História My Stranger House - Extra - 1 ano depois

~1 ANO DEPOIS~ 

Um ano havia se passado e todos ainda estavam muito felizes como uma grande família. Nossos pais já haviam conhecido nossos respectivos namorados e estava tudo bem com todos. Demos a desculpa de que os conhecemos à algum tempo atrás na faculdade, antes de nos formarmos e que nos reencontramos a pouco e eles contaram que precisavam de um lugar para morar, portanto oferecemos a nossa casa e acabou acontecendo de virarmos os casais. 

Hoje, assim como outros dias de necessidade, estávamos apenas eu, N e Ken na casa. O Leo precisou sair para comer e o Hyuk e o Ravi foram chamados ao inferno para fazer algo que eu sempre tive um pouco de receio de perguntar o que. 

- Sabe o que eu estava pensando? - N começou chamando a minha atenção e de Ken – Ravi, Leo e Hyuk são imortais e nós somos mortais. Assim que começarmos a ficar mais velhos, eles desistirão de nós. 

Eu comecei a pensar no que ele havia falado e levei minha mão á marca que permanecia em meu pescoço. O Leo havia me explicado uma vez que vampiros só marcam uma pessoa a vida toda e eu fui o único que ele marcou. Mas isso não quer dizer que ele não possa me deixar e que ele não possa arrumar outra pessoa mesmo sem marcá-lo.  

- Precisamos pensar no que podemos fazer para que isso não aconteça - Ken disse e olhamos para ele. Ele parecia magoado apenas com a ideia de isso acontecer. 

- Podemos falar com eles – eu sugeri e concordamos em fazer isso. 

Esperamos que todos chegassem e nos reunimos na sala pra falar com eles. O N começou, contando o que se passava em nossa cabeça. 

- Nós nunca deixaríamos vocês por causa disso – Ravi disse o abraçando. 

- Mas não queremos envelhecer – Ken disse – Queremos ficar como vocês, jovens para sempre. E queremos ficar para sempre com vocês. 

- Hongbin, você pensa da mesma forma? - Leo me perguntou, me soltando do abraço que ele me dava. Eu apenas concordei com a cabeça. - Tem uma forma, mas será dolorosa. 

- Eu faço qualquer coisa – eu respondi rápido. 

- Vocês teriam que se separar da família de vocês e nunca mais iriam vê-los de novo. - Hyuk disse. 

- Não importa, nos faremos. - N respondeu confiante por nós três. 

- Eu teria que transformá-lo em vampiro, mas a transformação será dolorosa. - Leo me disse. 

- Não me importa, iremos fazer – eu respondi. 

- Ken, você teria que se transformar em um demônio, só que isso significaria nunca mais ter a chance de um dia ir para o céu - Hyuk disse. 

- Eu faço. - Ken respondeu – Nunca tive a esperança de ir para lá mesmo – finalizou com uma das suas tipicas brincadeiras. 

Olhávamos o Ravi, esperando que ele falasse qual seria a solução para o N. Se eu posso me transformar em vampiro e Ken em um demônio, com certeza, N poderia se transformar em um boneco de voodoo. Mas imagino que ele teria que servir ao Ken, já que o Ravi e o Hyuk explicaram um vez que todo o boneco de voodoo deve possuir um mestre. 

- Para você N, a única opção... - Hyuk começou vendo que Ravi não falaria nada e foi interrompido pelo mesmo. 

- Não há nenhuma – Ravi falou – Um boneco de voodoo só pode ser criado e não pode ser transformado. Desculpa N, não poderemos fazer nada. 

Após falar isso, ele saiu da sala e foi seguido por Leo e Hyuk. Ouvimos uma pequena discussão entre os três, até que ouvimos um grito vindo de Ravi. 

- EU OS PROÍBO DE CONTAR ISSO PARA ELE – foi o que Ravi falou. 

Hyuk e Leo voltaram para a sala sérios e N chorava ao saber que não poderia fazer nada para ficar com seu amado. Hyuk estava sério e não parecia que cederia a proibição de Ravi, já que ele se direcionou a N e mandou ele parar de chorar. 

- Há sim uma solução. - Hyuk começou - Mas se faremos isso, teremos que fazer escondido dele. Ele só poderá saber depois que já tiver sido finalizado. 

- O que é? - N perguntou com expectativa. 

- Hyuk, não faça isso – Leo disse – Ele nos proibiu. 

- Eu sou o mestre dele. - Hyuk respondeu – Ele não poderá fazer nada comigo. - e então se virou para N – Como ele disse, não há forma de você se tornar um boneco de voodoo, mas você pode ficar com ele como uma fantasma. 

- Mas eu sempre achei que quando alguém morria, já iria direto para o inferno ou céu - N disse. 

- Normalmente é assim – Hyuk disse – Mas se você for para o inferno, eu consigo garantir que você voltará para a terra como fantasma e conseguirá ficar aqui. 

- Ok. - N falou – E o que eu preciso fazer? 

- Precisamos garantir que você irá para o inferno... - Hyuk começou. 

- HYUK, PARA – Leo gritou o interrompendo. 

- Pra isso, você precisará se matar. - Hyuk continuou ignorando o aviso de Leo. 

- Eu farei. - N continuou. 

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Começamos a iniciar nosso plano. Primeiro precisávamos nos despedir de nossa família, pois nunca mais poderíamos vê-los. Marcamos um almoço com nossos pais, e nossos namorados não foram para nos dar mais privacidade.  

Inventamos uma viagem e até compramos as passagens para convencê-los. Depois disso, Leo, Ravi e Hyuk contariam que sofremos um acidente grave e que não poderíamos voltar para casa. Sabíamos que eles fariam um enterro, mesmo que simbólico e nunca mais voltaríamos a vê-los. Por isso, naquele dia, abracei meus pais, assim como meus amigos fizeram, e dissemos o quanto os amávamos e íamos sentir saudade. Aquela seria a ultima vez que os veríamos tão de perto. 

O dia tão aguardado havia chegado. Eu já havia me preparado para receber a mordida que me transformaria e o Ken estava pronto a ir ao inferno com Hyuk jurar lealdade ao seu pai e então voltar como um demônio. 

Assim como Leo havia me avisado, a transformação havia sido dolorosa. Mas agora minha pele estava tão branca quanto a dele, sentia meus caninos afiados e um pouco maiores, e sentia uma fome que comida nenhuma seria capaz de saciar. O Leo me levou ao porão, onde ele guardava suas bolsas de sangue e me deu uma para beber, o que saciou a fome que eu sentia. 

Ken voltou um pouco depois, também estava diferente do que estávamos acostumado. Ele parecia bem mais atraente agora, a qualquer um que olhasse. Seus olhos possuíam uma fina linha vermelha em torno da íris, coisa que eu nunca havia reparado, mas Hyuk possuía também. Eles explicaram que demônios precisam ser atraentes para manipular melhor suas vitimas. E o contorno vermelho, era apenas para diferenciá-los dos humanos.  

O N chegou a sala e nos olhou espantado. Para ele, estávamos muito diferentes. E, agora, havia chegado a vez dele. O Hyuk tirou um frasquinho, que eu imaginei ser veneno, do bolso e se aproximou de N. 

- Irei tirá-lo de casa – Hyuk disse quando entregou o frasco – Seja rápido, pois assim que você o fizer, ele sentirá sua morte. 

E então saiu de perto dele e gritou o Ravi que apareceu antes mesmo de Hyuk terminar de falar seu nome. O Hyuk disse que tinham um trabalho a fazer para o pai dele e saíram de casa. Após fecharem a porta atras de si, N veio até mim e Ken e nos abraçou dizendo que nos encontraria em breve e então se direcionou ao seu quarto. 

Em menos de 30 minutos, Ravi entrava desesperado pela porta da frente, gritava perguntando por N e tentamos acalmá-lo, sem sucesso. Ele subiu correndo a escada e foi até o quarto que dividia com N, o encontrando já morto na cama e ouvimos seu grito de dor percorrer toda a casa. 

- Irei buscá-lo, nos vemos em breve – Hyuk disse e nós sabiamos que ele se referia a N.  

Ravi estava incontrolável. E, como os pais de N não poderiam ter o corpo do filho de volta, assim como nossos pais, fizemos um enterro para ele em nosso quintal. Quando terminamos, explicamos toda a situação a Ravi que estava inconsolável.  

- Eu pedi que Hyuk não o contasse isso – Ravi dizia chorando – Porque não é garantido que ele voltará. Para uma pessoa vir a terra como fantasma, ela tem que ter um motivo muito forte. E se ele não conseguir trazê-lo de volta?

- Ele tem um motivo forte – eu disse o abraçando. - Você esta aqui. Ele tem um motivo para voltar. 

Ficamos em silêncio. O Ravi chorando em meus braços enquanto Leo e Ken olhavam para nós sem ter muita certeza do que fazer. 

- Posso saber o motivo de tanto choro? - ouvimos uma voz interromper o silencio. 

Olhamos para o local de onde veio o som e vimos um N um pouco mais pálido do que o normal, com os lábios brancos e os olhos cinzas. Ele estava diferente, mas era ele. Ravi saiu dos meus braços apenas para abraçá-lo e beijá-lo. 

- Você voltou – Ravi disse. 

- Eu tinha que voltar – N respondeu - Você esta aqui. 

- Eu garanti que ele voltaria, Ravi – Hyuk disse interrompendo os dois – Eu não faria isso com você, eu não te deixaria sozinho. 

Nós sabíamos que ainda teriam coisas que precisaríamos enfrentar, mas seguiríamos em frente. Estamos com quem amamos e agora sim iríamos ficar com eles para toda a eternidade. Nada iria nos atrapalhar agora. 

Claro que como parte do acordo, eu teria que fazer algumas coisas para Leo, assim como Ken e N teriam que fazer para o pai de Hyuk, mas não nos importávamos, pois finalmente havíamos virado uma família e seríamos por toda a eternidade. 

Quanto a nossa casa, depois de alguns anos, ela voltou a ter a aparência de uma casa mal assombrada por fora e uma casa muito bem cuidada por dentro. E, agora que tínhamos nosso fantasma particular, demos um jeitinho dessa casa nunca mais ser comprada por ninguém.