História My Stranger House - Capitulo 9 - Leo

~ LEO POV ~  

Novamente acordei com aquele pesadelo horrível que tem atormentado meu sono desde que comecei a notar meus sentimentos pelo Hongbin. Ja ouvi contos de nosso povo que descreviam como alguns vampiros conseguiam o dom da premonição quando encontravam seus escolhidos. Mas eu acho que isso é apenas um mito, o que tenho são apenas pesadelos. Eu precisava acreditar nisso, pois o sentimento de impotência que esse pesadelo me causa, me dá medo. E se algo realmente acontecer com ele e eu não conseguir salvá-lo?  

Olhei para a pessoa dormindo tranquilamente ao meu lado e olhei do lado de fora vendo que o céu já escurecia, devemos estar no fim da tarde. Me levantei indo até o porão para me alimentar, estava com fome depois de gastar minha energia mais cedo. Quando voltei ao quarto, Hongbin já estava meio acordado e passava a mão pela cama, me procurando, ainda de olho fechado.  

- Procurando por mim? – perguntei me aproximando.  

- Aonde você estava hyung? – ele perguntou sonolento.  

- Apenas precisava fazer uma coisa. – respondi deitando ao seu lado.  

Ele se aconchegou em meu peito e ali ficamos. Após algum tempo, ouvimos Ken gritando do andar de baixo para que fossemos jantar, no caso para que Hongbin fosse jantar e eu descesse para fazer companhia. Nos levantamos e ele se arrumou para descermos. Ao chegar na cozinha, os meninos já estavam na cozinha a nossa espera, por isso nos sentamos e todos começaram a comer.  

Estava apenas observando tudo como sempre faço e então começou, o dejavu. Me assustei pois o que acontecia naquela mesa era exatamente igual ao que se passava em meu sonho.  

- Hyuk vai derrubar a tigela de salada e o N vai brigar com ele – falei mais para mim mesmo do que para qualquer um, mas Hongbin ouviu e apenas olhou a cena.  

Não demorou um minuto para que tudo acontecesse do mesmo jeito que eu havia falado e Hongbin me olhava com uma cara assustada. Me levantei da mesa saindo dali e, ainda seguindo meu sonho, Hongbin se levantou e foi atrás de mim.  

- Como você sabia hyung? – ele me questionou.  

- Foi apenas um chute – disse, mas estava temeroso, pois sabia qual seria o próximo evento.  

Hongbin abriu a boca para me contestar, mas antes que ele conseguisse falar qualquer coisa, ouvimos gritos e pratos quebrando na cozinha. Eles haviam chegado, achei que teria mais tempo para me preparar, só que minhas expectativas de que nada acontecesse foi frustrada.  

- Hongbin, por favor, fique aqui e se esconda. – comecei – Não saia ate que eu fale que estamos seguros ok?  

Ele pareceu confiar em meu pedido desesperado e concordou com a cabeça. Me despedi dele com um beijo,  sai do quarto trancando a porta atrás de mim e guardei a chave no bolso da minha calça.  

Me dirigi para a cozinha, mesmo sabendo que eles não estariam lá, num ato de esperança, mas tudo que vi foi a bagunça causado pela louça quebrada no chão. Decidi ir para o lugar que eu sabia que eles estariam. Cheguei na sala e respirei fundo antes de abrir a porta a minha frente e assim que entrei naquele lugar, novamente vi o que compunha meu sonho, Ken e N eram segurados, sem dificuldade nenhuma, por dois dos guardas de meu pai. Mesmo de joelhos, eles se debatiam para sair de lá, mas eles nunca seriam mais fortes que os vampiros que os seguravam.  

- Oi meu filho. – ouvi uma voz atrás de mim.  

- No dia em que você me expulsou de minha própria casa, você perdeu o direito de me chamar de filho – respondi me virando para ele.  

- Calma hyung. – senti um peso em meus ombros – O papai tem algo para te falar.  

- Então diga e vá embora. – falei sério.  

- Ja irei falar, primeiro estamos verificando a casa para ver se há mais alguém aqui – meu pai respondeu.  

Meu coração gelou, pois um dos seus guardas que estavam verificando a casa poderia achar o Hongbin e eu tenho medo do que ele poderia fazer com ele. Com Ravi e Hyuk eu não me preocupava, nenhum vampiro, por mais forte ou louco que seja,  ou qualquer outra criatura existente nesse mundo, enfrentaria o filho de Lúcifer e seu servo. Hyuk não gostava de falar, e não contou aos meninos, mas qualquer criatura sobrenatural sabe que ele é o único  filho do rei do inferno. E quem seria maluco de confrontar o príncipe do inferno filhinho de papai? Apesar de Hyuk não voltar ao inferno por opção, pois ele seria muito bem recebido se decidisse voltar, seu pai mantém ele sobre observação e o protege como qualquer pai faria.  

- Achamos esse aqui. – um dos servos de meu pai entrou carregando Hongbin e se posicionou ao lado dos outros dois fazendo Hongbin se ajoelhar também.  

Meu coração acelerava e eu não sabia o que fazer. Da onde eu estava era possível ver a marca que eu havia feito em Hongbin e eu sabia que meus olhos começavam a ficar vermelhos. Para nós, é impossível esconder as reações causadas pelo escolhido, então desviei meu olhar para outro lado e torcia para que nenhum deles descobrisse. Não sei a reação do meu pai caso descobrisse que meu escolhido é um humano, mas tenho certeza que não seria nada boa e ele acabaria machucado, talvez ate morto.  

- Não tem mais ninguém na casa. – os outros dois guardas que meu pai havia trazido falaram.  

Não sabia onde Ravi e Hyuk tinham ido, mas estava aliviado por eles terem conseguido fugir enquanto tinha tempo. Hyuk provavelmente deve ter sentido o perigo e saiu com Ravi de lá. Na sala estava eu, meu pai que me olhava, e meu irmão ainda apoiado em meus ombros. Dois guardas de meu pai posicionados um de cada lado da porta que já haviam fechado de novo, e os outros três guardas segurando meus dois amigos e o amor da minha vida.  

- Agora que estamos sozinhos, eu posso falar o que esta acontecendo. – meu pai começou – Depois que você foi embora, um novo clã chegou a cidade e decidiu declarar guerra aos demais clãs. Nós não entramos na guerra, apenas mandávamos apoios aos que solicitavam. Você sabe que somos os mais fortes, então fomos muito requisitados.  

- E o que isso tem haver comigo? – o interrompi.  

- Que eles decidiram declarar guerra a nós. – ele falou simples – E eu vim atras do nosso guerreiro mais forte.  

- Eu não vou voltar e participar dessa briguinha de vocês – falei sério – Se resolvam sem mim.  

- Ou você vem por bem ou por mal. – meu pai ameaçou.  

- Nada que você me faça, fará com que eu mude de ideia – eu respondi – So volto para lá, morto.  

- Não disse que faria algo a você. – ele disse – Jiwon, pode se divertir.  

Ao ouvir ele falando isso ao meu irmão e o mesmo apenas concordando, eu já sabia o que ele iria fazer. Ele me convenceria machucando meus amigos. E eu sabia que sim, pois no sonho, Jiwon fez a mesma coisa. Meu irmão se aproximou primeiro de N e lhe desferiu socos e chutes pelo corpo todo, até ele estar desacordado no chão. Se aproximou de Ken, em seguida e fez a mesma coisa que havia feito com N, mas Ken resistia mais, seu rosto sangrava, seu corpo já ficava com hematomas visíveis, eu conseguia vê-las em seus braços e pernas já que ele estava de shorts e camiseta.   

- Humanos são fracos, mas esse aqui até que está aguentando bem. – Jiwon disse com um sorriso sarcástico.  

Quando achou ser suficiente, deixou Ken de lado, semi-consciente e se dirigiu a Hongbin. Meu coração doeu mais do que já estava doendo ao ver os outros, e sei que sentiria cada dor em seu corpo como se fosse no meu e sentiria cada soco desferido como se atingisse minha própria pele, mas meu irmão não bateu nele. Ao invés disso, se aproximou e o observou com atenção. Logo depois se virou para mim com um sorriso malicioso.  

- Então esse aqui é seu escolhido hyung? – me perguntou e me recusei a responder. Hongbin me olhava sem entender.  

- Como assim? O que ele quer dizer com isso Taekwon? – meu pai perguntou.  

- Ele tem a marca querido papai – e então puxou a cabeça de Hongbin para traz pelo cabelo, deixando a marca visível a todos.  

- Mate-o. – meu pai falou ao meu irmão. – Eu me recuso a aceitar que seu escolhido seja um humano.  

- Espere. – disse num ato de desespero – Se deixá-lo viver, eu vou com você.  

Meu irmão olhou para meu pai e meu pai fez um sinal com a cabeça para que ele soltasse. Jiwon o soltou de forma bruta, o jogando no chão. 

- Ao menos deixe que eu me despeça – pedi e ele concordou.  

Levantei Hongbin do chão e o abracei com todos as forças. Eu sabia que nunca mais o veria de novo, então me despedi assim como eu fiz no meu sonho.  

- Eu te amo – disse – Sempre amarei.  

- Eu também te amo – ele me respondeu e lágrimas caiam de seus olhos.  

- Seja feliz – respondi – Nos veremos de novo, eu prometo. – eu fiz uma promessa que não conseguiria cumprir, mas precisava dar esperança a ele agora.  

E minha realidade acabou assim como meu sonho acabava. Eu estava indo embora com meu pai para voltar ao clã. Por causa disso, nunca mais veria Hongbin, mas não podia fazer mais nada. Finalmente aceitei que meu sonho foi uma premonição de algo que eu nunca poderia ter evitado. Enquanto me encaminhava para a porta, seguindo meu pai e irmão, lancei um ultimo olhar por cima de meu ombro e dei um sorriso triste para a pessoa que esperava até sairmos para depois poder socorrer seus dois amigos.  

- Oi Vlad – ouvi uma voz grossa atrás de nós e todos nos viramos para olhar. Hyuk estava sentado no sofá de perna cruzada e Ravi, seu fiel servo, de pé ao seu lado. Todos sabiam que ele falava com meu pai, que nesse ponto estava com a cara fechado – Pra que essa cara? Já sei, não gostou do apelido.  Prefere Drácula? – ele falou se levantando e indo em direção ao meu pai. – Então Drac, pra onde você pensa que vai levá-lo? – ele terminou já de frente pro meu pai, o olhando nos olhos.