HoSeok, não viveria tempo suficiente para isso, e de alguma forma aquilo lhe incomodava.
— Pense na importância que eu posso ter em sua vida, YoonGi. — respondeu HoSeok, aos pensamentos do Min. — Não importa se você viva mais 10 anos, mais 30 anos, ou seja quanto for. — Apolo continuou a dizer, sem qualquer filtro. — Eu sei o quanto uma vida mortal é pequena e em como ela é valiosa para vocês, por isso me deixe torna-la especial, YoonGi.
— E-eu te dou 4 dias, os 4 dias restantes até eu voltar para Seul.. – YoonGi finalmente gesticulou, depois de um silêncio quase gritante. — Você vai ter só 4 dias pra me fazer mudar de ideia sobre você, sobre o s-sol. Sobre tudo, HoSeok, quero que você mude minha perspectiva de vida. — dessa vez encarou o deus, cara a cara, sem fugir do seu olhar.
— É todo o tempo que eu preciso, pequeno Min. – HoSeok concordou, pegando mais uma vez a mão do Min e beijando sua palma. — Prometo que não te decepcionarei.
O pequeno humano corara fortemente. Os blefes descarados do deus ainda o desconcertavam aos montes. E lá estava lá seu coração começando a bater descompassado de novo.
— E eu quero que você aja como um humano comum. Nada de aparecer do nada e nem de usar poderes sobrenaturais... — Yoongi expôs as condições. — E nada de ler meus pensamentos!
— Confesso que este último vai ser difícil. – sorriu HoSeok, se aproximando do Min e plantando um beijo em sua testa azulada pelos fios que a cobriam. — Mas se assim deseja... Eu preciso ir, até mais, pequeno bolinho de arroz.
E então HoSeok se fora, dessa vez ele apenas evaporara, deixando para trás um pequeno sozinho, corado e nervoso pela sensação ainda bem presente dos lábios alheios em contato com o seu corpo.
[...]
— Então YoonGi, quem era aquele gato ruivo com quem você estava dançando todo coladinho na festa? – perguntou TaeHyung, diretamente, sem qualquer pudor.
Estavam já os 6 amigos dentro da minivan para voltarem até em casa, e por sorte nenhum deles estava bêbado, pelo menos não -tão bêbados- já que Jimin e Jin pareciam meio alterados, por sorte era NamJoon quem dirigia.
— O Q-QUE?! – bradou o Min, alterado, começando a tossir de nervosismo, uma tosse escandalosa. — E-era apenas um carinha que eu conheci lá dentro, ninguém importante... – finalmente respondeu. Ao parar a tosse e tentar se recompor, mas o rubor nas maçãs do rosto o denunciava.
"Então eles viram HoSeok naquele disfarce humano super gostoso... Tinha como ser pior?"
Pensara YoonGi, corando ainda mais ao se dar conta que havia chamado HoSeok de gostoso internamente - ou pelo menos o seu corpo humano não natural-.
— É o carinha que o YoonGi-hyung tá louco pra dar, não é obvio gente?! – exclamou Jimin, logo em seguida começando a rir igual a um retardado de sua própria observação. Completamente não sóbrio.
— Eu notei que ele também é coreano. – observou NamJoon, prestando atenção na conversa enquanto dirigia. — Isso é bom, hyung, assim pelo menos a comunicação entre vocês flui mais fácil.
— A comunicação entre eles vai ser assim ó.... "Aaaah, óóóh, vai m-mais forte seu ruivo safado." – insinuou JungKook, falando e gemendo numa voz fina e forçada, fazendo os outros 5 rirem iguais hienas no cio.
— Calem a boca! Sinceramente eu não sei como ainda aguento vocês. – YoonGi bradou, totalmente envergonhado e querendo se esconder. Mas primeiro iria espancar cada um dos 5, por serem tão idiotas.
— Porque você nos ama, é claro. — respondeu Jin. — Espero que aquele ruivo consiga amolecer seu coração de gelo. – terminou de provoca-lo, observando a expressão emburrada do Min pelo retrovisor e sorrindo.
— Parem de falar dele! E-ele não é ninguém porra! – YoonGi virou o rosto pra janela, indignado. — Agora calem a boca, que eu 'to com sono.
— UI, ela 'tá brava! — observou Jimin, ainda rindo descontroladamente. Levando um olhar de repreensão de TaeHyung, que pousara a cabeça do mesmo em seu ombro.
E então o ambiente ficou em silêncio, o único som presente eram os soluços altos de SeokJin que haviam surgido do nada.
[....]
Já era tarde do terceiro dia dos meninos no Havaí. Uma tarde ensolarada e bela, sinal de que HoSeok estava mais concentrado em seu dever divino naquele dia.
O Min e os meninos estavam no mercado, comprando mais algumas comidas e coisas para o resto da semana. YoonGi empurrava o carrinho, enquanto os outros 5 despejavam várias quantidades de coople noodles e outras coisas boas e nada saudáveis para saúde dentro do mesmo.
"Como eu fui parar nessa função chata de empurrar esse trambolho".
Se perguntava o Min, nada contente. Simplesmente haviam largado o carrinho para si e falado "toma ai". E então os 5 patetas saiam por ai, indo de fileira e fileira e pegando muita coisa inútil, e YoonGi nem conseguia para-los, já que estava levando o troço com rodinhas pra lá e pra cá.
Mesmo com a situação chata, ele ainda voltava constantemente sua mente para a noite que havia passado. No fato dele ter conhecido a deusa do amor, e na "proposta" que ele havia fechado com o deus do sol.
Havia apenas só mais 4 dias e ele estava ansioso, ansioso pra saber como HoSeok agiria diante daquilo, meramente como um mortal comum e não como um ser imortal...
— MIN YOONGI, HYUUUUNG! — JungKook gritava em seus ouvidos, fazendo o azulado despertar do transe em que havia se colocado e o encarar, meio atônico.
— Nossa, eu estava te chamando faz minutos... – falou JungKook, fazendo uma voz de espanto. — Aposto que estava pensando no ruivinho de ontem.. — comentou o mais novo, com um sorriso malicioso banhando a face jovial e bonita.
— Cala a boca pirralho! – YoonGi novamente estava ficando corado, pois realmente estava pensando em HoSeok e nem conseguira disfarçar.
— Humm, okay, eu nem quero saber das suas fantasias sexuais, só queria avisar que os hyungs já estão esperando na fila do caixa e me mandaram vir avisar. – explicou o Maknae, fazendo o Min encara-lo meio duvidoso, mas logo indo de encontro ao caixa onde estavam o resto do povo.
— Finalmente, pensei que havia se perdido no mercado.. — falou Jimin, soltando um suspiro de alívio exagerado, recebendo um dedo do meio em resposta do baixinho.
[....]
Já era 8h da noite e YoonGi não havia tido nenhum sinal do deus do sol. Como o Min havia imposto para que HoSeok não usasse os poderes, este não havia aparecido do "nada" nenhuma única vez, na verdade não havia aparecido de nenhum jeito, e isso meio que o deixava receoso.
E se ele tivesse decidido que não valia a pena se preocupar com alguém como si?
YoonGi não o culparia, ainda achava absurda a história de ter um seus imortal interessado em sua vida sem nenhum especial...
— Acho que a pizza chegou, atende a porta Jin hyung! — gritou JungKook da sala sentado no sofá, nem fazendo questão de atender a campainha que tocava algumas vezes seguidas.
— E nenhum de vocês pode levantar a bunda do sofá e ir atender?! – Jin reclamou, resmungando. Saindo da cozinha e indo até a porta, abrindo-a logo em seguida.
— Hmm, belo avental.. – a voz grave e suave falou, e automaticamente YoonGi já reconhecera aquela voz e seu corpo se enrijeceu.
"Não, não pode ser HoSeok". Pensou, desesperado.
— O YoonGi está em casa? – HoSeok questionou calmamente, ganhando um "sim, ele está" do mais velho, enquanto todos os pares de olhos estavam virados para ambos onde ambos estavam. — É que a gente tem um encontro marcado e eu vim buscar ele...
Nessa hora o pequeno já estava sem reação. Com as bochechas pinicando quentes. Via TaeHyung e Jimin lhe fitarem com olhares maliciosos e teve vontade de fugir, correr para o quarto e se esconder.
— Pode entrar, fique a vontade, acho que YoonGi ainda não se arrumou.. – Jin falou de forma educada, ganhando um "obrigado" em resposta do deus do sol, que pediu licença e entrou na casa.
O pequeno Min aproveitou para correr até o quarto e ir se arrumar, antes que HoSeok o visse com sua camisa velha e com a estampa desbotada do Dustin, de Stranger Things e seu calção micro pequeno e igualmente velho.
— Ele não poderia ter avisado que iria vir não? E que história é essa de ter um encontro comigo? Eu nunca concordei em ter um e-encontro com ele.... – YoonGi falou para si mesmo, envergonhado.
Deuses não possuíam algum celular não? Para avisar quando chegariam? O Min até pensara que HoSeok não viria mais, que tivesse desistido... Ledo engano.
O Min estava afobado e nervoso. Não sabia bem o que vestir e a ideia de ter um deus imortal na sala, esperando ele próprio se arrumar só o deixava menos tranquilo.
Colocou uma calça de sarja preta skinny e uma camisa simples branca de botões e um par de botinas nos pés.
Não sabia aonde iriam. Se seria em um lugar mais chique ou algo mais casual, mas torcia pela segunda opção. Até porque não teria como pagar algo caro e não sabia se HoSeok possuía algum dinheiro "humano".
Já perfumado com seu perfume cítrico, saiu do quarto, caminhando um pouco sem jeito pelo corregor que se seguia até chegar a sala.
— Hyung, você sabia que o HoSeok sabe tocar mais de 12 instrumentos?! E ele também é poliglota! – falou JungKook com empolgação, ao notar que o Min havia voltado.
Os 5 ali pareciam disputar suas atenções com o "espécime diferente" que era o ruivo sentado no estofado marrom. Este sorria e respondia tudo educadamente e empolgadamente, exalando todo seu charme.
— Ah hum, é c-claro que eu sabia! – respondera o Min, desconcertado. Como sempre um péssimo mentiroso.
Não era de se espantar que o ruivo soubesse tocar muitos instrumentos, ele era o deus da música, afinal. E também, ele deveria saber todas as línguas do planeta, já que podia se comunicar com qualquer um, não é? Na visão do Min, aquilo não soava impressionante, -não mais-, talvez ele estivesse se acostumando com a realidade incomum do outro.
YoonGi reparou que o deus do sol vestia seus jeans -como sempre claros- e uma camisa vermelho sangue, sem estampas.
— Vamos, Seok? – YoonGi arriscou um apelido. Capturando a atenção do maior que agora tinha os olhos amendoados pregados em si, lhe fitando de cima a baixo.
— Certo pessoal, foi bom conhecer todos vocês amigos desse smurf aqui! – sorriu o deus do sol, levantando-se e indo até o Min, bagunçando seus fios azuis como se ele fosse uma criança. — Agora se nos derem licença, estamos indo. — piscou para os meninos, e fez uma referência "forçada". Pegando a mão do Min logo em seguida.
"Como raios ele sabe o que é um smurf?" YoonGi pensou, cruzando os braços e ficando indignado.
— Que mané smurf o que! Eu tenho 1,69 de altura! – retrucou o Min, emburrado. Mas logo corando ao sentir a mão quentinha na sua gelada, dando um contraste gostoso - de alguma forma estranha.-
— Bom passeios pra vocês, Yoon não está esquecendo das camisinhas, não é? – TaeHyung falou, de forma maliciosa, apenas para ver o azulado sem jeito.
— Q-que camisinhas? Pirou é? – o Min respondeu na defensiva, quase entrando em combustão devido ao constrangimento.
— Bom encontro pra vocês! HoSeok se você tentar alguma coisa com o meu garotinho que ele não queira eu castro você e ainda dou os restos pras piranhas comerem! – avisou o mais velho. Não tendo como esconder seu instinto protetor com o azulado.
— Eu dou a minha palavra de que tratarei ele com todo o respeito e dignidade que ele merece. – tranquilizou o Jung. Acenando para os outros enquanto seguia até a porta de entrada, com um YoonGi corado atrás de si, fitando seus próprios pés e querendo escapar logo da situação.
— P-pra onde vamos? – perguntou o Min, depois de algum tempinho em silêncio. Quando ambos já estavam nas ruas do Havaí.
— Eu ouvi dizer que você é um ótimo cantor, é verdade, YoonGi? – HoSeok ao invés de responder, lançou a pergunta no ar.
— Você só pode estar me zoando.... — YoonGi o encarou e semicerrou os olhos, fitando a expressão do deus que estava radiante em um típico sorriso seu. — Todo mundo que me conhece um pouco sabe que eu não sei cantar nada!
— Discordo de tal afirmação e como o deus da música, você deve me ouvir. – HoSeok sorriu de um modo sacana. — Nós vamos ao Karaokê, não parece divertido?!
— Não! Não parece, eu odeio karaokês! Sempre me zoam porque dizem que minha voz só serve pra quebrar taças e que parece taquara rachada... – o Min fez um bico tristonho nos lábios ao se lembrar de tais momentos.
Basicamente todos os seus amigos a cantavam bem, ai havia ele, que não conseguia cantar uma frase sem desafinar. Que graça teria o karaokê para si?
— Mas a graça não estar em querer ser bom. A graça estar em se divertir YoonGi, e você não faz isso... — HoSeok fizera uma observação perspicaz, e o Min ficara sem respostas.
Andaram mais alguns metros com suas mãos entrelaçadas até que o Min largou a mão do deus, ficando notoriamente afetado pelas suas palavras. Aquilo não era diversão, ele só pensava em como soaria patético fazer algo que estava fora de seu alcance...
— Hey YoonGi, olha pra mim... – o deus do sol pediu, enquanto ambos paravam no meio da calçada, com alguns turistas passando por eles, e várias luzes de lojas, lanchonetes e restaurantes acesas, sinal de que o comércio ainda estava funcionando.
— Você percebeu o quanto deixa o pessimismo tomar conta de você e isso te impede de fazer as coisas? — HoSeok segurou nos ombros do mais baixo, como se estivesse lhe dando um conselho importante e este fosse apenas uma criança.
— I-isso não é verdade, eu não faço porque não gosto... – o Min retrucou, tentando entonar auto afirmação em seu tom de voz, coisa que não deu certo.
— Não YoonGi, você não se acha bom o suficiente, e por isso da a desculpa de não fazer... — HoSeok respondeu o baixinho com firmeza. — Quer que eu cite exemplos de como você se subestima?
— Q-que exemplos? – murmurou o Min de volta, de repente de sentindo com o estômago embrulhado.
— Como quando você diz que pegar sol é horrível, mas acha que seu corpo não é "bom" o suficiente para aguentar os raios solares. Ou quando você diz que não quer passear com os amigos, mas na verdade você só tem medo de não ser uma companhia "boa" o suficiente... Ou quando você diz não se importar com as críticas de suas composições mas sempre se pega pensando, "será que eu sou um bom compositor mesmo?" — HoSeok fez uma pausa, vendo os pequenos olhos do Min se encherem de lágrimas. — Quando você diz que seu relacionamento com a sua família não importa, mas nunca se achou bom o suficiente para estar com eles, já que seu irmão sempre foi a "estrela" da família... Ou como agora, onde você insiste em dizer que não quer ir ao karaokê, pois não se acha bom o suficiente para cantar... – HoSeok enxugou com seus polegares as pequenas gotas salgadas que rolavam pelas bochechas clarinhas do Min.
— É suficiente pra te fazer entender, YoonGi? – abraçou o Min apertado. Escondendo seu rostinho como de costume em seu peitoral. — Agora pare de chorar. Vamos ao karaoke sim, e vamos nos divertir, entendido? — fez-lhe uma pergunta retórica.
— E-estão nos olhando, HoSeok... – foi tudo o que o Min conseguira responder. Tendo muito custo para livrar-se do calor reconfortante do deus.
Sua mente estava em uma confusão de pensamentos. Tudo o que HoSeok falara era a mais pura verdade, sem tirar nem por. Por mais que por fora sempre tentasse se mostrar indiferente e arrogante, por dentro ele era um menino inseguro, que não acreditava em si mesmo. Que não possuía luz alguma para lhe fazer viver de verdade, -bom, até conhecer a luz em "pessoa".-
— V-vamos logo pra essa merda de karaokê! – terminou de falar, mais decidido, já com as lágrimas parando de se formarem, o choro estava cedendo, HoSeok definitivamente o havia acalmado.
— Yeah baby, é assim que se fala! – empolgou-se HoSeok. Andando com o Min até o karaokê, passando-se como um mero humano, enquanto ambos outra vez entrelaçavam suas mãos uma na outra.
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