História Meu vizinho - Mais 50,000 wons

Felizmente, teve de ameaçar dar uma garfada na mão de SoRi apenas uma vez.

- Nem sei como agradecer por você haver me livrado de ter de sair com DaeHo.- disse SoRi, quando os dois voltavam para casa.

- Por que simplesmente não diz a toda essa gente que não está interessada em ter um namorado? - perguntou HanBin, intrigado.

Ela suspirou.- O problema é que não tenho coragem de magoar ninguém, e acabaria fazendo isso ao dizer a verdade. Eles só querem o meu bem.

- Mas estão controlando sua vida, SoRi, mesmo que com a melhor das intenções.

- Oh, eu não sei o que fazer! - Ela exalou outro suspiro.- E você, já esteve lá?

- Lá onde?

- Na terra dos apaixonados, Kim. Não seja tão lento.

- Ora, não é um lugar, é uma situação. E não, acho que realmente não estive lá.

- Mas acabará indo - falou SoRi, com ar sonhador.-  Eventualmente... - Ela ia dizer mais alguma coisa, mas parou de repente. - Essa não! Aquele é o carro de DaeHo. Pelo visto, ele acabou vindo mesmo de Ulsan. Droga, droga, droga! Muito bem, lá vamos nós novamente com o plano. - Dizendo isso, virou-se para HanBin, mas teve de se apoiar nele ao sentir uma onda de tontura. - Eu não deveria ter tomado aquela última taça de vinho, mas acho que ainda sou dona do meu destino.

- Pode apostar que sim, menina.

SoRi fez uma careta de desagrado.- O suficiente para saber que o fato de você me chamar de "menina" demonstra que está sendo arrogante e querendo parecer superior a mim, mas isso não vem ao caso. Teremos apenas de andar mais um pouco de mãos dadas, até passarmos pela janela da casa dela. Com muita naturalidade, está bem?

- Não vai ser fácil, mas verei o que posso fazer.

- Adoro essa sua veia sarcástica. Muito bem, estamos prontos e preparados. Agora vamos ficar só mais um pouco aqui porque ela está olhando -acrescentou SoRi, arriscando um olhar na direção da janela da casa da sra. Gong. - A qualquer momento a cortina vai se fechar. Tenho certeza.

O fato de a situação não oferecer nenhum risco, e de ele estar começando a se divertir com tudo aquilo, manteve HanBin no lugar. Segundos depois, olhou disfarçadamente para trás, tentando notar se a mulher continuava à janela.- Parece que ela não vai desistir assim tão fácil. O que faremos agora?

SoRi moveu os olhos com rapidez, como que tentando pensar em algo.- Terá de me beijar.

- O quê?!

- E terá de ser convincente - salientou ela. - Se formos convincentes, ela se convencerá de que não estou realmente interessada em DaeHo. Prometo que lhe pagarei mais 50,000 wons por isso.

HanBin teve de se esforçar para continuar sério.- Então, vai me pagar 50,000 wons para que eu a beije?

- Como um bônus - justificou SoRi. - Farei qualquer coisa para mandar DaeHo de volta para Ulsan. Aja como se estivesse sobre o palco, representando. Isso não precisa significar realmente alguma coisa. Ela ainda está olhando? - perguntou, mudando de posição.

- Sim - respondeu HanBin, mesmo sem olhar para a janela da sra. Gong.

- Ótimo, então vamos lá. Aja com romantismo, está bem? Posicione os braços assim, em torno de mim, incline-se um pouco e...

- Sei como beijar uma mulher, SoRi.

- Claro que sabe. Mas um pouco de ensaio não fará nenhum mal...

HanBin se deu conta de que a única maneira de fazê-la parar de falar seria agindo. Em vez de circundar os braços em torno dela, puxou-a de uma vez para si. A última coisa que viu antes de seus lábios esmagarem os dela, foram os expressivos olhos se arregalarem de espanto. Ele estava certo. 

Completamente certo, pensou SoRi. De fato, ele realmente sabia como beijar uma mulher. Teve de se apoiar nos ombros dele para não cair, pois seus pés mal estavam tocando o chão. Então, para seu próprio espanto, deixou escapar um gemido. Sentia a cabeça zonza, como se, de repente, os dois estivessem em outro lugar, longe das pessoas e do mundo. Seu coração acelerado parecia estar batendo alto a ponto de ser ouvido, e seu corpo se tornara trêmulo, vulnerável ao apelo sensual da proximidade máscula daquele que estava se tornando uma pessoa cada vez mais presente em seus pensamentos mais íntimos.

Era quase como no sonho, pensou HanBin, só que melhor. Muito melhor. O sabor dos lábios de SoRi era adocicado e único, incapaz de ser resgatado apenas pela imaginação. Depois de saboreá-los com voracidade, afastou-a um pouco, mas somente para verificar se o ar de desejo estava tão evidente no semblante dela quanto deveria estar no dele. SoRi ficou olhando para ele, ofegante, ainda com os braços circundando seu pescoço.

- O próximo é meu - disse ele.

Então SoRi se entregou mais uma vez àquele turbilhão de sensações deliciosas e provocantes. Não protestou quando ele insinuou a língua por entre seus lábios e começou a explorar os recantos mais secretos de sua boca. Quando ele se afastou pela segunda vez, moveu-se tão devagar que foi quase como se não quisesse fazê-lo. HanBin queria poder tê-la ali mesmo, em meio à penumbra da noite e sob os olhares surpresos, e provavelmente escandalizados, de quem os vissem. Pouco lhe importava que olhassem. Queria saciar aquela sua sede pela energia sensual de SoRi. De fato, só se conteve por saber que uma atitude mais ousada acabaria assustando-a. Ele próprio estava assustado com sua reação.

- Acho que isso será suficiente - disse a ela.

- Suficiente? - repetiu SoRi, como se houvesse acabado de chegar de outro planeta.

- Suficiente para convencer a sra. Gong.

- Sra. Gong? - Ela balançou a cabeça, tentando ordenar os pensamentos. -Oh, sim, claro. Puxa, você é mesmo muito bom nisso, Kim.

Um sorriso relutante curvou os lábios dele. A sinceridade de SoRi era realmente encantadora, pensou HanBin. E perigosamente irresistível.- Você também é muito boa nisso, menina - respondeu ele, conduzindo-a em direção à entrada do prédio.