História Mine - Twenty-nine

London (UK) - 2013, 18th May 一 1:28pm
P.O.V. Catherine Valentine

Harry me puxou para fora do quarto dizendo que eu precisava ir almoçar e me lembrei que estava com fome. Quando terminamos de descer as escadas, ele me soltou.

一 Carmit deixou o seu almoço na geladeira, eu preciso trabalhar agora 一 ele diz e se vira para sair.

Eu fico ali parada tentando processar tudo o que tinha acabado de acontecer. Harry tinha me levado ao seu quarto pela primeira vez, e todas as suas palavras martelavam em minha mente. Primeiro ele diz que eu sou dele e que tudo o que eu quero saber está aqui, e depois diz que eu não sou completamente dele e que eu sou muito nova para saber. Eu não entendo.

Almocei pensando em Harry e passei a tarde inteira da mesma forma. Principalmente pelo fato de que eu sabia que ele estava em casa, sozinho.
Ele sempre vai embora depois que nós ficamos juntos e depois volta como se nada tivesse acontecido, dizendo que não pode ficar sempre comigo. 

Afinal, o que ele quer comigo?

Ele sempre tem algo para fazer...

As vezes, bem as vezes, quando fico por muito tempo sozinha, eu sinto a falta dele, e não há nada que eu possa fazer.
Voltei para a biblioteca no final da tarde, talvez na esperança de vê-lo, mas Harry já não estava mais ali. Eu não o vi mais no dia pela casa.

Então fui até o quarto dele, bati na porta, mas ele não atendeu. Talvez estivesse no escritório, ou tivesse saído. Eu penso em dar a volta, mas giro a maçaneta e antes de me dar conta, já estou no seu quarto todo vermelho, o cheiro dele já me faz sentir melhor.
Mas o quarto estava vazio, suspiro olhando para os anjos esculpidos no teto e paro para prestar atenção numa frase de escrita delicada em alto relevo no meio deles que eu não tinha visto antes.

 “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?” Hebreus 1:14

Sinto ser envolvida carinhosamente pelos braços nus de Harry que me abraçam por trás, meu coração acelera pelo susto. Me viro de frente para ele e vejo que ele está sem camisa, na verdade só usava uma toalha branca em volta da cintura. Tinha os cabelos molhados e um aroma agradável de shampoo, ele sorri de forma tão bonita que quase me tira o ar.

一 Você gostou mesmo do meu quarto 一 diz, me empurrando até a cama. 

Respiro nervosa quando ele me deitou no colchão macio e subiu em cima de mim, mas ao sentir a suavidade com que seus lábios tocaram a pele do meu pescoço, eu relaxei, suspirando.

Harry tirou minhas roupas com facilidade e parou, descendo o olhar sobre meu corpo. Mas eu queria beijá-lo, sentia falta que ele me tocasse. Então me levantei um pouco para o fazer, encostei meus lábios nos dele, fechando os olhos para senti-lo. Ele me beijou com calma, me deitando novamente na cama.

Sinto seus dedos fazerem o caminho para o meio das minhas pernas, me fazendo gemer quando ele começa a pressioná-los contra a minha intimidade, os movimentando em círculos. E de repente ele os coloca dentro de mim, eu sinto a mesma parte doer, mas ele me dava um selinho no mesmo momento, me impedindo de reclamar. 

一 Eu sei que dói 一 ele sussurra, enfiando seus dedos ainda mais fundo, eu não consigo não gemer de dor.

一 Então por que você faz isso? 一 pergunto agoniada, me remexendo na cama para me afastar, mas ele prende o meu braço com a outra mão como um aviso para eu não me mexer.

一 Porque eu vou tirar sua virgindade, e você precisa estar preparada para isso 一 responde.

一 Eu nunca vou estar preparada para isso 一 digo nervosa.

Mas ele parece não me ouvir, e me coloca mais um dedo.

一 Harry, pára! 一 imploro já com vontade de chorar, por que ele não me ouve?

一 Tudo bem 一 diz para a minha surpresa e tira os dedos de dentro de mim, soltando o meu braço e se levantando em seguida.
Eu me encolho na sua cama com o desconforto naquela região que ele tinha tocado, e vejo ele se afastar, indo em direção a porta que devia ser do seu closet/banheiro. Eu fico mais algum tempo ali, até perceber que ele não iria voltar, e levanto pegando minhas roupas, vestindo-as para sair dali.

...

Eu não vi mais Harry naquele dia e no dia seguinte, que era domingo, e normalmente ele estava em casa, além de fazer mais de uma semana que ele não ficava comigo, o que também era incomum. Eu sentia falta dele, mas não queria que aquilo que aconteceu sábado se repetisse. Só queria que ele continuasse do jeito que era antes.

Me sentei na cadeira na frente do Sr. Walter para minha aula, mas eu simplesmente não conseguia me concentrar em nenhuma palavra do que ele dizia, eu nem sequer sabia o assunto que era a aula de hoje. Se era a Revolução Industrial ou Álgebra. E quando ele me deu uma folha de exercícios sobre o núcleo de uma célula, eu não sabia nem o que fazer.

一 Desculpe, estou com dor de cabeça 一 minto devolvendo a folha em branco e recebendo o olhar bravo dele, mas como já era quase no final da aula, ele pegou a folha e procurou outra na sua pasta, me entregando. Era outra de exercícios parecidos e ele me pediu para entregar feito amanhã.

Suspirei desanimada ao ver que eram 10 questões descritivas sobre fungos, incluindo o resumo de um artigo de um cientista com um nome estranho. Eu teria que passar a noite fazendo.

Sr. Walter tinha feito minha mentira virar verdade, eu não estava com dor de cabeça... até começar a ler um livro de ciências e não entender absolutamente nada. O momento mais interessante das minhas horas ali foi quando Harry entrou na biblioteca para devolver um livro, que eu observei ser um dos que ele tinha pegado no sábado. Ele passou por mim sem nem me olhar, como se eu não estivesse ali.

Tentei voltar a ler o livro, mas eu simplesmente não conseguia prestar atenção. Caí na cama e dormi sem nem saber a hora, e acordei da mesma forma, o relógio do criado mudo ainda estava parado. Bufei o pegando e dando leves batidas até ele voltar a funcionar normalmente, mas completamente errado ainda. Desci com o relógio para acertar com a da biblioteca e me assustei ao ver que era quase meio-dia, corri para terminar de escrever o resumo para entregar ao Sr. Walter.

Nem sequer almocei para dar tempo de terminar a folha de exercícios a tempo da minha aula começar, e a aula foi ainda mais cansativa, pois eu me vi obrigada a estudar tudo o que eu não havia prestado atenção anteriormente. 

Mais uma vez encontrei Harry e ele mal olhou para mim, descendo as escadas e saindo pela porta da frente, escuto o barulho do motor do carro e as pedrinhas do chão serem mexidas pelos pneus sobre elas. Eu suspiro indo até a cozinha para comer algo pela primeira vez no dia.

Carmit voltou na manhã do dia seguinte e me deu um "Bom dia" corrido subindo as escadas, segurando uma caixa, eu estava meio dormindo...

As vezes - quase sempre - sinto falta de conversar com ela, parece que quanto mais o tempo passa, mais eu me sinto sozinha aqui. Principalmente agora que Harry decidiu fingir que eu não existo. Eu pensei que esse fato fosse me deixar feliz, mas sinto exatamente o contrário.

Ao pegar um livro para estudar Matemática na sexta feira, me lembrei de Harry mais uma vez e pensei que fosse o ver a noite, ou no sábado... Mas em vez disso vi Savannah entrando pela porta da frente, e seu salto alto estalando no chão de madeira e até sobre o tapete. Ela pára ao me ver, segurando sua bolsa bege que combinava com os detalhes do busto do seu vestido escuro.

一 Ah, olá Catherine 一 me cumprimenta com um sorriso.

一 Olá 一 esforço um sorriso de volta.

一 Tudo bem? 一 ela pergunta.

一 Sim...

一 Tudo bem mesmo? Você parece um pouco abatida 一 me observa.

一 Só estou cansada 一 respondo.

一 Cansada? 一 levanta as sobrancelhas 一 Você nem sai dessa casa.

一 Acho que deve ser por isso mesmo 一 murmuro mais para mim mesma.

一 Eu tenho uma ideia 一 ela diz 一 Você pode ir na minha casa passear. Eu tenho dois cães, você gosta de animais?
Assinto sorrindo, ela sorri também. Mas então me lembro;

一 Mas... 一 ela me interrompe, já sabendo o que eu ia falar.

一 Harry? Ah, ele vai deixar, não se preocupe... Ah Harry! 一 exclama olhando para o alto da escada, me viro para ver Harry descendo. Ele olha de Savannah para mim surpreso. Parece que é a primeira vez que ele nota a minha existência nessa casa 一 Eu estava convidando Catherine para ir lá em casa, ela vai gostar de Max e Marie.
Harry fica quieto e eu o vejo olhar para ela de uma forma tão sombria que eu nunca tinha visto, e Savannah, embora sorrisse, o encarou da mesma forma.

一 Não sei se é uma boa ideia 一 ele diz.

一 É uma ótima ideia 一 ela responde firme, e Harry volta a ficar em silêncio 一 Bom, então vamos? 一 se vira para sair por onde tinha acabado de entrar 一 Ah, depois a gente conversa para combinar o dia, Catherine 一 ela me diz antes de sair.

Harry a segue, me lançando um olhar sério antes de sair pela porta de entrada. Eu não entendi o que havia acontecido ali, mas fiquei de alguma forma incomodada ao vê-los saindo juntos.

Quando voltei a ver Harry no final da tarde de segunda feira e ele nem me olhou sequer, indo direto até a geladeira e pegando a jarra de água, eu o chamei.

一 Harry.

Ele se virou com um copo na mão, surpreso. E me olhando diretamente, agora eu não sabia o que fazer, o que ia falar. Eu ia falar alguma coisa? 

一 O que foi? 一 pergunta depois do longo tempo que eu fiquei em silêncio.

一 Hum... 一 eu penso em algo para falar. Por que mesmo eu tinha o chamado?

Lembro de tudo o que aconteceu na semana passada, dele ter me mostrado o seu quarto, de dizer que ia tirar a minha virgindade e que eu precisava estar preparada, e depois de pedir para ele parar, ele não olhou mais na minha cara, me ignorando todas as vezes que eu o vi pela casa.

一 Você está bravo comigo?

一 Por que eu estaria bravo com você? 一 rebateu.

一 Não sei...

一 Você fez alguma coisa para eu estar bravo com você? 一 nego com a cabeça 一 Então.

Embora ele falasse normal, eu tinha sentido uma leve grosseria em suas palavras, isso fez eu me sentir uma estúpida parada ali. Me virei para sair, indo para o meu quarto.

一 Catherine 一 o ouço me chamar quando eu já estava na porta. Me viro para ele 一 Venha aqui.

Suspiro fazendo esforço para tirar meus pés que parecem terem sido pregados no chão de repente e vou até ele, parando a uma distancia segura ao lado do balcão. Mas ele deu dois passos para frente, e me ergueu pela cintura, me colocando sentada no balcão.

Harry me olhou nos olhos profundamente, eu acho que perdi toda a atenção quando ele molhou os lábios, eu olhei para a sua boca, meio avermelhada. Ele estava tão perto que eu não me dei conta quando tinha o beijado. Mas ele parou o beijado, se afastando um pouco, imediatamente me sinto mal por isso.

一 Não posso mais ficar com você 一 ele diz, é como se me jogassem um balde de água fria.

一 O que?

一 Não posso mais continuar fazendo isso, não por enquanto.

一 Por que? 一 tento entender.

一 Porque eu não vou aguentar por muito tempo se continuar ficando com você, e você não está preparada para isso ainda 一 responde.

一 Você está falando sobre tirar minha virgindade? 一 minha garganta seca, pois lembro do que ele tinha me falado semana passada.

一 Sim 一 responde 一 Não quero apressar mais as coisas.

一 Ah 一 suspiro sem saber o que dizer.

Fico aliviada ao saber disso até certo ponto, o ponto que significava que eu ficaria muito tempo nessa casa ainda.

Um barulho de salto alto contra o piso faz Harry levantar o olhar para cima do meu ombro e seus olhos escurecem de repente, ele está paralisado.

Eu me viro seguindo a direção do seu olhar e paraliso também ao ver Savannah na porta.