Jungkook on
— Eu posso hyung? — perguntei para Namjoon buscando algum tipo de decisão por parte dele. Eu realmente estava com vontade de apreciar aquele festival de perto, mas ao mesmo tempo estava em dúvida se devia ou não ir, então procurei uma segunda opinião.
— Se você quiser fique à vontade. — disse dando de ombros. Sorri e sem perder tempo saí correndo em direção ao campo. Fui com toda a velocidade, mas desacelerei assim que cheguei perto o suficiente – talvez vergonha ou desconforto por ver tantas pessoas, tanto faz. Os motivos não mudavam os fatos.
O céu estava coberto por pipas coloridas que cortavam os ares, era uma das coisas mais bonitas que eu já tinha visto na minha vidinha. Mas bastou lançar meus olhos para as pessoas barra fadas que todo aquele sentimento de alegria fugiu da minha alma num passe de mágica. Sinceramente não queria ser tão tímido assim, mas o que posso fazer se toda a vez que algum ser que não conheço e não tenho intimidade fala comigo meu corpo praticamente trava?
Notei que atrás de mim havia algumas árvores altas e volumosas, então recuei e me escondi atrás de uma delas para conseguir observar o movimento sem correr o risco de ser incomodado. E assim fiquei por uns minutos. Meus olhos se fixaram na variedade de pipas voando sob o céu azul. Cortavam umas às outras, umas não tinham nem espaço direito para voar.
Logo me lembrei dos dias em que eu empinava pipa juntamente com meu pai. Lembro-me dos sorrisos e gargalhadas quando eu não conseguia fazê-las levantar vôo. Quem via com certeza não acreditaria que ele seria capaz de me abandonar tempo depois.
Aquela pipa que ele tinha me dado fazia meus dias radiantes e sorridentes, mas por muitos anos foi motivo de choros e até mesmo ataques de raiva. Sim, eu já fui um adolescente revoltado, por mais incrível que pareça. Já tentei tantas vezes queimá-la por achar que ela era culpada por me fazer lembrar dos bons momentos com meu pai irresponsável, mas nunca consegui, por reconhecer que apesar de tudo era a única lembrança que eu tinha dele.
E apesar de não gostar tanto de sentir isso, eu realmente queria participar, ou somente observar o estranho festival. Queria viver mais uma vez aquela mesma felicidade que sentia em minha infância. Porque querendo ou não, Jeon Jongyeol foi um bom pai... Bom, pelo menos enquanto durou.
Fui tirado dos meus devaneios quando ouvi passos apressados e vi um grupo se aproximando do campo com pipas nas mãos bem atrás de mim. Vi também que uma jovem moça de cabelos curtos, que parecia estar cuidando do festival, correu até eles sorrindo e sinalizou com a mão para onde o grupo deveria ir. Os mesmos passaram ao meu lado, mas não pareceram perceber minha presença.
O grupo foi para o lugar indicado e eu fiquei os acompanhando com os olhos, mas a moça de antes pareceu perceber que eu encarava e encarou de volta para mim. Assim que nossos olhares se encontraram rapidamente escondi minha cabeça atrás da árvore e quebrei o contato visual.
Senti minhas bochechas se esquentando por ter sido pego em flagrante, suspirei tentando me acalmar e cocei levemente minha cabeça, nervoso. Depois de juntar um pouco de coragem virei meu rosto para espiar se a moça ainda estava me olhando... E não estava, nem estava ali para dizer a verdade.
Olhei ao redor tentando achá-la, e depois de perceber que não teria sucesso voltei a minha posição anterior.
— Olá. — sussurrou uma voz feminina ao meu lado, fazendo-me pular assustado. Era a moça de instantes atrás, ela sorriu achando graça da minha reação e se posicionou em minha frente, colocando as mãos atrás do corpo. — Desculpa te assustar, é que vi você escondido aqui e vi que olhava para as pipas. — tombou a cabeça para o lado ao ver que eu não lhe respondia. Mas também vamos combinar, ela me deu um susto daqueles. — Já vi que você não é de falar muito...
Ela andou um pouco pra frente, fazendo menção de sair de perto de mim, mas parou no meio do caminho e voltou seus olhos verdes para mim novamente. — Se quiser você pode vir participar. O festival é para todos, não só fadas. Mas é claro, só venha se tiver coragem. — riu brincalhona e logo depois me deu as costas, voltando para o que estava fazendo anteriormente.
Eu ouvi bem? Ela acabou de me desafiar? É isso mesmo? Ah minha filha, você não conhece Jeon Jungkook.
Me levantei num pulo e me aproximei da multidão em passos firmes. Estava me cagando? Estava, claro que estava. Mas ninguém precisava saber disso. A moça de antes me olhou e sorriu triunfante, como se seu real objetivo desde o início fosse me fazer chegar mais perto.
— Noona. — ela voltou sua atenção para uns pequeninos que a chamavam, depois de conversar por uns instantes e de ver os mesmo se afastarem, voltou-se para mim, dizendo:
— Você é um turista, certo? — levantou a sobrancelha. — Nunca te vi por aqui. — pensei um pouco antes de respondê-la, talvez não seja uma boa idéia espalhar informações tão importantes sobre o assunto com o rei. Ainda mais com uma estranha.
— Praticamente sim, vim com uns amigos resolver umas coisas. — não entrei muito em detalhes, por precaução.
— Entendo — resmungou pensativa, logo depois jogou sua franja pra trás e voltou a dizer: —, bom... É um prazer receber você e seus amigos em nosso reino. — sorriu fechando os olhos, e eu fiz o mesmo, sorrindo timidamente. — A propósito, qual o seu nome?
— A-Ahh — gaguejei mexendo no meu cabelo nervosamente. Juntei o restinho da minha coragem novamente e lhe respondi com a voz baixa: — J-Jungkook, prazer. E o seu é?
— Pode me chamar de Ryn. — deu um sorriso tímido e ao mesmo tempo gentil, fazendo-me desviar os olhos rapidamente para meus pés.
— Encantado. — não era forma de falar, realmente estava encantado... Encantado por aqueles olhos verdes que eu mal conseguia encarar sem ruborizar. Aqui vemos claramente como um homem adulto e seguro de si se comporta diante de uma moça bonita... Aff. Por que eu sou assim?
A tal Ryn continuou com seu trabalho e me deixou sozinho por um tempo para atender aos outros que a chamavam, seja para tirarem dúvidas, pedirem ajuda ou simplesmente mostrarem o que estavam fazendo. Aproveitei esse tempinho para observar o céu colorido em cima da minha cabeça. Não conseguia conter o sorriso quando via as crianças brincando também.
Notei as diferentes formas e figuras que as pipas tinham. Uma das que mais me chamou a atenção foi um dragão chinês verde que parecia dançar pelos ares, ao lado dele voava uma pipa vermelha com a forma de uma joaninha. Como uma simples visão dessas pode me deixar tão relaxado?
— É lindo, não é? — Ryn novamente estava ao meu lado, olhei-a pelos cantos dos olhos e vi que ela também encarava o céu, maravilhada.
— Sim, muito. — sorri de canto, em seguida sutilmente virei meu rosto para a garota de cabelos castanhos claro ao meu lado. — Eu posso... Te perguntar uma coisa?
— Claro, o que? — questionou sem me olhar.
— Por que a princesa inventou esse festival? — qual será o motivo que levou a princesa fada a elaborar tudo isso? Não conseguia conter a curiosidade. Após ouvir minha pergunta Ryn direcionou um olhar penetrante em minha direção, pareceu pensar um pouco antes de me dar uma reposta.
— Fadas realmente gostam de brinquedos e bugigangas dos humanos, mesmo que não admitam em voz alta. Ficamos maravilhados com tamanha criatividade... Nossa preferida é a pipa, afinal ela voa, simpatizamos com esse brinquedo. — riu com o que dissera, mas em questão de segundos o riso se tornou um sorrisinho pequeno. — Eu acho que a princesa sabia que seu povo gostava de coisas assim, então talvez ela tenha feito para agradar e alegrar seus súditos.
— Ela parece ser uma boa princesa. — comentei coçando o nariz com a ponta do indicador.
— Sim, talvez. Ela dá o seu melhor. — respondeu.
— Você a conhece? — ousei perguntar mais uma vez. Percebi um sorriso surgir em seus lábios novamente, mesmo que ela tenha tentado esconder com a palma da mão. A mesma passou o polegar no lábio inferior e olhou rapidamente para baixo antes de voltar seus olhos para mim novamente:
— Sim, conheço como ninguém. — permitiu-se sorrir largo. — É como se fossemos a mesma pessoa. De tão bem que a conheço.
Depois disso ficamos alguns minutos conversando sobre o que víamos ao redor.
— Você realmente não quer participar? Parece importante para você de alguma forma.
— Você não faz idéia — ri nasalado. —, eu realmente quero, mas não sei se devo. Acho melhor só ficar aqui observando mesmo; e nem tenho uma pipa pra começo de conversa. — suspirei colocando as mãos no bolso da minha bermuda. Eu poderia simplesmente fazer aparecer uma pipa em minhas mãos com magia, mas não queria que ninguém desconfiasse que eu era mago...
... Ou um futuro guardião.
— Você veio ao festival das pipas sem uma pipa?! — questionou como se fosse a coisa mais irracional do mundo. — Venha, você pode comprar uma nas vendinhas da aldeia. — tocou meu braço suavemente e me puxou de leve, apontando em direção a aldeia.
— E-Eu já tenho uma comigo, mas... — tentei não gaguejar devido à proximidade repentina, mas foi impossível. Podia sentir perfeitamente as bochechas se esquentando devido ao simples toque de uma fada gentil.
— Então vá buscá-la — levou suas mãos à cintura e pendeu a cabeça levemente para o lado. —, não é legal ficar só observando os outros se divertirem e não poder se divertir também.
Ficamos em um silêncio torturante por uns segundos enquanto eu pensava nas possibilidades.
Ryn me encarava com um sorriso na intenção de me convencer. Depois de pensar bem, finalmente tomei minha decisão.
— Está bem. Você venceu. — suspirei e ergui as mãos em rendição. — Vou buscar minha pipa.
— Vai lá, campeão. — ergueu a palma da mão em forma de punho. — Garanto que não vai se arrepender!
Sorri vencido e caminhei em direção ao carro, por sorte Ryn não me seguiu. Procurei pela pipa que estava em minha mochila mágica, achando em poucos segundos. Fiquei um tempo encarando aquele brinquedo em minhas mãos.
Será mesmo que era uma boa idéia?
Suspirei novamente amassando um pouco do papel, bati a porta e comecei a correr rapidamente em direção ao campo, chegando lá em poucos segundos. Procurei por Ryn e a vi acenar, se aproximando de mim. Olhou-me rapidamente e logo pousou os olhos sobre a pipa, enquanto franzia as sobrancelhas. Ela parecia perceber minha insegurança.
— O que foi? — perguntei.
— Insisti nessa idéia, porque estava sentindo que você queria muito participar do nosso festival. Mas agora eu senti uma insegurança estranha quando você veio com essa pipa. O que foi, Jungkook? O que te aflige dessa forma?
— Não vale à pena lembrar... — sorri fraco tentando disfarçar o que estava sentindo.
— Hmm —, murmurou conformada. — fadas fortes possuem a capacidade de ler pequenos fragmentos de sua mente. Mas eu respeito a privacidade alheia, então não se preocupe. — sorriu docemente e logo se aproximou, sussurrando com as mãos tampando as laterais da boca. — Mas se quiser mesmo manter sua intimidade intacta, sugiro que não pense em determinadas coisas, sabe? Fadas são meio curiosas.
Acenei timidamente e sorri mais vez abaixando meu olhar para o chão.
— Então... O que fará?
— Ahn? — balbuciei confuso, fazendo a fada rir baixo com minha reação.
— Vai empinar a pipa ou não? — explicou-me melhor.
— Ah s-sim. — respondi rindo nervosamente. — Vou sim.
Depois disso Ryn levou-me para mais perto das outras fadas. As mesmas foram hospitaleiras e me trataram gentilmente, mas não foi o suficiente para eu perder a minha timidez, então eu resolvi continuar na minha.
— Vou ali rapidinho, tenho que ver como estão indo as crianças. Fique a vontade para começar. — Ryn fez menção de sair de perto de mim, mas eu a segurei pelo braço levemente fazendo-a parar. As fadas que antes sorriam para mim agora me lançavam um olhar estranho, então eu rapidamente soltei Ryn.
— Por favor, não me deixe sozinho aqui. — disse enquanto indicava discretamente as fadas que pararam o que estava fazendo para me vigiar.
— Mas eu preciso ver como estão os outros. — disse ela mordendo os lábios levemente.
— Tem outras fadas que podem ver como eles estão indo? — perguntei, eu realmente não queria ficar sozinho ali, principalmente por conta dos olhares que agora a maioria me lançava sem pudor.
— Sim, mas...
— Por favor, fadinha! Fique aqui comigo. — implorei juntando as mãos em sua frente, em forma de súplica. Ryn levou a mão à boca e começou a roer as unhas, em sinal de indecisão. Lancei um olhar de cachorrinho pidão para ver se conseguia convencê-la. Isso sempre funcionava com Jin hyung, talvez funcionasse com ela também.
E parece que realmente havia funcionado, pois ela olhou para o alto e soltou um suspiro de rendição. — Está bem. Não vou te deixar sozinho, bichinho do mato. — bati palmas de uma forma infantil, comemorando a vitória sem hesitação. E logo depois juntei minha pipa ao céu. O vento estava ao nosso favor, mas de alguma forma me sentia incomodado. O clima ficou pesado logo depois que eu encostei em Ryn. Parece que fadas são muito protetoras umas com as outras.
— Hey, coelhinho. — Ryn tocou meu ombro, fazendo-me virar surpreso pelo apelido que usara. Não que eu me incomodasse, longe disso. Apenas fiquei surpreso – e bastante envergonhado, admito. — Topa ficar num lugar mais calmo? Sem tantas fadas te encarando feio?
Com certeza, quanto menos gente melhor.
Acenei confirmando e logo Ryn me pediu para acompanhá-la, saímos do campo e subimos um morro que ficava um pouco mais atrás do local que estávamos. A vista ali de cima era linda, podia ver o castelo e até mesmo a aldeia perfeitamente bem. Vaguei meus olhos um pouco mais adiante e daqui podia-se ver a muralha e florestas que cercavam o centro do Reino.
— É lindo! — exclamei sorrindo, observando encantado a visão linda que aquela altura nos proporcionava.
— Sim. É lindo mesmo... — sussurrou como quem estava encantada, me virei para a mesma e pude vê-la me olhando, com a expressão sutilmente admirada.
Espera, ela estava se referindo a mim?!
Ela percebeu o que acabara de acontecer aqui e num instante pude ver seu rosto inteiro se avermelhar. Virou-se bruscamente na direção do castelo e explicou-se rapidamente:
— Q-Quero dizer, a vista. A vista é linda! — exclamou extremamente envergonhada, não tão diferente da minha situação. Senti a brisa soprando e logo resolvi empinar a pipa, tentando disfarçar a situação vergonhosa. Minutos se passaram e logo a vergonha desapareceu. Conversávamos normalmente até que Ryn sentiu algo estranho.
Ela virou-se em direção ao portão do muro e ficou ali olhando o horizonte, calada.
— O que foi Ryn? — perguntei desconfiado.
— Tem algo errado... — sussurrou com as sobrancelhas franzidas. E depois de ouvir aquelas palavras logo percebi... Realmente havia algo errado. O vento estava diferente, o clima estava estranho e o ambiente estava pesado.
Era como se eu tivesse uma sensação de que algo ruim aconteceria.
— Tem algo errado... — sussurrou outra vez, dando um passo a frente. Antes que eu pudesse lhe questionar com mais precisão, ouvi um estrondo vindo do portão principal e gritos altos de fadas por toda a parte. — Algo muito errado! — repetiu dessa vez correndo colina a baixo em direção a aldeia.
— O que está acontecendo? — questionei seguindo-a, mas ela parou de repente e virou-se para mim, dizendo:
— Não me siga, é perigoso! Procure um lugar seguro e esconda-se! — dito isto, transformou-se numa miniatura em um feixe de luz e voou velozmente em direção a explosão. Vi as fadas do campo correndo para o castelo, ao mesmo tempo em que os guardas voavam para a aldeia. Fiquei uns segundos tentando tomar uma decisão. Não sabia se deveria ir até os hyungs ou se deveria verificar por mim mesmo o que estava rolando.
Até que vi destroços de construções voando pelos ares, então logo me decidi. Corri para a aldeia, ajudando as fadas a correrem e voarem para o castelo – o lugar mais seguro aparentemente. Chegando perto do local, fui logo recebido por um golpe. Um gigante havia tentado pisar em mim, mas eu fui rápido e desviei... Espera... Um gigante?
— Gigantes... Por toda parte! — comentei para mim mesmo, escondendo-me num pedaço de carroça para poder entender melhor a situação. Os gigantes haviam destruído o portão principal e tomado completamente a aldeia. Várias fadas voavam desesperadas sem saberem pra onde iam, porém vi Ryn mais ao longe as guiando para o castelo, juntamente com alguns soldados. Aproximei-me deles e logo que Ryn me viu puxou-me para um beco, com as mãozinhas mínimas, mas ao mesmo tempo fortes.
— Não deveria estar aqui. Eu disse para você procurar um lugar seguro. — alertou olhando-me com aqueles olhinhos verdes pequeninos.
— Eu posso ajudar. — disse convicto.
— Não, você não pode. Esconda-se. — já estava prestes a voar para longe novamente, mas eu a impedi dizendo:
— Posso sim! Tenho minhas habilidades!
— Eu sou uma fada de elite, uma fada com poderes e mesmo assim sei que não sou páreo para um exercito de gigantes. — afirmou virando as asinhas para mim. — Você garante que tem capacidade de combater esses seres? — perguntou virando sua cabeça levemente em minha direção para me olhar, e eu em resposta acenei positivamente, fazendo a fadinha suspirar convencida.
— Então direi seu dever: Guie o povo em direção ao castelo, proteja qualquer fada que estiver em perigo. Lute com qualquer gigante que ousar por em perigo as fadas dessa cidade. Você entendeu Jungkook? — sua voz exalava pura autoridade.
— Entendi. — foi o suficiente para Ryn voar até sua posição anterior e deixar o restante aos meus cuidados. Fui rápido e comecei a chamar a atenção das fadas desesperadas e mostrar o caminho seguro.
— Vão! Por ali! Sejam breves! Venham! — dizia enquanto mostrava o caminho do castelo. Desviei meus olhos em direção ao grupo de Ryn e vi os mesmos enfrentando dois gigantes com clavas. Ryn lançou um grito supersônico que fez meus ouvidos quase explodirem, conseguia sentir perfeitamente a vibração da terra com o som emitido. Mas parece que não causava tantos danos aos aliados, apenas aos inimigos – os gigantes.
Vi um surgir dos destroços e golpear as fadas fortemente com a clava, mas por sorte elas eram rápidas e conseguiam desviar sem grande dificuldade. Vi mais alguns inimigos rondando o grupo e não me aguentando resolvi agir. Corri em direção aos mesmos e fiz relâmpagos surgirem das nuvens, atacando brutalmente os pés dos mesmos. Rapidamente olharam surpresos para o céu, sem entender o que havia acontecido ali.
Até mesmo as fadas não entenderam o que havia acontecido.
— Ei brutamontes! — os chamei buscando rapidamente a atenção. — Tentem me esmagar. Se puderem! — sorri provocativo dando pulinhos animados, eu realmente estava precisando de uma boa adrenalina. Os monstros, irritados com minha afronta vieram pra cima, dando passos estrondosos a cada pisada no chão. Mas eu os parei com facilidade, levantando-os com magia.
Sorri e olhei para Ryn que me encarava completamente surpresa, mas logo voltei minha atenção para os grandalhões, jogando-os para o mais longe que consegui. Toda a terra tremeu ao sentir o impacto dos grandes corpos caindo no chão.
Ryn me olhava abismada, como se quisesse dizer algo, mas não conseguisse tirar as palavras da garganta.
— Você disse para proteger qualquer fada em perigo. — expliquei dando de ombros, não conseguindo conter o sorriso provocante.
— Você... Você é um... — antes que ela conseguisse soltar as palavras, mais gigantes surgiram do portão de ouro e vieram em nossa direção, carregando com eles uma espécie de rede. Algumas fadas desviaram facilmente, assim como eu e Ryn, já outras foram pegas quando os grandalhões lançaram a tal rede estranha.
O que me deixou surpreso foi o que aconteceu com elas quando as redes tocaram seus corpinhos, elas deixaram no mesmo instante as formas pequeninas e voltaram a sua forma maior, enquanto caíam no chão, enfraquecidas.
Os gigantes vieram em nossa direção, já preparados para lançarem mais daquelas redes bizarras. Ryn pousou os pés sobre meu ombro e eu estendi as mãos, já me preparando para lançar outro golpe. Apertei o ar e logo uma rajada forte de vento formou-se ao redor dos inimigos. Os mesmos foram arrastados para trás com a força do ataque e por um momento achei que tinha controle da situação.
Mas eu estava completamente enganado.
Senti algo forte ser jogado em mim, fazendo-me cair fortemente junto com Ryn, que assim que foi de encontro ao chão foi transformada de volta no tamanho normal. Uma daquelas redes foi jogada em nós, por gigantes que vieram por trás no momento em que estávamos concentrados nos gigantes da frente.
De repente toda a minha energia e força foram sugadas brutalmente, tentei me mover, mas no mesmo instante levei um choque, fazendo consequentemente Ryn sentir também. A mesma gemeu de dor, mal tendo forças para se mover. Olhei para o lado e vi todas as fadas que tinham conseguido escapar do primeiro ataque, caídas no chão na mesma situação que nós.
— Rápido! Levem a princesa! — ordenou um dos gigantes.
Espera! A princesa está aqui?
Enquanto raciocinava vi um deles vindo em nossa direção, exatamente em nossa direção.
Foi aí que finalmente entendi.
— P-Princesa... — sussurrei encarando Ryn, que se movia o mínimo possível, evitando os choques e a perca de mais energia.
— O que fazer com o garoto? — perguntou o gigante que nos erguia, puxando a rede.
— Não dá tempo. Os guardas estão vindo! Leve ele junto! Deixem o resto aí! — tentei nos tirar de lá, usando meus poderes, magia, qualquer coisa, mas foi completamente inútil. Eu não tinha mais força para nada. O monstro nos colocou em suas costas e todos correram portão a fora.
Estávamos sendo sequestrados!
E eu não pude fazer nada para impedir!
Jungkook off
(S/N) on
— Gigantes? — questionou Taehyung. — Por que estariam sequestrando ela?
— É uma questão territorial... — sussurrou a rainha Flora, segurando-se ao máximo para não cair aos prantos. —... Séculos e séculos de anos atrás nossos antecendentes encontraram essas terras e habitaram seus lares aqui, porém os gigantes alegaram serem donos desse lugar. Não houve guerra, por causa dos guardiões daquela época e também por causa do equilíbrio, e como não conseguiam provar nada, as fadas continuaram povoando por aqui.
— E vocês não se sentem culpados? — perguntei desconfiada.
— Não temos culpa do que aconteceu no passado. Não podemos simplesmente desistir de um reino inteiro por uma confusão que nem foi nossa. Mas aqueles gigantes não entendem isso e sempre que podem tentam nos atacar de alguma forma. — a rainha mudou de tamanho e voou como um flash em direção a saída do castelo, nós a seguimos logo em seguida. Corríamos tentando acompanhá-la e percebemos que a mesma estava voando rapidamente para a aldeia.
No caminho, conseguia ver um enorme número de fadas em frente ao castelo, e mais outras chegando também.
Chegando à aldeia, percebi o estrago que os monstros haviam feito. Tudo estava destruído, destroços de casas e construções eram o que mais se notava em meio ao caos. Vimos a rainha já ao lado de seu marido, enquanto este calado ouvia o guarda que a poucos segundos atrás estava preso numa espécie de rede.
— A princesa Ryn foi levada, meu rei. E junto dela estava um rapa de cabelos negros, não parecia ser daqui.
Rapaz de cabelos pretos? Não pode ser!
J... Jungkook.
— Jungkook! — exclamou Namjoon dando um passo a frente. — Ele foi sequestrado também. Com certeza tentava ajudar as fadas a lutarem. — afirmou olhando nervosamente para nós.
— O que faremos agora? — perguntou rainha Flora, já com os olhos cheios de lágrimas. Hansol, o rei virou-se lentamente em nossa direção, olhando para nós como se visse a sua frente a própria esperança.
— Ajudem-nos. Ajudem-nos a resgatar nossa filha, por favor. — implorou o rei desesperado. — Eu faço tudo o que quiserem!
— Vamos ajudá-los. Aquele rapaz que foi sequestrado é nosso amigo. Vamos ajudar em tudo que for preciso. — afirmou Namjoon, convicto e ao mesmo tempo assustado por ter um rei implorando por nosso auxilio.
— Obrigado! Obrigado! — exclamou Hansol, de certa forma aliviado por entender que o ajudaríamos. — Sempre fomos a favor da paz, mas... — limpou os olhos molhados e logo surgiu nos mesmos um intenso olhar de determinação. —... Mas agora eles verão do que somos capazes!
Engoli em seco, totalmente preocupada com o Jeon e a princesa.
O que esses gigantes poderiam fazer contra eles?
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