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História Moon Lovers: The Second Chance - Tudo Continua como Antes


Escrita por: VanVet e AndyeGW

Notas do Autor


Vamos para mais um capítulo?
Continuamos à todo o vapor, adiantando muitas atualizações, para mantê-los no nosso embalo :)

Capítulo 7 - Tudo Continua como Antes


Ha Jin não se lembrava de, em muito tempo, desejar tão profundamente sair de um lugar. Talvez o sentimento de agora fosse semelhante ao de mil anos atrás, quando se viu submergindo em um tempo e emergindo em outro, longe de tudo e de todos os que conhecia.

Recostou a cabeça no assento do coletivo e soltou um ar cansado, pronta para a viagem de volta para casa. O fone tocava em uma rádio qualquer sintonizada no celular e, nos ouvidos, ironicamente começou Save Me¹, fazendo ela pensar se tudo ao seu redor conspirava contra ela, inclusive aquela programação.

Enquanto o ônibus balançava em seu caminho, ela se viu impossibilitada de afastar os pensamentos do que ocorrera durante o dia, principalmente da senhorita Nyeo lhe chamando à atenção rispidamente por ter se aproximado demais dos herdeiros Wang, usando um discurso praticamente idêntico ao da moça que lhe dera conselhos ainda naquela manhã.

"Isso é um inferno! Mil anos depois e os mesmos preconceitos são mantidos. As mesmas imposições e submissões… Quando essas pessoas vão entender que somos todos humanos, todos iguais e, como tal, devemos ser tratados?”

Um bom tempo depois, ela desceu em sua rua e seguiu irritadiça para o apartamento. Precisava de um banho. Queria se descontaminar e remover toda idiotice acumulada daquelas pessoas de cima de sua pele. Seguiria para um bom prato de bibimbap enquanto via algum programa boboca que lhe tirasse algumas risadas e, logo depois, uma boa noite de sono.

Os planos foram frustrados tão logo saiu do banho e recebeu, espantada, uma ligação de sua mãe querendo saber como ia a sua saúde, se continuava se medicando corretamente e como estava se saindo no novo emprego, se estava gostando.

Foi sincera quanto aos medicamentos e sua saúde, mas tentou ser o mais convincente que pôde enquanto mentia sobre a maravilhosa oportunidade de trabalhar na casa dos Wang… E aquela triste conclusão havia sido gerada em apenas três dias de trabalho.

Os dias seguintes não foram de todo diferentes dos anteriores. Notou que a governanta Nyeo passou a estar mais tempo com ela do que antes e se perguntou se a conversa com Eujin seguida da aparição de Yun Mi haveria trazido algum problema aos demais empregados, porém o pensamento não saiu de sua cabeça e ela se obrigou a não comentar sobre suas dúvidas.

O engraçado era que, mesmo sendo observada mais atentamente pela governanta, percebia a intromissão de três herdeiros, que passaram a espiá-la também, e isso fazia com que ela sorrisse e se alegrasse em alguma parte do seu monótono expediente.

Sun e Jung ficavam disfarçadamente, ou achavam que estavam disfarçados, nas imediações da lavanderia e na área dos funcionários, de repente tendo os dois inspiração para muitas atividades ao ar livre; Sun no horário da tarde, pois fazia faculdade pela manhã, e Jung no horário da manhã, no tempo que tinha livre antes de ir para a empresa do pai. Nesses momentos, Ha Jin sempre encontrava algum serviço para fazer próximo de onde eles estavam e arriscava conversas breves, na maioria das vezes, divertidas.

Num desses diálogos descobriu, por exemplo, que Jung praticava Taekwondo e estava disposto a apresentá-la na sua academia, afinal, ela possuía um chute frontal promissor, nas palavras dele. Noutra oportunidade, se envaideceu ao saber que Sun lhe imaginou numa idade similar a sua, quando perguntou o que uma “pirralha” como ela fazia na mansão em horário de aula.

Esses pequenos encontros, apesar de superficiais, tornavam o tempo na casa mais ameno e ocupavam a mente dela enquanto imaginava qual era, na verdade, o tipo de conceito que os rapazes montavam da funcionária maluca chutadora de portas.

De Taeyang, Ha Jin não teve mais nenhum vislumbre, assim como de Yun Mi; a segunda ausência lhe deixando mais satisfeita. Depois do fatídico momento em que a antiga princesa apareceu e interrompeu a conversa entre o herdeiro e a governanta, ela firmava votos para que a outra se mantivesse bem distante, pelo bem da sua sanidade e bom-senso.

Mas o que ela realmente gostava era quando Eujin a procurava, próximo do horário de saída dela. Quando havia menos funcionários e a governanta Nyeo se ocupava com o jantar, ele aparecia para lhe dar uma carona até o ponto de ônibus. Nesses percursos conversavam bastante e a garota simplesmente não se importava que isso pudesse custar seu emprego.

Essa iniciativa foi tomada no dia posterior ao encontro com Yun Mi. Eujin se sentiu impelido a pedir desculpas pela atitude da irmã e surgiu emparelhando seu carro junto dela, que andava apressada e distraída a caminho da saída.

— Ha Jin? Entra aí! — ele exclamou abaixando a janela e acenando para o banco do passageiro com a cabeça.  

Ela olhou alarmada para os lados; já havia ouvido sermões demais por um dia.

— Eu estou bem, obrigada, Sr. Eujin — desconversou voltando a caminhar. 

O rapaz avançou o veículo vagarosamente, acompanhando-a.

— Acho que nós já combinamos antes de não nos chamarmos por esses pronomes de tratamento idiotas — lembrou — Está indo para avenida pegar o ônibus? Te dou carona.

A moça respirou fundo calculando os riscos. Uma trovoada reverberou pelo céu, conspirando à favor do esperançoso motorista. Ela contornou o veículo e entrou antes que pudesse ser flagrada por olhos errados:

— Se eu perder meu emprego… — começou, então calou-se ao vê-lo tão aprumado num terno de alfaiataria.

— O quê? — ele a encarou, desconfiado.

Ha Jin sorriu achando muito divertido ver Baek Ah vestido daquele modo. Quer dizer, Eujin…

— Ahh, nada. Eu só não imaginava que você pegasse no batente também.

Eles saíram da portaria e tomaram a via principal. O herdeiro analisou seu rosto não sabendo se achava graça ou ficava indignado com o comentário dela.

— Bem que eu imaginei que você não batia bem dos pinos. Ninguém fala assim com um Wang, garota!

Imediatamente, ela achou que havia pegado um pouco pesado demais, considerando que ele não era seu velho amigo, no fim das contas, e tentou aparar as arestas:

— Era apenas brincadeira, Sr. Wang. Apenas pensei que pudéssemos conversar mais livremente fora da mansão… Foi erro meu, desculpe.

— Pois pensou certo — Eujin objetou segurando uma gargalhada — E não ouse me chamar de senhor de novo, garota esquisita.

Ela sorriu intimamente ao saber que vinha em tão boa conta com ele.

— Eu também gostaria de me desculpar pelo péssimo comportamento da minha irmã ontem. Yun Mi é feita de um material diferente, apesar de sermos do mesmo sangue. Vou defendê-la como puder, se isso acontecer de novo, mas tente evitar compartilhar o mesmo ambiente que eles. Algumas pessoas da minha família tem aspectos dos quais não me orgulho nada.

A governanta olhou para o rapaz carinhosamente e concordou.

— Eu entendo Eujin, não há nada para me explicar. Eu entendo perfeitamente.

***

— Ha Jin, eu realmente gostaria que você ouvisse o que falo e parasse de se envolver com os patrões – a governanta falou dias depois que os dois começaram a se falar em segredo.

— Governanta Nyeo, eu não tenho me envolvido com os patrões... – ela tentou desconversar, mas parou assim que Nyeo a olhou astutamente.

— Eu estou realmente tentando te preservar aqui… Gostaria que entendesse que nada do que eu falo é para que se sinta mal, mas para que mantenha sua integridade e o seu emprego – a governanta continuou enquanto fiscalizava alguns dos lençóis — Tenho percebido que o trabalho tem estado melhor aqui na lavanderia depois que te contrataram. Os jardins estão mais cuidados e a área externa está sempre abastecida…

— Obrigada, governanta – Ha Jin fez um breve movimento com a cabeça. Depois de uma semana no trabalho, ela estava aprendendo a ser mais comedida em suas ações e palavras.

— Você tem feito um bom trabalho… Vejo agora que realmente tem experiência em cuidados com a casa – virou-se novamente para a jovem antes de continuar — E eu quero que você continue aqui.

— Tentarei me afastar, governanta Nyeo – admitiu baixando a cabeça.

— Sei que tentará – Ha Jin viu um leve sorriso se formar na governanta e isso aqueceu seu coração — Quero que me ajude com o jantar de hoje. Não precisará ficar além do seu horário, mas é para que você se acostume também com os afazeres internos da casa, caso seja necessário em algum momento.

— Em algum momento? – a outra perguntou curiosa.

— Sim, principalmente em ocasiões festivas. Precisamos de um maior número de empregados na casa para servir a todos.

— Entendo…

— Pode me acompanhar? – a governanta falou já se encaminhando para fora da lavanderia.

— Claro!

Enquanto acompanhava a mulher mais velha, Ha Jin encontrou com Gun sentado à sala de estudos. Ele parecia em outro mundo, absorto em documentos espalhados sobre uma grande mesa disposta ao meio da sala, que mal viu um dos criados entrar com uma xícara do que parecia ser chá, colocá-la sobre uma pequena mesa de canto e sair.

Um tempo depois, ao voltar da organização da sala de jantar, a pedido da governanta Nyeo, ela percebeu que a sala de reuniões estava trancada e que Gun já não se encontrava mais perdido em meio as papeladas. Ficou imaginando o que, e com quem, ele estaria trancado naquele lugar parando à entrada da porta, ansiosa por ver So brotar dali, quando ouviu a voz da prima surgir na sala de estar ao lado.  

Kim Na Na se mostrara bem mais parecida com ela do que apenas na aparência física. As duas já haviam saído algumas vezes para lanchar comidas podres pelo centro e se conhecerem melhor. Elas vinham se aproximando gradualmente com a esperança de uma promissora e verdadeira amizade futura.

— Eu me sinto lisonjeada diante dos seus elogios – Ha Jin se sentiu a pior das pessoas por estar ali, atrás de uma porta semi-aberta ouvindo uma conversa que aparentava ser particular. Entretanto, algo no teor daquele diálogo a fez hesitar.

— E eu não confio em mais ninguém na diretoria daquela empresa, além de você, Na Na – era a voz de Taeyang se dirigindo à noiva do irmão informalmente — Seus olhos e seus ouvidos são preciosos para mim quando estou ausente.

Houve um grande momento de silêncio na sala até a prima voltar a falar.

— Seu irmão tem todo o merecimento também. Ele se esforça muito pelo império de vocês  – ela observou calmamente.

Taeyang fez um barulho esquisito com a boca, uma espécie de grunhido desaprovador. Por um segundo, Ha Jin se empertigou mais para perto da porta, achando que o nome de So sairia da boca de alguém.

— Gun é muito bom em tudo, não é mesmo? — ele resmungou.

— Taeyang…

— Nós estamos falando do seu desempenho. De você — ele a interrompeu afavelmente — Diga que vai conseguir me substituir na próxima reunião… assim posso te passar logo a pauta que preparei especialmente...

Ha Jin ouviu passos no fim do corredor e correu o mais rápido, e discretamente que conseguiu, para não ser vista. A mente já estava fervilhando de ideias e curiosidades.

“Como assim Taeyang confiava apenas em Na Na dentro da empresa? E que tipo de diálogo era aquele, cheio de amenidades e brandura, entre eles? ”

Meia hora depois, já na cozinha conferindo o abastecimento de temperos e ruminando sobre o que escutou na sala, ela foi surpreendida pelo objeto dos seus devaneios à beira do balcão.

— Tá tudo bem, Ha Jin?

— Ah… Eh… Oi, Na Na… Tudo sim – tentou se recompor do susto, despistando com um bocejo falso.

— Você não me parece muito bem… – a prima insistiu estudando o rosto da outra.

— Estou só tentando lembrar se dexei ou não as ordens na lavanderia para a lavagem dos lençóis…    

— Hmm… Por que está aqui na cozinha? – a moça pareceu acreditar na desculpa.

— Ah… A governanta Nyeo pediu que eu viesse para entender melhor o trabalho interno, caso minha ajuda seja necessária nos dias de festa.

— Entendo... Muito importante, isso... – Na Na sorriu — Então peça, por favor, chá e dez xícaras para a sala de reuniões.

— Claro… Mandarei em seguida.

— Obrigada, Ha Jin. E, se quiser, te dou uma carona para casa. Estou com o Lamborghini — a prima pontuou e piscou enquanto animada, seguindo para a sala de reuniões, deixando a outra mais tranquila por ter escapado de um flagrante.

***

No andar superior da mansão havia sido construído o maior aposento da casa. A suíte do Sr. e Sra. Wang era ampla, sofisticada e decorada com extremo bom gosto. Ah Ra era uma mulher de desejos contemporâneos e, muitas vezes, pensava de modo mais prático que as jovens cabeças ao redor.

Taeyang, seu filho mais velho, já nascera com as ideias esparsas demais. Havia muito senso de justiça e tolerância em excesso, o que era bom, em partes, mas seu primogênito vivia correndo o risco de ser passado para trás.

Yun Mi, a única filha mulher que Wang Hansol ganhou, fora um presente dela e veio ao mundo para tirar o sono e a tranquilidade de muita gente. O que o irmão tinha de pacífico, Yun Mi descontava em agressividade.

Quando a filha era criança, a senhora Ah Ra acreditava que o gênio forte da menina se diluiria com o passar dos anos, motivado pelas ocupações com estudos, trabalho e namoricos. Entrementes, conforme ela ia se desenvolvendo, e se dando conta do seu posto de mulher bonita e rica, mais as pessoas pensavam duas vezes antes de se relacionar intensamente com a herdeira.

Como de costume, era na mãe que ela encontrava um lugar para desabafar as frustrações quando o mundo não girava segundo suas ordens e ela se via em risco por não ter as rédeas de todos ao seu redor em suas mãos.  

— Por que está tão preocupada com isso, Yun Mi? – a senhora da casa conversava com a filha enquanto retocava a maquiagem no quarto, antes de ir para o cabeleireiro.

— Não gosto da forma como meus irmãos se portam com ela – Yun Mi continuou, o tom azedo e contrariado em cada uma das palavras.

— Minha filha, seus irmãos não oferecem nenhum tipo de preocupação no que diz respeito à essa garota. Ela é apenas uma criada e você não tem que se preocupar com isso… Além do mais, conhecendo o seu pai como bem conheço, no momento que ele souber do encanto deles por uma empregada, ela logo será demitida.

— Então… – o sorriso se formou no rosto, há pouco contrariado, de Yun Mi — A única coisa que tenho a fazer é incentivar o papai a descobrir sobre a amizade entre seus filhos e a criada…   

— Fomentar briguinhas entre aquele bando de garotos avoados não trará nenhum resultado favorável, querida. É o que eu costumo chamar de “energia desperdiçada”, Yun Mi.

A herdeira cruzou os braços na cama e olhou para o lado, azeda.

— A senhora é sempre muito tolerante com tudo, mamãe! É por isso que foi preciso encontrar outra governanta, para início de conversa. Esses criados cretinos não conseguem lavar meia dúzia de lençóis sem estragar os tecidos, de tão incompetentes que são!

Ah Ra revirou os olhos, sentindo as primeiras pontadas de uma enxaqueca chegar, como frequentemente acontecia quando contrariava as obstinações da filha. Para encerrar o assunto de uma vez, concordou com ela em seguida:

— Se isso a faz feliz, faça –  incentivou enquanto finalizava com pó compacto nas maçãs — Mas não se esqueça que temos algo muito mais importante com o que nos preocupar – continuou sentando-se em frente à filha — Infelizmente, já percebi que seu irmão não se interessa com o futuro da nossa família. Taeyang tem outras prioridades e, por mais que eu tente, não consigo convencê-lo do contrário. Ele é fraco e desinteressado, então é sua responsabilidade prezar pelo nosso bem, Yun Mi. Você deve ter como foco principal a herança do seu pai e o controle da empresa, e não uma serviçal inútil que em nada nos influencia.


Notas Finais


¹Save Me - BTS


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