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História Meu vizinho - Não chore.


Escrita por: MinniePower e jiminoppa

Capítulo 19 - Não chore.


Fanfic / Fanfiction Meu vizinho - Não chore.

- SoRi, não posso lhe oferecer mais do que isso.

- Não estou lhe pedindo mais. - Ela se aninhou em seu colo numa forma de fugir do assunto.

- SoRi, quero que se sente e que me ouça.

- Está bem. - Esforçando-se para parecer casual, ela levantou e se sentou em outra cadeira. - Sou toda ouvidos.

HanBin sentou-se ao lado dela e inclinou-se um pouco para frente, fitando-a nos olhos.- Eu sempre quis ser escritor, e não me lembro de haver pensado em me tornar outra coisa - começou ele. - Mas eu não queria escrever romances, como meu pai desejava. Eu queria escrever roteiros de teatro. Tudo estava muito claro na minha mente. O palco, cada cenário, o movimento dos atores, o ângulo e a intensidade das luzes... Com frequência, talvez frequência demais, aquele era o mundo em que eu vivia. Você vem de uma família proeminente, SoRi. Uma família com obrigações e exigências sociais.

- Acho que é verdade.

- Eu também vim de uma família assim. Tolerei aquilo durante algum tempo, chegava até a me divertir de vez em quando, mas, durante a maior parte do tempo, sentia como se não pertencesse àquele mundo cheio de eventos sociais.

- Eu sei, você valoriza sua privacidade - anuiu ela. - Compreendo isso. Meu pai e JooHyung também são assim.

- Eu gostava de ficar sozinho. Precisava disso. - Inquieto demais para continuar sentado, HanBin começou a dar alguns passos pela sala. - Adoro meus pais e minha irmã, por mais que nos desentendamos de vez em quando. Sei que os magoei muitas vezes com atitudes inconsequentes, mas eu os amo, SoRi.

- Claro que sim... - Ela começou a falar, mas voltou a se calar quando HanBin balançou a cabeça.

- Minha irmã, HanByul, sempre foi muito sociável. Ela é uma pessoa adorável. Mal havia completado vinte e um anos quando se casou com meu melhor amigo da época da faculdade. Na verdade, fui eu quem os apresentou.- HanBin ainda lamentava se lembrar daquilo. Lamentava que o primeiro passo de todo o infortúnio que passaria depois houvesse sido uma iniciativa sua.- Os dois se davam muito bem - continuou. - Estavam muito apaixonados, cheios de planos para o futuro. JaeHyun nasceu um ano depois. E menos de um ano depois, HanByul ficou radiante quando engravidou novamente.- HanBin enfiou as mãos nos bolsos e foi até a janela. Mas não viu as estrelas.- Naquela época, minha primeira peça estava sendo produzida. Era um pequeno grupo local, mas haviam conseguido fechar um contrato com um importante teatro. Meu pai é um escritor importante, por isso o trabalho do filho dele despertou um certo interesse nas pessoas.

- Um interesse que acabou se transformando em admiração, diante de seu talento - salientou SoRi.

HanBin olhou para ela, agradecido pelo elogio.- Sim, talvez tenha razão. Mas no início não foi assim. Para mim, era uma questão de honra ter meu talento reconhecido pelo que ele era, e não por eu ter o sobrenome de meu pai. Reconheço que parte disso era orgulho - acrescentou, pensativo. - Mas parte também era o desejo de ser respeitado. Aquela primeira peça era muito importante para mim.

O fato de HanBin ficar algum tempo em silêncio levou SoRi a querer se manifestar de alguma maneira, demonstrando sua solidariedade.- Não consegui dormir nem um pouco na noite anterior à estréia dos meus quadrinhos no jornal - disse a ele. - Por mais que eu adorasse meu trabalho, não teria suportado se as pessoas começassem a insinuar que eu estava usando o sobrenome de meu pai para obter prestígio.

- Algumas pessoas sempre dirão isso - salientou HanBin. - Mas você não pode se deixar influenciar por esse tipo de opinião. O trabalho tem de ser o mais importante e aquela primeira peça era o mais importante para mim. Eu me envolvi em absolutamente todos os aspectos: os cenários, a montagem do palco, o elenco, os ensaios, a iluminação... Tudo.

SoRi sorriu.- Imagino que deva ter deixado todo mundo maluco, inclusive você mesmo.

HanBin também sorriu.- Pode acreditar que sim. Os atores eram muito talentosos. A atriz que desempenhou o papel principal era, com certeza, a mulher mais linda que eu já tinha visto. Ela me deixou fascinado. - Olhando diretamente para SoRi, ele prosseguiu: - Eu havia acabado de completar vinte e dois anos e fiquei completamente apaixonado por ela. Cada minuto que eu passava ao lado dela era um presente para mim. Vê-la no palco, encenando o texto que eu havia escrito, deixava-me encantado a cada apresentação. Durante os ensaios, após uma determinada sequência, ela costumava sorrir para mim e perguntar se era mesmo daquela maneira que eu havia imaginado a cena. Quanto mais eu me envolvia com ela, menos a peça foi tendo importância para mim.- HanBin suspirou. Mesmo depois de tanto tempo, lembrar-se daquilo ainda tinha um efeito esquisito sobre ele.- Ela era gentil - continuou. - E muito envolvente. Chegava a ser até um pouco tímida quando estava no palco. Eu inventava desculpas para ficar com ela e logo comecei a perceber que ela estava fazendo o mesmo para ficar comigo. Nós nos tornamos amantes em uma tarde de domingo, na cama dela. Naquele mesmo dia, ela chorou no meu ombro e disse que me amava. Naquele momento, eu teria sido capaz de morrer por ela se fosse preciso.

SoRi uniu as mãos sobre o colo, imaginando como seria ser amada pelo menos um pouquinho por um homem maravilhoso como HanBin. Não falou nada porque percebeu que ele ainda tinha coisas para contar. Pelo visto, coisas dolorosas.

- Durante semanas, meu mundo girou em torno dela. A peça estreou, recebeu ótimas críticas, mas tudo que eu conseguia pensar era que fora por causa da peça que eu a havia conhecido. Isso era tudo que importava para mim.

- O amor deveria importar mais.

- Deveria? - HanBin riu, mostrando um brilho de ironia no olhar. - As palavras têm força, SoRi. Por isso é que um escritor deve tomar cuidado com elas.

O amor também tem força, pensou ela. Queria dizer isso a ele, e quase o fez, mas logo percebeu que o amor que ele sentira acabara enfraquecendo por algum motivo.

- Comprei presentes para ela - HanBin prosseguiu. - Gostava de ver o brilho de felicidade nos olhos dela sempre que ganhava um presente. E também a levava para dançar porque ela adorava ir a festas e manter contato com as pessoas. Ela era tão linda que eu achava que ela merecia ser mostrada de alguma maneira. E que precisava de roupas e de jóias adequadas para isso. Então, por que não presenteá-la com elas? E quando ela precisava comprar alguma coisa, que mal havia em dar um cheque em branco a ela? Afinal, aquilo era só dinheiro, e o que eu tinha para gastar era mais do que suficiente.

Deduzindo o desfecho da história, SoRi conteve a vontade de abraçá-lo e consolá-lo. No entanto, não era tristeza aquilo que surgira nos olhos dele. Era rancor.

- Ela tinha talento e eu queria ajudá-la a se tornar uma atriz famosa. Então, pensava eu, por que não usar minha influência, ou a do sobrenome da minha família, para alavancar a carreira dela?

- Você a amava - SoRi se justificou por ele. - E isso deve ter tornado a decisão de utilizar o sobrenome da família para beneficiá-la justa aos seus olhos.

- E você acha que isso tornou as coisas mais corretas? - HanBin balançou a cabeça negativamente. - Nunca é certo se aproveitar das outras pessoas ou do sobrenome delas. Mas foi o que eu fiz. Ela começou a falar de casamento, com timidez ainda. Eu hesitei a princípio. A carreira dela ainda precisava de atenção e poderíamos esperar mais algum tempo para nos unirmos em um compromisso mais sério. Certa noite, depois de uma apresentação, eu disse isso a ela. Falei também que iríamos para Incheon e que lutaríamos juntos para ter nosso próprio teatro.

SoRi continuou a ouvi-lo, sem dizer nada.

- Até que um dia ela me procurou toda trêmula, pálida e chorando muito, para contar que estava grávida. Disse que a culpa fora toda dela, por não haver tomado as devidas precauções, e implorou para que eu não a abandonasse. Para onde ela iria? O que faria? Tinha pouco dinheiro, estava com medo e achava que eu iria odiá-la pelo que havia acontecido.

- Não - SoRi sussurrou. - Claro que você não iria odiá-la.

- Não, claro que não. Na verdade, fiquei um pouco assustado, mas não pensei em abandoná-la em nenhum momento. Enfim, pensei em me casar com ela, em começarmos uma vida a dois. Dinheiro não era problema. Eu havia herdado uma parte da minha herança aos vinte anos e herdaria outra parte ao completar trinta. Dinheiro não era problema - repetiu ele.

Em silêncio, SoRi acompanhava cada um de seus movimentos. Devia estar sendo muito difícil para uma pessoa reservada como HanBin confessar tudo aquilo.

- Eu a consolei e disse que tudo terminaria bem. Falei que iríamos nos casar em breve, que ficaríamos em Ulsan até o bebê nascer, e que depois nos mudaríamos para Hongdae, como havíamos planejado. Tivemos uma despedida comovente, antes de ela partir para o pequeno apartamento onde morava, dizendo que iria telefonar para a família e contar a maravilhosa novidade. Combinamos que iríamos à casa dos meus pais depois da apresentação daquela noite, para dar a notícia a eles. Comecei a fazer planos de imediato, já me vendo como marido e como pai.

- Você queria aquela criança - afirmou SoRi lembrando-se da facilidade com que ele havia segurado YoungNam no colo.

- Sim. - HanBin se voltou para ela, mantendo-se de costas para a janela. -Enquanto eu ainda estava envolto por aquela atmosfera de mudança, minha irmã bateu à minha porta. Como SooYoung, ela também estava trêmula, pálida e chorando. E como SooYoung também estava grávida, só que em um estágio um pouco mais avançado. Por isso fiquei preocupado ao vê-la naquele estado. Depois de chorar muito, finalmente ela conseguiu me contar que o marido dela estava tendo um caso.

SoRi se surpreendeu com o tom frio que HanBin passou a demonstrar.

- Ela me disse que, depois de deixar JaeHyun com minha mãe, havia voltado para casa porque esquecera alguma coisa. Havia sido acertado que ela e o bebê ficariam fora durante a maior parte do dia, por isso seu retorno não era nem um pouco esperado. Do mesmo modo, ela também não esperava chegar em casa e encontrar o marido com outra mulher em sua própria cama.

- Oh, HanBin, que situação horrível. - SoRi se levantou, querendo confortá-lo de alguma maneira. - Ela deve ter... - Ela começou a falar, mas logo se interrompeu, ao se lembrar da peça mais famosa de HanBin e de como a trama se desenvolvia. - Oh, não. Ah, meu Deus...

Ele se afastou, parecendo não querer receber consolo.

- O nome dela era HyeRin em Empty, mas aquela era SooYoung. Linda, inteligente e friamente calculista. Uma mulher que conseguia representar com perfeição sem nenhum ensaio. Que conseguia enganar um homem sem que ele notasse, tirando-lhe todo o dinheiro e conquistando fama no meio artístico. Ela teria se casado comigo por esses motivos e para dar um sobrenome de prestígio ao filho que o meu melhor amigo e marido da minha irmã havia feito nela.

- Mas você a amava, HanBin. E ela o magoou. Aliás, magoou todos vocês.

- Sim, eu a amava, mas aprendi a lição. Não se pode confiar no coração. Minha irmã confiou no dela e isso quase a arrasou. Se não fosse JaeHyun e o bebê que ela estava esperando, acho que ela teria enlouquecido. Mas as crianças precisavam dela, e foi isso que a manteve de pé.

- Só que você não teve esse tipo de consolo.

- Eu tinha meu trabalho. Mas tive de enfrentar o desprazer de encarar a mulher que havia arrasado nossas vidas. Ela chorou, jurou que aquilo era mentira e que tudo não passara de um grande engano. Implorou para que eu acreditasse nela e, para ser sincero, quase cheguei a acreditar. Ela representava muito bem.

- Você estava apaixonado, HanBin  - salientou SoRi. - Era natural que acreditasse nela.

- De qualquer maneira, acabei vendo SooYoung como ela realmente era: uma mulher ambiciosa, capaz de fazer qualquer coisa para conseguir aquilo que queria. Apesar de tudo, ela terminou a temporada de apresentações. - HanBin sorriu com ironia. - Afinal, o show sempre deve continuar.

- E como você suportou tudo isso?

- Ela era competente como atriz, e foi apenas uma questão de lembrar a mim mesmo que o trabalho era mais importante do que ela ou do que qualquer outra coisa. - Ele arqueou uma sobrancelha. - Acha que foi uma atitude fria de minha parte?

- Não. - SoRi pousou as mãos sobre os ombros dele. - Acho que foi uma atitude corajosa. - Fechou os olhos por um instante, quando ele finalmente aceitou seu abraço. - Ela não merecia ter alguém como você, HanBin.

- Agora ela é apenas uma personagem interessante em uma peça de teatro. - Enxugando uma lágrima que escorreu pelo rosto de SoRi, ele disse: - Não chore. Eu não lhe contei isso para vê-la chorar, mas apenas para ajudá-la a me compreender melhor.

- Eu o compreendo, HanBin. Mas, mesmo assim, não posso deixar de lamentar o que lhe aconteceu.

- SoRi. - Ele a trouxe mais para perto. - Se continuar expondo seu coração desse jeito, alguém pode acabar arrasando-o.

Ela fechou os olhos, sem coragem de dizer a ele que isso já havia acontecido.


Notas Finais


Eu tenho uma amiga que é louca pelo Bobby, e um dia perguntei a ela se eu poderia escrever sobre ele pra ela e ela disse sim, esse fim de semana eu tive uma grande ideia kkkkk quando eu acabar esse já vou começar a do Bobby ^^


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