História Não existem coincidências - Você tem um cérebro, use-o!

Sexta, 25 de agosto de 2017

- Como assim ele não veio?! – exclamou o ruivo à mulher mais velha.

- Sinto muito, senhor Park. – disse ela – Jihyun apareceu por alguns minutos, mas recebeu uma ligação e saiu. Ele tinha uma cara preocupada quando foi embora, disse que era urgente e que sentia muito, mas tinha que ir. Isso é tudo o que sei, desculpe.

Jimin respirou fundo, tentando conter a raiva de seu dongsaeng por ter saído sem avisá-lo para Deus sabe lá onde.

Aliás, não é como se não soubesse onde estava. O mais novo provavelmente estava na casa de Jungkook, consolando o moreno no lugar do Park mais velho enquanto este se remoía por dentro por não saber o que estava acontecendo. Tal pensamento fez seu coração apertar de um jeito que conhecia muito bem, estava com ciúmes, ciúmes do próprio irmão. Mas o que poderia fazer? Era de fato idiota tal sentimento, Hyun conhecia o Jeon há anos enquanto Jimin só começara a falar com ele há algumas semanas. Não tinha direito de se sentir assim, mas lá no fundo se sentia triste já que achava que tinha uma conexão especial com o mais novo, mesmo com tão pouco tempo de amizade.

Park Jimin, você é um iludido.

- Obrigado, senhora Kwon. Me desculpe por meu comportamento. – disse ele, curvando-se em respeito à professora antes de sair.

Quando Jungkook desligou de repente sem responder sua pergunta, Jimin havia tacado o foda-se ao que seu irmão iria pensar de sua relação com o mais novo e foi procurá-lo em sua aula para ter a mínima ideia do que quer que estivesse acontecendo com o moreno. Mas ao chegar lá descobriu que Jihyun já não se encontrava em suas atividades, o que o deixava de certa forma aliviado por afinal ter alguém cuidando do estado do Jeon, mas também sentindo-se impotente por não ser ele a fazer isso. Entretanto, no momento não podia fazer nada a não ser voltar para casa e aguardar.

E foi o que fez, mas seria mentira se dissesse que a espera não foi agonizante. Sua mente estava longe enquanto preparava o kimchi, ideias das mais absurdas às mais plausíveis do que poderia ter acontecido com o dongsaeng passavam como um ciclone em sua cabeça. Era horrível não ter ideia do que estava acontecendo, se sentia diminuído, impotente, desimportante. Ele sabia, claro, que Jungkook não o via desse jeito (ou pelo menos, esperava que não), mas não conseguia deixar de lado o fato de que o outro confiava mais em Hyun do que em si, e isso o deixava um tantinho triste, mesmo que não se achasse no direito de se sentir assim.

Seus pensamentos foram interrompidos quando a porta da frente se abriu. De início, pensou que fosse sua mãe pelo horário. Mas não, era Jihyun, de certa forma egoísta a última pessoa que gostaria de ver naquele momento.

- Boa noite. – disse baixo ao mais novo, este que apenas o olhou de um jeito estranho e não respondeu, Jimin estranhou e insistiu – Eu disse “boa noite”.

- Eu ouvi. – resmungou o outro, sem o menor pingo de respeito – Só não estou com vontade de te responder.

Jimin ficou boquiaberto. De onde vinha essa audácia de seu irmão de faltar com respeito à seu hyung?

- É o quê? – perguntou calmamente, mas por dentro seu sangue começava a ferver.

- Quer que eu repita? – indagou o menor, sarcástico – Eu disse que não estou com vontade de falar com você.

Jimin estalou a língua, nervoso.

- Eu ouvi, Jihyun. Só ainda não acredito na sua falta de respeito. – explicou, impaciente – Se quer agir como adulto, vamos agir como adulto então. Que tal se começássemos com onde você esteve a tarde inteira?

O outro apenas olhou-o de soslaio antes de se jogar no sofá e responder:

- Não te interessa. – falou, a voz saindo abafada pelo braço que foi jogado por cima do rosto.

O ruivo não tinha como reagir. Melhor, não sabia como reagir. O mais novo nunca havia agido assim com ele. Se tinha algo que todos sentiam inveja na família Park era a relação pacífica entre os irmãos. Jimin e Jihyun sempre foram muito próximos, dividiam tudo, nunca tiveram muitos motivos para brigar, e quando o faziam era algo ridículo que logo esqueciam e ficavam bem de novo. Mas tudo isso mudou quando uma terceira pessoa chegou para ficar no meio dessa relação: Jungkook. Não que Jimin estivesse o culpando por ter aparecido, lógico, ter conhecido o moreno, mesmo que ao acaso, foi uma das melhores coisas que lhe aconteceram. Mas ele sentia a tensão no ar toda vez que o assunto era indiretamente ele.

E dessa vez não foi diferente. O que ele não sabia era que as coisas estavam prestes a piorar.

- Não me interessa? – repetiu, incrédulo - Park Jihyun! Desde quando você sumir a tarde inteira sem avisar ninguém, nem mesmo sua professora que estava preocupada, é algo que deve ser deixado de lado? – questionou, bravo com o menor – O que aconteceu com você? Você nunca agiu assim comigo.

Jihyun demorou um tempo para respondê-lo, e quando o fez, foi com um tom irritado.

- Você sabe onde eu estava! Você sabe com quem eu estava! – exclamou, assustando o mais velho – Eu ouvi, hyung. Cada palavra sua. – o quê? – Quando você estava no telefone com Jungkook... era eu quem havia chegado quando ele desligou. Ele não queria que eu soubesse que estava falando com você. Não queria que eu soubesse que me traiu por causa do meu próprio irmão.

- Te traiu? – Jimin perguntou confuso, Jihyun sabia esse tempo todo? – Do que está falando?

O moreno parou para pensar em suas palavras.

- Ele traiu minha amizade, hyung. Eu disse à ele para não se envolver nos seus problemas, mas ele não me escutou. Me ignorou e agiu por minhas costas. E agora...

O ruivo saiu do transe ao que seu dongsaeng fez uma pausa dramática.

- Agora o quê? – questionou – Jihyun...

- Esquece. – tentou levantar e ir para seu quarto, mas o mais velho segurou seu pulso antes que saísse – Hyung.

- Não, Hyunie. – disse, virando o irmão para si – Chega de mentiras. Por favor, me conta o que houve. – pediu.

O moreno bufou, irritado.

- Por que não pergunta ao seu novo amigo? – debochou – Tenho certeza que mole do jeito que é vai abrir o jogo com você rapidinho já que os dois são tão apegados. – enfatizou o “tão”.

- Jihyun!

- Mesmo que eu quisesse não revelaria algo que ele não permitisse, hyung. – falou – Tudo o que eu posso dizer é que não quero ver o Kook machucado de novo. Então nem pense em iludí-lo ou traí-lo, Park Jimin. – o uso formal de seu nome fez o ruivo estremecer – Ou não será só ele quem você irá perder.

E com isso o menor puxou o pulso, seguindo a passos rápidos para seus aposentos e deixando um Jimin estático ao pé da escada. A frase inacabada de Jihyun o assustou e se sua cabeça já estava doendo de ficar pensando em demasia no que poderia ter acontecido agora estava pior ainda.

Ele não conseguia entender o que o dongsaeng quis dizer com aquilo. Era por culpa de Jimin que Jungkook estava machucado? Será que seu ex-namorado babaca havia feito alguma coisa ao mais novo? Mas não havia como, o Park e o Jeon não tinham nada além de uma amizade virtual, eles nunca haviam se encontrado ou coisa parecida, e Jimin dispensou Taemin rápido demais para que ele descobrisse qualquer coisa envolvendo o mais novo.

Será que o moreno havia sofrido um acidente? Essa ideia lhe passou muito pela mente quando disse que estava quebrado fisicamente. Mas após a fala mal formulada do irmão o ruivo começou a ter suas dúvidas e se fosse realmente por sua causa essa seria a possibilidade mais improvável.

Mas por fim lhe ocorreu. Lembrou-se veemente da conversa que tivera com Jihyun alguns dias atrás.

Como pôde ser tão burro?

– Hyung, o que você faria se descobrisse que o seu melhor amigo gosta de alguém?

Não. Não era possível. Era?

- Mas e se você descobrisse que o crush dela é na verdade seu irmão?

Será que era isso? Mas Jungkook nunca deu indícios de que gostava do Park dessa maneira.

A não ser que...

Não. Recordou outra conversa ainda mais antiga, quando havia acabado de começar a falar com o mais novo.

Jeon Jungkook (19:40)

Tinha superado

Achei que não ia dar certo depois que descobri que ele é irmão de um amigo meu

Porra, como nunca havia percebido isso. Como pôde ser tão cego? Durante todo esse tempo Jimin havia recebido todas as pistas do real afeto de Jungkook por si, mas nunca havia parado para colocar a chamada massa encefálica para funcionar e ligar os pontos.

Jungkook gostava de si. Não como um mero amigo, gostava de si da forma que Jimin gostava do Lee ao conhecê-lo e isso o assustava.

O assustava porque não queria passar de novo por uma situação como a de seu término com Taemin.

O assustava porque ele tinha a impressão de se sentir da mesma forma.