co.mu.ni.ca.ção
1. ato ou efeito de comunicar
2. troca de informação entre indivíduos através da fala, da escrita, de um código comum ou do próprio comportamento
3. o facto de comunicar e de estabelecer uma relação com algo ou alguém;relação; correspondência
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Ok, depois de ficar totalmente parado encarando-o, solto uma gargalhada meio sarcástica e arqueio a sobrancelha. – E eu não sou obrigado a ver um fantasma atrapalhando a minha....
– Atrapalhando? – Me interrompeu.
Revirei meus olhos e decidi não responde-lo, ao contrario, comecei a fita-lo atentamente e analisei cada parte de seu rosto pálido – se tirasse toda aquela vibe fantasma, provavelmente ele seria considerado um rapaz atraente. Até porque palidez saiu de moda depois de Edward Cullen.
De baixo do seus olhos tinham olheiras profundas e bem escuras, seus olhos não tinham brilho algum e estavam em uma tonalidade escura, igual suas vestes pretas.
– Não é bom ficar encarando as pessoas. – Ele disse depois de um tempo, totalmente desconfortável.
– Eu diria o mesmo... Mas eu não sabia que você estava por ai me vendo, então deixe-me encarar o primeiro fantasma que vejo na minha vida. – Respondo um pouco na defensiva e agradeci por estar sentado, pois não conseguiria falar e ficar em pé.
Acho que minhas pernas estão tremendo.
– Bom... Ainda não sei se gosto do termo fantasma. – Ele disse andando em direção ao centro da sala e sentando-se no chão.
– Bom... Nem sempre podemos ter tudo que queremos, Gasparzinho. –Pisco em sua direção e procuro minha blusa que perdi no caminho.
– Também não gosto de ser chamado de Gasparzinho. – Falou um pouco irritado e bufando alto.
– Então como posso chama-lo?
Minha pergunta acabou mexendo com ele, que tombou a cabeça pro lado e suspirou. – Não sei.
– Então será Gasparzinho. – Disse, dando fim naquela pequena discussão. – Por que ficou tanto tempo longe?
– Sentiu saudades? – Ignorei sua pergunta até ele me responder. – Hum... Acabei sumindo depois do esforço, mas agora voltei mais forte... É estranho. –Ele levantou sua mão e olhou-a. – Antes eu parecia mais transparente, porem agora consigo pegar em coisas, mas menos em humanos.
– Mas você bateu naquele cara...
– Não sei como consegui. – Ele deu de ombros. – Mas agora sei que não conseguiria fazer de novo. – Seus olhos permaneceram focados em suas mãos.
– Que merda, cara... – Mordi meu próprio lábio inferior e olhei para á porta entreaberta. – Eu perguntei para o porteiro se alguém morava aqui antes de eu alugar, mas nada... Disse que o único inquilino era uma menina e que ela se mudou faz um ano. – Falei, pois não queria ficar em silencio com fantasma, isso já não era normal então não queria piorar. – Não sei como ajuda-lo.
– Acho que ninguém sabe. – Ele se deitou no chão e ficou olhando pro teto. – Acho que é melhor você se acostumar em ter um colega de quarto...
Acabei descordando. – Se for para atrapalhar meus momentos... Isso vai ser complicado.
Olho pra um barulho na porta e vejo meus três amigos entrarem totalmente bêbados e suspirei.
– E aee...
Gritaram junto e caminharam em minha direção, mas arregalei os olhos ao vê-los pisarem do fantasma e gritei alto. – Não...
Os meninos se assustaram e me olharam como se fosse algum louco e percebi que talvez estava sendo, até porque o fantasma permanecia da mesma maneira.
– O que foi? – O mais sóbrio vulgo Aiden indagou.
– É... Nada, uma brincadeira. – Sorri tentando descontrair e suspirei. – Caramba... Vocês voltaram cedo até.
– Eu fui arrastado. – Isaac reclamou e se jogou ao meu lado, diferente de Ethan que permaneceu onde seu irmão o jogou – deitado no chão.
Gasparzinho olhava todos atentamente e parecia um pouco magoado por ninguém vê-lo e entendia ele.
– Por que?
– Porque ele disse para uma garota que ela era seu capeta e pediu para possui-la.
Depois de ouvir aquilo soltei uma risada alta e ouvi risadas junto comigo e uma até mesmo desconhecida. O Gasparzinho ria, tampando sua boca com uma da suas mãos, era uma cena incomum, pois podia ver seus olhos brilharem com a diversão.
A risada dele era estranha... Mas um estranho bom.
–Essa era a sua melhor cantada? – Indaguei virando-me para Isaac. – Conte-me outra... – Falei, pois no fundo queria que o Gasparzinho se divertisse.
– As vezes eu chego em uma garota e falo... – A voz arrastada deixava tudo mais divertido, ainda mais quando ele errava á pronuncia. – Gata... Você é o doce de leite que falta no meu charutos... Ops. – Ele soltou uma risada alta. –Churros.
Acabei rindo novamente e revirei os olhos para ele.
– Precisamos ensina-lo... Por isso está solteiro. – Aiden disse, batendo em meu ombro enquanto ia para a cozinha.
– Eu também estou solteiro, cara... Você precisa dar aula para todos aqui. – Gritei, me sentindo mais sóbrio.
– Não, gosto de saber que se um dia minha garota me der um pé na bunda não vou ser o único solteiro.
– Cretino. – Gritei junto com Isaac.
– Cala a boca... – Ethan resmungou.
Meus olhos passaram por ele e depois para Isaac que estava contendo o sono, deixando que um plano maligno tomasse conta da minha mente.
Olhei para o Gasparzinho que estava se levantando. – Para onde vai? – Perguntei.
– Está falando sozinho? – Indagou meu amigo aparecendo em minha frente com um copo de água.
– Estou falando com você.
Ele suspirou. – Vou dormir... Deixa os idiotas ai. Boa noite Derek. – Acenou, indo em direção ao quarto de visita e me deixando com os dois bêbados dorminhocos e um fantasma pensativo.
– Somos só nos dois agora. – Disse para ele, tentando desperta-lo de seus pensamentos.
– Isso é uma proposta? – Sorriu maliciosamente.
Abri minha boca em um perfeito “O”. – Cara... Para um fantasma que não lembra de nada, você tem uma mente maliciosa hein. – Peguei um travesseiro ao meu lado e tentei acerta-lo, mas errei feio.
– Qual é, isso é quase uma frase de filme pornô. – Disse levantando as mãos para cima.
Arquei a sobrancelha. – Ok... Preciso saber o que você era antes de virar um fantasma... Você pode ser tudo. – Levantei e me aproximei dele, o fitando atentamente. – Um cara comum? Assassino? Cantor? Palhaço? Ator? Ou... Um ator de filmes pornô. – Olho-o novamente com um certo cuidado e chego á uma conclusão. – Com certeza um ator pornô... Provavelmente você é o nerd safadinho.
Seu rosto estava transformado em indignação e algo á mais que não identifiquei e estava prestes á pedir desculpas, mas quando ouço o rir alto, senti meu corpo se aquecer por saber que á tristeza que vi nele quando nos conhecemos estava sumindo aos poucos.
– Provavelmente sou um cantor conhecido... Olhe para mim. – Ele deu um voltinha. – Sou um cantor muito sucedido. Pesquise cantor bonito e sexy no Google que eu devo aparecer. – O tom que ele usava era um pouco sarcástico, mas muito divertido.
Acabei rindo. – Não se iluda tanto. – Olhei para os meus amigos dormindo. – Queria zoar eles, mas parecem uns anjos desse jeito. – Fiz uma careta e olhei o horário.
4 horas da manhã.
– Verdade... Parecem ótimos amigos. –Vi que ele seguiu meu olhar. – Está tarde né? Provavelmente está com sono... – Suas palavras soarem um pouco confusas. – Pode ir dormir, eu prometo que não vou fazer nada. – Ele bufou. – Talvez assuste um do seus amigos...
Mesmo sabendo que era brincadeira, apontei para Isaac. – Poderia ser aquele. – Olhei para cozinha. – Acho que vou tomar um chá antes e é melhor vir comigo, acho meio estranho você ficar ai encarando meus amigos dormir.
Por que estou sendo legal? Eu não sei o motivo.
Provavelmente é efeito da bebida.
Álcool deve fazer isso comigo.
Caramba, sou muito esperto... Malditas doses.
Fui até a cozinha e coloquei á agua para ferver e peguei um dos diversos chás que tinha guardado e arrumei-o na caneca.
– Você vai me ajudar á entender tudo isso?
Dei de ombros. – Você quer que eu ajude? – Perguntei, olhando-o atentamente e percebendo o quanto ele estava confortável com aquela cozinha, é como se ele não fosse um intruso e sim eu. – Acho que essa casa deve ter algo... – Disse depois de vê-lo concordar. – Vou ver se procuro o endereço de alguém e ver no que dá.
– Obrigado... Deve ser bizarro ter um fantasma em sua casa.
Soltei uma risada baixa e coloquei á agua no chá. –Não sei o que é mais bizarro... Um fantasma ou as cantadas de Isaac. – Desviei meus olhos para a mesa e soltei um suspiro. – Só estou tentando me colocar em seu lugar... Se fosse antigamente isso não aconteceria, Gasparzinho.
– Por que?
– Eu não sou o cara legal. – Fiz uma breve careta. – Mas estou tentando ser e me mudar para essa apartamento é o começo de tudo.
– Você não é obrigado a me ajudar...
– Como você não é obrigado á me ver ficando com alguém? – Perguntei maliciosamente.
– É diferente... – Ele disse rapidamente.
Arquei a sobrancelha e discordei. – Depende do lado que você está vendo... Se eu não te ajudar você vai ter que se acostumar á ver isso e acho que você não vai gostar muito.
– Então quer me ajudar para ver se eu sumo, né? – Seu tom de voz ficou um pouco sério e vi seus olhos me fuzilarem.
– Não foi isso que eu quis dizer...
– Claro que foi. – Resmungou alto e vi ele se aproximar. – Você não me aguenta mais aqui né? Claro que não... – Seu tom de voz aumentou e agradeci só eu poder ouvi-lo. – É uma merda tudo isso. – Ele jogou minha caneca no chão e senti o liquido quente cair um pouco em meu tênis e soltei diversos palavrões, enquanto pulava para trás.
Quando procurei o Gasparzinho, vi que ele não estava mais na cozinha e xinguei mais ainda, pois ele parecia um louco, entendendo tudo errado. – Merda.
– Que merda você fez? – Aiden perguntou aparecendo e me fazendo suspirar.
– Merda... Só merda. – Passei a mão por meus cabelos e olhei o chão sujo.
– Deixa que eu limpo... Vai dormir. – Ouvi-o dizer.
– Você nem sabe onde fica as coisas. – Disse, sentindo um cansaço me dominar.
– Eu acho...
Quando ouvi isso, apenas concordei e fui pro meu quarto, repassando toda a briga de minutos atrás e perguntando que merda eu tinha feito.
Mas eu realmente não achei a resposta.
Fiquei deitado olhando pro teto por um bom tempo.
5 horas da manhã.
6 horas da manhã.
As horas iam se passando e o sono não chegava, sentia meus olhos pesados, mas não queria me entregar ao sono.
Queria gritar, brigar... Queria fazer tudo, menos dormir sem ter uma resposta sobre á minha duvida.
Mas eu estava com sono e precisava relaxar.
7 horas da manhã.
– Desculpa. – Ouvi alguém sussurrar em meu ouvido e mesmo estando quase dormindo, sabia exatamente de quem era e não precisei abrir os olhos para ter certeza.
– Só não some depois de uma briga... – Sussurrei, me acomodando mais e deixando que o sono me dominasse.
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