História Meu vizinho - Momento de paz.

Quando muitas idéias a respeito de cenas e de pessoas preenchiam sua mente, SoRi era capaz de trabalhar até seus dedos começarem a doer e se recusarem a segurar adequadamente o lápis ou a caneta. Nos dias em que isso acontecia, geralmente alimentava-se apenas com biscoitos e bebidas diet, por gostar de ter a sensação de que estava equilibrando as calorias em relação aos dias em que havia abusado delas. No papel, a cada tira cômica, HaYi e sua amiga Luna, que durante os últimos anos vinha apresentando muitas características da personalidade de YuRa, planejavam e arquitetavam mil maneiras de descobrir os segredos do sr. Misterioso. Iria chamá-lo de "Kim", mas não por muitos episódios. 

Durante três dias, SoRi mal saiu da mesa de desenho. YuRa tinha uma cópia da chave de seu apartamento, por isso não era necessário ficar se preocupando em atender à porta quando a amiga aparecia para uma visita. E YuRa nunca fazia cerimônia para abrir a porta para a sra. Gong, ou para algum outro vizinho que decidia visitar SoRi. De fato, em um dado momento da terceira noite, havia tantas pessoas no apartamento de SoRi que foi possível fazer até uma festinha informal, enquanto ela terminava de colorir a tira cômica que sairia no jornal de domingo. Alguém havia ligado o aparelho de som, mas a música não a distraiu. Os risos e a conversação chegavam até seus ouvidos, vindos do andar de baixo, mas ela não se importava com isso. Gostava da animação de seus vizinhos, mesmo quando não podia compartilhá-la. 

Sentiu um delicioso aroma de pipoca e imaginou se alguém levaria um pouco para ela. Encostando-se na cadeira, examinou o que já estava pronto em seu trabalho. De fato, não tinha a veia irônica de seu pai nem a genialidade artística de sua mãe, mas tinha o que poderia ser considerado como um "talento inusitado". Tinha a mão muito ágil e precisa para o desenho. Sim, gostava do que fazia e do resultado final de seu trabalho. Mas gostava principalmente do fato de ele fazer as pessoas rirem. Se Kim, do 3B, achava que ela ficara ofendida com o comentário dele, estava muito enganado. SoRi estava mais do que contente com seu "talento inusitado para o absurdo". 

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Ciente de que aquele barulho não o deixaria mesmo trabalhar, HanBin saiu do apartamento. Tocou no clube de Anne, mas, dessa vez, nem mesmo a música o distraiu dos pensamentos que andavam rondando sua mente. De onde estava, sobre o palco, não era difícil imaginar SoRi sentada no fundo do salão, com o queixo apoiado sobre a mão, os lábios curvados em um sorriso e um brilho sonhador no olhar. De fato, ela conseguira invadir um de seus bens mais preciosos: a música. E ele estava se sentindo profundamente irritado com isso. 

O Kwon era um de seus refúgios. Havia noites em que ele viajava de carro para Incheon só para subir no palco com JinHwan e cantar até que toda sua tensão desaparecesse por meio da música. Então voltava para casa ou, se já, fosse muito tarde, apenas se acomodava em um sofá no fundo do Kwon e dormia até a manhã. Ninguém o aborrecia no clube ou esperava que ele desse mais do que queria dar. 

Mas depois que SoRi estivera ali, seu olhar insistia em se voltar para a mesa que ela havia ocupado, enquanto ele se flagrava imaginando se ela não estaria ali, observando-o com aqueles olhos de pantera. 

- Irmão - disse JinHwan, tomando um gole de água da garrafa deixada ao lado do piano - você está mesmo esquisito esta noite. 

- Sim, acho que sim. 

- Geralmente, quando um homem fica com essa expressão, é porque há alguma mulher envolvida na história. 

HanBin balançou a cabeça, negando o fato mais para si mesmo do que para o amigo. - Não, não há nenhuma mulher. Estou preocupado com o trabalho. 

JinHwan se limitou a dar de ombros.- Se é o que você diz... 

HanBin chegou em casa às três horas da manhã, preparado para bater à porta do apartamento de SoRi e exigir silêncio. Por isso, foi um alívio chegar e descobrir que a festa havia terminado. Não se ouvia nenhum ruído vindo do apartamento dela.

 Entrou em casa, trancou a porta e prometeu a si mesmo que aproveitaria ao máximo aquele momento de paz. Depois de preparar um café forte, acomodou se novamente diante do computador, preparando-se para entrar na mente das personagens que estavam arruinando suas próprias vidas por não conseguirem seguir os impulsos de seus corações.