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História More - Li Chon Pir


Escrita por: GorkiVougan

Capítulo 2 - Li Chon Pir


Tóquio - Pesagem

A luta é amanhã – a sede é Tóquio. Chegamos mais cedo para pesagem. Por recomendações expressas de meu treinador, meu pai, tirei o dia de folga. Mesmo sabendo que isso era necessário para poupar minha stamina para a luta, era bem estressante. Não estava necessariamente preocupado com meu próximo oponente, mas sim com o que estava por vir – e o que aconteceria se eu falhasse nisso tudo. Apenas aguardar o tempo passar estava me matando.

Na pesagem o clima foi de tensão, como geralmente hão de ser. O encontro dos lutadores, o duelo de olhares, a aglomeração de repórteres. Li Chon Pir era Sul Coreano, um cara baixinho, obviamente mais confortável na categoria peso pena que eu. Minha altura estava fora do padrão japonês: 172 cm. Mas isso me dava um alcance muito maior que de meu oponente, uma vantagem para um Outboxer como eu. No entanto, eu não poderia deixá-lo se aproximar muito de mim, meu in fighting não era tão bom assim e minha altura seria um empecilho nessa situação.

Meu oponente tinha uma postura intimidante. Sua face era de feições angulares, sobrancelhas grossas, emoldurada por um corte de cabelo bem curto. Os músculos hipertrofiados, davam-lhe uma silhueta duas vezes maior que a minha. Não prestamos muita atenção um ao outro. Ele era bem mais velho e provavelmente tinha muita experiência para se importar com esse tipo de rivalidade. Virou-se para realizar sua pesagem, exibindo seus fortes e trabalhados músculos das costas. Os repórteres vibraram excitados, exacerbando os murmúrios e disparando vários flashes. Seu peso ficou folgadamente abaixo do limite da categoria: 57.15 kg.

Já para mim, essa era a maior fonte de tensão que poderia haver em uma pesagem. O controle do meu peso. Havia me desidratado severamente nos últimos dias. Restringi minha ingesta hídrica, fiquei várias horas diárias na sauna e prolonguei o road work, usando roupas mais quentes. Essa era uma forma rápida de perder peso, além de ser uma estratégia para passar pela pesagem – poderia me reidratar um pouco antes da luta, com menor perda de massa muscular.

Me encaminhei para pesagem. Com certeza não chamei tanto a atenção dos repórteres quanto Li Chon Pir. Apesar de sermos de altos rankings do boxe asiático, meu histórico recente de lutas não estava dos mais favoráveis – e minha aparência pouco ajudava. Meu rosto passava cansaço, com aqueles sulcos profundos e pálidos sob os olhos causados pela desidratação e jejum forçado. Meu físico, apesar de não tão exuberante quanto de meu oponente, era bem trabalhado. Os músculos rígidos eram evidentes sob minha pele, a despeito de eu estar claramente abaixo do meu peso ideal. A balança constatou esse fato ao exibir os números: 56.80 kg.

Tóquio - Luta

Estávamos no vestiário, eu, meu pai e o treinador Takashi – meus segundos. Haveriam três lutas antes da minha, o evento principal daquela noite, com 10 rounds. Portanto, a sala, destinada aos competidores e treinadores do Blue Corner, estava cheia. Com 20 anos, eu era o boxeador mais experiente ali. O nervosismo dos mais jovens era visível. Cada um lidava com o estresse de forma peculiar: um se aquecia demasiadamente, claramente degastando-se antes mesmo de a luta começar, enquanto outro se mostrava pálido e levemente esverdeado, com a testa brilhante de suor.

Iniciei minha preparação. Retirei minhas roupas, ficando apenas de cueca. Era evidente a melhora do meu corpo desde a pesagem, com a reidratação generosa que realizei – mas ainda assim não era meu 100%. Ajustei a coquilha e vesti calções brancos com uma faixa preta na cintura. Coloquei minhas botas, que já estavam bem gastas, mas eram confortáveis e resistentes. Assim que terminei de vestir as ataduras, calcei luvas de 8 onças para a competição, e pedi a Takashi que as amarrassem firme em meus punhos.

A rotina de aquecimento era simples, além de elevar a frequência cardíaca e a temperatura do meu corpo, tinha o objetivo de aumentar meu nível de concentração. Dentro em pouco as lutas começaram, e a sala foi esvaziando. Os gritos, vaias e aplausos ecoavam nas arquibancadas sobre os vestiários. Finalizei o aquecimento e me sentei, apoiando os cotovelos nas coxas e cerrando os olhos, a fim de me concentrar. Minha luta era a próxima. Sentia a excitação e agressividade emanando em ondas do meu corpo, em cadência ao meu coração martelando no peito.

Um auxiliar abriu a porta e pediu que nos encaminhássemos para a entrada do estádio. O silêncio era esmagador. Levantei-me lentamente, seguido pelos meus treinadores. Não havia nada de explicitamente intrigante naquela cena, mas quem se aproximasse poderia sentir a atmosfera sufocante que me circundava. O corredor até o estádio era escuro e gelado, contrastando com minha pele que fervia. Assim que chegamos à porta do ginásio, meu nome foi anunciado.

Adentramos o salão sob gritos exasperados. Estávamos no Japão, é lógico que a maior torcida seria minha. Meu nome ressoava pelas paredes. Os holofotes concentrados no ringue obscureciam tudo ao seu redor. No Red Corner estava meu oponente, me encarando. A partir desse momento, não ouvi mais nada a meu redor, apenas me concentrei no seu olhar provocador. Meu pai estendeu o protetor bucal à minha frente, o qual abocanhei agressivamente, fechando meus maxilares com força.

Com apenas um salto adentrei o ringue, estendendo o braço enquanto minha apresentação era finalizada, em agradecimento à torcida – sem quebrar o contato visual com meu oponente, porém, que ficou visivelmente enfurecido com minha atitude despreocupada. Encarei-o de volta, em desafio, preparando-me para o início do round. Adotei postura de combate e movimentei agilmente os pés sob mim. O gongo soou.



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