História Na escuridão da noite - Notícias inesperadas

Pov. Cebola

- ALGUÉM CHAMA LOGO A AMBULÂNCIA - eu não sabia o que fazer, e mesmo sendo minha culpa, ter acontecido tudo aquilo, eu fiquei desesperado.

Eu queria gritar, chorar ou simplesmente espernear como uma criança. Mas eu estava preocupado demais com a Mônica, para agir feito uma criança mimada. Senti minhas mãos suarem, meu coração acelerar a tal ponto, que eu nem sabia ao certo se ele estava batendo.
Medi seus pulsos, e felizmente, ela ainda estava viva.

Observei sua pele pálida, seus cabelos estavam ensangüentados, seu braço tinha um corte profundo ao qual eu tinha certeza que iria ficar uma cicatriz horrível ( tudo por minha culpa ), vi seus lábios mais vermelhos por causa do sangue, seu rosto tinha arranhões espalhados por todo canto. Continuei a observando, até algo me chamar atenção, quando peguei aquele objeto, vi que era o celular dela. O celular estava aberto no what's app, numa conversa que a propósito me levou a ler ela.

Aninha ( Ana ) visto por último às 15:32

Então Mô, vc e o Cas vai demorar muito?

Não a gente finalmente achou uma floricultura aberta, sabe aquela do lado de uma lanchonete, o Cas ta terminando de pegar as flores pro caixão do meu pai.

Claro! De verdade Mô vc sabe q nós sentimos muito pelo seu pai, eu e o Titi vamos esperar na casa dele ok?

Sim.

Não tive muito tempo para continuar vendo as mensagens, pois o Cascão apareceu me puxando pelo braço, enquanto parte de mim ainda continuava la naquele chão, tentando processar tudo, tentando me fazer acreditar que aquilo era só um pesadelo.

- Espero que você fique longe da minha irmã, já não basta você ter acabado de quase mata-la, espero nunca mais ver a sua cara.

- Mas eu não... eu não.... não posso deixa-la desse jeito, ela praticamente acabou de perder o pai e...

- Ah gênio! Descobriu agora foi? Poi bem, eu só tenho uma coisa a te dizer.... Problema seu! Não quero você perto da Mônica, nunca mais.

Ele não me deixou falar mais nada, simplesmente virou as costas e me deixou lá plantado como um imbecil ( o que eu verdadeiramente era naquele momento ). Sinceramente, como eu pude pensar que ele estaria ficando com a Mônica? Ou então como pude pensar que eles dois estariam saindo na cara dura? Como eu pude beijar a Magali? Ou como eu pude deixar aquilo acontecer?
Pude sentir meu rosto ficar quente, e inconsequentemente pude sentir que estava chorando. Lagrimas grossas que encharcavam meu rosto, que desciam lentamente, e eu não conseguia controlá-las, sabia que havia muitas pessoas me observando e sei que talvez algumas estariam me julgando, mas eu realmente estava pouco me fudendo para elas.

Fiquei la até a ambulância chegar, até eu poder ver que a Mônica estaria a salva, até eu ver o Cascão indo com ela, até simplesmente não restar ninguém alem de mim, de algumas pessoas que ainda estavam curiosas o bastante para continuar ali, a chuva e ...... a Magali. Me aproximei dela com cuidadosamente, limpando as lágrimas que ainda estavam no meu rosto.

- Magali eu acho que.... nós dois sabe, precisamos conversar porq.....

- Cala essa boca Cebola! Será que você não percebeu, que tudo isso é culpa sua. Sabe você merecia mais que um tapa. Eu sinceramente não sei como a Mônica pode se apaixonar por você.

- Não foi só eu que tive culpa. Afinal você como " melhor amiga " dela, deveria mais do que ninguém ter acreditado nela em vez de bater.

- Ah então você só esta querendo se livrar da culpa não é Cebola? Pois deixa eu te falar uma ultima coisa. Você mais do que ninguém deveria ter confiado nela, afinal Cebola ela era sua namorada.

Ela saiu, correndo, e mesmo assim eu sabia que não era por causa da chuva, mas sim por minha causa. Mas em vez de ficar em qualquer lugar para esperar a chuva passar, eu resolvi andar por ai.

Nunca me senti tão vazio, quanto eu estava naquele momento, poderiam colocar toldas as mulheres mais sexys e incríveis na minha frente, me dar um milhão de dólares, poderiam me dar o mundo, e mesmo assim nunca chegaria, sequer perto, de preencher o vazio que estava em mim. Eu a amava, e não conseguia mais acreditar naquelas fotos, e ver ela daquele jeito, quase morta, me fez sentir tão mal, a ponto de pensar que meu mundo acabaria, eu não queria sair de lá.

Eu continuei andando até chegar ao lado de uma cafeteria, e então reconheci duas vozes femininas que me eram muito familiares. Magali e Denise. Apenas cheguei perto o suficiente para ouvir a discussão.

- .... vai Denise, pode confessar, quero ouvir isso saindo da sua boca. Vamos, diga a todos que estão aqui o principal motivo da sua pequena comemoração

- Ah Maguinha por favor, não faça esse showzinho aqui! E para você ficar sabendo eu estou comemorando o quanto meu grupo é melhor do que o seu em questão de....

- Para com isso sua vadia ruiva! Fala logo a verdade. - ergui um pouco a cabeça e pude ver a cara de ódio da Magali e um sorriso enorme na cara da Denise.

- Tudo bem! Eu estou comemorando tanto a burrice do Cebolitos quanto a sua. Por acreditarem naquelas fotinhas falsas minhas flor. Agora que aquela imbecil, nerd da Mônica esta literalmente fora do meu caminho, eu posso pega-lo de volta, e.... talvez eu até pegue o seu ex, afinal aquilo la não é gostoso que se desperdice.....

Não deu tempo para a Denise continuar com o discurso dela, pois a Magali partiu pra cima dela dando socos e tapas.

E em vez de ficar quieto, eu fui la e tirei a Magali de cima da Denise.

- ME SOLTA CEBOLA..... EU TE ODEIO.... DENISE EU AINDA TE PEGO SUA PUTA - a Magali esperneava, me chutava e me empurrava até eu conseguir tira-la de lá e ficarmos longe o suficiente da cafeteria.

- Para! Você tem que se controlar Magali

- Me controlar? Me controlar? Cebola você não ouviu não? A Mônica quase morreu por culpa dela! Não, foi mais
 por culpa nossa Cebola. E você vai ficar me pedindo para eu me acalmar? Quer saber foda-se! Isso foda-se. - ela dessa vez foi verdadeiramente pra casa e pela segunda vez eu fiquei sozinho.

Pov. Mônica

Tum. Tum. Tum. Tum. Tum.
Era tudo o que eu ouvia. Eram barulhos de máquinas ao lado de maquinas.

Eu não sentia nada, e realmente não conseguia abrir meus olhos, era como se estivessem costurados, assim como minha boca. Por uma pequena fresta, que eu consegui (com muito esforço) abri, pude ver que estava em um hospital. Não consegui ver muito, porque a minha cabeça doía por causa da claridade, ou seja, voltei rapidamente a fechar meus olhos.

Mesmo assim consegui ouvir passos de alguém entrando, que pelo perfume doce reconheci que era a Magali. Eu realmente não entendia o que ela estava fazendo aqui, depois de tudo que tinha acontecido, mas como eu não podia fazer nada, simplesmente continuei quieta.

- Oi Mô! Sabe, você nos deu um susto enorme hoje, verdadeiramente eu fiquei com muito medo que tivesse acontecido algo pior. Sabe Mô.... - pude perceber que agora ela estava chorando - me desculpa por... por .... por ser uma idiota e não acreditar em você. Eu queria poder voltar no tempo, para não te fazer sofrer, como eu sou burra.... eu sinto sua falta. Sei que não faz nem três horas direito que você esta longe, mas, eu prefiro ver você chateada comigo e viva, do que nesse estado que você está agora. - ela ficou mais uns cinco minutos comigo, apenas segurando minha mão enquanto a acariciava, e então ela se despediu com um abraço e outra pessoa entrou.

Quando chegou bem perto de mim e segurou minhas mãos soube que era um garoto, pelas mãos ásperas.

- Oi! - Cebola. Soube que era ele, tanto pela voz, quanto pelos meus batimentos cardíacos, que por sinal das máquinas estava bem acelerado - Sei que se você estivesse acordada, iria odiar que eu estivesse aqui - Que bom que você sabe! Tive uma vontade enorme de falar - sabe Mô, tenho que te dizer que foi difícil entrar aqui, fingi que era seu irmão e estava te trazendo as roupas. Ah e por falar de roupas, eu ainda tive que rouba-las da Aninha. - ele soltou um risinho, e apertou um pouco mais, minhas mãos - Sei que não vai adiantar eu te pedir desculpas, porque seria a mesma coisa de falar com essas paredes. Sabe ..... eu realmente estou morrendo de saudades. Pode parecer meio hipócrita mas.... eu ainda te amo, e muito. Sabe, eu fiquei relembrando, quando foi a primeira vez que nos vimos, eu lembro que era uma manhã bem fria, e você estava com um vestido preto, que pra falar bem a verdade quase me fez babar por causa do decorte - ele soltou uma risada meio triste e voltou a falar - eu nunca tinha visto alguém tão brava, como você. E naquele dia você me mostrou que nervosismo e beleza, combinam e muito, e ...... eu lembro da nossa primeira briga. - tive vontade de sorrir mas eu realmente não conseguia - Eu sei é hilário, porque tudo o que vem na minha mente, são todas as nossas brigas que tivemos. Tipo quando você brigou comigo por ter derrubado seu livro.... ou então por causa do volume alto da música no outro dia..... ou então porque eu me intrometi na sua vida e você teve aquela briga com sua mãe..... ou então quando você estava no parque.... sabe... tentando se.... - ele engoliu em seco e então continuou - tentando se matar. Por favor Mônica não vai embora, você ainda é muito importante pra mim. Me perdoa por não ter acreditado em você, tudo isso foi um plano da Denise e.... eu cai como um verdadeiro otário. Me perdoa por favor eu... eu... eu te amo. Te amo e muito. Sabe, você mudou tudo na minha vida, eu não sei se aguentaria te perder. - pude sentir lágrimas descendo pelas minhas mãos, e eu sabia que não eram minhas - Eu tenho que ir. Mas eu volto Mô, eu prometo. - ele disse isso me dando um beijo demorado e acariciando meu rosto, quando passou uns três minutos ele foi embora.

Eu recebi mais visitas depois disso, primeiramente do Titi, depois a Aninha, e por último o Cascão. E foi bem na visita dele que eu finalmente consegui abrir os olhos, e então eu consegui falar, e pouco tempo depois, de uma pancada de exames, o medico disse que eu estava praticamente pronta para ir, ele só tinha que me dar uns avisos sobre os remédios e mais uma notícia importante.

- Então doutor tem algo de errado? - eu perguntei um pouco preocupada

- Claro que não senhorita Souza! Afinal seus resultados de exames, foram ótimos, para quem praticamente acabou de sofrer um acidente, mas durante alguns exames médicos, podemos observar o desenvolvimento de um pequeno embrião.

- Como? Quer dizer... poderia me explicar um pouco melhor. - claro que eu sabia o que significava um embrião, só que eu tinha que ouvir da boca dele

- Senhorita Souza, você está grávida.