História Namorado por Sete Dias - Jikook - Por que Jeongguk não tinha alguém? Pt. II

Park Jimin não tinha a menor ideia do que responder para a senhora a sua frente. A partir do momento que ouviu as palavras ‘’essa é minha mãe’’ vindas de Jeongguk, seu coração pareceu parar de bater. Jimin não sabia o que responder. No momento, sua cabeça não formulava perguntas, muito menos respostas certas. Se alguém lhe perguntasse qual seu nome ele balbuciaria qualquer coisa, menos a resposta correta. Seu olhar estava tão perdido quanto suas ações.

O olhar doce de Yang-Mi, mãe de Jeongguk, estava sobre o seu, e era como se todo o peso de suas ações viesse a cair sobre suas costas. Ele estava enganando não só a mãe de Jeongguk, mas sim sua família toda! Jimin estava fingindo ser alguém que não era, e só de pensar nas consequências de ser julgado como uma ‘vadia’ ou algo do tipo, fazia suas pernas fraquejarem, e a vontade de voltar para Seul e esquecer de tudo aquilo surgirem.

Jimin não era o tipo de pessoa que mentia com frequência, ele odiava mentiras, odiava ser enganado e descobrir toda a verdade por trás daquilo, era totalmente repulsivo. Mas agora... Agora ele fazia parte de uma mentira enorme e não tinha mais volta. Ele havia acabado de ser nomeado ‘namorado’ de Jeon Jeongguk, e permaneceria naquela posição por mais sete dias.

O casamento de alguém era algo puro e romântico, e Jimin estaria lá, alguém que não tinha nenhuma afinidade com a família, muito menos com Jeongguk. Jeon não passava de um conhecido e Jimin estava o ajudando. Jimin conheceria a família inteira de Jeongguk, e depois teria de esquecê-los como se não fossem nada, e Park não era aquele tipo de pessoa. Cada pessoa que ele conhecia marcava sua vida de uma forma que nenhuma outra marcaria, e ele sabia disso. Porém, a partir dali, ele teria que aprender a esquecer tão rápido quanto conhecer.

— Ele está um pouco nervoso, mãe. — Disse Jeongguk, interrompendo o clima tenso.

Com um sorriso nervoso nos lábios, se aproximou de Jimin e colocou seu braço ao redor da cintura do platinado, o puxando para perto de si. Park piscou algumas vezes e deixou sua boca entreaberta, concordando rapidamente com a cabeça.

— Não sinta-se constrangido, querido, muito menos nervoso. — Yang-Mi disse, com a voz calma enquanto soltava uma risadinha. — Você é o primeiro namorado que Jeonggukie me apresenta, para falar a verdade, eu esperava muitas opções, mas nenhuma delas foram melhores do que você está sendo.

— Ei! — Retrucou Jeongguk, com as bochechas um tanto quanto coradas, e um pequeno bico se formou em seus lábios. Jeon não sabia que sentia mais envergonha pelo apelido de criança ou pelo ‘segredo’ que sua mãe havia revelado.

— O que? Ele é seu namorado, pensei que já tivesse contado á ele que ele é o primeiro que você me apresenta. — Arqueou a sobrancelha, olhando para o filho.

— Eu sou? Me sinto honrado. — Disse Jimin, irônico, rindo baixinho.

— No seu lugar, também ficaria, Jeon é muito complicado. — Riu baixo, segurando a mão de Jimin, acariciando devagar enquanto olhava em seus olhos.

Park não pode se sentir mais confortável naquele momento.

— Meu filho também é um garoto de sorte. Você é muito bonito, ...?

— Jimin, Park Jimin. — Sorriu corado.

— Você é muito bonito, Jimin. — Sorriu, voltando a olhar para seu filho de maneira orgulhosa. — Estou feliz por você, Jeonggukie, achou alguém tão lindo quanto você.

Jeongguk sorriu orgulhoso e olhou para Jimin. Era quase como um agradecimento silencioso, como um segredo contado, um segredo que ficaria entre os dois. Park não sabia qual sentimento ele deveria sentir, vergonha, medo ou alegria por saber que a mãe de Jeongguk havia gostado de si.

— Obrigado, mãe. E eu concordo, ele é lindo, não é? — Arqueou a sobrancelha com um sorriso ladino nos lábios, ainda olhando para Jimin, que corou com o comentário.

— Bastante, querido. — Riu, olhando para o casal a sua frente. — Eu sei que estão cansados da viagem, JiHyo está cumprimentando os outros convidados, prefiro que vocês sejam os últimos a verem ela, assim ela ficará mais animada. Podem ir para o quarto descansar. — Sorriu, beijando a bochecha do filho.

— Obrigado, senhora Jeon. — Disse Jimin, acenando com a cabeça. — Foi um prazer conhecer a senhora.

— Foi um prazer conhecer você, também, Jimin. — Sorriu, se afastando do casal.

A partir do momento que Yang-Mi não foi mais vista no corredor, Jimin soltou todo o ar que antes estava em seus pulmões, assim como Jeongguk, que aproveitou para fechar seus olhos por alguns segundos, relaxando seu corpo.

Jimin riu baixo ao perceber a feição relaxada de Jeongguk, e Jeon percebeu o olhar de Park sobre si, soltando um sorriso.

— Se você preferir, eu permito que tire uma foto.

— Por que? Vou ter mais sete dias pra apreciar a arte que é o seu rosto. — Riu, revirando seus olhos.

— Isso é verdade. — Abriu seus olhos. Seu olhar estava sobre o de Jimin e vice-versa, e Jeon havia se perguntado o porque de só agora perceber o quão lindo era o olhar de Park.

Seus olhos estavam como duas estrelas, brilhando. Como uma criança que acabou de ganhar um doce.

— Minha sogra me amou. — Disse Jimin em um tom convencido e um sorriso no rosto, começando a caminhar em direção á recepção do hotel, onde se encontravam as escadas para os quartos.

Jeongguk franziu o cenho com aquela atitude. Em um minuto atrás Jimin estava quase desmaiando de nervosismo e agora era aquela confiança toda? E em questão de segundos, quando viu Park o olhar por cima do ombro, com um sorrisinho provador nos lábios, fez questão de tirar aquela feição de confusão e abrir um sorriso, indo atrás do platinado.

— Sua sogra te amou... — Repetiu, negando levemente com a cabeça.

Park Jimin era realmente alguém surpreendente.

[...]

O vapor que saía pelas brechas da porta chamava a atenção de Jimin. Ele se perguntava se Jeon realmente gostava de água quente ou era somente pelo frio que fazia naquele final de tarde.

O quarto de hotel era tão lindo quanto á recepção. Tudo decorado com cores neutras e um pouco do tom dourado, algumas rosas vermelhas sobre a pequena mesa de centro ressaltavam o lugar. Tudo aquilo era como um sonho para Jimin e ele esperava não acordar tão cedo.

A cama era tão macia quanto quando colocou seus olhos sobre a mesma. Ele quase desistiu de se manter acordado, porém tinha que conhecer a irmã de Jeongguk mais tarde, e pretendia estar arrumado. Já tinha impressionado Yang-Mi, agora tinha que impressionar JiHyo e todos que estivessem lá. Mas principalmente JiHyo. Não que Yang-Mi agora já não fosse mais importante, ainda queria conhecer sua sogra de mentira, mas queria saber se JiHyo era parecia com Jeongguk assim como imaginava.

Park olhava para o teto como se fosse uma das mais belas artes que havia visto em sua vida, porém era somente o tédio que fazia com que aquilo fosse interessante. Jimin preferia não pensar nos problemas naquele momento, ele preferia deixar as consequências para depois e aproveitar os seus sete dias como namorado de Jeon Jeongguk.

Sua atenção foi tomada facilmente quando ouviu a porta do banheiro ser destrancada, e de lá sair Jeongguk com uma toalha enrolada em seu quadril enquanto secava seus cabelos. Jimin teve que segurar seus próprios instintos para não deixar sua boca entreaberta e seus olhos arregalados. Jeon era uma escultura esculpida por deuses, não era como se vivesse na academia, mas não era como se não frequentasse. Jeon tinha lá seus músculos em seu corpo, talvez escondidos por baixo daqueles ternos, mas ele tinha, e como tinha...

— Alguém me ligou? — Perguntou, se aproximando de sua mala no canto do quarto.

— Não. — Jimin respondeu rapidamente, apenas para ter mais tempo para apreciar o corpo de Jeongguk.

— Tem certeza? — Arqueou a sobrancelha, olhando para Jimin por cima do ombro.

— Não. — Respondeu da mesma maneira, fazendo Jeongguk soltar uma pequena risada, notando do que se tratava.

Jeongguk se virou em direção a Jimin e sorriu de canto, se aproximando lentamente do garoto, enquanto jogava a toalha sobre a cama, deixando seus cabelos molhados, bagunçados.
Jimin engoliu seco e continuou encarando Jeongguk. Seu olhar foi subindo das pernas de Jeon, pelo seu abdômen, seu peitoral e por fim, seu olhos, e ele jurava que aquela era a pior parte.

Os olhos de Jeongguk exalavam confiança e maldade. A respiração de Jimin ficou pesada de repente.

— Seu nome é Jimin? — Perguntou novamente.

— Não. — Respondeu rapidamente.

— Você quer comer? — E foi aquela pergunta que fez Jimin voltar para a realidade, engasgando com a própria saliva.

— O-O que?! — Disse em um tom alto.

Jeongguk riu e negou com a cabeça, vestindo a camisa que havia pegado de dentro da mala.

— Perguntei se você está com fome. — Olhou nos olhos de Jimin, vendo o mesmo corar.

— Ah, sim, isso! Estou, estou, sim. — Concordou com a cabeça, desviando seu olhar enquanto levantava da cama.

— Certo, então se arrume, vamos comer. —Voltou até sua mala, procurando suas roupas.

Jimin franziu o cenho, confuso e um pouco desanimado. Ele queria esperar até que a mãe de Jeon os chamasse para conhecer JiHyo.

— Mas sua mãe disse para esperarmos aqui até que JiHyo estivesse pronta.

— Mas eu estou dizendo que nós vamos comer. — Olhou novamente para Jimin, sua voz era firme e confiante, como uma ordem. E Jimin queria cumprir. — Você vai obedecer quem, Jimin?

— Você. — Disse sem hesitar, com o olhar sério e suas bochechas coradas.

— Ótimo. — Sorriu e voltou a pegar suas roupas, andando em direção ao banheiro.

Por mais estranho que aquilo havia sido, foi bom, foi intenso e excitante, e fazia Jimin se perguntar o que havia acabado de acontecer ali.

[...]

Jeongguk nunca tinha experimentado uma torta tão boa quanto aquela. A cada mordida era um gemido gratificante e um olhar prazeroso, Jimin se divertia com aquela com as expressões de Jeongguk, era uma criança no corpo de um adulto.

Os dois haviam descido para o café do hotel. O estomago de Jeongguk havia roncado quando sentiu o cheiro do café fresco e Jimin sentiu sua boca salivar ao ver os diferentes tipos de torta que tinha ali. Agora sim o sonho de príncipe estava completo. Haviam sentado em uma mesa perto da janela, Jimin sorria enquanto tomava o café de Jeongguk e observava as flores do lado de fora.

Jeongguk acabou não gostando tanto de seu café, e Jimin havia não gostado tanto assim de sua torta, sendo assim, os dois resolveram trocar e essa foi talvez a melhor decisão que haviam tido naquele dia. Jimin havia amado aquele café e Jeongguk se apaixonou pela torta.

— Sério, você quem vai escolher minhas tortas de agora em diante. — Disse Jeongguk, colocando mais um pedaço de torta na boca.

—‘Agora em diante’ vulga durante esses sete dias? — Arqueou a sobrancelha, com um sorriso provocador nos lábios, enquanto segurava a xícara de café com suas duas mãos.

Jeongguk se segurou para não demonstrar desanimação.

— É, isso. — Olhou para sua torta. —Eu escolho seu café e você minhas tortas, tudo bem?

— Como quiser, amor. — Riu baixo, tomando mais um gole de café.

— Você não precisa me chamar assim quando estivermos sozinhos. — Olhou para Jimin, mastigando sua torta. Park desfez o sorriso e sorriu fraco, sem mostrar os dentes, concordando com a cabeça. — S-Se você quiser, claro! — Completou rapidamente, continuando a olhar para Jimin.

— Não, tudo bem, eu paro. — Deu de ombros, voltando a olhar pela janela.

Jeongguk ficou mais um tempo observando Jimin, sem que o platinado percebesse, claro. Jeon não conseguia entender a fascinação que tinha por Park, mas ele entendia que parte disso o prejudicaria mais tarde. Porém, não era com aquilo que ele estava preocupado, e sim com o que aconteceria nesses sete dias. Ele não sabia se ele poderia ficar com Jimin esses sete dias, ou simplesmente ficar junto dele apenas na frente de sua família, ele realmente não sabia como funcionava relacionamentos e precisava de alguma luz.

— Jimin. — Chamou a atenção do outro. — Você já teve algum relacionamento com alguém?

— Já. — Concordou com a cabeça, voltando seu olhar a Jeongguk. — Por que?

— E como isso funciona? Digo, no sentido de companhia. Você costumava ficar com ele todos os dias á toda a hora? — Perguntou confuso.

Park riu baixo e franziu o cenho, olhando no fundo dos olhos de Jeongguk.

— Você não sabe como é, não é? — Jeon recuou pra trás. — Você nunca namorou com alguém, estou certo?

— Eu não tenho tempo para isso! — Disse rapidamente, se defendendo. — Eu tenho um trabalho pra cuidar, não tenho tempo pra relacionamentos.

— Não tem tempo ou não tem com quem se relacionar? — Arqueou a sobrancelha.

Jeongguk também gostaria de saber a resposta.

— Da pra me responder, por favor? — Disse irritado.

Jeongguk odiava quando alguém invadia sua privacidade. Odiava quando tinha que contar seus segredos para alguém, odiava quando sentia que alguém estava envolvido demais em sua vida, e Jimin estava invadindo mais do que deveria invadir.

— Bom... — Suspirou. — Depende de como funciona o relacionamento dos dois. Se eles querem ficar juntos o tempo todo, toda a hora, ou não.

— E como é o nosso relacionamento?

— Como você quer que seja?

— Como foi seu ultimo relacionamento?

— Foi bom...? — Franziu o cenho.

— Certo, então pode ser como seu antigo relacionamento.

Jimin riu irônico e olhou incrédulo para Jeongguk. Deixou o café sobre a mesa e continuou olhando para Jeon, esperando alguma reação que pudesse mostrar que aquilo foi uma brincadeira, porém nada foi dito. Apenas o silencio.

— Não... Isso é impossível. Não é assim que funciona, Jeongguk. — Negou com a cabeça.

— E por que não? Se foi bom, é só me explicar o que ele fazia e eu posso repetir. — Disse simples.

— Não é assim que funciona, eu já disse.

— Eu posso não entender de relacionamentos, mas sei que isso pode funcionar.

— Será que você não ta me ouvindo? Não é assim. Eu não posso fazer isso, isso seria estranho. Se um relacionamento acabou, é porque coisas aconteceram e não devem acontecer mais.

— Então me explica, o que eu tenho que fazer? — Olhou fundo nos olhos de Jimin, procurando uma resposta sincera.

Jeongguk não tinha a menor ideia do que fazer, do que demonstrar e ele precisava de ajuda nesses sete dias ou então tudo iria por água abaixo. Pela primeira vez ele não sabia o que fazer e nem mesmo seus secretários estavam lá para ajudar.

Jimin não tinha uma resposta para aquela pergunta. Ele não sabia o tipo de pessoa que Jeongguk tinha que ser, ele só havia tido um relacionamento de sua vida e não, não teve algo ruim, foi extremamente bom, só que não deu certo.

— Eu não sei... — Disse quase em um sussurro, olhando nos olhos castanhos de Jeongguk.

— Jeonggukie! — A voz animada foi ouvida de longe, chamando atenção do casal que antes estava em um momento tenso.

Jeongguk se arrumou em sua cadeira e procurou a dona daquela voz com os olhos, até vê-la a alguns metros de distancia, com um sorriso aberto nos lábios. Jimin teve certeza de que era JiHyo a partir do momento que viu o sorriso terno nos lábios de Jeon. Park não pode deixar de sorrir sem mostrar os dentes, e levantar da cadeira, observando a garota abraçar Jeongguk.

— Eu pensei que você não viria! — Disse animada, ainda apertando Jeongguk em um abraço.

Jeon segurava a garota com força, a tirando do chão enquanto ria baixinho ao pé do seu ouvido.

— Eu não ia deixar minha irmãzinha se casar sem ver a cara do sujeito antes.

— Não finja que é super protetor, porque você não é! — Saiu do abraço, olhando nos olhos do irmão com um sorriso sacana.

Jimin finalmente pode observar os traços e JiHyo e não teve mais duvidas sobre com quem a garota se parecia. Era quase como Jeongguk, exceto pela pele um pouco mais escura e os cabelos ondulados. Ela tinha um sorriso radiante, nunca havia visto um sorriso daqueles no rosto de Jeongguk, porém agora era mais fácil de imaginar.

— E você deve ser o namorado do meu irmão, não é? — Disse a garota, se virando para Park.

— Isso. Park Jimin. — Estendeu a mão, sorrindo sincero.

E em questão de segundos, os braços da garota estavam ao redor do seu corpo, lhe abraçando apertado. O perfume de JiHyo não era nada parecido com o Jeongguk.

— Jeon JiHyo. — Riu baixo, se soltando de Jimin.

Jeongguk só soube rir ao ver a expressão confusa de Jimin. Ele sabia que sua irmã faria isso ao ver o garoto, já não era mais surpresa alguma a animação de JiHyo.

— Ela parece uma criança, mas tem vinte e dois anos, eu juro. — Disse Jeon, colocando a mão no ombro de sua irmã.

— Ei, é meu casamento, seja legal comigo pelo menos uma vez. — Fingiu estar ofendida, fazendo Jeongguk rir. — É um milagre alguém estar com meu irmão, me diz, como você aguenta? — Perguntou a Jimin.

— Ah, é só ir com jeitinho que ele já fica melhor. — Riu baixo, olhando para Jeongguk, que sorria envergonhado.

— Essa é a primeira vez que eu vejo meu irmão apaixonado, eu tiraria uma foto se tivesse uma câmera. — Riu baixo, assim como os dois ali presentes.

Jeongguk rapidamente coçou a nuca e desviou seu olhar para o chão, envergonhado.

Jimin por mais que soubesse a verdade, por mais que soubesse que tudo aquilo era uma mentira, ficaria feliz em saber que Jeongguk estava realmente apaixonado por ele, sem mentira alguma.