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História My cousin is my boyfriend - Dia 21; Parte I - Black Mood


Escrita por: Gabby_Lopes

Notas do Autor


Eu disse que ia podtar depois do Enem e bom aqui estou depois do Enem. E depois de quase um mês sem capítulo novo. Só tenho a agradecer a vocês por toda compreensão e por todo apoio de sempre, a cada dia fica mais difícil lidar com tudo isso e toda a pressão que colocam na gente em relação a emprego e tudo mais! Bom não vou me demorar aqui, mas tem um recadinho muito especial pra vcs nas notas finais! Amo vcs pra sempre!

Ps: Passando pra lembrar que ícone faz assim! Nosso maravilhoso Shawzinho ganhou 4 de 5 categorias que ele tava concorrendo no EMA! Dono da porra toda ele!

Pss: agora que eu tenho tempo prometo responder todos os comentários e juro que já li todos só falta responder msm!

Capítulo 39 - Dia 21; Parte I - Black Mood


* Leiam o recadinho que deixei pra vcs nas notas finais *

Mergulho o garfo na montanha de macarrão em meu prato, sem nenhum apetite para arriscar por mais um pouco na boca mesmo que essa fosse a minha primeira refeição no dia. A cozinha estava completamente vazia e o único som no ambiente eram as vozes intercaladas da minha família no quintal, que entravam pela porta de vidro semiaberta.


Bufo desistindo de comer e enterro a cabeça em meus braços, ainda sentindo os efeitos de ontem sobre meu corpo e minha mente. O último dia havia sido muito… abrupto. Muito exaustivo, com certeza.  


Quando o Matteo me traiu, eu não fiquei nem um pouco surpresa. E ontem, não foi nem de longe inesperado encontrar o Gary numa situação daquelas. Não consegui parar de pensar durante um único segundo sobre como as pessoas ficam com outras mesmo sabendo da natureza delas. Todos sabiam que o Matt era um galinha, inclusive eu, e ainda assim mantivemos um relacionamento durante meses.

Meu ex não havia mudado nem um centímetro enquanto namoravamos, e nem me passou pela cabeça que ele fosse se tornar outra pessoa por estar comigo. Mas independente disso, e de qualquer outro defeito do garoto, eu estava apaixonada. Na época ouvia histórias e preferia ignorar a ter que encarar uma traição, era como fazer vista grossa para um problema que você sabe não ser capaz de lidar.


Era exatamente isso que eu fazia. E algo me diz que é exatamente isso que a Lenora está fazendo nesse momento.


Parte de mim acha que ela merece isso, por ser a pessoa que é. Mas então penso neles juntos e, oh Deus, eu nunca pensei que duas pessoas pudessem se encaixar tão bem quanto o Gary e a Lenora. Nunca acreditei nessa idiotice da droga da sua metade da laranja, mas definitivamente eles eram a metade um do outro.


Não conseguia parar de lembrar de todos os olhares apaixonados que a minha mãe deu para o Gary, e todas as vezes em que ela dizia ‘eu te amo’ para ele. Eu vivi 16 anos da minha vida para ter certeza de que a Lenora nunca amou ninguém além do Garret. Era impossível controlar a ânsia de vômito quando tudo isso passava pela minha cabeça.


Havia um dilema consumindo minha mente que eu simplesmente não era capaz de ignorar.


Eu comemorei o momento em que pus os olhos no Matteo trepando com a Clair. Eles dois estavam ali, bem na minha frente, não restavam dúvidas. Fiquei feliz por não passar pela humilhação de ouvir da boca de outra pessoa que o meu amado namorado estava me traindo com a garota que mais odiava em toda a cidade.  


Estava tão apaixonada pelo Matteo que se alguém viesse me dizer algo do gênero, era mais provável eu brigar com a pessoa, do que acreditar no que dizia. Sinto que a Lenora ainda está nessa fase. E vai continuar nela por muito tempo.


Não tinha o direito de contar isso para ela.


Não tinha o direito de partir o coração dela assim.


- Você e o Shawn brigaram, Rachel? - Ouço a voz da Karen e levanto a cabeça rapidamente, dando de cara com a expressão desconfiada da mulher. Abro a boca para responder, gaguejando algumas vezes antes de finalmente tirar a careta do meu rosto e dizer alguma coisa coerente.


- Não. Hã, não que eu lembre. - Respondo apoiando a mão no rosto numa tentativa falha de mascarar a minha confusão. Uma das maiores desvantagens de pegar seu primo é sempre parecer uma idiota desajeitada na frente dos pais dele. Também funciona exatamente assim com o Shawn.


- Tem certeza? Porque ele tá bastante esquentadinho hoje. - A mulher fala se debruçando sobre a bancada e ficando cara a cara comigo. Eu não podia encarar aqueles olhos. Não aqueles olhos azuis gelo que pareciam estar tentando dissecar minha alma. Pigarreio batucando os dedos na madeira enquanto me esforçava para observar a parede do outro lado do cômodo, que nunca me pareceu tão interessante.


A Karen era muito inteligente, mas graças a todos os deuses ela nunca colocou tanta pressão em mim como fazia com os próprios filhos. A minha tia só costumava me pôr contra a parede quando lhe era conveniente.


Agora que eu passava muito tempo com o Shawn e a Karen já tinha percebido isso, ela havia criado uma tática absurdamente eficaz para saber qualquer coisa sobre o filho. Sempre que o meu primo parecia um pouquinho diferente a mulher simplesmente vinha até mim e me encarava com aqueles olhos quase transparentes e eu respondia qualquer coisa que a minha tia perguntasse.


Cara, aquela mulher era quase uma medusa.  


Sendo assim, minha única saída era não olhar nos olhos dela.


-  Eu mal vi ele hoje, deve ser só mal humor. - Minto me encolhendo ao ouvir a respiração profunda da Karen. Essa cena deveria estar muito engraçada vista de fora. Mas eu me sentia na Santa Inquisição.


- Sério que não aconteceu nada? Vocês dois pareciam bastante agitados quando voltaram do passeio ontem de tarde. - A mulher comenta com aquela voz doce e eu automaticamente cubro o rosto, garantido que meus olhos não se encontrem com os dela acidentalmente.


- Absolutamente nada. - Respondo tentando soar o mais convincente possível. Ouço a movimentação da mulher meu estômago se embrulha de forma involuntária.


- Porque você e o Shawn responderam exatamente a mesma coisa? - A minha tia diz se afastando, deixando o ambiente seguro para que eu descobrisse meus olhos e a encontrasse apoiada na pia com os braços cruzados e um sorriso amoroso no rosto, que definitivamente acalmava o demônio dançando ragatanga na minha barriga.


- Por que é verdade. - Respondo dando de ombros ainda tensa por ter toda atenção da minha tia sobre mim. Ouço ela suspirar se dando por vencida e andar até a porta de correr que dava para a área externa.


- Tá legal, dessa vez vocês escapam mas só porque você e o Shawn são impossíveis quando se juntam. - A mulher fala parando em frente a porta semi aberta enquanto eu congelo sobre o banco alto tentando parecer o menos desesperada possível. A minha tia me analisa por alguns segundos e tenho certeza que uma gota de suor estava escorrendo pela minha coluna. - Mas se eu souber que tem alguma coisa acontecendo e vocês não me contaram eu mato os dois.


Engulo em seco vendo um sorriso se formar imediatamente no rosto da Karen, me forço a fazer o mesmo apenas para não denunciar a minha culpa toda assim tão fácil. Solto o ar preso em meus pulmões quando a mulher finalmente sai do cômodo. Ok, eu não consigo lidar com isso.


- Ah Rachel, o Shawn não quis descer pra almoçar e pelo visto você também não tá muito afim de comer isso aí então tente arrancar ele de casa levar pra comer em algum lugar. - Dou um pulo ao escutar a voz da mulher e o banco sob mim cai no chão fazendo um estrondo ecoar pela cozinha. Me abaixo rapidamente tentando pegar o assento e colocar de pé novamente, enquanto minha tia me encarava com as sobrancelhas franzidas.


- Ah é… Ah eu sei, eu fiz uns muffins pra ele que ele tinha me pedido a um tempo e… Eu fiz né, só tô esperando esfriar pra dar pra ele comer. Dar o muffin. - Tá legal, por um instante eu desaprendi a falar. Ouço a risada contida da mulher e meu rosto queima de vergonha, realmente, domino a arte de me auto constranger.


Eu nunca fiquei tão feliz por essa mulher não ser 100% a minha sogra.


- Ok querida. - A minha tia fala segurando o riso enquanto eu torço para que um avião caia na minha casa nesse exato segundo. - A propósito, a Lenora ligou e disse que vai voltar do trabalho mais cedo hoje.


Assinto automaticamente vendo a minha tia dar as costas. Assim que ela vai embora corro até o freezer e tiro de lá a bandeja ainda bem quente de muffins, gemendo de dor ao queimar minha mão lentamente.


Eu preciso dar o fora dessa casa agora.


Pego o primeiro pote que encontro e soco um bolinho contra o outro até que fosse possível colocar a tampa do jeito certo. No segundo seguinte estou correndo com a vasilha cheia de muffins escada a cima. É possível que eu tenha tropeçando uma ou duas vezes e meu dedão esteja completamente dolorido agora mas o importante é que cheguei viva no segundo andar.


A porta do meu quarto está escancarada e, para a minha surpresa, ele está completamente vazio. Nem sinal do Shawn. Procuro minha bolsa de plástico cor de rosa transparente e enfio os bolinhos dentro dela, junto com tudo que já estava lá dentro. Olho ao redor do meu quarto buscando pelo meu celular e desistindo no meio do processo.


Era difícil admitir mas minha vontade de mexer no celular não era páreo para o medo que eu sentia de encontrar aquelas mensagens bizarras de novo. Eu não trisquei um dedo no aparelho desde o que houve na noite da festa do pijama. Ponho a bolsa sobre os ombros, me negando a perder tempo pensando nessa idiotice, e caminhando até o corredor em busca do único item que faltava na minha lista. O meu primo.  


Paro na porta do meu quarto e olho para os dois lados, quase como se fosse atravessar uma rua, tentando em vão encontrar alguma alma viva naquele lugar. Suspiro começando a ficar impaciente, tomando fôlego para gritar o nome do Shawn com toda potência que meus pulmões me permitiam, antes que eu possa berrar até minha garganta ficar rouca uma melodia suave chama a minha atenção.


Sigo o som até a porta fechada do banheiro, apoiando a orelha sobre a madeira e lembrando-me das primeiras semanas quando fiz exatamente a mesma coisa e acabei passando uma das maiores vergonhas da minha vida. Me afasto apoiando minhas costas na parede ao lado do batente e aproveito cada nota cantada pelo meu primo.


Corro os olhos pela parede à minha frente, franzindo a sobrancelha ao dar de cara com um porta retrato novo que minha mãe deve ter posto ali. Crispo as pálpebras enquanto dou alguns passos na intenção de enxergar melhor. Era uma das mil fotos da coleção da Heeley. Foi no Ano Novo, a Aali e o Ryan estavam fazendo pose cada um ao lado de uma perna do Shawn, enquanto meu primo sorridente me carregava em suas costas e fazia um sinal de paz com os dois dedos erguidos assim como eu.


Esse dia parece ter sido a meses atrás.


O som das cordas vibrando me desperta e eu arqueio uma sobrancelha, me perguntando que porra o Shawn está fazendo com o meu violão no banheiro? Ando a passos largos até o cômodo e abro a porta sem cerimônias graças a fechadura que quebrei da última vez.


- O que você tá fazendo? - Pergunto sem pestanejar dando de cara com o misto de curiosidade e insolência estampado em seu rosto, após ter sido interrompido tão subitamente. O garoto estava em pé atrás da porta o que significava que eu, muito provavelmente o havia atingido de algum jeito.


- Cantando. O que /você/ tá fazendo, além de invadir a porra do banheiro como sempre? - Pergunta grosseiramente. Respiro uma, duas, três vezes, me esforçando para não enterrar meu punho no meio da fuça daquele imbecil. Estava tentando me controlar porque sabia que o Shawn havia ficado chateado com o que descobrimos ontem.


- Só vim perguntar se você quer dar uma volta na praia comigo. - Digo tentando soar o mais meiga possível, mesmo depois de ter levado uma patada daquelas. Vejo a tensão nos ombros do meu primo se dissiparem minimamente.


- Se você não percebeu eu estou um pouquinho ocupado aqui. Além disso basta olhar pra minha cara pra saber que eu não tô no clima pra “dar uma volta na praia” com você. - O meu primo diz sério arqueando uma sobrancelha antes de voltar a atenção para o violão. Shawn Mendes não é um garoto, ele é um cavalo. Trinco a mandíbula sentindo meus olhos arderem pela sua grosseria.


- Pare de descontar toda sua raiva em mim! Parece que você tá se esquecendo que é a minha mãe sendo traída e não a sua! - Falo aumentando meu tom de voz e enfiando meu dedo no peito no garoto. Sinto meu coração bater com força e me controlo para não derramar mais nenhuma lágrima por causa desse assunto.


- Foi bom você lembrar disso, porque parece que você não dá a mínima pra tentar concertar! - Meu primo fala colocando o violão no Shawn e me encarando com aquela expressão irritada que me fazia sentir ainda mais raiva.


- O QUE DEU EM VOCÊ? DESDE QUANDO VOCÊ É TÃO IMPULSIVO A PONTO DE NÃO VER A MERDA QUE TÁ PRESTES A FAZER? - Grito chutando o meu próprio violão fazendo-o cair com um eco grave. Vejo meu primo passar as mãos sobre o cabelo angustiado enquanto eu cerro os punhos preparada para socá-lo o mais forte possível.


- CRIANÇAS ESTÁ TUDO BEM AÍ EM CIMA? - Ouço a voz do Manny ecoar pela escada e fecho os olhos tentando recuperar minha paciência. Aproveito o momento de silêncio para tirar a minha bolsa do ombro e bater no Shawn com ela.


- TUDO TÁ PERFEITAMENTE BEM! - O meu primo responde segurando meus pulsos enquanto me debato tentando me soltar. Meu primo parece esperar o Manny voltar aos seus afazeres para então voltar a reclamar no meu ouvido. - Rachel, se minha mãe subir aqui ela vai querer saber porque nós estávamos gritando dentro do banheiro então tenha um pouco de noção e para de dar tão na cara! Vamos conversar em outro lugar.


- Eu não sei você, mas eu vou dar uma volta na praia. - Digo me sacudindo até que o garoto abrisse a mão que rodeava meu braço. Bufo irritada empinando o nariz ao analisar a postura tensa do Shawn. Odiava quando dele estava desse jeito. - Se quiser pode vir, se não quiser tome no cu.


Dou as costas e caminho lentamente para o corredor ouvindo os murmúrios nervosos do meu primo. Paro no topo da escada respirando profundamente. Hoje o Shawn estava testando a minha paciência.


- Mendes não me faça ir aí te buscar!


Passaram-se mais de dois minutos sem que eu tivesse coragem de dar mais um passo sem que me primo estivesse ao meu lado. Foi bem estúpido da minha parte achar que ele viria só porque eu havia gritado, e pensado que, sei lá, talvez sua consideração por mim fosse maior que sua irritação.


Mas isso não importava agora. Eu não arriscaria deixar o Shawn e a Lenora na mesma casa com essas condições. Já havia sido difícil controlá-lo ontem, não sei se teria paciência para fazer o mesmo hoje.


No exato instante em que me viro, preparada para arrastar o Shawn a força se fosse preciso, escuto os passos pesados do garoto contra o piso de madeira. Meu primo estava tão puto. O garoto passa ao meu lado brutalmente, descendo as escadas com tanta raiva que por um momento achei que os degraus iriam se partir.


Não espero avisos para segui-lo, apenas caminho ao seu lado me assustando com a porta sendo batida com violência. Me incomodava profundamente ver o Shawn assim, parte de mim entendia toda a sua fúria, ele só estava irritado por não poder fazer nada para mudar nossos problemas.


O Shawn odiava se sentir impotente, de mãos atadas, ele não podia fazer nossos parentes aceitarem nosso relacionamento, não conseguia parar a pessoa que estava mandando as mensagens, não era capaz de fazer a Lenora enxergar o marido horrível que tinha. Era um peso sobre o outro e agora meu primo já não era mais capaz de aguentar.


Eu queria chorar por ele.


Caminhamos lado a lado sem dizer uma única palavra, o silêncio não me incomodava mas era horrível para mim deixar o Shawn afundando em seus pensamentos. Meu primo era tão ansioso e se preocupava tanto com tudo e todos, era doloroso demais deixá-lo perdido nas paranóias da própria cabeça.


Ainda assim não disse nada. Ele precisava daquele momento, e quando estivesse pronto para falar eu estaria pronta para ouvir. Andamos por alguns minutos até chegarmos no lugar onde eu queria.


- Vem cá. - Peço andando pela areia até o  rochedo alto, sentindo a água salgada molhar a sola dos meus pés descalços e deixar as pedras limosas ainda mais escorregadias escorregadias.


- Onde estamos indo? - Meu primo pergunta me seguindo pelas pedras pontudas com facilidade. O garoto sobe a minha frente e me puxa para cima sem nenhum esforço, se equilibrando ao meu lado enquanto eu o usava como apoio. - Porque eu acho que você está me levando para lugares perigosos na tentativa de causar um acidente pra eu morrer e você se livrar de mim?


-  Por que você me deixou super irritada com a sua ignorância e agora eu tenho todos os motivos do mundo pra te empurrar daqui de cima. - Respondo mais sorridente do que eu deveria, dando as costas para o garoto voltando a escalar as pedras. Sinto as mãos do Shawn nas minhas coxas me impulsionando para cima antes de subir rapidamente com as pernas compridas. - E também porque você é fresco.


- Logo você, Rachel Mitchell me chamando de fresco. - Meu primo diz e algo se acende em mim ao ver um meio sorriso se formar em seu rosto e sumir rapidamente. Era um alívio saber que ele estava mais calmo.


- Você é fresco até que me prove o contrário. - Respondo olhando por cima do ombro. No momento em que ponho meus olhos no Shawn sinto meus pés escorregarem e eu literalmente cair de bunda na cara do Shawn. Sinto as mãos do garoto, encaixadas perfeitamente no meu traseiro, empurrando-me para cima de novo.


- Eu disse que era perigoso. E é isso que dá me provocar na hora errada. - Meu primo me oferecendo sua mão como apoio e eu a seguro sem hesitar, sentindo a segurança imediata que seu toque me transmitia.


- Não estava provocando. - Falo no meio de uma risada boba, dessa vez tendo a ajuda do Shawn para subir cuidadosamente no rochedo.


- Pelo que eu saiba ficar com a bunda a centímetros do meu rosto é provocar. - Reviro os olhos e sento nas pedras vendo a inclinação do rochedo agora do lado oposto. Um sorriso brota automaticamente em meu rosto e eu estico as pernas me preparando para o próximo impulso.


- Cala a boca Shawn, agora é hora de escorregar.


- Escorregar? - O garoto pergunta confuso e eu assinto com a cabeça sem esperar nem mais um segundo para tomar impulso e sentir meu corpo deslizar pela pedra escorregadia e desnivelada, arrancando um grito da minha garganta quando meus pés se chocaram contra a areia fofa.


Levanto afobada, pulando de um lado para o outro com aquela felicidade infantil por ter acabado de descer num escorrega de limo e pedra. Isso sempre me deixava radiante. Encaro o meu primo hesitante com as mãos na cintura, analisando o percurso rochoso a sua frente.


- PARE DE PENSAR TANTO! SÓ VAI! - Grito com as mãos ao redor da boca, comemorando ao assistir meu primo sentar no topo da inclinação e balançar a cabeça negativamente, deixando um sorriso largo iluminar seu rosto.


O grito do Shawn ao escorregar pela superfície úmida e sair da rota se esborrachando contra as pedras na base do rochedo me faz gargalhar como uma hiena. Corro até ele chutando areia para todos os lados, vendo-o se contorcer rindo estirado no chão.


- Não acredito que você me fez fazer isso! - O garoto diz em meio a risada, levantando cambaleante e tirando os grãos de areia grudados em seu corpo. Assisto o garoto observar o seu entorno girando nos próprios calcanhares antes de pousar os olhos em mim novamente. - Que lugar é esse?


- Essa aqui é a minha praia particular. - Digo correndo na areia até a outra extremidade da área cercada pelo rochedo úmido. - Eu, a Leslie e o Troy descobrimos esse lugar no ano passado. E desde então a gente vem aqui sempre que, bom, que queremos nos desligar do mundo.


Digo diminuindo meu tom de voz à medida que meus pés passeiam marcando a areia. Ando até as rochas enterradas no cascalho e puxo o container de plástico desgastado até a base das pedras, sentindo o olhar curioso do Shawn sobre mim.


- Tínhamos medo de vir pra cá antes, não sei porque mas parecia que estávamos blasfemando um lugar imaculado pela natureza. Mas se tornou inevitável depois de um tempo, já que literalmente ninguém além de nós parecia saber da existência dessa praia particular. - Explico timidamente, depositado toda a minha atenção em abrir as travas do organizador e tirar de lá uma grande toalha de praia, estendendo-a sobre a areia com certa dificuldade por conta da brisa refrescante. Pigarreio colocando uma mecha atrás da orelha ainda sem olhar para o meu primo. - Então, começamos a trazer coisas sempre que vínhamos, esse é o nosso kit básico. Tem mais coisas da Leslie aqui do que minha, mas ela não vai se preocupar se pegarmos emprestado algumas almofadas.


- Eu espero que tenha uma toalha limpa e cobertor aí dentro. - O garoto diz, levando as mãos a bainha da camiseta branca e em um segundo a puxando sobre a cabeça. Por incrível que pareça meus olhos não fazem aquele caminho de luxúria pelo corpo do meu primo. Cada centímetro de pele exposto não parecia tão precioso quanto o brilho em seus olhos castanhos.O Shawn me estende a mão e balanço a cabeça levemente. - Vem, vamos entrar.


- Não vim com biquíni. - Explico fazendo careta enquanto enterrava os dedos do pé na areia, assistindo o rosto do Shawn se contorcer numa expressão divertida. O dia não estava tão quente quanto costumava ser, e a brisa fria do inverno parecia finalmente ter chegado a Flórida, pelo visto isso não era um problema para o meu primo acostumado com a neve do Canadá.


- Entra de calcinha e sutiã. - O Shawn fala sem conseguir controlar a vermelhidão do seu rosto muito diferente de quando a Leslie dizia aquilo. Um riso murcho sai dos meus lábios enquanto vejo o garoto caminhar lentamente em minha direção.


- Pode ir, eu vou ficar aqui. - Digo baixinho já sentindo as mãos do Shawn tocarem meu corpo delicadamente. Suspiro aliviada, a distância entre nós dois estava me dando nos nervos e agora eu finalmente podia respirar.


- Não me faça te carregar. - O garoto murmura e seus dedos tocam minha cintura suavemente, ignorando a blusa que vestia e fazendo contato direto com a minha pele. Não consigo conter uma risada alta ao sentir as mãos do Shawn levantarem o tecido até que eu fosse obrigada a erguer os braços e deixá-lo tirar a minha roupa. Me viro de costas, quase instintivamente, meus poros se arrepiando, não por conta da brisa fria mas sim pela presença do meu primo tão próximo. - Você quer mesmo que eu te carregue não é?


- Não! Você é todo grosso fica me carregando feito uma boneca de pano por aí. - Reclamo encolhendo meus ombros ao sentir a rajada de vento sobre meu corpo. O calor do peito do Shawn colado às minhas costas me aquece subitamente, e não consigo conter o impulso de levar minhas mãos aos seus braços quando sinto-os circundar minha cintura e seus dedos brincando com o botão dos meus shorts.


- Eu poderia dizer que você é uma boneca, mas isso soaria brega demais. - O garoto comenta com a boca próxima ao meu ouvido, fazendo meu estômago borbulhar em ansiedade, encostando os lábios bem abaixo da minha orelha e trilhando um caminho pelo meu maxilar.


Fecho os olhos involuntariamente, sentindo os selinhos carinhosos do Shawn sobre a minha pele, queimando a superfície com seus lábios quentes como se desenhasse um pedido de desculpas invisível a olhos nus. Ouço o estalo abafado do botão se abrindo e sinto o movimento quase imperceptível das mãos do meu primo no jeans, mas não levanto as pálpebras. Apenas me encolho ainda mais sob o arrepio da boca macia acariciando a área sensível do meu pescoço.


- Você me chama de princesa, não tem nada mais brega que isso Shawn. - Sussurro sentindo a vibração da sua risada, agora sobre a pele nua do meu ombro. Corro a ponta dos meus dedos suavemente pelo seu antebraço rígido, tateando a elevação das veias dilatadas e a maciez dos pêlos discretos que cobriam sua epiderme. O barulho do zíper sendo puxado para baixo me faz tremer e pressiono minhas costas contra o peito do meu primo com mais intensidade.


- Eu chamo e você adora. Admita Ray, você adora ser chamada de princesa, não importa quão brega seja. - O Shawn murmura e o sopro morno dos seus lábios deixa minhas mãos trêmulas. Finalmente sinto o short cair pelas minhas pernas e atingir a areia sob meus pés enquanto o ar fluído entrar e sair do meus pulmões mais lentamente do que o esperado.


O garoto se abaixa calmamente e me ergue do chão com delicadeza. Abraço o seu pescoço soltando uma gargalhada diante de todo o seu cuidado, com o coração disparado pela visão deslumbrante do seu sorriso sincero. Sinto o impacto dos passos do Shawn mas não sou capaz de desviar os olhos durante um segundo sequer.


- Eu gostar não muda o fato de ser brega. - Respondo sorridente deslizando as mãos pelos ombros quentes do garoto, querendo sentir cada centímetro da sua pele em contato com a minha. Meu primo solta uma risada carinhosa antes de me encarar sem diminuir o ritmo dos seus passos.


- Pare de ser tão insistente e aceite o fato de que gosta de ser minha princesa. - O garoto murmura começando a andar mais lentamente agora que dedicava grande parte da sua atenção a analisar cada traço do meu rosto. Jogo a cabeça para trás gargalhando sem nenhum pudor, sentindo meu corpo se contorcer sobre os braços do Shawn.


- Sua? Eu não sou de ninguém Mendes. - Digo levantando os olhos para poder encarar o rosto do garoto, que tinha uma sobrancelha erguida num misto de incredulidade e petulância que só fez o sorriso em meu rosto aumentar.


- Continue repetindo isso, quem sabe você não acredita né? Minha princesinha. - O garoto fala ironicamente e solto uma gargalhada alta em resposta, sentindo meu rosto esquentar minimamente de emoção.


Eu pertencia a mim mesma antes de qualquer coisa. Mas no fundo nós dois sabíamos que o Shawn me possuía de um jeito que nenhuma outra pessoa jamais seria capaz.


O contato com a água morna faz minha pele se arrepiar e eu fecho os olhos com força, sem conseguir controlar um gritinho agudo quando uma onda fraca me atingiu. Ouço a risada doce do Shawn e levanto as pálpebras ao sentir nossos corpos submergerem cuidadosamente.


Solto meu peso completamente, boiando ainda sobre a segurança do braços do meu primo e fecho os olhos deitando meu corpo sobre seu abraço. Molho meu cabelo respirando profundamente com a sensação relaxante da água adentrando os fios, ao som das ondas quebrando na areia e da respiração do Shawn.


Abro um único olho apenas para encontrar o garoto me encarando com um sorriso bobo no rosto iluminado pela luz amarelada do sol, que ressaltava sua silhueta e atravessava as mechas bagunçadas dos seus cachos castanhos me dando a impressão de estar tendo uma visão divina. Quase podia escutar as harpas dos anjos.


- Você se sentiu como uma boneca de pano dessa vez? - O garoto perguntou sério fazendo um sorriso brotar nos meus lábios automaticamente. Levanto tocando os pés na areia e flexionando os joelhos para manter meu corpo dentro da água morna. Arrumo os meus cabelos timidamente, um pouco sem jeito pela forma como o Shawn encarava cada detalhe do meu rosto.


- Me senti como uma recém casada. - Murmuro dando uma risada debochada enlaçando o pescoço do meu primo a medida que ele me puxava para perto. O garoto balança a cabeça com um meio sorriso no rosto enquanto corre as palmas pelas minhas costas nuas carinhosamente.


- Era pra você dizer que se sentia feito uma princesa. - Meu primo murmura com um bico nos lábios carnudinhos e rosados que fez meu coração crescer em sentimentalidade. Sorrio abobalhada pela presença do Shawn, cada segundo perto dele era como milagre.


- Eu me senti como uma princesinha. - Falo arrastado revirando os olhos, apenas para ouvir sua risada calorosa depois de ter seu pedido atendido. Deus, eu faria qualquer coisa para ver o Shawn sorrindo. Abraço seus ombros com mais força e apoio a cabeça sobre sua clavícula, sentindo o movimento tranquilo da sua respiração.


- Desculpa ter sido um imbecil com você hoje. - Meu primo murmura com a voz baixinha e não levanto a cabeça para o encarar, não fazia sentido dar importância para algo assim agora, não naquele momento. Eu simplesmente estava feliz demais em saber que o Shawn não estava irritado como antes. Nada era mais valioso que o seu bem estar.


- Não tem problema. Eu passei minha vida inteira descontando minha irritação em você, tava na hora de você fazer o mesmo comigo só pra variar. - Respondo me aconchegando mais contra seu corpo ao sentir a tensão em seus ombros diminuir. O Shawn me abraça mais intensamente, perto o bastante para que nem uma gota ocupasse o espaço entre nós dois.


Sinto seus dedos mergulhando em meu cabelo e levanto a cabeça, tão perto a ponto de não conseguir olhar seus olhos sem ficar vesga. Sorrio antes mesmo de sentir seus lábios pressionados contra os meus com um cuidado impressionante. Seu peito sobe e desce pesadamente o Shawn se afasta colando nossas testas.


Podia sentir toda tensão exalando dele, conseguia quase visualizar o conflito em sua mente sobrecarregada e como ele se sentia perdido agora no meio dessa confusão imensurável. Estava tão acostumada em usar o Shawn como muleta que as vezes me esquecia de que meu primo também se afetava tanto quanto eu dentro dessa situação absurda. Nossas atitudes refletiam um no outro ao mesmo que éramos nossa única saída.


Levo minhas mãos a sua nuca fazendo um carinho suave nas pontas molhadas do seu cabelo, desejando ser capaz de absorver toda a insegurança e toda incerteza dentro do garoto. Seguro seu rosto entre minhas palmas e o forço a me encarar, seus olhos vermelhos de um choro iminente eram de partir o coração.


- Não se preocupa tá? Ainda temos tempo pra resolver. E vai dar tudo certo. - Murmuro tentando não deixar a preocupação me consumir a medida que o garoto enfia o rosto na curva do meu pescoço e me aperta com força. Respiro fundo mantendo o controle, dessa vez eu que teria de servir como muleta.


Percorro meus dedos pelos cabelos úmidos do Shawn numa tentativa de acalmar a sua ansiedade, lembrando de todas as vezes que ele fez o mesmo comigo. Não conseguia parar de pensar no quanto meu primo foi generoso comigo durante as várias crises que tive, era inacreditável que ele tenha aguentado em dobro o peso dos nossos problemas, por mim e por ele, sentindo um medo como o que eu estou agora.


O garoto não emitia nenhum som além de lufadas de ar entrecortadas. Acaricio suas costas com o queixo apoiado em seu ombro, colando meus lábios em sua pele vez ou outra na esperança de que isso o fizesse se sentir melhor. Vê-lo assim era mais doloroso que uma facada no coração.


- Escute. - Murmuro calmamente, percorrendo meus dedos pelos seus cachos, criando coragem para falar. Beijo sua nuca com delicadeza antes de soltar o ar preso nos meus pulmões e fechar os olhos engolindo em seco. - Independente do que aconteça com nós dois, tudo vai ficar bem ok? Me prometa que você vai ficar bem tá? Eu vou ficar bem, por você. E quero que você fique bem por mim. Prometa.


- Eu prometo. - O meu primo sussurra com a voz grave abafada, soltando o ar contra meu pescoço enquanto eu apoiava minha bochecha em seu ombro.


Esperava com todas as forças que o Shawn estivesse falando a verdade pois eu não estava. Sabia que com o rumo que nossa situação estava tomando, a última coisa que eu ficaria no final disso tudo seria bem.











Notas Finais


♡ Bom, eu posso ser boa escrevendo sobre o Shawn e a Rachel e tudo mais, mas sinto uma grande responsabilidade escrevendo isso aqui para vocês porque cada um merece ler/escutar isso, e são palavras do fundo do meu coração. Como vocês sabem o Enem foi essa semana e semana passada, e a maioria de vocês são adolescentes, pré-adolescentes ou jovens adultos, e a maioria se encontra naquela fase de descobertas e incertezas, sobre o futuro, sobre si mesmos e tudo mais. Eu não vou falar que uma prova não define vocês, porque acho que vocês já sabem disso. O que eu tenho pra falar é que, gente, do fundo do meu coração, seja lá o que vocês escolham para fazer da vida, dêem sempre o seu máximo e acreditem no potencial de cada um de vocês, porque cada um vale muito e é muito capaz de fazer qualquer coisa. Tudo bem não ser bom em matemática, tudo bem não ir bem em nenhuma matéria da escola, tudo bem não saber cantar, dançar, desenhar e tá tudo também não saber o que quer. E você não precisa decidir também. A única coisa que importa no fim das contas é ser feliz consigo mesmo, fazer bem para si e para os outros, e fazer o que gosta independente do que digam ok? Eu sei bem como pode ser difícil fazer isso tudo, eu sei bem porque é muito difícil mesmo manter seus sonhos e seus desejos no meio de um monte de gente que não tem a mesma consciência e a mesma vivência de mundo que você. Olhos diferentes vêem coisas diferentes. Mas, todas as vezes que eu pensei em desistir eu tive algo pra me motivar a continuar. Sim vocês são tudo isso aqui. Mas nem sempre achamos pessoas tão maravilhosas pra nos apoiar e nos incentivar, e as vezes só temos nos mesmos. Por isso vocês tem que acreditar em si mesmos, vocês são a única saída pra maioria dos próprios problemas, e acreditem não importa o que aconteça vocês são capazes de qualquer, qualquer coisa mesmo. Eu nunca tive ninguém pra me dizer essas coisas, e se eu tivesse descoberto tudo isso antes tudo seria mais fácil de lidar, então eu espero que levem isso aqui pro fundo do coração de vocês porque eu tô escrevendo do fundo do meu. Então muito obrigada por tudo. Por serem incríveis, amorosos, super simpáticos, e me darem um motivo pra acordar todo dia! Sejam bons, sejam gentis, sejam legais, vocês não são idiotas e emotivos por serem bons uns com os outros não tem nada de legal em ser escroto e não tem nada de errado em ser sentimental. Enfim vocês podem tudo, acreditem em si mesmos, e quando ficar difícil de fazer isso podem falar comigo porque eu vou repetir isso até vocês acreditarem! Amo vocês! Obrigada pelos 500 faves! ♡


● Onde me encontrar:

Twitter da fic - @shawn_fanfic
Twitter pessoal - @shawn_fluffy
Twitter da Rachel - @rachel_bitchell
Twitter do Troy - @MexTroy

● Grupo de Whats ( Para sofrer e me xingar)

Mandar número pela mensagem direta, deixar aqui nos comentários (com um espaço entre cada algarismo) ou falar comigo em algum dos twitters

Parte de mim ta envergonhada por tudo isso mas ah caguei vocês sabem como eu sou não dá pra evitar! Capítulo que vem vcs entendem a irritação do Shawn, até domingo! Beijinhos beijinhos ❤

Desculpa qualquer erro eu n revisei rs


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