Na Real — Capítulo 2
— Aonde você vai? — Jonh perguntou quando viu o ruivo voltando do banheiro, havia acabado de se banhar, e começava a se vestir.
— Vou embora, que pergunta. — O rapaz respondeu tranquilamente.
— Não, é cedo... quero que fique mais tempo comigo, por favor! Eu preciso de você, Aquário. — Jonh pediu agarrando a perna de Camus.
Camus era um garoto de programa e também atuava em filmes adultos onde conseguia uma boa grana extra, o ruivo não perdia uma boa oportunidade para ganhar dinheiro e principalmente não perdia tempo com clientes que não tinham dinheiro.
— Meu querido, você me contratou para uma boa foda, e foi isso que você teve, você conhece as regras. — Camus respondeu abotoando as calças e colocando a camisa de gola polo, estava bem vestido, mas não como de costume. Camus não se arrumava muito para os programas com Jonh, pois sabia que o rapaz não era rico.
Pelo que Camus sabia Jonh era filho de um pastor homofóbico, desses homens simples que pregam em praça pública. Foi obrigado a se casar cedo com uma irmã da igreja. Trabalhava numa empresa de contabilidade, ou seja, tinha uma vida monótona e infeliz.
O sonho do rapaz era ser surfista, e obviamente ele era gay, vivia uma vida de mentiras. Camus poderia ter pena dela se não soubesse que a dedicada esposa de Jonh ficava acordada esperando o marido para lhe servir o jantar enquanto ele, o esposo amado, dava a bunda para um garoto de programa, e para piorar Jonh estava gastando tudo que tinha para conseguir pagar as horas com Camus.
— Eu sei quais são as regras, gozou acabou. — Seu cliente respondeu.
— E eu vi a quantidade de prazer que você colocou pra fora enquanto eu arremetia nesta sua bunda casada. Trato cumprido. — Respondeu Camus se olhando no espelho.
— Espera, Aquário, eu quero mais, quero mais tempo com você. — Voltou a falar o rapaz.
— Meu querido, está em condições de pagar por mais tempo? — Perguntou Camus diretamente.
— Que horror! Você só pensa em dinheiro? — Jonh reclamou.
Camus sorriu cínico ajoelhou na cama até seu cliente e falou calmamente. — Esse é o meu trabalho, e sei que sou bom no que faço, não acha que devo cobrar à altura do meu desempenho?
— Você é único, nenhum dinheiro do mundo é suficiente para pagar o prazer que você me dá, mas... Eu já desinteirei o dinheiro da hipoteca da casa. — Lamentou o rapaz.
— Então coloque sua roupa e volte pra sua casa e para sua amada esposa. — Tornou Camus sem se comover com as palavras do outro. Se seu cliente queria pagar por sexo, o problema era dele em como conseguir o dinheiro para isso. Camus tinha a certeza de que não se culpava de forma alguma sobre as cafajestadas dele.
— Talvez se você pudesse dividir... — Jonh não acabou de falar, pois foi interrompido pela sonora gargalhada de Camus.
— Sexo parcelado? Essa foi boa! Acaso acha que tenho cara de loja de departamentos? Meu querido, vá pra casa. — Aconselhou Camus novamente já se dirigindo para a porta.
— Espere!
Camus parou sem olhar para o seu cliente.
— Eu pago! Eu... Eu reponho o dinheiro depois, dou um jeito.
Camus sorriu e com olhos felinos olhou para Jonh esticando a mão. — O pagamento primeiro, são as regras.
O homem levantou e pegou sua carteira olhando fixamente para o dinheiro que estava ali pensativo.
— Você não precisa fazer isso, posso ir embora agora mesmo. — O ruivo sugeriu.
— Não! Eu dou um jeito, eu... eu reponho. Venha Aquário, quero passar essa noite com você.
— A noite inteira? Vai sair caro.
— Aqui está, fique com tudo isso é o suficiente por uma noite?
Após contar o dinheiro Camus sorriu para o homem de cabelos pretos. — Meu querido, se prepare para uma noite inesquecível.
Jonh abraçou Camus beijando seu pescoço tirou sua camisa recém colocada e aproximou-se dos lábios apetitosos de Camus, mas quando foi investir neles Camus afastou o rosto.
— Sem beijo na boca, você conhece as regras.
— Mas eu pensei...
— Sem beijos na boca, Jonh.
— Ok, Aquário... tudo do jeito que você quiser, contando que me dê prazer e me faça gozar como um insano essa noite.
Camus empurrou o homem de volta a cama e se posicionou entre suas pernas, beijou suas coxas, virilha e logo abocanhou o pênis todo de seu cliente.
— Não entendo, Aquário, não beija na boca, mas faz um boquete como ninguém. — O homem falou entre gemidos.
Camus nada respondeu, aquela era uma regra própria, beijo na boca era a única coisa sua que não queria vender.
Não era valoroso como seu corpo, mas era algo que ele gostaria de guardar para dar em quem ele quisesse, sem ser pago por isso.
Sua mente voou para o cara do aeroporto, foi a última pessoa que havia beijado.
*-*-*-*-*
Milo estava em sua luxuosa cobertura, na TV o infame vídeo passava incansavelmente, na tela um homem ruivo gemia sem o menor pudor enquanto o outro, que não tinha o rosto revelado investia contra o ruivo no banheiro do aeroporto internacional francês.
O loiro já estava no terceiro copo de whisky, um misto de sensações invadia seu ser.
Tesão, vergonha, excitação, humilhação, raiva, rancor, ódio. Não podia esquecer que fora usado, foi apenas usado.
Tudo que viveu com o francês misterioso não passou de uma farsa, uma armadilha para gravar cenas de sexo, meramente sexo.
Isso era o que mais doía em Milo, saber que tudo não passou de uma mentira.
Sentia tesão ao ver e ouvir os gemidos do ruivo, sentia tesão ao fechar os olhos e recordar a sensação de estar dentro daquele corpo apertado e quente, sentia tesão ao lembrar com nitidez qual era o gosto daquela boca.
Mas o contraditório era que esses sentimentos eram substituídos por outros, a cada segundo.
O tesão virava raiva por ter sido usado.
O tesão virava vergonha por ter sido exposto em um momento íntimo.
O tesão virava rancor por ter nutrido sentimentos naquele momento por aquele homem que o enganou.
E o tesão virava ódio.
E este ódio despertava uma necessidade de vingança.
Milo não poderia apenas deixar passar, ou processar o rapaz, não sem ser exposto, não sem ter uma devassa em sua vida. E sinceramente para Milo um simples processo era muito pouco comparado ao que o ruivo tinha feito.
Não, cada vez que Milo assistia ao filme seu desejo de vingança aumentava.
Obcecado pelo ruivo, Milo comprou todos os filmes que ele havia atuado, pesquisou na internet alguma informação a mais que o levasse encontrar aquele homem novamente.
Mas tudo que havia eram informações superficiais, Milo sabia que precisaria de ajuda para localizar o ruivo e colocar seu plano de vingança em ação, não descansaria até ver aquele homem no chão, até ver aquele homem destruído!
Pegou seu celular e discou. — Alô, sou eu, tenho uma missão pra você.
*-*-*-*-*
— Não acredito que vocês ainda não descobriram nada sobre o canalha!!! — Milo reclamou com três de seus melhores amigos.
Shura um policial, Aioria seu advogado e Carlo ex-policial e agora um detetive particular.
Estavam no apartamento de Milo, uma luxuosa cobertura em um bairro nobre de Atenas, o relógio apontava vinte horas e quinze minutos, whisky era a bebida consumida no local naquele momento.
O loiro estava obcecado em encontrar o canalha, queria vingança, sua vida estava voltada para encontrar o mal caráter e transformar sua vida um inferno.
O único sentimento que sentia pelo tal "Aquário" era: Ódio.
Foi seduzido e usado da forma mais baixa e vil por aquele homem, e desde que descobriu as armações do outro, jurou a si mesmo que usaria todos os dias de sua vida com o único objetivo: Destruir o Aquário.
Milo era filho do megaempresário da indústria farmacêutica, Klaus Kapino, como tal ocupava cargo na diretoria das empresas, seu pai o queria próximo, pois com certeza um dia herdaria todo o império de seu pai.
Atualmente estava com trinta anos, era formado em Direito, com pós-graduação e mestrado em comércio exterior.
— Não é tão fácil assim. — Começou a falar Aioria, mas foi interrompido por Carlo.
— Eu consegui algumas informações sobre o cara.
Todos o olharam surpresos.
— Caralho! E por que não falou nada até agora? — Perguntou o empresário irritado.
— Primeiro, você precisa trepar, seu humor estar péssimo e segundo, você não parou de falar desde que chegamos, não tive como tocar no assunto. — Defendeu-se o detetive.
— Mas que caralho! Pare de enrolar e diga o que descobriu? — Perguntou Aioria atento.
Todos tinham verdadeira curiosidade em saber quem era o ruivo que fez a proeza de enganar Milo Kapino.
Aliás, ele fez muito mais que só enganar, ele o seduziu, e o usou em seu filme pornô, e o mais impressionante: Não se rendeu ao charme do escorpiano.
Milo era conhecido desde a época da faculdade por sempre ter todos os caras que quisesse, e até mesmo as garotas caíam aos seus pés.
Apesar de ser assumidamente gay para seus amigos, ele mantinha certo sigilo quanto a sua vida privada no âmbito familiar, não que sua família não soubesse, mas preferiam não enxergar aquela peculiaridade do único herdeiro.
No geral era Milo quem ditava as regras nos relacionamentos, era ele quem usava as pessoas ao seu bel-prazer, e ter os papéis invertidos não o agradou em nada.
Talvez seu ódio viesse do fato de que pela primeira vez na vida ele foi pego desarmado, foi seduzido, usado e descartado.
Seu ego foi seriamente abalado, sentiu-se humilhado.
Este sentimento que martelava em sua mente, "fui apenas usado e descartado por um cara, que talvez nem se lembre de mim.”
Carlos, também conhecido como Máscara da Morte desde a época da faculdade, por motivos que os amigos desconheciam, começou a falar. — O nome verdadeiro do tal Aquário, é Camus Le Blant...
— Camus. — Repetiu Milo repetiu o nome para si.
— ... É francês de nascença, vinte e cinco anos, atualmente mora na Grécia, ator pornô há cerca de cinco anos. Eeeee... — Máscara deu ênfase a continuação. — É garoto de programa. — O último item dito com um sorriso nos lábios.
Milo sentia o corpo tremer de ódio ao ouvir o relato do detetive e amigo. — Quer dizer que o maldito é um puto? Um rameirinho, eu devia ter desconfiado, tão vulgar! — Milo preferia dizer coisas negativas sobre o rapaz, era uma forma infantil de se sentir melhor.
— Ainda acho que devemos apenas entrar com um processo contra ele, posso pedir segredo de justiça. — Aconselhou Aioria, sabendo da índole do amigo. — Ninguém ficará sabendo de nada, posso garantir.
— É pouco Aioria, é muito pouco! Eu quero acabar com ele, quero destruir o maldito! Eu quero vingança! — Tornou Milo com os olhos faiscando.
— Certo, mas não quero que cometa nenhum crime, não vale a pena. — Voltou a falar o advogado.
— Se eu cometer um crime, tenho você para me tirar da cadeia. — Brincou Milo, mas acrescentou ao ver a cara de espanto do amigo. — Relaxe, não vou fazer nada violento, se é o que teme. — Milo brincou e para descontrair acrescentou sorrindo. — Só se ele não se comportar.
Os amigos trocaram olhares tensos.
— Mesmo porque eu teria que te prender se o fizesse. — Shura foi quem falou, eram amigos, mas estava disposto a colocar limites em Milo.
Milo sorriu ao pegar seu copo de whisky e tomar uma generosa golada. — Vocês não entendem, não é?
— O que não entendemos Milo? — Foi Aioria quem perguntou.
— Eu não quero uma vingancinha de criança, não quero apenas, dar uma surra no bastardo, ou algo do gênero, eu quero mais, quero destruir esse cara, quero vê-lo acabado, quero que ele saiba que mexeu com a pessoa errada, eu quero ele no chão, destruído! — Milo dizia lentamente silabando cada palavra.
Os amigos sentiram um frio na espinha ao ouvir as palavras de Milo, o amigo sem dúvida era vingativo e rancoroso, mas não imaginavam o quanto.
— O que pretende fazer? Explique para que nós possamos entender. — Pediu Aioria tentando absorver o máximo das intenções de Milo, a fim de colocar juízo na cabeça daquele idiota.
— Quero conseguir o máximo de informações sobre o canalha, só aí poderei pensar num plano de vingança que me satisfaça. — Comentou o loiro e virando-se para Carlo perguntou. — O que mais descobriu?
— Por incrível que pareça não consegui muita coisa, não há registros desse Camus Le Blant antes dos vinte anos. — Comentou Carlos.
— Pode ser que ele tenha se mudado para a Grécia nesta época. — Sugeriu Aioria. — Shura, consegue alguma informação sobre o cara? — Milo perguntou.
— Posso tentar levantar alguma coisa com as digitais dele, quando você as conseguir, tirando isso não vou usar o Departamento de Polícia para te ajudar numa vingança sem pé nem cabeça. — Respondeu o policial. — Aliás, devo informar que posso prender você se agir fora da lei.
Milo deu de ombros, não pretendia matar o cara, apenas destruir e arruinar sua vida.
— Carlos, veja se consegue saber onde o cara mora, caramba preciso de mais informações. — Reclamou o loiro.
Carlos bufou antes de dizer. — Eu tenho um plano, mas quero saber o quanto vai investir nisso?
— Já falei que não vou medir esforços, o que está querendo dizer?
— Eu disse que ele é garoto de programa, mas ele está longe de ser um rameirinho qualquer como você falou há pouco. O programa com ele é caríssimo. — Explicou Máscara. — Está disposto a gastar?
— Já falei que não medirei esforços, me diga qual é o plano?
*-*-*-*
— Esse é o endereço, senhor. — O taxista avisou assim que parou o carro.
O passageiro se surpreendeu com o local, mas não deixou seu rosto transparecer qualquer reação, pagou a corrida saindo do táxi em seguida.
Camus desceu do táxi em frente ao luxuoso prédio de apartamentos residenciais, o local era muito bem localizado na área nobre da cidade, onde só os milionários habitavam.
“Pessoas ricas são as mais doentes e pervertidas" — pensou o rapaz.
Estava indo atender a um cliente novo, mesmo trabalhando neste ramo há anos, não havia se acostumado com a sensação ruim de não saber o que esperar.
Em sua vida conheceu quase todo tipo de perversão, raramente alguém pagava tão caro apenas por uma boa trepada.
Não, os homens queriam mais, geralmente algum fetiche estanho, algumas vezes eles só queriam fazer o fetiche estranho, não havia sexo, e na melhor das hipóteses não havia penetração.
Camus não fazia mais BDSM, fez no início de sua "carreira", mas nunca conseguiu assimilar como as pessoas conseguiam conciliar dor e prazer?
Prazer, uma palavra tão subjetiva, sempre deu prazer aos outros, claro já teve vários orgasmos na vida, mas prazer?
Prazer teria que ser algo bom, algo que fizesse com que a pessoa se sentisse bem. Camus não lembrava de já ter sentido isso antes, talvez tenha sentido.
Sua mente viajou até o loiro que conheceu no aeroporto francês, um homem que não sabia nada sobre Camus, não sabia quem ele era, o que ele era. Um homem que mesmo depois do sexo o tratou com um carinho e respeito que nunca havia experimentado na vida.
Estar com aquele grego foi o mais próximo de prazer que Camus já teve na vida, mas ainda assim o usou, usou seu corpo e sua imagem como sempre fizeram consigo.
Não, Camus sabia que não era melhor que as pessoas que passaram por sua vida, ele havia se tornado uma delas.
— Estão me esperando na cobertura. — Camus anunciou ao porteiro do luxuoso prédio e não tardou o portão se abriu liberando sua entrada.
Passou pelo Hall luxuoso decorado como uma sala de estar com um elegante lustre de cristais dois enormes sofás que pareciam ser muito macios, contudo Camus sabia que pouquíssimas pessoas sentariam suas bundas milionárias naquele estofado.
O elevador era majestoso como tudo naquele prédio, espelhos por todos os lados e botões de acesso aos andares digital.
Camus tentava controlar seu nervoso e ansiedade fazendo o que era possível naquele momento, exercícios de respiração.
Quando o elevador parou Camus respirou fundo mais uma vez e soltou o ar, saiu do elevador encontrando um hall de entrada igualmente elegante como o do térreo, contudo guardada as devidas proporções, pois o ambiente ali era muito menor.
Camus olhou para aquele lugar pensando que aquele espaço era quase do tamanho do seu apartamento e infinitamente mais bem decorado. O ruivo duvidava que alguém já tivesse sentado ali.
A julgar pelo luxo do prédio, Camus imaginou que seu cliente fosse algum velho milionário, não seria o primeiro que atenderia e o sabia bem, não seria o último.
Estranhou o fato de não haver ninguém o aguardando ou de até aquele momento não aparecer ninguém a porta, mas uma vez respirou fundo, e decidiu então tocar a campainha.
Logo um belo homem loiro de cabelos curtos e olhos verdes veio abrir a porta, o homem trajava um legitimo Armani, Camus aprendeu a reconhecer coisas boas em sua vida.
Ter um belo homem o aguardando foi realmente uma surpresa para Camus. O rapaz não era um criado.
Criados não usam Armani.
— Uau, você é realmente lindo! — O rapaz falou e Camus sorriu tentando ser simpático.
— Fico feliz que tenha gostado. — Camus estava com seus cabelos presos num coque samurai, usava uma calça social preta, uma camisa branca com as mangas dobradas até o cotovelo de uma forma elegante e um blazer preto que completava seu look com maestria.
Camus ficou esperando o rapaz se apresentar, como ele não o fez o garoto de programa resolveu quebrar o gelo que o mal-estar inicial sempre causava.
— Como devo chamá-lo?
O garoto de programa notou que o rapaz loiro trancou a porta e retirou a chave a guardando no bolso. — Oh! Pelos deuses do olimpo, me perdoe, realmente fiquei encantado com sua beleza e esqueci-me das boas maneiras, eu sou Aioria Lepuski. — O advogado apresentou-se pomposo segurando a mão de Camus e depositando um beijo nela.
“Ativo, e quer me tratar como uma garota” — Pensou Camus analisando o gesto do rapaz, nada disse a respeito do gesto, apenas sorriu e respondeu. — Aquário.
— Eu sei, sou um grande fã seu. — Aioria respondeu enquanto andavam até a sala de estar, apesar de estarem na cobertura de um dos mais caros prédios gregos, Camus podia ver ali sinais de que o homem morava só.
Os móveis com decoração neutra em tons pastéis, nada que denunciasse um “toque feminino” não havia vida, ou melhor, não haviam flores ou cor no lugar, mas o que chamou a atenção de Camus foi um grande aquário na sala que dividia o ambiente, no aquário não haviam peixes nem água.
Escorpiões era o que tinha ali, um aquário cheio de escorpiões.
— Exótico, não é? — Aioria perguntou ao ruivo ao vê-lo tão atento ao objeto.
— Sim, muito. — Respondeu o ruivo olhando para Aioria o analisando.
“Jovens bonitos e ricos só pagam por sexo por dois motivos, ou querem realizar um fetiche, ou são extremamente ruins de cama e querem provar que são capazes de dar prazer”. — Deduziu Camus. “Qual será o problema desse cara?”
Aioria foi até o bar e colocou um pouco de whisky no num copo e virou-se para perguntar. — Bebe alguma coisa, para relaxar?
“Manter-se sempre sóbrio com desconhecidos!” Essa era a regra, contudo não podia fazer uma desfeita, talvez fosse a primeira vez do rapaz, talvez seja apenas um enrustido que está tomando coragem para ficar com um homem, experimentar.
Existem muitos curiosos.
— Whisky, três pedras de gelo, por favor. — Camus fingiria beber algo apenas para quebrar o gelo.
Camus foi até o loiro, que lhe entregou o copo e bebeu seu conteúdo de uma só vez. — Está nervoso? — O ruivo perguntou com a voz aveludada.
Aioria o olhou e confirmou. — Sim, um pouco.
“Enrustido, que entra na categoria realizar fetiche.” — pensou Camus. — Tudo bem, você quer ir até o quarto para que fiquemos mais à vontade?
Aioria piscou algumas vezes compreendendo o que o ruivo sugeriu.
— Ah! Não, não sou eu. — Respondeu o advogado.
Camus o olhou confuso.
— Seu cliente, não sou eu.
— Hã, claro, perdão. — Camus respondeu sem graça, mas ainda assim perguntou. — Onde ele está?
Aioria sorriu misterioso antes de responder. — Acalme-se ele está chegando.
Aquela horrível sensação de não saber onde está se metendo voltou e Camus quase bebeu um gole de sua bebida para amenizar a ansiedade, mas preferiu manter-se sóbrio.
— Sente-se, senhor Aquário, ele não vai demorar. — Pediu Aioria estudando os movimentos do outro. Olhando bem o rapaz parecia tão jovem, difícil acreditar que ele foi capaz de seduzir Milo e filmá-lo às escondidas.
— Quantos anos você tem, Aquário? — Aioria perguntou num impulso ao perceber quão jovem o ruivo parecia.
O ruivo analisou o outro antes de responder. — Vinte e cinco.
— Você aparenta ter menos. — Comentou Aioria, mas Camus não o respondeu preferiu dar atenção as pedras de gelo que estavam nadando em seu copo.
Camus percebeu que o loiro pegou o celular que deve ter vibrado em seu bolso, o viu digitar algo enquanto o olhava de esguelha.
— Senhor Aquário, lamento ter que deixar a sua belíssima pessoa, mas já está na minha hora. — Disse Aioira a Camus voltando a beijar sua mão e saiu.
Camus ficou quieto em silêncio, pegou seu celular e digitou o endereço que estava e enviou com a seguinte mensagem.
“Se eu não voltar para casa, peça a polícia que me procure neste endereço”.
Camus assustou-se quando ouviu passos na escada, a luz naquele ambiente estava fraca ele não conseguiu enxergar de imediato quem era somente quando o homem começou a falar e seu rosto apareceu contra a luz, Camus pôde enfim identificá-lo.
O ruivo sentiu todo seu corpo congelar.
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