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História More - Olhar


Escrita por: GorkiVougan

Notas do Autor


Ignorem possíveis erros na timeline do mangá.

Capítulo 1 - Olhar


Miyata Ichiro’s home

Estava levemente entorpecido, desfrutando avidamente dos prazeres do sono, já não mais tão profundo assim. Sentia inconscientemente os estímulos ao meu redor, a maciez dos lençóis, a fraca claridade amarela de uma lâmpada entrando pela janela semiaberta, o travesseiro a afundar sob o peso de minha cabeça, a secura na garganta e nos lábios. Lentamente descerrei as pálpebras, abrindo-as e fechando várias vezes, tentando focalizar a visão borrada. Movimentei-me lentamente na cama, espreguiçando cada músculo dolorido (praticamente todos). A dor era penetrante, emanando ondas de calor até as pontas dos dedos. Era desconfortável, mas estava acostumado a ela.

Virei-me para verificar as horas no relógio – 04:45 am, gravado em letras vermelhas brilhantes. Suspirei lentamente, aliviado. Mais 15 minutos, pensei, com um leve sorriso. Deixei minhas pálpebras se fecharem novamente e adormeci sem dificuldades. Após um intervalo que pareceu ser de apenas breves segundos, o despertador tocou. Tateei à sua procura e o desliguei. Levantei da cama rapidamente, no modo automático, sem ao menos abrir os olhos, e me encaminhei ao banheiro.

Baixei as calças de qualquer jeito e tentei mirar no sanitário. Droga, uma ereção matinal. De novo. Infelizmente eu havia me proibido de me aliviar nesses últimos dias e tinha que conviver com esse incômodo. Concentrei-me em não sujar o chão do banheiro, pois minha urina parecia uma fonte de água apontando para cima – o negócio estava duro e não abaixava. Terminei, com sucesso. Arranquei o resto das minhas roupas e as pendurei. A água do chuveiro estava morna, contrastando com a frieza da manhã lá fora. A água escorrendo pelo meu corpo me causava luxúria. A tentação em me tocar era grande, mas minha resolução, maior. Realmente não sei quem inventou isso, e não sei se é verdade, mas qualquer coisa que possa afetar meu desempenho essa semana está fora de cogitação.

Vesti-me rapidamente, uma calça folgada de poliéster e um pulôver de corrida. Sacudi meus cabelos molhados e os penteei com os dedos enquanto me dirigia para a cozinha. Meu estômago roncou em protesto enquanto preparava o desjejum, porém eu não tinha notícias animadoras para ele. Minha dieta estava em restrição calórica máxima com a proximidade da competição. Me manter na categoria pena estava cada vez mais difícil, eu havia crescido alguns centímetros desde que tirei minha licença profissional de boxe.

A cada minuto que passava, a pressão recaía cada vez mais sobre mim. Apressei-me, eu tinha que suar, e a manhã fria pouco ajudaria. Joguei minha mochila sobre os ombros e saí porta a fora.

Kawahara Boxing Gym

Desde que saíra da academia Kamogawa, para poder competir oficialmente com Makunouchi Ippo, treinava na academia Kawahara, junto de meu pai, meu treinador. Não havia nada de especial nessa instalação, apenas era como outras academias de boxe, havia um ringue, um vestiário, sacos de areia e pesos espelhados pelo salão, com amplo espaço para praticar shadow boxing. Adentrei o espaço empurrando a porta de correr, com o suor escorrendo por todo meu corpo. Baixei meu capuz e abri o zíper de meu pulôver, dirigindo-me ao vestiário. Cumprimentei cordialmente os funcionários da academia.

Minha próxima luta aconteceria em três dias. Li Chon Pir. Essa luta seria fundamental para que alcançasse meu próximo objetivo: o título da categoria peso pena da Oriental and Pacific Boxing Federation. Precisava me destacar de alguma maneira, Makunouchi havia recentemente adquirido o título de campeão japonês da categoria peso pena. Nossa disputa estava inacabada.

Ainda pensando na luta que definiria de uma vez por todas quem de nós dois seria o melhor, coloquei minhas roupas de treino inconscientemente. Estava motivado, focado, sentia minha energia transbordando. Todo o treino intenso na Tailândia se mostrou eficaz. Amadureci com certeza nos últimos dois anos. A derrota, o empate... farei de tudo para nunca mais passar por essa humilhação. Custe o que custar.

Envolvi firmemente minhas mãos com as ataduras gastas, formando um padrão complexo com facilidade, há muito memorizado. Ajustei meus fones de ouvido e fui entrando no ritmo da música, enquanto colocava luvas grossas, para treino no saco de areia. Envolvi-me facilmente no treino, seguindo o ritmo intenso da música. Sentia toda a força de meus músculos concentrando-se no punho antes de lançar os socos. Desde os músculos inferiores estabilizando minha base, os abdominais na rotação de meu tronco, dos ombros e das costas impulsionando meu braço para frente, e os dos braços segurando todo o impacto do soco contra o saco de areia.

Houve uma agitação na recepção da academia, que captei desinteressadamente pela minha visão periférica, insuficiente para me mover da concentração no treino. Ouvia vozes ao fundo, mas indistintas devido à música alta em meus ouvidos. Uma delas não me era familiar, carregada de sotaque. Inglês, talvez... Provavelmente algum boxeador estrangeiro passando uma temporada por aqui, deduzi. Após me convencer disso, ignorei totalmente qualquer acontecimento ao meu redor.

Após alguns minutos, duas pessoas passaram próximo a mim provocando uma leve corrente de ar. O treinador Takashi acompanhava um desconhecido. O estrangeiro provavelmente. Nossos olhares se encontraram por breves instantes. Seus olhos castanhos claros eram indecifráveis. Animados, curiosos, quentes, misteriosos... algo mais? Não saberia dizer. Quebramos o olhar rapidamente, sem constrangimentos. Afinal, nada havia ali que pudesse causar algum embaraço.



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