Tyler compunha quietamente em seu quarto, em uma tarde ensolarada de Columbus. Ele terminava os detalhes finais de Slowtown, como havia nomeado, para seu trabalho de faculdade com Joshua. Os dois não se falaram muito fora da aula naqueles dias, distraídos por suas próprias vidas. A última vez que haviam passado um tempo juntos foi quando o garoto mais novo fez suas primeiras tatuagens, poucos dias antes. Mesmo continuando a vê-lo nas aulas, Joseph sentia certa falta de conversar com Dun por várias horas diariamente. Por esse motivo, Tyler decidiu utilizar a desculpa de terminar a letra da música para iniciar um assunto.
O menino buscou seu celular no bolso de um casaco, iniciando uma chamada para o número de Josh quase imediatamente.
- Ty? - a voz grossa na outra linha atendeu.
- Oi, Josh. Desculpa te ligar em um sábado...
- Por que você está se desculpando?- ele perguntou, soltando uma leve risada após. - Você sabe que eu faria isso, uma hora ou outra.
- É, eu sei. - Tyler sorriu, mesmo que o outro não pudesse saber disso. - Só liguei para te avisar que terminei a letra da música.
- Você só ligou por causa disso? - desconfiou.
- Ok, eu... Eu estava com saudades. É isso que você quer me ouvir dizer?
- Eu te conheço melhor do que você tenta disfarçar, Ty. Não tente esconder sua fofura de mim. Também estava com saudades, fofo. - Josh brincou.
- Acabei de lembrar do porquê eu não deveria ter ficado com saudades.
- Não exagere. Você sabe que eu só faço isso para te irritar. E você fica lindo irritado.
- Talvez eu devesse começar a fazer a mesma coisa. - Tyler disse. - Você vai saber como eu me sinto.
- Você pode tentar, mas nunca conseguirá. Eu sou o mestre e você não vai roubar esse título de mim.
- Veremos, Josh. Veremos. Enquanto isso, o que nós vamos fazer, agora que terminei a composição do trabalho?
- Temos vários dias para pensarmos em uma melodia. Hoje, eu pensei em te convidar para um lugar que eu acho que você vai gostar.
- Qual lugar?
- Irei fazer uma surpresa. Você pode me esperar? Estarei aí em poucos minutos.
- Josh, não me deixe tão curioso assim.
- Calma, Tyler. Eu vou te contar, quando chegar na sua casa. Deixe-me ser um pouco misterioso.
- Ok. Apenas me diga se irá me levar para algum lugar ou se está blefando e a surpresa é aqui mesmo.
- Eu vou te levar para um lugar que nós nunca fomos antes.
- Estou te esperando. - Tyler falou, encerrando a chamada.
Logo após, o garoto pegou o caderno em que havia escrito a composição da letra e saiu de seu quarto, indo até a sala de sua casa. Sua mãe lia um livro, deitada no sofá.
- Você vai sair? - a mulher perguntou para o filho.
- Sim.
- Quando você volta?
- Eu não sei, mãe.
- Com quem você vai?
- Com o Josh. Acalme-se, não vai acontecer nada. Nós só vamos nos encontrar e, talvez, discutir sobre um trabalho da faculdade.
- Tudo bem, eu não falei que você não poderia ir. Perguntei porque queria saber se você ficaria bem, você é meu filho.
- Eu sei disso.
A mãe de Tyler levantou e foi até o garoto. Colocou sua mão em seu rosto e disse:
- Vou parar com as perguntas. Divirta-se. Apenas tente não fazer mais nenhuma tatuagem escondido novamente. - Ela olhou para as figuras nos dois braços do filho.
- Não irei. E você sabe que eu não escondi isso de você. - ele falou. - Tchau, mãe.
- Sim, eu sei. - ela sorriu. - Tchau, Ty.
Tyler saiu de casa e passou alguns minutos caminhando até a portaria do condomínio. Encontrou-se com Josh no momento exato que o mesmo havia chegado no local. O mais velho, que agora estava com seus cabelos pintados de azul, fez sinal para o outro entrar no carro que ele dirigia.
- Não esperava que você estivesse na frente do seu condomínio. - o motorista falou, demonstrando uma pequena surpresa.
- Eu apenas estava animado para te ver. - justificou-se. - E para descobrir qual é a tão falada surpresa.
- Vou te contar, como prometi. Bom, digamos que eu tenho um tio que tem muito dinheiro. Esse mesmo tio tem uma casa incrível, e ele teve de fazer uma curta viagem para um local que não vem ao caso. Adivinhe quem ele chamou para ser o responsável de lá enquanto está fora? - Josh disse, com gigante animação, segurando a chave da casa que havia se referido para se gabar.
- Você foi o responsável? Sério? - Tyler levantou uma sobrancelha, desafiando a capacidade do amigo.
- Por que eu não seria? Eu sou um anjo.
- Aham, você com certeza é um. - ele ironizou.
- Você vai gostar disso. Meu tio me deixou ficar na casa sozinho, mas ninguém precisa saber que você foi comigo.
- Josh, eu realmente acho melhor nós não fazermos isso... Não quero que a sua família não goste de mim. O que aconteceria se seu tio descobrisse que você desobedeceu ele?
- O que minha família pensaria? Que você me deu um mal exemplo? Cara, mesmo que descubram, eu levarei toda a culpa. Fora isso, não é como se nós fossemos destruir a casa dele. Eu só estou te chamando, mais ninguém.
Tyler olhou rapidamente para a janela do carro, como se pensasse se deveria acompanhar Josh na casa de seu tio.
- Tudo bem, eu vou. Mas por que precisa ser na casa dele? Parece que você quer que algo dê errado. Se ele disse que não quer que você chame alguém para lá, é melhor irmos para outro lugar. Meu receio não é passar o tempo com você, é onde estaremos.
- Não precisa ter medo. Eu só estou dizendo para irmos até lá porque é um lugar incrível. Praticamente uma mansão moderna. Você não quer ir? Mesmo?
- É claro que eu quero.
- Então, por que não vamos? Eu já te dei todas as informações que você poderia querer.
O garoto mais novo ponderou um pouco e acabou deixando sua hesitação para trás.
- Vamos logo. - falou.
- É assim que eu gosto. - Joshua brincou. Alguns segundos de silêncio passaram, e, quando iria partir para o destino que tanto queria, o garoto repensou sua conversa com Tyler. - Você já se arrependeu por alguma decisão dessas, quando estava comigo?
- O que?
- Sério, eu estou te perguntando sinceramente. Preciso saber disso. - ele olhou diretamente nos olhos de Tyler.
- Eu não me arrependo de nenhum segundo com você, Josh. - Ele o elogiou, mostrando um enorme sorriso e agarrando sua mão apoiada no volante. - Se eu estou falando para irmos, é porque eu quero. Já sou grandinho o suficiente para tomar decisões por mim mesmo.
- Eu sei disso, só estava preocupado, Ty. Não quero que você faça algo que não quer para agradar ninguém, nem a mim. - Após o término da fala de Josh, Tyler soltou sua mão da dele e sentiu certa indignação pelo comentário.
- Ei, eu não sou assim.
- Não estou falando que você é. Às vezes, nós agimos assim e nem percebemos. Isso já aconteceu comigo.
- Comigo não, certo? Não precisa se preocupar. - ele falou, em um tom muito mais agressivo do que Josh estava acostumado.
- Uau. Ok, Tyler. Desculpe-me, se eu falei algo errado.
- Você não falou nada. Apenas... Pare de me ver como alguém indefeso. Nós podemos sair logo da frente do meu condomínio, por favor? - perguntou.
- Eu não te vejo como alguém... - ele parou a frase, para evitar que continuassem o desentendimento. - Claro, vamos sair.
O garoto de cabelo colorido, recentemente mudado para o azul, ligou o carro e os dois partiram em direção a casa do tio do mesmo.
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