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História Minha sanidade por uma nota! - Não aceito menos que dez


Escrita por: Choi_Shimizu

Notas do Autor


Oi, querid@s!
Espero que tenham uma ótima leitura!

Capítulo 1 - Não aceito menos que dez


Katarina deixou as pálpebras bem abertas ao segurá-las com as pontas de seus dedos fofos. Os globos oculares ardiam e pesavam pela ausência de noites bem dormidas, seis horas de sono parece luxo para gente como a ruiva de íris castanho escuro.

Libertou as pobres pálpebras e piscou com força algumas vezes. Seu ouvido zunia e o cansaço de seus olhos era um espelho miraculoso, expositor e quebrado de todo o corpo fora dos padrões da ruiva. Algumas vezes, se ela levasse intervalos prolongados para piscar, os pesadelos apareciam por associarem aqueles momentos de distração com sua hora de dormir.

E como Katarina desprezava e detestava cada minuto daquelas cobranças perversas transvestidas de pesadelo. Ouvia constantemente que a fórmula mais fácil para se “desligar” de suas obrigações era dormir, mas e quando, dentro de seu próprio “desligamento”, alguma data maldita de entrega de trabalho aparecia para assombrá-la?

 O pensamento veloz fez os pelos do braço de Katarina se eriçarem e ela sentiu um calafrio percorrer por todo o corpo. Por que não parava de pensar naquelas coisas? A ruiva reclamou consigo mesma, jogando todo o seu material na mesa pequena que disponha na sala 7 do bloco E. Suspirou, espremendo-se na cadeira apertada que a universidade oferecia, refletindo que nem mesmo o seu assento conseguia se adequar a ela. Ou melhor, era a garota que não se encaixava ali.

Os colegas entravam na sala aos poucos, enquanto Katarina repassava seus compromissos mentalmente. Trabalho disso, seminário daquilo, tarefa da matéria que o professor nem corrigirá, prova na segunda e na quarta, reunião na empresa depois do período da faculdade, baixar os textos para ler para a outra semana, os vídeos extras a assistir, o cálculo das poucas horas que teria para dormir durante os sete dias seguintes por falta de tempo para estudar.

Faltava tempo. Sempre, quase sempre, todos os dias, nenhum. Algo tão abstrato podia amarrá-la e Katarina sentia-se à mercê do desespero. Não podia passar um tempo com sua família, não jantaria com os pais, não leria gibis com o irmão, não voltaria a acompanhar aquela série que começou há dois anos, nem mesmo o livro interessante iniciado há meses voltaria a ser aberto. Não enquanto o semestre acabasse, não enquanto as férias chegassem, não enquanto a pequena não tivesse a certeza de que não ficaria de Prova Final.

Aliás, não enquanto a ruiva tivesse a confirmação exata de que se destruiu de tanto se dedicar para ganhar, o que ela considerava, míseros 8 e 9. Tudo quando ela precisava daquele insuportável 10, o inalcançável e queridinho, o foco da garota.

E Katarina sentia o corpo doer de cansaço, os ombros carregarem vinte quilos, o peito amargar aquelas quatro insuportáveis horas onde ficaria sentada naquela cadeira irritante, tentando anotar tudo o que pudesse do que saísse da boca de seus professores, naquele ambiente solitário, competitivo e enlouquecedor.

A ruiva não era mais a mesma. Não ria das mesmas piadas, não sentia que havia alguém com quem pudesse conversar, não tinha tempo, nem dinheiro, para tudo o que tinha de fazer. Sempre e sempre e sempre e sempre. Até se esgotar, até o último pingo da chuva, que escorria de seus olhos nas noites em que a sua crise atacava, cair.

Katarina ia se perdendo em meio aos seus noves e oitos insatisfatórios; em meio a estar rodeada de pessoas e estar sempre sozinha; em cobranças dos outros e dela; em ausência da família; em falta de fazer o que apreciava; em ficar pior e pior a cada dia que passa; em seu psicológico se deteriorar a cada segundo; em sua cadeira nunca confortável para si, naquele lugar insuportável; em se esgotar por um mísero dez, que nunca vinha, por querer um futuro diferente e melhor para sua família; em se destruir completamente.

O professor abriu a porta e cumprimentou a sala. Katarina ajeitou os óculos. Mesmo que estivesse ciente de sua autodestruição, não havia mais o que fazer dentro daquele lugar escuro que era a faculdade.

Nada além de abrir o caderno e começar a anotar, sempre pensando nos seus futuros compromissos, nos quais perderia não só noites, como também perderia si própria.


Notas Finais


Muito obrigada a quem leu este desabafo sem muito sentido!


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