A Realidade Alternativa
Queria que não fosse tarde demais. Por tanto tempo rejeitou um sentimento que a confundia. E agora sua força estava toda resignada naqueles olhos negros.
Porém, eles não a reconheciam. Não era o mesmo Sasuke, e no fundo ela sabia. O medo de que ele jamais se lembrasse de tudo o que passaram, de que ele perdesse todo o progresso que haviam conseguido.
Mas foi assim. Sakura sabia que podia amá-lo com todo o seu coração. Mesmo assim, o mundo em que viviam se parecia com um infinito purgatório, fazendo-os dar voltas em círculos. Não, não podia mais esperar.
Sasuke agitou-se na cama hospitalar, afastando os cobertores com medo. Desajeitada, ela o encarou engolindo seco. Distanciou-se, dando-lhe espaço. Não... Ele não se lembrava.
- Sasuke... Você sabe quem eu sou? - O questionou.
Ele a encarou confuso, semicerrando os olhos ao analisar a face dela. Mas de nada, nada conseguia se lembrar. Apenas borrões cinza, névoas e espaços em branco preenchiam sua mente.
Sasuke meneou a cabeça, negando, dizendo claramente que não a conhecia. Aquilo doeu.
Deus, como aquilo doeu. O coração de Sakura naufragou em soturnidade. Queria se afogar em um poço infinito de lágrimas. Ela correu, saindo do quarto apressada. Aki encarou Sasuke preocupada, e ele interpôs uma enorme interrogação ao vê-la sair desesperada.
Caminhava pelo corredor do hospital a passos largos, indo em direção à recepção. Seus olhos estavam marejados, e ela suprimia cada lágrima que tentasse cair.
Saiu do hospital e encarou o céu estrelado. A noite era tão martirizante, que marteladas latejavam em sua cabeça. Uma enxaqueca tomou conta da mesma. Ela abriu os braços ainda olhando para o céu, e no estacionamento do hospital ajoelhou-se.
- Não... – Sussurrou. – Isso não.
Sentiu uma mão pousar em seu ombro. Seus olhos arregalaram-se, e imaginou ser ele. Talvez, sim, ele teria se lembrado. Mas era Aki, que se agachou para consolá-la.
- Ele não se lembra de mim.
- Não fique assim, mãe. Deve haver uma explicação.
- Eu quero desaparecer. Quero desaparecer.
- Não! – Aki a levantou, olhando-a incisivamente. – Você tem que se recompor. Estamos no final. É a sua vez de lutar por ele!
- Eu não posso! Não tenho forças. Eu...
- Tem sim! – Aki sorriu, abraçando-a. – É a melhor hora para revelar seus sentimentos ao papai.
- A culpa é minha. Eu o rejeitei tantas vezes que o fiz se esquecer de mim.
- Isso não é verdade. Dentro dele, em algum lugar, você ainda permanece forte.
Sakura sorriu para Aki, abraçando-a desesperadamente.
- Eu te amo, Aki.
...
Um táxi chegava ao hospital, carregando Sakura, Sasuke e Dan. Ao parar no estacionamento, Sasuke avistou Sakura e Aki abraçadas.
Pagou pela corrida, agradeceu ao taxista e saiu do carro abrindo a porta para a esposa e o filho saírem também.
Sakura enrolou um cachecol no pescoço de Dan, e ajeitou sua touca. Ele abraçava o pequeno dinossauro verde com propriedade, defendendo-o totalmente.
- O que estão fazendo aqui? – Sasuke questionou ambas.
Aki e Sakura se entreolharam desorientadas.
- Mãe, pai, eu posso explicar tudo.
No refeitório do hospital, acomodaram-se. Sakura pediu um chocolate quente para Dan, mais alguns salgados. Ele se divertia com o dinossauro, abraçando-o e conversando com o bichinho de pelúcia.
Um pouco mais distantes, e observando Dan, Sasuke iniciou uma audiência com as duas. A esposa mais nova e a filha.
- Muito bem. Podem começar. – Sasuke foi direto.
- Encontramos a penúltima peça do quebra-cabeça. – Aki afirmou. – Ela estava aqui na África. Porém, quando a tiramos de lá, o dinossauro do museu ganhou vida e saiu destruindo tudo pela frente. – Aki olhou para o lado e repetiu a última frase tão rápido que foi quase um sussurro.
- E como sabe sobre o quebra-cabeça? – Sakura a questionou intrigada.
- Bem, é porque esta é a minha missão. Saber onde as peças estão. Pelo menos, parte delas.
- O quê? – O casal questionou ao mesmo tempo.
- O que sabe sobre a Aya, Aki? – Sasuke novamente puxava assunto.
- Pare de chamá-la de Aya, papai. Eu sei quem ela é.
As bochechas da Sakura mais nova enrubesceram de vergonha.
- Sabe? Como sabe? – A mãe então tomou a direção do diálogo. – E então, Aki?
- Era eu quem enviava as pistas. Eu sou a pessoa misteriosa da capa preta.
O casal se entreolhou assustado. A menina era um absurdo de esperta.
- Antes de eles chegarem aqui, o mestre do tempo veio até a mim, e me disse o que tinha que fazer. Minha missão era fazê-los chegar a este momento.
- Sabia que o Sasuke iria morrer? – Sakura mais velha perguntava abismada.
- Sim. Mas não precisam se preocupar mais com isso. Ele está de volta. – Aki sorriu confiante.
- COMO? – Novamente o casal assombrou-se.
- Mas nem tudo é um mar de rosas. Ele não se lembra da mamãe. E precisamos saber se ele se lembra ou não de nós também.
- Aki Uchiha... – Uma veia espetava por entre a testa de Sakura. Ela massageou as têmporas, pedindo a Deus forças. – Você está de castigo por mentir para nós. Por um mês! Não, um mês não. Um ano!
- M-Mas, mamãe...!
- Todos os seus livros de Star Wars serão confiscados. E ficará um mês sem rever a Ameaça Fantasma.
- Oh, não! – Os olhos dela marejaram de desgosto. – A senhora quer me matar?
- Marido, sósia e filha, vamos ver o Sasuke.
...
Ao chegarem ao quarto, encontraram Sasuke de pé, olhando a paisagem pela janela. Seu olhar parecia distante. O mais velho então o chamou.
- Sasuke, sabe quem somos nós?
- Esse é o meu nome? Sasuke...- Ele virou-se confuso, encarando o grupo. - Não consigo me lembrar de nada. Minha mente está vazia. Não sei o que fazer.
- Pelo menos ele não se lembra de todo mundo. Seria deprimente se ele não se lembrasse apenas da Sakura. – Sasuke mais velho sussurrou para a esposa.
- Por que me chamam de Sasuke? Eu sinto que me chamavam por outro nome. – Uma chama de esperança nasceu nos olhos de Sakura. – Mas não consigo me lembrar. É como se tivessem apagado tudo.
Após conversarem com o médico, Sasuke e Sakura mais velhos decidiram ajudar o Uchiha jovem a se lembrar das coisas aos poucos. O médico disse que se todas as lembranças perdidas de Sasuke fossem ditas a ele de uma só vez, o mesmo poderia entrar em colapso.
O hospital manteve segredo sobre a ressureição, e o doutor Luanga iniciou um estudo aguçado nos corpos congelados em seu poder.
Decidiram ir embora da África do Sul apenas registrando a queixa. Pegaram o avião de volta para Saitama.
Após voltarem para casa, acomodaram Sasuke em seu quarto e retornaram a suas atividades. E Sakura mais velha cozinhava na cozinha, estava fazendo uma sopa.
Dan estava dormindo devido ao fuso horário, e Aki também estava na cozinha ao lado da mãe mais jovem, da mais velha e do pai.
- Isso é um desastre. – Sakura falava enquanto cortava cenouras dentro da panela. – Como ele foi perder as memórias?
- O que importa é que não podemos contar tudo a ele de uma vez. Seria forçar demais. – Sasuke afirmou.
- Mas o mestre do tempo me disse que isso precisava acontecer. – Iniciou Aki. – Parece que agora é a vez dela de lutar por ele.
Todos se entreolharam, e a campainha tocou. Sakura mais jovem levantou-se e disse...
- Eu atendo.
Sua cabeça andava a mil. Seus neurônios ferviam. Que semana. Ela abriu a porta e deu de cara com Sho. Ele sorriu, e aproximando-se a abraçou.
Caminhavam pelo bairro juntos, conversavam...
- Sinto muito ter mentido para você. – Dizia a ela. – Mas entende que eu precisava fazer isso, certo?
- Fique tranquilo, pois não estou assustada mais. Descobrir que minha própria filha era a pessoa misteriosa foi o ponto culminante de uma semana daquelas. Não é o seu conchavo com ela que irá me irritar.
- Você ficou zangada?
- Não! Incrível, mas não. Sho...
Ela o chamou, pousando a mão direita no ombro esquerdo dele e parando a caminhada.
- Por que ele tinha que perder a memória?
Suspirando, Sho sorriu triste para ela.
- Ele teve que lutar por você quando o obstáculo era eu. Vou te contar, às vezes achava que ele iria me socar até eu desaparecer. Você iniciou o fogo, e precisa suportar até o fim. Assim como ele lutou por você, e foi rejeitado, terá que lutar por ele também. Eu sei que é difícil, mas preciso te contar algo. – Segredou. - Não terão de ficar aqui por muito tempo. Quando conseguirem a última peça, voltarão sem terem ao menos tempo de se despedir deste lugar.
Sakura a encarou assustada.
- Quem é você, Sho? Como sabe dessas coisas?
Ele sorriu divertido. Sho ergueu o braço direito, suspendendo a manga da camisa. Uma pulseira negra com uma pedra ônix estava untada a mesma. Sho pressionou a pedra, e assustadoramente ele mudou.
Tudo o que era Sho havia desaparecido, e uma nova forma assumiu o lugar do garoto misterioso. Alto, cabelos brancos. Sakura quase caiu para trás. Era o mestre do tempo.
- K-Kakashi?!!!
Ele gargalhou divertido. Uma enorme veia saltou da testa de Sakura, e ela começou a socar o mestre do tempo.
- Seu cretino! Não sente vergonha de ter paquerado uma garota com idade para ser sua filha?!
- Peço perdão, mas tudo não passava de um disfarce.
- Deus do céu. Só falta agora o Sasuke virar uma mulher. Jesus... Era por isso que seu holograma não ficava ativado por muito tempo. Porque estava aqui! Foi dessa forma que chegou até a Aki. Aquela garotinha esperta...
- Foi difícil fazer você entender o que sentia por ele. O garoto teve que levar um tiro! Pobre coitado.
- Venha... – Sakura o puxou pelo braço, indo na direção de casa. – Eu preciso mostrar você a eles!
- Vai ser um desconforto dos diabos! Não acha melhor esperar?
- Que esperar! Não temos tempo. E você já ficou ausente demais.
...
Aki ajudava a mãe a arrumar a mesa. Organizava as tigelas e organizava-as na ao lado das colheres de porcelana.
- Já faz vinte minutos que a Sakura saiu com aquele garoto. – O Uchiha mais velho exclamou emburrado. – Ele morreria se não a visse hoje?
Aki sorriu de canto, emudecida. Percebendo o sorriso malvado da filha, o Uchiha a intimou.
- Que sorriso é este, espertinha?
- Sorriso? Do que está falando otosan?
- Desse seu sorriso lavado. Você sabe de alguma coisa, não é?
- Querido, deixe a Aki em paz.
Neste momento Sakura mais jovem chegava à cozinha, e ao seu lado Kakashi. A mais velha experimentava a sopa quando viu Kakashi aparecer no batente da cozinha. Engoliu uma rodela de cenoura assustada, quase se engasgando.
- Olha aí, eu não disse? – O Uchiha mais velho levantou-se. – Aki, explique-se.
Kakashi utilizou a pulseira para mudar de forma. De Kakashi virou Sho, e de Sho virou Kakashi. Até o pobre do tomate se assustou quando viu a cena.
- Bem, isso explica um monte de coisa! – Sakura mais velha exclamou. – Então foi dessa forma que chegou até a Aki.
- Como sempre, muito inteligente. – Sorriu para a Haruno, piscando um dos olhos.
- Não paquere minha esposa! Jesus Cristo!
- Não estou.
- Muito bem, e onde está a última peça? – Sakura mais velha o questionou.
- Preciso sondar o relógio. Só assim poderemos saber.
Sakura mais nova foi buscar o relógio e o pôs sobre a mesa. Kakashi apertou alguns parafusos e o objeto começou a piscar. O ponteiro girou rapidamente e um holograma revelou-se na forma de um mapa. Um ponto vermelho piscava no mapa.
- Está aqui, na antiga escola de vocês.
- Claro... – Sakura mais nova sorriu. – Onde tudo começou.
- Eu peço desculpas por ter mentido para vocês. E também por todo o incômodo que causei. Mas eu precisava cumprir com minhas obrigações. Ser mestre do tempo nem sempre é fácil. E sei também que foi mais difícil para Aki suportar isso tudo. Por isso, perdão. – Ele fez uma reverência.
- Só sabemos onde a peça está. Na escola. Mas em que lugar da escola?
- Infelizmente o mestre do tempo não tem controle sobre todas as coisas. Esta é uma missão que a Sakura e o Sasuke terão de realizar sozinhos. Bom, eu preciso ir. Sempre poderão me encontrar na clínica da Sakura, como Sho.
- É loucura demais pra minha cabeça. – A Haruno mais velha bradou em alta voz. – Vamos jantar?
Todos a encararam cômicos.
...
A Haruno mais velha serviu a sopa para Sasuke em seu quarto. Depois disso, foi se deitar com o marido.
A casa estava silenciosa. Sasuke terminou de comer a sopa e depois foi ler alguma coisa para se distrair. Sentou-se na varanda, observando céu. E se sentia incompleto.
- Sinto como se uma parte de mim tivesse sido arrancada à força. – Suspirou cansado.
Caminhava um pouco pelo corredor da casa. As luzes estavam apagadas. Quando virou à direita ouviu um cantarolar. A porta de um dos quartos estava encostada e apenas um sombreamento de luz incandescente se estendia para fora atingindo o corredor. E o cantarolar chamou sua atenção.
Entrou no quarto, abrindo a porta delicadamente. Ninguém estava presente, mas o cantarolar ainda conseguia ouvir. Vinha de outro cômodo, do banheiro. Ele se aproximou da porta, e o cantarolar ficava mais alto.
Quando a viu, seu coração acelerou. Ela estava de costas para si. Abriu a toalha, deixando-a cair no chão e revelando sua nudez. As costas brancas bem desenhadas e as nádegas em formato peculiar. Os cabelos rosa presos em um coque. E não percebeu que ele estava atrás de si.
Sakura pôs um dos pés na banheira, e depois o outro, entrando. Quando olhou para o lado não havia ninguém. Estranhou com uma expressão engraçada.
...
O casal estava deitado, encarando o teto do quarto juntos. Depois de um tempo Sakura já estava cochilando. Cobriam-se com o mesmo edredom felpudo. Foi então que Sasuke sentiu. Mas o que era aquilo?
Estranhou absurdamente a situação. Seu corpo de repente ficou enérgico. Começou a suar e a sentir calor. Seu órgão sexual ficou ereto. Era como se seu corpo não o obedecesse.
- Querida.... – Chamou por Sakura.
- Humm... – Ela estava quase pegando no sono.
- Bem, é que... – Ele virou-se, achegando-se a ela. – Meu corpo está em chamas...
Sakura abriu os dois olhos, encarando-o desconfiada.
- O que?
- É sério. Sinta aqui... – Pegou a mão dela e pôs em seu peitoral.
- Está acelerado. – Ela sorriu divertida. – O que foi que você viu?
- Eu não sei... – Sentiu um calafrio, e um desejo ardente. Seu órgão sexual alterou-se estranhamente. – É como se não tivesse controle.
- Você andou tendo um sonho erótico, Sasuke? – Olhou-o segurando o riso.
- Não cheguei nem a pegar no sono.
Impaciente, ele empurrou o edredom e subiu em Sakura.
- Q-Querido, o que está fazendo? – Gargalhou divertida.
Enroscou o corpo no dela, suspendendo sua camisola. Beijou-a desesperado nos lábios, arrancando-lhe o fôlego.
O empenho dele provocou arrepios nela, porque toda a energia de seu corpo estava a atingindo feito agulhas.
Ele estava ofegante, e a fazia suspirar. Empurrou sua calça de moletom para baixo, removendo-a. Ficou nu, e continuou a se enrolar nela.
- Tira a camisola... – Sussurrou pra ela. – Eu...
Sakura empurrou a camisola, removendo-a, também ficando nua. Ele desceu, beijou-a no umbigo e depois se prostrou no segredo dela, beijando-a gentilmente.
- Vem... – Ela o chamou. – Estou pronta...
Ele subiu novamente, untou seu corpo ao dela e a tocou com sua virilidade. Ela fez “oh” e sorriu.
O quarto estava pegando fogo.
...
Sentado no quintal, Sasuke tentava se acalmar, pois seu coração estava desordenado. Recordou-se da cena que viu minutos antes, e aquilo estava estremecendo seu corpo.
- Por que ela beijou no hospital? – Semicerrava os olhos tentando compreender. – Quem é essa garota?
Continua...
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