História Não existem coincidências - Hoseok quer um namorado

Segunda, 28 de agosto de 2017

Três dias.

Haviam se passado três fucking dias e Jimin ainda não fazia ideia do que havia acontecido à seu dongsaeng. A dúvida e apreensão lhe matavam lentamente por dentro, seus pensamentos não deixavam o mais novo e quando o faziam era apenas para reavaliar sua situação com o garoto.

Desde o momento em que descobrira (ou pelo menos, esperava que não estivesse se equivocando e tendo uma visão errônea da situação) que Jungkook gostava de si de outra forma que não amistosamente, Jimin se viu obrigado a repassar todas as suas conversas em sua cabeça e na tela de seu celular. Tudo, absolutamente tudo indicava para isso, desde o momento em que o Jeon citou ter um crush no irmão de um amigo até os elogios e cantadas brincalhonas que ele lhe enviava. Tudo apontava para a quedinha do mais novo pelo Park, mas Jimin havia sido cego demais para não perceber.

Não, ele não acreditava que Jungkook havia começado a conversar consigo por interesse, para tentar se aproximar do mais velho, embora essa ideia estúpida tenha sim passado por sua cabeça em um momento de dúvida. Mas a verdade é que ele queria ouvir toda a explicação vinda da voz do moreno, não tentando compreender através das inúmeras mensagens que já haviam trocado ou de alguma indireta cortante de seu irmão mais novo.

A relação entre Jimin e Jihyun após a discussão aquele dia só havia ido de mal a pior. O menor lhe ignorava constantemente, mandava indiretas debochadas em relação ao ruivo e deixava claro que se arrependia de não ter intervindo entre os dois quando começou a notar algo estranho. E Jimin não pensava de forma alguma em se desculpar, não tinha culpa de nada. Como poderia saber que seu precioso dongsaeng que o fazia dar gargalhadas deliciosas diariamente na verdade estava interessado em si de outra forma?

Não entendia o porquê de Jihyun o estar tratando daquela maneira tão fria, mas não era sua maior preocupação no momento. Já era segunda-feira e o mais velho estava em seu posto no café como sempre depois das aulas. Naquele dia, Jimin atreveu-se a atravessar o pátio que separava os dois prédios e se infiltrar no corredor do primeiro ano para ao menos ter um vislumbre da cabeleira castanha do outro no meio do grupinho onde se encontrava Jihyun. Mas não o encontrou, ao invés disso o Park mais novo apenas fitou o olhar perdido de seu irmão e o respondeu com um tão mais frio quanto sua personalidade aqueles últimos dias, indicando que, de fato, Jungkook não havia aparecido para as aulas, mas não seria o menor a lhe dizer onde achá-lo.

E agora estava mais uma vez olhando para o histórico de mensagens com o Jeon, e contando mentalmente quantas mensagens não respondidas já havia mandado desde o ocorrido. O que mais lhe doía era saber pelo aplicativo que ele havia lido todas, mas não recebera um ‘oi’ mesmo assim.

- Sabe que ficar olhando a tela até seus olhos saltarem não vai fazer ele responder, não é? – uma voz disse atrás de si, o assustando ao tirá-lo de seu transe.

- Eu sei, Hobi. – suspirou – Mas eu não canso de pensar que algo muito ruim aconteceu com ele. – admitiu – Eu sinto que tem algo errado, - apontou para o próprio peito, onde ficava o coração – bem aqui.

Hoseok suspirou audivelmente. Estava preocupado com seu amigo, ele percebeu desde a hora em que chegou no estabelecimento que algo havia acontecido. Jimin não era daquele jeito, cabisbaixo, preocupado, assustado com tudo ao seu redor e, principalmente, não largando os olhos do celular por mais de alguns minutos, apenas tirando sua atenção do aparelho para atender algum cliente para logo em seguida voltar à sua espera sem fim. Ia ser demitido daquele jeito e ele sabia que o menor precisava do emprego, por isso com muito custo conseguiu fazer o ruivinho finalmente desembuchar, contando-lhe tudo, detalhe por detalhe, desde quando começou a conversar com o Jeon até o momento em que discutiu com seu irmão por sua causa. E embora o Jung não fosse o melhor conselheiro amoroso devido a seu histórico de fracassos com relacionamentos, aconselhou o dongsaeng da melhor forma que pôde.

E agora esperava ele se tocar que mais do que ficar imaginando inúmeras possibilidades ele tinha que agir. Se não era Jihyun quem lhe daria informações, então teria de correr atrás de outra pessoa.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo sininho da porta indicando um novo cliente no local, e os olhos do maior se arregalaram ao perceber quem era. Agarrou Jimin pelo braço, inclinando-se extremamente perto do dongsaeng surpreso com sua ação, para então sussurrar.

- É ele. É ele, Jimin. – disse absorto.

- Quem, cara pálida? – perguntou o ruivo, confuso.

- O garoto que eu te falei. – respondeu – Do seu colégio. Aquele que eu tô dando mole há um tempão já.

Os lábios do mais novo se entreabriram ao recordar-se do que seu hyung falava, observando o rapaz por quem Jung Hoseok mostrava interesse já há algumas semanas caminhar em direção ao balcão para fazer seu pedido.

- Você atende ele. Eu não vou conseguir falar com ele sem gaguejar. – praticamente implorou o moreno, exasperado.

Jimin balançou a cabeça em negação.

- Hã, hã. Seu crush, seus problemas. – tentou desgrudar o mais velho de si, mas estava sendo mais difícil do que imaginava – Hobi, vai lá, deixa de ser covarde. Se não consegue nem ser profissional perto dele como acha que algum dia vai poder convidá-lo pra sair? – questionou, empurrando o outro para que lhe soltasse.

Hoseok suspirou derrotado.

- Tem razão. – disse, soltando o menor – Eu vou lá. – tentou soar confiante, mas sua voz craquelou, mostrando o quanto estava nervoso.

O Park deu tapinhas em sua bunda para desejar sorte, mas teve que se conter para não cair na gargalhada no momento em seu hyung iniciou a conversa com o cliente, claramente desesperado.

Jimin observou os dois falarem por um tempo, pareceram conversar mais do que em um simples pedido, mas não ousou interferir. Na verdade, algo o intrigava. De alguma forma tinha certeza que já havia visto aquele garoto antes, mas por mais que tentasse não conseguia se lembrar de onde. Observou-o mais atentamente, ele tinha cabelos tingidos num tom de ruivo mais forte que o do Park, sua pele amorenada parecia não ter defeitos e era visivelmente mais alto que os dois funcionários. O tipo favorito de Hoseok, pensou.

Ao terminar a compra os dois se despediram de forma demorada, sustentando o olhar um no outro até que o maior saísse da loja. Jimin observou seu hyung respirar aliviado ao ver isso, mas algo em sua mão lhe chamou a atenção.

- O que é isso, hyung? – perguntou descarado.

Hoseok olhou para a própria mão, mais precisamente para o papel que segurava.

- O nome e número dele. – respondeu com um sorriso vitorioso, entregando o guardanapo com a informação escrita à caneta para o dongsaeng como se fosse um tipo de prêmio.

- Waaaah, alguém se deu bem hoje. – brincou, lendo o que estava escrito no papel e se demorou ao ver o nome do indivíduo.

Kim Taehyung.

Como uma lâmpada, sua mente pareceu acender quando finalmente compreendeu de onde conhecia aquele rapaz.

- Hobi. – chamou, recebendo um ‘hum’ como resposta – Você disse que ele estudava no meu colégio, né? – o outro assentiu – Como sabe disso? – perguntou.

- Oh, ele estava com o uniforme do seu colégio a última vez que veio aqui. – respondeu indiferente – Acho que está no segundo ano pelo padrão. – deu de ombros – Mas por que quer saber?

Jimin não respondeu, já estava agindo no modo automático. Entregou o papel e o avental que usava para o mais velho, saindo pela lateral do balcão e indo em direção à porta.

- Aonde vai? – indagou o moreno, confuso, mas o menor apenas falou:

- Se o Bang-hyungnim perguntar, eu fui ao banheiro. – foi tudo o que disse antes de sair do estabelecimento, correndo desnorteado pela rua à fim de encontrar aquele garoto antes que desaparecesse de sua vista. Sabia de onde conhecia aquele ser, ele estava no grupinho de Jihyun aquela manhã.

Felizmente, avistou sua cabeleira vermelha entre outras pessoas paradas que esperavam o semáforo abrir, mas assim que o fez Jimin puxou o casaco do mais novo, não deixando-o sair do lugar.

- Uou. – Taehyung exclamou ao quase derrubar sua bebida – Qual é o seu problema? – questionou irritado, mas mudou sua postura ao perceber quem era o baixinho ofegante à sua frente – Jimin-hyung?

- Você me conhece? – perguntou, tentando recuperar o fôlego.

- É claro, você é o irmão do Jihyunie. – respondeu indiferente – Mas ele não me pareceu muito feliz com você hoje quando chegou chutando o balde. – comentou pensativo, sua mente começando a divagar.

- Então eu estava certo, era você mesmo. – confirmou o mais velho, fazendo com que o maior olhasse confuso para ele – Eu preciso de uma informação.

*****

Devia fazer cinco minutos que Jimin estava parado naquela calçada, apenas observando o sobrado de pintura clara à sua frente e tentando formular o que dizer ao encontrar finalmente o dongsaeng.

Não foi difícil fazer Taehyung falar, ele já estava ciente de toda o ocorrido e de certa forma não concordava com as ações do Park mais novo, que deveria estar ajudando o amigo naquele momento, não piorando a situação. Ele rapidamente cedeu a informação ao menor, pedindo para que cuidasse bem de seu amigo e ainda constrangindo-o ao gritar do outro lado da rua para que usassem camisinha.

E agora, pouco depois de ter saído do trabalho, o ruivo encontrava-se em frente à casa do mais novo, tentando criar coragem para finalmente tocar a campainha.

Caminhou a passos lentos, seguindo o caminho de pedras que percorria o jardim malcuidado até a porta de madeira lisa, e como se não tivesse controle das próprias ações apertou o botão branco do lado de fora, só tomando consciência do que havia feito quando escutou o barulho do trinco sendo aberto e a voz que tanto ansiou ouvir nos últimos dias perguntar de forma surpresa:

- Jimin?