História Minha última chance - A fonte dos desejos

Era noite. Estava saindo do trabalho. Apesar do cansaço, não tinha reclamações. Era o emprego que sempre desejou. Estava na empresa há dois anos e já conseguira uma promoção. Sua dedicação havia sido recompensada. No dia da entrevista pensara que tinha sido péssimo em suas respostas. Tentou até a sorte em uma fonte dos desejos. E seu pedido fora atendido.

A maldita fonte dos desejos. Ia lá todas as manhãs, desde que ele foi embora, sempre com o mesmo pedido: "Traga-o de volta para mim". Porém, ela parecia não funcionar. Já se passara uma semana de seu retorno e ele ainda não tinha lhe procurado.

--- Maldito Kim Junmyeon! --- praguejou SeHun.

Encostou a cabeça no volante do carro. Não sabia o que fazer. Seus sentimentos continuavam confusos. Pensou que quando ele voltasse tudo se resolveria.

Lembrou da última vez que o viu. Toda a confusão dos seus sentimentos começou naquele dia.

Esperou que ele lhe procura-se após o beijo. Passou o dia todo ao lado do telefone, sentado próximo a porta de entrada. Seu coração pulava a cada toque e se entristecia ao notar que não era ele.

Um dia se passou. Resolveu ligar. SuHo não atendia. Resolveu ir bater em sua porta. Foi quando descobriu.

--- Onde você vai Hunnie? --- perguntou sua mãe.

--- Visitar o Junmyeon --- respondeu abrindo a porta de casa.

--- Ele está em treinamento. Não pode receber visitas.

--- Treinamento? --- perguntou se aproximando da mãe.

--- Sim. Ele se alistou ontem. Você não sabia?

Sehun segurou os ombros de sua mãe. 

--- A senhora está brincando não é? Foi o Junmyeon que pediu para me dar esse susto?

Sua mãe afirmou que não era brincadeira e que tinha sabido do alistamento pela mãe do Junmyeon.

Sehun subiu e se trancou no quarto para que sua mãe não o visse chorar. Ficou trancado lá por dois dias. 

Não sabia mais o que sentir. Medo, tristeza, raiva, amor. Por que ele havia pedido uma chance se ia embora? Por isso disse que era a última chance? Por que mexer com seus sentimentos? Maldito Junmyeon! Se pudesse quebrava a cara dele. --- E chorou. --- Passaria dois anos sem ver o rosto dele. Procurou nos álbuns da escola uma foto dele. Recortou e guardou na carteira. Depois jogou a carteira no lixo. Nunca mais pensaria nele.

Passou dois dias amando e odiando, a cada minuto, o mais velho.

Só saiu do quarto quando sua mãe, preocupada, lhe informou que haviam ligado da empresa. A vaga era sua.

Levantou-se, limpou as lágrimas do rosto e decidiu se dedicar ao trabalho. Nunca mais pensaria em seu hyung. --- E pensou nele todos os dias.

Olhava agora a foto recortada. Não esperaria mais. Durante uma semana teve medo de ir atrás do homem que ama. Não queria ser rejeitado. Não agora que compreendida seus sentimentos.

Dirigiu pelo caminho que levava a casa de Junmyeon. Desviou-se do caminho por alguns minutos. Precisava de sorte. Talvez aquela estrela amiga brilhasse novamente na fonte dos desejos.

Ia caminhando, brincando com a moeda em seus dedos. E se fosse isso? E se a fonte só funcionasse à noite? Olhou para frente e viu sua resposta.

Lá estava ele, com um longo casaco para proteger do frio noturno e com um boné preto escondendo seu corte militar. Se preparava para jogar uma moeda na fonte.

Sehun sorriu e com o coração palpitando, perguntou: 

--- Tentando a sorte Junmyeon?

SuHo tremeu ao ouvir a voz de seu amor. Uma lágrima rolou por seu rosto. Respirou fundo e começou a ir embora.

O coração do mais novo falhou ao perceber a atitude do outro.

"Aquele idiota está mesmo me deixando?"

Conteve suas lágrimas e correu atrás do mais velho. Agarrou seu braço e o fez virar para si. Segurou o seu colarinho e gritou:

--- Você vai mesmo me deixar? Por que mexeu com os meus sentimentos? Não é possível que você tenha passado anos atrás de mim só para conseguir um beijo.

O menor segurou calmamente seus pulsos e disse:

--- Eu estou apenas cumprindo a promessa que te fiz.

O maior o sacolejou.

--- Está louco? Que promessa é essa?

--- Naquele dia eu te pedi uma chance. Eu disse que nunca mais ia te incomodar se você me desse uma chance. E você aceitou. Aceitou com a condição de eu cumprir minha promessa.

Sehun o soltou. Não acreditava que todas as lágrimas que verteu foi por causa de um mal entendido.

Empurrou o peito do mais velho até ele encostar em uma árvore. Encurralado, Suho o olhava assustado.

--- Você não precisava ter se alistado.

--- Precisava sim --- respondeu o menor.

O mais alto puxou os próprios cabelos. Desse jeito ia enlouquecer.

O menor segurou suas mãos acarinhando-as.

--- Eu realmente precisava, Hunnie. Já havia adiado demais. Você preferia que eu fosse preso por não cumprir com meu dever? --- disse com um sorriso gentil.

Sehun lhe abraçou e disse em seu ouvido: --- Nunca mais ouse fugir de mim.

--- Nunca mais fugirei --- disse retribuindo o abraço.

--- Que bom --- falou SeHun enquanto puxava-o para longe da fonte. --- Você me deve um segundo encontro.

Alugaram uma sala particular para ver um filme romântico. Ficaram abraçados uma hora inteira até que SeHun não conteve a curiosidade.

--- Por que você não respondeu minha carta?

O mais novo havia enviado uma carta para o outro afirmando que o esperaria. Nunca obteve resposta.

O mais velho se aconchegou mais no abraço antes de responder.

--- Eu tive medo. Não queria abrir uma carta e descobrir que você havia se apaixonado e se casado. Até a minha mãe eu proibi de falar sobre você. Mas não adiantou. Quando eu fui dispensado do serviço militar, a primeira coisa que ela disse foi: ele continua solteiro.

O mais novo olhou assustado. --- Ela sabe sobre nós?

SuHo riu. --- Ela viu o nosso beijo.

--- Como assim? Você diz isso nessa calma? Nós estávamos debaixo do casaco. Como ela pode ter visto?

--- O que duas pessoas fazem embaixo de um casaco nos doramas, Hunnie?

Sehun corou mais que um tomate. Nunca mais teria coragem de olhar para a Senhora Kim.

Andaram de mãos dadas por todo o caminho até a casa do mais velho. Sehun havia deixado o carro estacionado perto da fonte e não se arrependia disso. Passar esses minutos sentindo seu amor tão próximo era o melhor presente que poderia ganhar.

Param em frente a porta da casa do menor e SeHun resolveu confessar:

--- Eu passava por aqui todas as sextas quando saía do trabalho. Se não tivesse te encontrado na fonte, já teria batido a sua porta.

SuHo corou e resolveu confessar também:

--- Eu te vi todos os dias, na fonte, essa semana.

Sehun arregalou os olhos. 

--- Você o quê?

--- Era só o que eu podia fazer. Te olhar.

--- Seu maldito stalker --- disse, encostando Junmyeon no muro da casa, o beijando.

Separou o beijo e esperou de olhos fechados. Quando os abriu, viu que o menor lhe olhava com um sorriso bobo.

--- Você ainda não aprendeu que quando eu fico com os olhos fechados é para você continuar o beijo? --- disse revirando os olhos.

--- Você tem que ser mais paciente. Esse é o segundo beijo que eu dou na vida.

O maior lhe olhou incrédulo. --- Pera aí. Você tá me dizendo que eu fui seu primeiro beijo?

--- O primeiro, o segundo e todos os próximos. Eu espero.

O menor não conseguia acreditar. Tivera alguns namoricos ao longo dos últimos quinze anos, nada sério. Buscou em sua memória e constatou que nunca vira ou soubera de nenhum relacionamento de Junmyeon.

Como se lesse seus pensamentos o mais velho declarou: --- Eu sempre soube onde meu coração morava.

Após essa declaração o mais novo lhe deu um beijo apaixonado.

--- Hunnie, alguém pode nos ver. --- disse após recuperar o fôlego.

O maior procurou em seus bolsos a chave de casa e o arrastou para dentro.

--- Terceiro encontro: assistir o nascer do sol com o namorado --- disse sentando-se no sofá.

--- Namorado? --- perguntou o mais velho com um sorriso que iluminaria o mundo.

--- Sim, namorado. Ou você vai passar os próximos 15 anos para me pedir em namoro?

--- É claro que não, meu amor.

--- Que bom --- disse o maior, puxando-o para o sofá. --- Agora eu vou aproveitar essas três horas que faltam para o amanhecer para te ensinar como me beijar.