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História .my world - Capítulo Único


Escrita por: InsideMyself

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction .my world - Capítulo Único



 Eu sempre amei seus cabelos negros. Por mais que isso seja comum, você tornou uma raridade.

Eu lembro da primeira vez que te vi, um garoto simples, gentil, carismático… Mas, no fundo de seus olhos, eu via aquela tristeza escondida.

Tive o privilégio — ou azar, chame como quiser — de ser seu vizinho. Foi quando eu comecei a te observar, quando me apaixonei perdidamente em seu sorriso.

Foi engraçado o dia em que peguei as chaves erradas, então você me levou para seu tal esconderijo. Era um lago no meio da floresta, era lindo, o tom da água lembrava seus olhos.

Nadavámos como nunca, estava sendo um dia divertido. Mas eu estava um pouco doente, então acabei me "afogando". O que seria o pesadelo de qualquer um se tornou meu paraíso, você lembra por quê?

Seus lábios macios tocaram os meus com tanto desespero, tanta pressa. Eu gosto de ver isso como um beijo, não um ato desesperado de salvar minha vida — o que, cá entre nós, continua bem romântico.

Foi nessa época, quando estava completando meus treze anos, que eu entendi o que sentia. Parecia tão improvável, tão errado. Eu não tive coragem de te contar, nunca teria…

Fomos crescendo juntos, um sendo o suporte do outro. Tivemos uma amizade tão pura e agradável que só podia ser estragada por mim, uma perdição total. Nossas brigas eram baseadas em ciúmes, mesmo que você nunca soubesse disso.

Não foi coincidência que nos afastamos levemente em seu primeiro amor. Chaeyong era linda, eu admito. Mas por ela eu só sabia sentir inveja. Uma inveja suja e desagradável, contrariando nossa bela e contínua amizade.

Ouvir você falando sobre ela, a elogiando, a tornando uma deusa, me machucava. Mas era uma dor terrível, uma dor na qual eu chorava nos braços de minha mãe.

Quando eu contei, ela sorriu e me deu um cafuné.

— Eu nunca deixaria de te amar por isso, querido! — Ela dizia limpando minhas lágrimas. — Eu só quero que você seja feliz, com um homem ou uma mulher.

Ela foi um grande apoio.

De qualquer modo, eu estava melhor quando você deixou essa paixão de lado. Lá estávamos nós, dois grandes amigos seguindo a vida.

Por vezes eu me odiava, afinal, eu desejava seu azar em qualquer paixão. Tive o que mereci em seu primeiro namoro, quando Lalisa se tornou muito mais do que uma "crush".

Ainda lembro quando chegou animado, querendo muito me contar algo. Foi a segundo vez que juramos de mindinho, porquê, obviamente, era algo sério.

Foi então que a bomba caiu:

— Jimin… Eu perdi a virgindade, cara. Foi estranho, mas… Incrível!

Eu sorri, eu dei o sorriso mais forçado que meu corpo permitiu. Por dentro, eu estava em cacos.

Por mais que eu tentasse superar, eu não conseguia. Eu sempre ficava de noite, olhando pela janela, lembrando que você não estava em casa. E sabe por quê? Porque você estava na casa dela. Na cama dela. Nos braços dela.

Isso não foi nem metade da super notícia, ainda tinha mais… Eu ainda iria te perder mais um pouco.

Foi na festa de Lalisa, eu lembro bem. Era um domingo frio, apesar da festa quente. Eu estava sentando em um canto, querendo ao máximo ir para casa. Você chamou a atenção de todos, aquela maldita garota loira em seus braços.

— Eu queria anunciar que… Eu e Lalisa, nós estamos noivos. — Seu sorriso deixava evidente tudo que eu não gostaria de ver. Você estava feliz, com ela.

Foi quando a mesa de bebidas se tornou atraente para mim. Não lembro o quanto eu bebi, só que eu estava cambaleando por onde passava.

Saí pela porta dos fundos, me deitando na grama gélida. Lembro de fitar as estrelas, tentando encontrar constelações.

Alguém havia deitado ao meu lado, quando virei meu rosto, lá estava você. Seu cabelo bagunçado, olhos brilhando, sorriso estampado… Ah, como você estava feliz.

— Parabéns. — Desejei falsamente, tentando agir como um bom amigo.

— Obrigado, cara. — Colocou suas mãos abaixo da cabeça. — Eu vim me despedir.

— Quê? — Me virei para você, confuso.

— É, a gente vai passar um tempo em Busan, depois voltamos. — Deu de ombros, se sentando na grama.

Foi quando minha visão ficou embaçada, meus sentidos atordoados. Eu estava o perdendo por completo. Eu não teria nem mais o privilégio de olhar em seus olhos, tocar suas madeixas, sentir seu cheiro doce porém másculo.

Foi quando, tomado pelo álcool, me aproximei. Eu devo ter sido bruto, talvez não. Só sei que puxei sua nuca, tocando nossos lábios.

Dá pra acreditar que era meu primeiro beijo? Vinte anos na cara, lábios virgens. Isso, sem contar quando você salvou minha vida. Eu nunca te contei que era BV, mas você nem ligava. A última — eu adoraria que fosse a primeira — coisa que falava comigo, era sobre amor.

Lembro de mover meus lábios, agindo por instinto. Você não se afastou, menos ainda me empurrou. Só ficou imóvel, enquanto eu saciava meu desejo tão antigo quanto nossa amizade.

Eu estava tão próximo, podia sentir sua respiração quente em meu rosto no momento em que me afastei. Você abriu seus olhos lentamente, me analisando por alguns segundos.

— Cara, você 'tá muito bêbado! — Riu, limpando seus lábios com as costas da mão. — Isso foi estranho, não faz mais isso, hem?

Olhava ao redor, para ter certeza que ninguém havia visto.

Você deve ter considerado constrangedor, um erro. Mas para mim, foi a maior conquista de minha vida.

— Vem, vamos beber uma água. — Estendeu sua mão, a qual eu segurei e fui puxado para cima.

Depois dessa noite, fiquei meses sem te ver. Eu precisava me ocupar, foi quando descobri meu amor pela dança.

Eu podia colocar meus sentimentos em cada passo, podia contar uma história. Eu lembrava de cada detalhe de minha vida, colocando emoção em todos os meus movimentos.

Eu treinava todos os dias, tentando chegar ao nível daqueles que aprendiam desde a infância.

Faltavam poucos dias para um espetáculo, foi quando você voltou. Isso abalou todas as minhas estruturas, eu temia que meus dias de ensaio fossem em vão por sua causa.

Mas não, eu brilhei. Pisando naquele palco, eu dançava com todos os meus esforços. Estava nervoso, é claro, eu sabia que você estava lá em algum lugar.

Lembro de seu abraço apertado, seu sorriso largo e animação. Era bom te ver, bom demais para ser verdade.

Seguindo a fila de pessoas a cumprimentar, cheguei em Lalisa. Ah, foi difícil. Olhar em seu rosto era um desafio. Tocar em sua mão? Um inferno. Mas eu precisava lidar com isso, precisava lidar com ela.

Os dias iam se passando, o casamento estava chegando cada vez mais perto e…

Bom, agora eu estou aqui, sentando em uma mesa minimamente detalhada, enquanto você dança com ela. Vocês formam um casal legal, duas pessoas radiantes, belas, gentis. Eu provavelmente seria um erro, como já sou.

Eu já estragaria qualquer chance de um relacionamento contigo, afinal, eu nunca seria uma mulher. Eu nunca usaria um vestido ou um véu, um salto e muito menos um batom para borrar em seus lábios macios.

Eu nunca teria cabelos compridos, aqueles nos quais você enrolaria seus dedos sem querer ao tentar fazer um coque. Onde você enterraria seu nariz, ou usaria para fingir ser um bigode.

Na verdade, eu pintei meu cabelo, mas você nem notou. Eu estou loiro, sabia? É bem diferente do antigo preto. Anos atrás, isso faria alguma diferença para você. Mas agora, as únicas mechas loiras que importam são as de Lalisa.

Você fica muito bem de terno, é triste porque isso simplesmente dói. Por que não podemos usar terno juntos? Ambos no altar, ambos desejando um ao outro.

Eu fico me iludindo… Como se um dia fossemos ter algo. Nosso beijo foi uma piada para você, mas eu te amo. Eu te amo muito mais do que ela, eu te amei muito antes dela chegar. Você é meu mundo, entende?

Mas eu não posso te contar isso. Você nunca aceitaria meu amor, nunca sentiria o mesmo.

— Ei, vem dançar com a gente! — Você chamou sorrindo, ao seu lado, ela.

 Sorri. Como antes, agora e sempre, o sorriso era falso. Para você, JungKook, eu nunca mais sorriria sinceramente.








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