História Miraculous - As aventuras de Lady Bug - Amor revelado - Resiliência

Claro que aquela visita seria antes do esperado! Marinette pensou enquanto misturava o açúcar que se dissolvia lentamente na xícara de chá que acabara de receber das mãos de mestre Fu. A seu lado no pequeno sofá marron estava Adrien, igualmente pensativo enquanto bebericava da sua própria xícara sem muita vontade. Um sorriso fraco dançou nos lábios da mestiça, ela sabia que ele preferia café, mas era educado demais para recusar a bebida que o simpático senhor lhes trouxera.
Plagg e Tikki estavam com Wayzz em algum lugar da casa, provavelmente conversando sobre coisas milenares e épocas distantes. Imaginou que eles deviam ter assunto para a vida inteira.
Mestre Fu sentou-se na poltrona em frente ao casal de heróis e os encarou com aquele olhar cheio de sabedoria e bondade, lembrando a Marinette a última vez que estiveram naquele mesmo lugar. Memórias amargas do dia em que quase perdera seu parceiro e mesmo que naquela época ainda não soubesse, quase perdera seu amor. E pensar que Adrien havia passado pelo mesmo dilema naquela tarde!
Olhou de soslaio para o loiro a seu lado. Quando recobrara a consciência a primeira coisa que ela viu foi o rosto dele banhado de lágrimas, mas com um sorriso de puro alívio nos lábios. Se abraçaram como se a séculos não se vissem. Adrien a beijara em cada pedacinho do seu rosto, repetindo incansavelmente o quanto a amava. Ela ficou aturdida e apenas retribuiu os carinhos tentando entender tudo que acontecera, mas não se lembrava de nada após ter apagado nos braços de Chat Noir ainda no jardim da escola.

Ela se assustara ao perceber que estavam no quarto de Adrien na mansão Agreste, mas o que a deixara mais perplexa foi quando após os miraculous de ambos começarem a brilhar, Tikki e Plagg surgiram planando na frente dela e abraçando suas bochechas um de cada lado a apertavam e beijavam afirmando o alívio que sentiam por ela estar bem. Só então eles contaram tudo que havia acontecido deixando a mestiça de olhos arregalados, totalmente incrédula que tudo aquilo realmente havia lhe sucedido.
Após todas aquelas explicações, os quatro concordaram que deveriam conversar com mestre Fu o quanto antes.
Assim, Adrien havia levado Marinette em casa, como ele tinha prometido aos pais dela e combinaram de se encontrarem na casa do mestre mais tarde, quando pudessem se transformar e saírem sorrateiros de suas casas sem que dessem falta deles.
Mestre Fu já os esperava e praticamente já havia tomado conhecimento de tudo. Marinette não conseguia entender como o guardião sempre sabia das coisas, ele nem parecia sair de casa! No entanto, como o homem sábio que era, ele ouviu atentamente as explicações de Adrien, Plagg e Tikki e depois disso não disse nada, apenas levantou-se para preparar o chá.
Sua voz resoou no ambiente silencioso arrancando Marinette de seus devaneios.

- Bom, vocês passaram por muita coisa desde a última vez que nos encontramos. – Mestre Fu fitou o jovem casal com olhar admirado. Ainda que não tivesse concordado muito bem com suas recentes decisões, no final eles demonstraram muita força e mais uma vez provaram que são dignos dos poderes que receberam.Virou-se para Adrien com olhar severo – Você se arriscou em demasia Chat Noir. Sabe disso não? Podia ter morrido e também poderia ter feito coisas que no final iriam doer muito mais do que a morte.

- Falta de aviso não foi... – Plagg chegou à sala acompanhado de Tikki e cruzando os braços fitou o loiro com um olhar que dizia: Não te avisei?

Adrien o ignorou e encarou o ancião

- Mestre, eu sei que me arrisquei, mas não tínhamos outra alternativa. Eu não poderia simplesmente deixar a Mari morrer... – ele a olhou e buscou a mão da garota sobre o sofá entrelaçando os dedos com os dela, um gesto que combinava muito bem com suas palavras, deixando claro que ela significava muito pra ele.

- A culpa foi minha mestre – Tikki se pronunciou com a cabeça baixa – Fui eu quem apresentei a alternativa para o Chat Noir. Não conseguia pensar em outra solução.

- E não havia nenhuma outra minha pequena... – mestre Fu a consolou – Apenas o poder absoluto poderia destruir aquela magia. Eu sei que você fez tudo que pôde para salvá-la antes de chegar a essa conclusão. Mas isso não muda o fato de que uma tragédia maior poderia ter acontecido.

- Sim mestre – Tikki aquiesceu e Marinette sentiu seu coração se apertar ao imaginar o dilema enfrentado pela joaninha. Mais do que sua kuami, Tikki era sua melhor amiga, quase uma irmã mais velha a quem amava muito e saber que ela sofrera tanto por sua causa apertava-lhe o coração. 

- O mais importante é que vocês dois estão bem e provaram que estão prontos para os próximos desafios que irão enfrentar – o mais velho declarou ganhando total atenção da dupla de heróis que ainda tentava digerir a nova informação. Marinette finalmente se pronunciou fazendo a pergunta que lhe rondava a mente desde que tomara conhecimento de tudo que havia acontecido.

- Quais conseqüências teremos que enfrentar por termos usado o poder absoluto mestre?

Mestre Fu sabia que a resposta não os agradaria, mas toda a ação provoca uma reação. Era inevitável

- Do mesmo jeito que eu senti o manifestar do poder absoluto Hawk Moth também sentiu. E a partir de agora ele irá se empenhar ainda mais em conseguir os seus miraculous. Agora ele tem certeza de que é possível receber o poder absoluto. Ele não descansará e não poupará esforços e estratégias para conseguir isso.

Adrien e Marinette se entreolharam cientes que teriam que lutar ainda mais arduamente para defender os parisienses e proteger seus miraculous, mas surpreendentemente não havia medo nas expressões deles, apenas resiliência, a incrível capacidade de conseguir superar grande dificuldade, ou pressão na vida, tirando disso mais força e aprendizado para seguir em frente. Mestre Fu ficou extremamente satisfeito em ver tal característica naqueles jovens.

- Vocês passaram por tremendas dificuldades e situações de risco, mas superaram. Agora se erguerão fortalecidos para enfrentar novas batalhas. Sei que já receberam novas habilidades e ainda terão mais para receber. Já decifrei grande parte do livro e vou ajudá-los com isso. Serão treinados por mim a desenvolver seus novos poderes.

O mestre levantou-se e dirigiu-se a cômoda de madeira de onde retirou o livro antigo. Entregou-o nas mãos de Adrien

- Ele deve retornar para onde foi tirado. Nem todos os segredos ainda foram revelados.

Ele parecia estar falando dos miraculous, mas olhando profundamente nos olhos do ancião Adrien teve a imprenssão de que os tais segredos eram outros, mas preferiu ignorar aquilo.

- Mas... O senhor disse que decifrou grande parte do livro então ainda falta alguma coisa não?

Mestre Fu sacou o celular do bolso com um sorriso

- A tecnologia é uma dádiva meu jovem. Eu fotografei todas as páginas. Estão muito bem arquivadas e posso consultá-las quando quiser.

- Eu deveria ter pensado nisso quando lhe trouxe o livro. – Marinette murmurou mais para si mesma - Isso teria evitado que Adrien discutisse com o pai – ponderou e virou-se para o namorado – me desculpe.

Adrien pegou o livro das mãos do mestre e sorriu pra ela tranqüilizando-a

- Isso não importa. Depois daquela discussão horrível meu pai mudou um pouco a forma de me tratar. Acho que estamos obtendo avanços em nosso relacionamento.

Adrien estava de cabeça baixa analisando a capa do livro em suas mãos enquanto falava. Talvez um pouco constrangido por expor o relacionamento conturbado com o pai para o mestre Fu. Desse modo ele não percebeu o olhar triste e lastimável que o mais velho lhe lançou. Marinette percebeu e sentiu um arrepio percorreu-lhe pela espinha. O mestre sabia de alguma coisa que eles ainda não sabiam e ela não tinha bons pressentimentos quanto aquilo. Lembrou-se da conversa estranha que havia tido com Gabriel no dia em que Adrien a apresentou como namorada dele. O fato de Gabriel Agreste ter a posse daquele livro raro e antigo sobre os miraculous ainda era um mistério, mas que nenhum deles ali presentes ousava mencionar.

Mestre Fu virou-se novamente para o móvel de madeira escura e manipulando alguns botões na antiga vitrola que estava sobre o mesmo mostrou-os uma caixa octogonal preta com um símbolo vermelho. Enquanto abria a exótica caixa começou a falar

- Vocês também precisarão de ajuda nessa nova etapa. Chegou a hora de distribuir o restante dos miraculous.

Adrien e Marinette ficaram literalmente de boca aberta ao espiarem o interior da caixa que acomodava apenas duas jóias em meio a cinco espaços vazios e com símbolos diversos onde provavelmente haviam abrigado outros miraculous.

Mestre Fu explicou que o miraculous da borboleta estava sendo usado por Hawk Moth e o miraculous do pavão estava perdido.

- Minha intenção é ativar novamente os miraculous da raposa, da abelha e... da tartaruga

Foi um choque para os heróis tal informação. Marinette piscou algumas vezes ainda tentando entender o que o mestre tinha em mente

- O senhor vai abrir mão do Wayzz?

O ancião sorriu e olhou com carinho para o kuami verde que já se encontrava sentado em seu ombro direito

- É chegada a hora de deixar o meu legado. Em breve não mais estarei apto para ser o guardião dos miraculous e vocês precisarão de toda a ajuda que puderem para derrotar não apenas Hawk Moth mas também seus aliados.

- Então... surgirão novos heróis? Quem serão eles?

- Vocês me ajudarão a escolhê-los meus caros

- Muito maneiro... – Adrien abriu um largo sorriso e mirou a namorada com expectativa. Ela retribuiu o gesto apesar de um pouco triste com a recente notícia de que mestre Fu deixaria de ser o guardião.
Ela nutria um grande carinho e gratidão pelo ancião por tê-la escolhido e confiado a ela os miraculous da Lady Bug.

- E... Como faremos isso mestre?

Mestre Fu acariciou a barba num gesto costumeiro

- Quando chegar a hora nos reuniremos novamente e juntos iremos recrutar os novos portadores, por enquanto, pensem nos possíveis candidatos, afinal, vocês já sabem quais características eles devem possuir.

Adrien e Marinette assentiram. Aquela sim seria uma missão de extrema importância, considerando que possuir um miraculous não era apenas ganhar poderes, mas também assumir grande risco e responsabilidades. Não podiam errar na escolha desses novos heróis. 

- Agora vocês devem ir. – Mestre Fu os orientou - Marinette ainda precisa descansar para se recuperar totalmente.

- Obrigada mestre. – A mestiça o abraçou, logo depois abrindo a bolsinha rosa para Tikki entrar

Plagg também se acomodou no casaco de Adrien e quando este se aproximou para despedir-se do mestre, notou os sábios olhos castanhos que o fitavam atentamente. Ele apertou-lhe a mão

- Você é de grande valor meu jovem. Foi muito corajoso e, sobretudo forte para dominar aquele poder. – O ancião olhou de soslaio para Marinette que já estava a caminho da porta de saída - Ela é realmente muito importante para você não?

Adrien corou um pouco, mas sua resposta soou firme ao dizer

- Ela é tudo pra mim mestre. Obrigado por escolhê-la.

O mestre riu com bom humor

- Eu só errei uma vez meu jovem

 

Eles foram para a casa de Marinette. Ao chegarem desfizeram a transformação e Adrien se jogou no divã do quarto da mestiça, enquanto Tikki e Plagg pediram permissão para descerem até a cozinha o que foi prontamente concedida. Depois de orientar os kuamis a não fazerem barulho no andar de baixo, ela olhou o namorado confortavelmente deitado no estofado.

- Você ama esse divã não?

Ele se acomodou melhor colocando os braços atrás da cabeça

- Hum... Sim é meu canto favorito nesse quarto – ele esticou os braços em sua direção em um convite para juntar-se a ele

Ela riu, sentando-se a seu lado

- Eu sei gatinho manhoso, principalmente quando deita no meu colo e fica ronronando enquanto eu acaricio essa cabeleira. – Ela disse já afagando os fios loiros e Adrien fechou os olhos aproveitando aquela carícia até ouvi-la murmurar – Vou tomar banho

Ele abriu apenas um dos olhos de esmeralda

- É um convinte? – indagou arqueando a sombrancelha malicioso

- Ah gatinho, não seja assanhado... – riu quando Adrien a estreitou nos braços e mergulhou o rosto na curva do seu pescoço.

- Eu estava morrendo de vontade de ficar assim com você. – a voz dele saiu abafada e o hálito quente acariciava sua pele sensível - Estava com tanta saudade Mari, eu tive tanto medo de te perder princesa...

Ela fechou os olhos e continuou afagando os fios loiros em um consolo silencioso até que sentiu as lágrimas escorrerem por seu pescoço. Adrien estava chorando e a abraçava tão forte que ela pensou que ele esmagaria seus ossos, mas não se importou. Agarrou-se mais ainda a ele até que suas próprias lágrimas se misturaram com as dele e os dois se esvaziaram daquela carga de emoções intensas que vinham carregando há dias.
Marinette pensava em tudo que Adrien deveria ter passado e como se arriscara para salvá-la mais uma vez. Eles não tiveram tempo para conversar sobre nada daquilo, mas naquele momento em que seus corações pareciam tão conectados as palavras tornaram-se desnecessárias. Ficaram abraçados por vários minutos, trocando carinhos e beijos entre as lágrimas, palavras de amor eram ditas bem baixinho, olhos nos olhos, promessas silenciosas, mais lágrimas. Um desabafo de toda tensão, medo e angústia que haviam enfrentado horas antes.

- Por um momento, enquanto ainda era dominado por aquele poder eu quis matar você... – Adrien começou a dizer ainda com os olhos marejados. Havia tanta dor naquelas íris verdes que o coração de Marinette partiu-se em dois. – Eu quis matar você Mari... E cheguei bem perto disso, mas lutei tanto para impedi-lo, para me impedir... Não quero nem mesmo pensar no que teria acontecido se eu tivesse falhado...

- Shhh. Não pense mais nisso mon amour. Já passou. – Ela o beijou nos lábios lhe transmitindo todo seu amor – Você me salvou. Você foi tão forte, enfrentou tudo, até a si mesmo. Trouxe-me de volta. Devo minha vida a você Adrien

Ele meneou a cabeça negativamente

- Você não me deve nada. Eu disse que iria buscá-la onde você estivesse não disse? – Ela assentiu lembrando-se daquela conversa. Parecia que estavam prevendo tudo que iria acontecer. Adrien a fitou intensamente – Eu só quero você aqui comigo, viva, bem e feliz. É tudo que eu quero nesse momento.

- E eu estou aqui gatinho, graças a você, está tudo bem e eu estou feliz.

Eles se beijaram mais uma vez e lentamente o beijo foi tornando-se profundo, as línguas se enroscando em uma deliciosa dança. Adrien mergulhou as mãos nos cabelos azulados, sentindo prazer em tocar a maciez dos fios enquanto Marinette arranhava levemente sua nuca emaranhando os dedos finos em seus cabelos. Somente descolaram os lábios para respirarem e logo Adrien iniciou a trilha de beijos pelo pescoço da mestiça, subindo até a orelha e beijando o lóbulo suavemente causando-lhe arrepios ao sussurrar no seu ouvido

- Mari... Você é tudo pra mim e me deixa maluco, mas não podemos continuar com isso senão daqui a pouco perderei o pouco de sanidade que ainda me resta.

Ela abriu os olhos e corou quando finalmente conseguiu processar as palavras dele. A paixão nos olhos de ambos era visível e a tensão que se formara no ambiente era palpável. Ela levantou-se do divã devagar sem tirar os olhos do namorado e suspirou

- Eu acho que preciso daquele banho agora.

Ele sorriu de leve e fechou os olhos novamente tentando controlar a respiração irregular

- Pode ir... Vou te esperar aqui

Ela pegou uma muda de roupas e desceu para o banheiro tentando fazer o mínimo de barulho para não acordar os pais. Após um banho rápido ela subiu de volta para o quarto encontrando Adrien cochilando, a expressão serena. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios. Como ela o amava! Era tão forte aquele amor que parecia não caber dentro de si e transbordava em seus olhos, suas palavras e ações.
Sentou-se ao lado dele e Adrien abriu os olhos de esmeralda lentamente, suspirando com a visão da mestiça que usava um moleton preto e cinza com uma pata de gatinho bordada no lado esquerdo. Como ela poderia ficar tão sexy com um moleton? Isso era totalmente injusto, pensou.

- Eu já te disse o quanto você é linda chérie? – ele elogiou

- Já sim, várias vezes e eu ainda me surpreendo com isso.

- Não sei por que, se é tão óbvio. Vem aqui – ele a puxou pela mão fazendo-a deitar-se com a cabeça em seu colo - hoje sou eu quem vai lhe dar carinho até você dormir. Mestre Fu tem razão. Você precisa descansar para se recuperar.

Ela sentiu as mãos quentes do loiro acariciando seus fios de forma suave e ritimada. De vez em quando o carinho descia até sua testa, seu rosto e pescoço. Ela estava amando aquele mimo.

- Já pensou sobre quem você vai indicar para receber os outros miraculous? – ele lhe perguntou com voz suave

- Sim pensei em alguns, não posso negar. E você?

- Também tenho alguns palpites...

Ela deu uma risadinha abafada, os olhos pesados iam se fechando sonolentos.

- Aposto que sei quem são

- Provavelmente. E eu posso dizer o mesmo sobre você

- Acredito que sim. Boa noite gatinho

Ele sorriu e beijou-lhe a fronte

- Boa noite my ladyprincess.

 

 

No dia seguinte quando Marinette acordou Adrien já tinha ido embora. Ele a havia colocado na cama, de novo... Sorriu pensando que aquilo já estava virando rotina entre eles. Acabaria ficando mal acostumada com aquela companhia para dormir. Levantou-se olhando a hora no celular. Estava adiantada para variar. Geralmente quando dormia nos braços do loiro ela tinha uma noite de sono tão boa que acordava cedo na manhã seguinte. Seu sorriso alargou-se ainda mais quando viu uma mensagem dele no telefone, enviada um pouco antes dela acordar.

 

- Bom dia mon ange. Não sei de onde tiro forças para ir embora enquanto você ainda está dormindo. A imagem do seu rosto de anjo não sai da minha cabeça e durmo embalado por ela, ainda sentindo seu doce perfume. Por favor, não se atrase para a escola, já estou louco pra te ver de novo. Eu te amo. Pra sempre seu.

 

Ela suspirou apaixonadamente enquanto respondia a mensagem no mesmo tom amoroso. Nunca se cansaria do romantismo de Adrien. Ele era extremamente carinhoso e cuidadoso. Podia imaginar como seria o momento em que se entregaria pra ele de forma... Completa. Com certeza ele seria delicado e a faria se sentir a mulher mais feliz e amada... Suspirou novamente, logo em seguida corou quando se deu conta do rumo dos seus pensamentos.

- Bom dia Marinette! Nossa você está quase da minha cor! Está com febre? – Tikki colocou as patinhas na testa da portadora a fim de sentir-lhe a temperatura. Claro que isso havia sido apenas uma leve provocação com a garota já que a kuami conseguiria sentir de imediato se ela realmente estivesse doente. Na verdade a joaninha tinha uma idéia sobre todo aquele rubor. A cara de apaixonada de Marinette lhe dizia tudo.

- Muito engraçado Tikki – ela bufou, mas riu logo em seguida – Bom dia pra você também. Eu estava só lendo uma mensagem que recebi do Adrien.

- Hum... Sei. Deve ter sido uma mensagem e tanto para fazer com que você fique com essa cara

- Tikki! – Marinette corou ainda mais arrancando mais risadas da sua kuami - Ah esquece. Não sei por que não consigo controlar minhas emoções – cruzou os braços e inflou as bochechas como uma criança malcriada

- Isso é normal na sua idade Mari. Não se preocupe, com o tempo você conseguirá se controlar melhor, até mesmo com relação ao Adrien – A kuami acrescentou com uma pitada de malícia

- Assim espero. Isso evitaria os vários momentos constrangedores que eu sofro com você e com a Alya – a mestiça levantou-se e dirigiu-se ao banheiro deixando a joaninha sorridente para trás.

 

Marinette chegou à escola bem no horário e foi recebida aos gritos pela amiga ruiva que praticamente pulou em cima de dela agarrando-a pelo pescoço como se sua vida dependesse disso.

- Aiii amigaa! Nossa onde você se meteu? Ficamos preocupados com seu sumiço depois da confusão com a tal Volpina. O que houve com você?

- Nossa Alya, você vai me esmagar! – A ruiva a soltou e ficou encarando-a aguardando uma resposta. Marinette sentiu naquele olhar que havia algo mais além de preocupação. – E-eu estou bem amiga. Eu s-só f-fui me esconder... 

Alya estreitou os olhos em um claro sinal de que estava duvidando das suas palavras. Ai não!

- Tá mas... E o Adrien? Você o deixou nas mãos daquela raposa amiga... e não voltou!

- E-eu...n-não. Acontece que...

- Eu pedi para que ela fugisse Alya.

Marinette quase chorou de alegria ao ouvir a voz conhecida e sentir os braços que rodearam sua cintura

- Adrien!

- Bom dia princesa. – Ele beijou-lhe o rosto e lançou seu melhor sorriso a ruiva que os observava ainda com aquele olhar perscrutador – Bom dia Alya. Eu pedi... Na verdade eu insisti pra que a Mari saísse dali e se escondesse. Eu sabia que a Lila não iria me fazer mal, mas quanto a Marinette eu tinha certeza que ela tentaria por isso eu quis distraí-la até  que Lady Bug e Chat Noir aparecessem. Depois que a Lady Bug chegou eu encontrei a Mari e fomos pra minha casa.

- Hum... sei, pra sua casa é? - Alya a encarou com um olhar que dizia que mais tarde conversariam sobre aquilo. 

- Wow, você foi muito corajoso cara – Nino que acabara de chegar e pegara a explicação de Adrien, o cumprimentou com um soco leve no ombro.

O loiro manteve o sorriso no rosto e apoiou  a namorada protetoramente contra seu peito, logo beijando-lhe o topo da cabeça pelo simples fato de não suportar ficar sem tocá-la.

- Eu não deixaria que a Volpina machucasse a Mari...

Alya também sorriu satisfeita de ver os amigos tão apaixonados, mas ainda havia algo que ela precisava investigar mais a fundo.

- Awnn vocês têm noção do quanto são fofos? - A ruiva elogiou cheia de orgulho

Eles riram e ouviram o sinal indicando o início da primeira aula. Apesar do momento de descontração Marinette percebeu que a amiga ainda tinha um olhar pensativo o que deixou a mestiça apreenssiva.

 

Ao final da aula Marinette foi para casa almoçar enquanto Adrien voltou ao colégio para as aulas de esgrima e o retorno das aulas de karatê. Ele havia ligado para o professor pedindo o retorno dessas aulas uma vez que queria estar ainda mais preparado quando tivesse que enfrentar os super akumas de Hawk Moth. Sorriu lembrando-se que estava quase conseguindo convercer a sua lady a fazer as aulas com ele.

Pensou em como ela estaria nervosa para seu primeiro dia de estágio na mansão Agreste. Marinette passaria a tarde com seu pai aprendendo os segredos para tornar-se uma grande estilista. O loiro não tinha dúvidas de que ela se sairia muito bem, no entanto a conhecia bem demais para saber que sua princesa deveria estar uma pilha de nervos pelo simples fato de trabalhar ao lado do seu ídolo e sogro Gabriel Agreste.

 

Marinette estava nervosa. Muito nervosa. Chegou à mansão Agreste no horário marcado. Sabia que Adrien não estaria em casa àquela hora devido às aulas da tarde, mas ele não era o motivo da aflição dela naquele momento e sim seu sogro e um dos maiores designers de moda do país.
O enorme portão foi aberto assim que anunciou sua chegada. Nathalie a conduziu até o escritórtio de Gabriel onde ele a aguardava sentado na enorme mesa branca, analisando alguns papéis.

- Marinette já está aqui senhor Agreste.

Ele levantou a cabeça ajeitando os óculos em um movimernto sutil

- Olá Marinette, como você está? – ele a cumprimentou com um aperto de mãos - Sente-se, por favor.

- Estou muito bem senhor Agreste. Obrigada

- Eu já te pedi para me chamar de Gabriel mocinha.

Ela assentiu corando levemente

- Nathalie vou dar início ao trabalho com Marinette e gostaria que não fôssemos incomodados.

- Perfeitamente senhor, com licença – Nathalie saiu deixando-os a sós

Gabriel aprumou-se na cadeira giratória e colocou as mãos cruzadas sobre a mesa fitando a mestiça com aquele olhar que sempre parecia perscrutar o mais profundo da sua alma.

- E então Marinette? Está pronta?

- Claro... Hã... Um pouco nervosa talvez, mas muito animada para começar esse estágio.

- Excelente! Trouxe o contrato? Ficou satisfeita com todas as cláusulas?

- Sim, está tudo perfeito. – ela entregou-lhe o envelope com o contrato devidamente assinado e cópia de seus documentos – Gostaria de agradecer ao senhor por ter sido tão generoso ao me dar essa oportunidade.

Era um agradecimento sincero. Gabriel Agreste estava lhe abrindo uma porta para um futuro do qual ela sonhava desde muito nova. Além disso, quando ele falara sobre estágio remunerado ela não imaginava que a quantia seria tão considerável. Seguindo o conselho de seus pais e do próprio Gabriel ela iria poupar aquele dinheiro para pagar a faculdade de moda. Com aquela poupança poderia pagar a melhor faculdade de Paris.

A voz do mais velho a trouxe de volta ao momento presente

- Ótimo! Então vamos começar a trabalhar certo?

- Estou pronta!

Eles trabalharam durante toda aquela tarde. Gabriel procurou passar-lhe seus conhecimentos sobre o ofício de maneira clara e objetiva, aconselhando a melhor maneira de escolher um tecido para determinado modelo de roupa, os melhores acessórios, cores e combinações.

Marinette já tinha um bom conhecimento sobre o assunto, além de um gosto bastante refinado e muita noção de moda o que acabou tornando a tarefa de ensiná-la mais fácil do que ele havia imaginado.
 Além de tudo ela era muito dedicada e aprendia rápido. Ficaram tão entretidos no trabalho que sequer perceberam a hora passar. Surpreenderam-se quando a porta do escritório se abriu.

 

Adrien chegou em casa exausto, subiu direto para o quarto a fim de tomar um banho e relaxar os músculos que trabalhara em demasia naquela tarde. Ao sair do chuveiro encontrou Plagg em cima da cama devorando o maldito camembert.

- Plagg! Qual é. Quantas vezes já pedi para você não comer esse queijo fedorento na minha cama?

- Ynha garoto, me deixe comer meu queijo em paz! Fiquei a tarde toda esperando esse momento já que você esqueceu de abastecer sua mochila antes de voltar para a escola.

Adrien bufou e com a toalha ainda enrolada na cintura pegou o celular para mandar uma mensagem a Marinette que com certeza já deveria estar em casa àquela hora.

- Se eu fosse você não ligaria para a Mari... – Plagg o advertiu casualmente enquanto abraçava e rodopiava com o pedaço de queijo maior do que ele.

Adrien revirou os olhos com aquela cena bizarra. Nunca entenderia o amor de Plagg por aquele camembert

- Como você sabe que essa é minha intenção?

- Você é muito previsível e fica o dia todo agarrado nesse celular com ela quando não está literalmente agarrado com ela! Por isso é que você esquece de me alimentar!

Mais uma revirada de olhos do loiro seguida de um suspiro

- Plagg só porque esqueci dessa vez não precisa agir como se fosse o fim do mundo. Ah esquece! Porque você disse para eu não ligar pra ela?

- Porque ela ainda está aqui oras

- O que? Como você...?

- Tikki... Eu senti a aura daquela joaninha assim que passamos pela porta.

- E só agora você me avisa sua bola de pêlos ambulante!

- Você não iria encontrar-se com ela fedendo como um gambá não é?

Adrien ignorou o comentário provocativo do kuami e passou as mãos pelos cabelos, exasperado.

- Pelo amor de Deus, papai deve estar arrancando o couro da Mari logo no primeiro dia!

Com uma rapidez impressioante que fez Plagg dar boas risadas Adrien se arrumou e desceu rumo ao escritório de seu pai.
Bateu de leve na porta e a abriu devagar encontrando Marinette e Gabriel lado a lado analisando uma peça em um dos manequins, totalmente concentrados no modelo ali exposto.

- Vocês sabem que horas são?

Marinette sorriu ao ver seu gatinho com os cabelos úmidos provavelmente recém saído do banho. Aquela visão atiçava sua imaginação. Corou por estar tendo aqueles pensamentos impróprios enquanto estava bem ao lado do sogro. Adrien e Gabriel pareceram não notar seu desconforto.

- Oi filho. Na verdade perdemos mesmo a noção do tempo não é Marinette?

Ela despertou de seu breve devaneio ao ouvir a voz do mais velho

- Verdade, ficamos tão entretidos no trabalho que eu nem vi o tempo passar

Adrien se aproximou e deu-lhe um selinho o que a fez corar ainda mais. Ele a achou extremamente fofa mas forçou-se a olhar para o pai

- O senhor não vai transformar a Mari em um segundo Gabriel não é pai?

- Adrien...

- Tudo bem Marinette, deixe-o. Não se preocupe Adrien, não pretendo transformar sua namorada em nada além de uma grande estilista. Mas já tinha muito tempo que eu não repassava meus conhecimentos a alguém e acho que acabei me empolgando.

- Entendo. Bom mas já é hora do jantar. O senhor nos acompanha?

- Não, eu ainda vou terminar de analisar algumas coisas aqui, vocês dois podem ir.

- Tem certeza que não precisa mais de mim Gabriel? – Marinette perguntou solicita. Apesar de já começar a sentir o cansaço do dia, não queria sair sem terminar o trabalho

- Tenho sim. Já finalizamos por hoje. Inclusive, obrigado por ficar além do horário

Ela lançou um largo sorriso para o designer

- Pra mim foi um prazer

Eles saíram e Adrien a beijou nos lábios assim que se viram sozinhos.

- Hum... que saudade e que surpresa boa te encontrar aqui ainda. Pensei que já estaria em casa

- Realmente não vimos a hora passar, foi um ótimo primeiro dia de estágio.

- Que bom, mas o que eu falei é sério. Por favor, não fique como meu pai. Eu preciso de carinho e atenção. Não quero que fique o tempo todo agarrada com trabalho.

- Nossa gatinho, você está tão carente! – Ela não resistiu e acariciou-lhe a cabeleira, bagunçando um pouco os fios loiros recém lavados. Adrien soltou um gemido manhoso e fez uma careta engraçada levando Marinette a dar boas risadas. 
Eles se dirigiram a sala de jantar e Adrien puxou a cadeira para Marinette se sentar. Tão gentil e tão cavalheiro, ela se perguntava se aquele garoto era real ou apenas fruto da sua romântica imaginação.

Como sempre na mansão Agreste o jantar estava delicioso. Eles comeram e conversaram sobre coisas aleatórias num clima leve e descontraído.

Após o jantar Adrien a chamou para conhecer o jardim de inverno. Marinette nunca tinha ido naquela parte da mansão. Ele a conduziu até a parte de trás da casa e quando chegaram ao jardim ela soltou uma exclamação de puro encantamento com aquele espaço florido. Várias flores, de diversas espécies em uma enorme varanda envidraçada de clima ameno e iluminação perfeita. Um delicioso perfume pairava no espaço enorme onde também via-se uma fonte de águas critalinas e bancos de madeira com enormes almofadas macias onde podia-se recostar e relaxar aproveitando a paisagem verdejante ali dentro deixando lá fora o frio e o clima cinzento do inverno parisiense.

- Adrien esse lugar é simplesmemte fantástico.

- Minha mãe foi quem montou esse jardim. Ela amava flores, todas elas. – ele sorriu com a lembrança –Depois que ela se foi eu nunca mais vi meu pai entrar aqui, mas ele faz questão de que o jardineiro mantenha tudo do mesmo jeito que ela deixou.

Marinette aspirava o perfume daquelas flores e se perguntava mais uma vez o que acontecera com a senhora Agreste. Porque ela não estava ali cuidando de sua família, do seu filho e de seu jardim... O que poderia tê-la arrancado do aconchego do seu lar? Guardou suas dúvidas para si a fim de não entristecer o namorado.

- Estou apaixonada – suspirou ainda admirada com aquele lugar

Adrien a enlaçou por trás enterrando o rosto nos cabelos azulados e aspirando o perfume suave do sampoo que ela usava.

- Sabia que iria gostar mon amour

- Você sabe tudo sobre mim não é gatinho? Sabe me encantar e me fazer apaixonar repetidas vezes por você.

Eles se beijaram de modo doce, lento e profundo, aproveitando cada segundo daquele momento especial em que eram apenas os dois, esquecidos do mundo lá fora, dos problemas e das responsabilidades. Pelo menos aquilo Adrien poderia fazer por ela. Ele a fez sentar-se em um dos bancos de madeira, mantendo-a recostada em seu peito e acariciava as madeixas azuladas em movimentos delicados.

- Eu te encontrei em um jardim.

Ela o olhou sem entender

- Ontem, quando precisei trazer você de volta... Você estava em um jardim. Acho que sua mente o criou como um refúgio. Você estava tão linda, parecia em paz consigo mesma. Até me pediu para ficar ali pra sempre, apenas nós dois.

Ela suspirou

- Eu não me lembro de nada...

Ele beijou-lhe o topo da cabeça e estreitou ainda mais o abraço. Lembrar-se daquilo também o fazia se lembrar de que quase a perdera.

- Deve ser normal não se lembrar de nada nesses casos. Confesso que fiquei tentado em aceitar seu convite e ficarmos ali naquele refúgio. Por um breve momento pensei se o poder absoluto conseguiria nos proporcionar essa dádiva. Mas logo depois cai na real de que não seria o mais certo a fazer por mais tentador que fosse.

Ela levantou a cabeça encarando-o

- Tem toda a razão Adrien, isso não seria o certo. Não dá para fugir das responsabilidades ou ficar numa redoma livre dos problemas. Precisamos enfrentar a vida e os desafios que ela nos propõe. 

Adrien mergulhou naquelas íris azuis que agora tinham uma expressão séria. Ele acariciou-lhe a bochecha

- Em algum momento você já se arrependeu ou pensa em não ser mais a Lady Bug?

Ela não precisou pensar muito para responder a pergunta

- Não. Por mais difícil que seja, por mais que tenha que me sacrificar as vezes e abrir mão de algumas coisas, ser a Lady Bug é meu destino. Tenho a sensação de estar cumprindo exatamente o que a vida espera de mim, de estar no tempo certo, fazendo a coisa certa. Cumprindo o propósito da minha vida

Adrien não soube explicar porque sentiu-se tão aliviado com a resposta dela. Mas sorriu largamente

- Me sinto da mesma forma e fico feliz que pense assim

Ela levantou o rosto até seus lábios quase tocarem os do loiro e murmurou

- Sabe qual a melhor coisa nisso tudo gatinho? Saber que tenho você ao meu lado. Eu não seria nem metade do que sou se você não estivesse sempre comigo.

- Você tirou as palavras da minha boca princesa...

Adrien venceu a distância entre seus lábios e a beijou com todo amor que transbordava em seu coração. Ele havia levado Marinette até ali para impressioná-la com a beleza e perfume das flores, mas qual não fora sua surpresa ao constatar que sua ladyprincess era a mais bela e perfumada de todas elas. Ele nunca se cansaria daquele perfume e sabor viciantes. Por pouco eles não perderam um ao outro, mas estavam ali juntos novamente. Haviam passado por muitas adversidades, mas superaram todas. E agora se reerguiam para enfrentar novos desafios. Não importava o que viria a seguir desde que estivessem sempre juntos.