História My teacher is Luke Hemmings - Let's have some fun...

Um vento gelado passa pelo quarto e me encolho. Abro os olhos com certa preguiça e encaro a janela aberta. Grunindo, levanto e vou até a porta de escape improvisada e a fecho. Olho no visor de meu telefone e vejo que são oito da manhã. A pior parte de estudar de manhã é que quando não precisa levantar cedo, você levanta. 

Dou um replay na noite de ontem. Eu e Luke saímos escondidos no meio da noite, para invadir nossa escola e ficar no telhado falando besteiras. Olhar aquela Sydney de um outro ângulo foi relaxante. As luzes iluminando a cidade, me fez pensar que não sou tão pequena e que mesmo a bagunça na minha vida tem sempre uma janelinha para o horizonte.

- Então vamos fugir Wendy. 

Luke havia me dito. A vontade era imensa, mas não passa de mais um sonho.

Lavo meu rosto, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e desço para meu café da manhã.

Chego com a cozinha vazia, a mesa não estava pronta, mas mesmo assim tinha um cheiro de café no ar. Caminho para a frente da casa e meu pai estava sentado em uma cadeira na varanda.

- Bom dia.-digo para meu pai assim que ele percebe minha presença.

- Olá raio de sol.-ele diz com um sorriso meigo.- Já de pé?

- É costume.-digo e me sento na grade de madeira da sacada.

- Nem nos falamos direito. Como vai na escola?-ele pergunta depois coloca a xícara de café entre os lábios.

- Aquela coisa chata de sempre, mas está tudo bem.-digo e ele sorri.

- Qual é Ash, você é uma menina dedicada e inteligente. Eu sei disso.

- É, quando eu ainda aprendia sobre as formas geométricas. Quadrado, circulo, triângulo... Não sobre a tabela periódica.-zombo.

- Besteira! Ainda é dedicada e super esperta. -ele sorri.- Intrigante seu amigo.-ele diz mas não olha nos meu olhos. Tem um olhar longe.

- Oh... É, ele é.-digo e me encolho em meu casaco peludo e nas minhas pantufas de gatinho.

- Gosta dele?-meu pai pergunta dessa vez me encarando, mas com um olhar neutro.

- Como assim se gosto dele?-pergunto

-Ué... Gosta ou não dele?

- Ah. Sim, ele é muito... Legal.-digo e sinto minha voz falhar.

- Uma pessoa legal?-ele pergunta e questiono onde ele quer chegar.

.- Uma pessoa legal.-balaço a cabeça afirmando.

-Certo... Eu conversei com sua mãe e... Pode ir no casamento. 

- Sério?-pergunto surpresa- Wow... Obrigada pai!-sorrio e o abraço.

- De nada, agora vamos para dentro, vai ficar resfriada.

                                                                                         ***

A manhã passa rápida e quando vejo são quase meio dia e eu ainda estou de pijamas. Uma das maravilhas de domingo. 

Almoço e chamo Niall para vir aqui em casa assistir alguns episódios de nossa série. Ele diz que não dará certo, já que ele tem que passar a tarde na casa do Tio com a família. Digo que está tudo bem e prevejo um domingo bem tedioso. Penso em Luke na hora. É divertido a maneira como o vejo agora. Minha válvula de escape. Ele me distrai e me diverte, pena que não posso ter isso o tempo todo.

O tempo passa devagar. Estou lendo um romance de cabeça para baixo —sim eu costumo ler de cabeça para baixo, mania que tenho desde pequena. E como se Deus tivesse escutado meus pensamentos, meu telefone vibra e na hora que olho para o visor, vejo uma mensagem de Luke.

Luke: Heey :)
             Me: Hey
            Luke: Muito ocupada?
            Me: Nah. Por quê?
            Luke: Não quer dar uma saída comigo?
           Me: Onde?
           Luke: Surpresa!
           Me: Já esperava. Sempre cheio de surpresas.
           Luke: Oh, por favor! Estou com uma dúvida cruel...
           Me: Okay... Onde te encontro?
           Luke:  253 Pitt St.
          Me: Está louco? Vai demorar para eu chegar aí a pé.
          Luke: Peça um táxi, eu pago depois mas venha por favor. Rápido.
          Me: Oh Deus. Okay. 

Só o Luke para me fazer ir tão longe. Só espero pelo menos que o trânsito colabore. São três da tarde e eu preciso tirar meu pijama quentinho e colocar uma roupa menos domingo.

Aviso para meus pais que preciso sair com urgência. Digo que Luke precisa de mim para algo, que nem eu sei exatamente. Depois de insistir ao máximo meu pai deixa e diz que me leva até lá.

                                                                                                   ***

Meu pai e eu entramo no carro e eu ligo o rádio. Na rádio toca Justin Bieber, torço o nariz mas deixo.

- No que exatamente seu amigo precisa?-pergunta meu pai.

- Eu não sei exatamente, ele diz que está com uma dúvida. E não faço ideia que rua seja essa.

- É uma rua comercial.-meu pai explica.

- Estranho... Bom, na hora veremos.

Minutos de viagem passaram e quase dormi no banco de couro por um momento, até que meu pai cutuca meu ombro e diz que chegamos. Ele estaciona e abre as portas.

- Qualquer coisa me ligue. Tchau querida.

- Okay, tchau pai.

Olho o número pelo meu celular e olho em volta. Pessoas passavam tranquilas mas encolhidas em seus casacos. Olho nas paredes das lojas olhando os números, até que acho o 253. Era uma loja de smokings e ternos, que se chamava Ron Bennett.

Entro na loja e o ar condicionado está ligado no frio, cruzo os braços tentando me esquentar. Ohho em volta da loja em busca do topete loiro, mas falho. Até que um homem de terno aparece.

- Boa tarde senhorita, precisa de algo?

- Boa tarde. Bem, eu estou procurando um amigo. Ele tem cabelo loiro, piercing...

- Oh, ele está aqui. Por favor me siga. - diz o homem que aparentava ter uns quarenta anos.

Observo a loja e parecia um lugar chique. Com lustres, organização e vendedores bem vestidos. A loja tem um cheiro bom de perfume de homem e uma música , que não sei qual exatamente, toca no fundo. O homem me leva para a parte mais no fundo da loja, onde encontro Luke com uma camisa social branca, uma gravata frouxa no pescoço e samba canção.

- Graças!-ele diz assim que me vê.

Ele chega, dá um abraço e um beijo na bochecha.

- Tudo bem? -ele pergunta sorridente.

- Sim... O que aconteceu?-pergunto tentando não encarar muito um Luke de samba canção.

- Bem, o casamento é daqui um mês e eu sou padrinho e blá blá... Enfim, minha mãe pediu para eu ir atrás da roupa já. E eu vim aqui mas sou péssimo nisso. Preciso de sua ajuda.-ele diz e seus olhos me obrigama dizer sim.

- Certo. Eu sou a Wendy e não a sininho mas vou ajudar.-ele ri e me puxa para perto de dois ternos.

Um deles era cinza tinha um colete,camisa social branca, um terno com um cinza mais escuro, calça da mesma cor do colete e uma gravata também cinza, porém mais claro. O outro era preto. Camisa social preta, gravata cinza, colete cinza mais escuro puxado para um quase preto, terno da mesma cor que o colete, porém nas dobras a cor era da camisa social, e a calça era a mesma cor do colete. Esse era o mais sofisticado o outro cinza, me pareceu mais simples.

- Wow, eles são lindos. Entendi a sua dúvida cruel.-brinco.

- E eu não posso ir de qualquer maneira, eu sou o padrinho. Minha vontade era de ir com uma jaqueta de couro e pronto.

- Olha, você está em uma posição difícil. Não pode roubar a cena do noivo e também não pode se misturar com os convidados. Os padrinhos não combinarão a roupa?

- Não. Na verdade o casamento não será tão grande. O casamento vai ser na igreja e a festa será na casa dos meus pais.

Fico pensando no tamanho do lugar para se fazer uma festa de casamento...

- Eu pesquisei na internet sobre as dicas de padrinho de casamento e diz que todos devem ir iguais. Todos de terno escuro, todos de terno claro ou todos de terno porém a cor fica a critério de cada um.-diz Luke.

- Alguém realmente está empenhado.-digo e ele ri.

- É o casamento do meu irmão... É o mínimo. -ele diz dando de ombros.

- Verdade. E se me permite uma dica.-diz o senhor que me acompanhou até Luke- Ficaria mais bonito todos da mesma cor e o noivo de outra. Assim nas fotos sairá estupendo. 

- Eu acho que você ficaria melhor no cinza. E é normal os padrinhos irem de cinza, mas se vão de preto o colete acaba sendo de outra cor. Cinza combinaria com o tom da sua pele, e por você ser loiro acho que ficaria melhor. Casamento será que horas?

- Será à tarde. Depois a sessão de fotos, depois a janta e aí festa, à noite.

- Eu consideraria o cinza.-diz o senhor.

- Também acho. -digo.- Luke, mas essa loja não é para homens grandes e altos? 

- Temos também números menores senhorita.-o vendedor diz.

- Vou provar e você me diz o que acha.-Luke pega o traje cinza e entra na cabine.

Sento me no sofá e o vendedor se aproxima.

- Permita me perguntar... É namorada dele?-ele pergunta educadamente, com postura.

- Oh... Não. Sou só amiga.-dou um sorriso envergonhado.

- Oh, perdão. Pensei que fosse acompanhá-lo no casamento. Assim indicaria algumas lojas para madrinhas...

- Eu vou no casamento, porém não como madrinha. Obrigada, mesmo assim.-agradeço e o vendedor balança a cabeça.

Luke sai de dentro do provador e tem a gravata frouxa. 

- Alguém me ajuda? Sou péssimo nisso.-ele ri.

Vou até ele e ajeito sua gravata. Depois a coloco dentro do colete e abotoou seu terno.

- Está lindo.-digo assim que ele se vira no espelho para analisar.

- Está mesmo.-diz o vendedor.- E podemos dar 10% de desconto no pagamento a vista.

- Obrigado.-Diz Luke.- Então esse?

- Temos que ver em outros lugares, e também ir ajustando.-digo.- Sempre tem mais de uma opção. E temos um mês pela frente.

- Foi o que eu disse para minha mãe, e ela quase me esganou pelo telefone.-ele dá risada.

- Relaxa, vai dar tempo.-digo e ele assente.

- Hey, qual seu nome?-Luke pergunta ao vendedor.

-Robert senhor.

- Então Robert, pode deixar esse terno reservado para mim?

- Tem uma semana senhor. E lhe garantimos ajustes na roupa caso o senhor fique com ele. 

- Okay, muito obrigado.-ele diz.

Luke volta para dentro do provador e retira o traje. Depois de uns minutos ele retorna bem mais Luke Hemmings. Jaqueta de couro, calça jeans preta e All Star. 

- Agora sim está você mesmo.-digo 

- Ainda bem que disse isso, pensei que diria algo como "Nossa você estava mais bonito de terno."-ele brinca e dá o traje para Robert, que leva para o outro lado da loja.

- Nah... Estava lindo mas você, é mais você assim. Com All Star.

- Obrigado.-ele diz envergonhado.

                                                                                        ***

-Obrigado Robert, até mais.-diz Luke e saímos da loja. 

Começamos a andar pela rua, conversando e encolhidos.

- Onde mais podemos ir?-ele pergunta.

- Tem uma loja na Dymocks Building, mas não sei se funciona nos domingos.-digo 

- Podemos ir depois da aula?-ele pergunta

-Claro.

-Droga!-Luke para e põe as mãos no rosto.- O presente! Eu não comprei ainda!

- Calma, você tem tempo.

- Esse não é o problema, o ponto é que eu não sei o que comprar...-ele diz e respira fundo.

- Calma, vamos achar algo. Hoje não adianta, já que é domingo. Mas podemos ver essas coisas essa semana. Eu também tenho que ver presente e vestido...

-Espera.-ele interrompe- Você vai?-ele pergunta surpreso.

- Ah, eu ia te falar... Meus pais deixaram.

- Yeah!-ele da um pulo e dá risada.- Vai ser melhor ainda o casamento agora. Vamos achar um vestido para você.

- Eu não faço ideia do que usar... Não pode ser comprido, nem luxuoso... Sou terrível nisso.

- Qual é, não é não.-ele põe a mão em meu ombro.- Ajudou me muito hoje. Agora eu te ajudo. Vem, vamos.-ele diz me puxando pelo braço.

-Onde?-pergunto e ele vira para mim.

- Nos divertir um pouco...

                                                                                           ***

- Você tem uma moto?-pergunto assim que ele sobe no automóvel.

- É do Michael. Ele me emprestou enquanto consertamos o carro.-ele explica e coloca o capacete.- Sobe aí.-ele diz e me estende outro capacete.

É uma moto Honda, não sei dizer que tipo nem nada mais detalhado, afinal não sei muito sobre motos e carros. Mas ela é vermelha, simples e é da Honda. Subo na moto e então Luke acelera. Meu braços estãos firmes em sua cintura e a cabeça encostada em suas costas. Nunca me senti tão confortável.

- Segure se.- ele diz e vamos mais rápido.

A sensação é de adrenalina. Um pouco de medo vinha junto com as pernas bambas, mas nada que me assustasse. Andamos por uns 10 minutos, até que Luke para na frente da Rodeo Drive Boutique. Ele estaciona a moto e descemos. Minhas pernas estão bambas e me seguro em Luke.

-Está bem?-ele pergunta me segurando e seus olhos se fixam nos meus.

-Sim, só estou com as pernas meio bambas. Já passa.

-Muita turbulência.-ele brinca.

Fico em pé me segurando nele por um tempo e depois sinto que já estou equilibrada.

-  Certo...-dou dois passos- O que estamos fazendo aqui?-pergunto.

-Vendo um vestido para você, ora.-ele diz 

- Luke, isso é a Rodeo Drive. Rodeo Drive! E eu nem tenho dinheiro para vir aqui. Eu posso ver meu vestido sem pressa.

-Mas podemos ver agora.- caminhamos até a porta da loja e está trancada.- Droga.

- Aqui diz que fecha as 4p.m.-digo olhando uma plaquinha na vitrine.- São cinco e pouca já.

- Então vamos amanhã.-ele diz com as mãos na cintura e olhando os vestidos.

- Amanhã está fechado.-digo e cruzo os baços.

-Sério isso?-ele parece irritado e olha a plaquinha.- Que droga. Bom então, terça.

- Como eu vou pagar alguma coisa daqui? É os olhos da cara o preço aqui. Eu posso ver em outro lugar...

- Isso não será problema, acredite em mim. -ele diz tranquilo. - Só veja algum aqui da vitrine sei lá.

Bufo e observo os vestidos. De um lado estão uns de noiva. Compridos, com pedrinhas e maravilhosos. Do outro uns mais claros, e curtos. Tem um que o manequim está usando muito lindo. De alça, porém não muito fina,claro, com um tecido rendado por cima e aberto na frente. Encanto me por ele na hora que vejo.

- Wow, olha esse!-digo e me aproximo.

Luke chega perto e analisa. 

-Lindo mesmo, mas não vai poder usá-lo.-ele diz sério.

-Oh...-desanimo- Por quê?

- Roubará a cena da noiva. Estará mais linda que ela.-ele elogia e assim percebo que está brincando.- Aliás pode estar usando um saco de batatas que ficara estupenda.

-Bobo.-sorrio envergonhada- Obrigada. Enfim, esse está lindo. Mas não posso levá-lo.

-Pare de olhar para o preço Ash. -retruca Luke.

- Claro que preciso! São minhas economias que vão comprar para mim algo.

- Fica relaxa que eu darei um jeito. Agora que já escolheu, podemos voltar? - pergunta Luke.

-Claro.

Colocamos nossos capacetes, subimos na moto e voltamos para casa.

                                                                                            ***

Luke para a moto na frente da minha casa, desçemos e tiramos os capacetes.

-Obrigado por hoje Ash.-diz Luke parado na minha frente.

Ele ajeita o cabelo, olha para mim com seus oceanos pacíficos e sorri.

- Eu que agradeço. -dou um sorriso.

Ele se aproxima, coloca a mão no meu pescoço e beija minha testa. 

-Estou louco para te ver naquele vestido.-seu sorriso cresce.

-Até amanhã?-digo.

- Até amanhã minha sininho temporária.-ele diz, eu reviro os lhos e sorrio.

Entro em casa, e pela fresta da janela, observo ele subir na moto e partir. No momento quero deitar na cama, cheirar meu casaco que está com seu perfume e contar as horas para segunda feira ou talvez contar os minutos por uma pedrinha na janela.